De repente, eu estava sozinha naquele quarto com mais perguntas do que respostas. Deixei uma lagrima escorrer pelos meus olhos e logo me vi desesperada para fugir dali.
Como eu poderia estar casada com um homem que eu não conhecia? Eu jamais aceitaria essa situação em minha vida. Decidi que não podia permitir que a consumação acontecesse, afinal eu não suportaria que nenhum homem me tocasse outra vez.
Enxuguei o rosto e, quando me levantei, percebi vestir roupas novas e limpas. Me assustei ao me deparar com o reflexo do meu rosto no espelho. Meu nariz estava vermelho e todo inchaço sobressaia até em um dos meus olhos. Eu mal me lembrava do que havia acontecido, certamente Mason me bateu com tanta força que desmaiei.
Com cuidado, caminhei até a porta, torcendo para que ela não estivesse trancada. A brisa noturna acariciou meu rosto quando eu a abrir. Saí silenciosamente do quarto, me deslizando pelo corredor largo e pouco iluminado. Eu não fazia ideia para onde eu estava indo, aquele lugar era simplesmente enorme.
Avistei uma enorme escada, meus passos leves me levaram até ali, me cerificando que ninguém me veria escapando. Minha mente inquieta buscava soluções. O que eu faria assim que saísse daquela casa? Para onde iria? Como eu sobreviveria naquele mundo cruel, completamente sozinha? Eu não tinha uma família, ninguém para quem pudesse voltar, minha mãe estava morta. Mas eu sabia que não era aquele destino que eu queria para mim.
Eu estava determinada a escapar de um marido que eu não conhecia e evitar um destino que me aguardava, esse que poderia ser pior vivendo ao lado de Mason.
Desci o último degrau e estava pronta para escapar.
—Vai a algum lugar? – A voz de Gregory surgiu de repente, fazendo-me congelar no tempo enquanto um arrepio percorria minha espinha.
Virei-me para olhá-lo e o vi parado no meio da grande sala, com os braços envolvendo o corpo e o olhar afiado, como se já esperasse por aquele momento.
— Você levou mais tempo do que eu esperava para tentar escapar – senti sarcasmo em sua voz.
— Como sabia que eu iria escapar?
— Mason me avisou – ele deu de ombros – ele estava certo quando afirmou que você era fraca e covarde.
Apertei os dedos sobre a camisola que vestia enquanto encarava o rosto frio e indiferente de Gregory que preenchia minha mente. Eu mal conhecia aquele homem, mas o odiava com todas as minhas forças.
— Que tipo de homem você é, capaz de comprar uma mulher para tornar sua esposa? – Sentindo-me como se tivesse sido atingida por um raio, eu o indaguei com ousadia – acha que eu sou uma mercadoria?”
— Foi isso que o maldito do Mason disse para você? Que eu a comprei?
O olhar dele continuou frio e cheio de aversão, só que dessa vez um sorriso discreto surgiu dos seus lábios. O que de certa forma me deixou atordoada.
— Mason devia muito dinheiro a minha empresa, ele precisava pagar – eu arregalei os olhos para ele surpresa – eu precisava de uma esposa jovem e bonita. Isso não foi uma venda, mas uma troca de favores.
As palavras geladas de Gregory ecoaram em minha mente.
— Então é pior do que eu imaginava – terminando de falar, ergui os olhos e o observei se aproximando – Saiba que eu não aceito essas condições e que não vou ficar casada com você.
Gregory agarrou meus punhos com tanta força que gemi de dor. Me puxou para mais perto e com a outra mão apertou com os seus dedos gelados meu rosto machucado e dolorido.
— Não estou negociando com você, Emma, estou te informando. Se você não concordar, posso garantir que você não verá a luz do dia outra vez.
Eu soube naquele momento que Gregory não estava de brincadeira, quando me soltando ele me empurrou, fazendo-me perder o equilíbrio e cair de joelhos no chão frio e escuro da casa.
— Não está aqui para questionar os meus motivos – ele prosseguiu com o seu discurso infame e sem piedade – está aqui para ser minha esposa e fazer tudo o que eu mandar. Deveria ser um pouco grata e perceber que agora está livre do seu padrasto cruel.
Não consegui erguer o rosto para olhá-lo, as palavras dele me machucariam bem mais do que qualquer hematoma deixado no meu frágil corpo. Gregory parecia saber muito sobre mim, enquanto eu não fazia ideia de quem era ele. A única certeza que eu tinha era que havia saído de uma prisão e entrado em outra, uma vez que já era suficiente para meu coração destroçado.
Pela terceira vez a voz de Gregory ecoou pela enorme casa, dessa vez ordenando que Samantha me levasse de volta ao quarto. Ela auxiliou a me por de pé enquanto eu sentia minhas pernas estremecem. Respirei fundo, escondendo toda a minha frustração e engoli o choro. Eu não daria aquele homem o prazer de me ver sofrer.
Quando finalmente ergui o rosto para olhá-lo, ele não estava mais lá. Samantha me arrastou para o quarto, porque eu não tinha forças para me mover. Senti confortável de chorar na frente dela e quando finalmente fui posta na cama, ela entrou me consolar.
— Não se desespere, menina – ela colocou o cobertor em cima de mim – o senhor Gregory será um bom marido. Enquanto estiver nessa casa estará segura.
Me ergui de repente, como se tivesse acabado de ter uma grande ideia. Como os olha bem abertos, agarrei a mão de Samantha antes que ela pudesse escapar e lhe questionei.
— Você trabalha para ele – Samantha se assustou e tentou escapar, mas eu não a deixei fugir – diga-me quem é ele e porque escolheu a mim como esposa.
Ela ficou petrificada na minha frente, como se não soubesse o que dizer, mas eu não a deixaria escapar antes de responder a todas as minhas perguntas.
— Eu não sei porque ele a escolheu como esposa – sua voz saiu tremula e arrastada – mas o senhor Gregory é herdeiro de um império multibilionário, ele precisa ter uma esposa para assumir os negócios da família.
— Bilionário? – sussurrei e foi como se minhas forças se esvaíssem como um balão – eu me casei com um bilionário?
— Você saberá de tudo em breve – Samantha alargou um sorriso como se quisesse me reconfortar – precisa sarar esses ferimentos. Os avós de Gregory chegarão para conhecê-la.
Outro tremor invadiu meu corpo. As coisas eram piores do que presumi.
Os dias se arrastavam enquanto eu passava a maioria do tempo trancada no quarto. O único rosto familiar que eu via era o de Samantha, que aparecia às vezes ao dia para trazer meu alimento. Outras vezes, uma empregada mais nova vinha em seu lugar, mas ela não dizia nada e nem sequer olhava em meus olhos. Entrava, deixava a comida posta sobre a mesa e saía em seguida. Os hematomas em meu rosto estavam quase sarados, o que me deixava bastante apreensiva. Eu presumia que, assim que eu melhorasse, Gregory entraria por aquela porta e exigiria que eu cumprisse meu papel de esposa. Eu ainda considerava a atitude dele em não me procurar mais bastante estranha. Desde aquela noite em que ele me pegou em fuga, nunca mais o encontrei. Em algumas noites, eu ouvia sua voz e seus passos descendo as escadas. Depois, eu ia para a janela e o via entrar em um carro e sair às pressas. Às vezes, Gregory voltava de madrugada ou apenas no dia seguinte. A vida daquele homem era um mistério para mim. Porém
Imediatamente após dizer isso, o velho virou as costas e partiu. Gregory tentou alcançá-lo convencendo-a a ficar para o almoço, mas ele apenas olhou com desdém para mim e disse que Gregory precisava fabricar o neto o mais rápido possível se realmente quisesse ficar com a sua herança. Eu cobrir meu rosto com as mãos e me arrependi imediatamente de ter tentado ajudá-lo. Por que eu quis ser boa com um homem que havia me comprado como uma mercadoria barata? Aí estava meu grande defeito, ajudar quem de fato não merecia. Eu estava tão imersa as minhas preocupações que não vi quando Gregory se aproximou. Senti apenas ele segurando meu braço e me arrastando até o andar de cima. Um medo indescritível invadiu meu peito. Resmunguei o caminho inteiro, indagando sobre o que ele pretendia e para onde ele estava me levando, mas tudo o que conseguia ouvir era a respiração ofegante de Gregory, como se ele segurasse o próprio ódio entre os dentes. Foi quando ele abriu a porta do meu quarto e me jog
Eu consegui ver o rosto de Gregory indiferente enquanto ele me dizia que eu precisava dar um filho a ele. Um sorriso brincou em meus lábios, afinal, por que eu estava rindo? De desespero, de deboche talvez, porque de todas as coisas que Gregory havia me dito naquele pequeno espaço de tempo em que estávamos casados, aquelas palavras haviam sido as piores. Houve um breve e pesado silêncio entre nós dois. Eu senti um nó sufocando minha garganta quando pensei na possibilidade de ter um filho daquele homem. Eu não suportaria nenhum homem me tocar novamente. As imagens de Mason em cima de mim, forçando-me a ficar com ele enquanto eu implorava para que ele não fizesse aquilo, voltavam em meus pensamentos, quase me fazendo ter uma crise de pânico. — Dê outro jeito de conseguir a sua herança, porque eu não vou ter um filho com você.Minhas palavras desafiadoras me forcei a demonstrar determinação, mesmo diante do seu olhar afiado e do medo do que Gregory faria em seguida. — Não estou dand
Caminho de um lado a outro no consultório médico enquanto aguardo o resultado do exame de gravidez. Depois daquela noite em que fiquei com Gregory pela primeira vez, meu coração se aqueceu pelo fato de ser desejada verdadeiramente e perceber que o jogo de palavras de Gregory não passava de motivos para me ferir. Porém, nossos encontros eram raros e foram diminuindo conforme os anos iam passando e eu não conseguia engravidar. O ódio de Gregory por mim aumentou consideravelmente, mas para mim já era tarde demais. Eu havia me apaixonado pelo meu marido cruel. A postura de Gregory era clara em tudo isso: quando você me dê um filho e a herança passar para as minhas mãos, iremos nos divorciar. Faltavam seis meses para o nosso acordo terminar. Eu esperava que, a essa altura, eu finalmente desse a ele um filho e tivesse conseguido derreter seu coração frio e torná-lo totalmente meu. Eu já não queria mais me divorciar ou fugir, e queria fazer aquilo dar certo, minhas esperanças eram altas.
Eu me aproximava do carro, quando senti uma mão gelada me segurar. Antes que pudesse levantar os olhos, percebi um guarda-chuva sendo posto sobre minha cabeça e a chuva que outrora caia tão constante, cessou como um passe de mágicas. Meus olhos se levantaram e vi um homem parado diante de mim. Ele era bonito, com o seu queixo afiado e seus olhos negros como a noite, parecia muito preocupado, mas eu não fazia ideia de quem ele era e nem mesmo do que ele estava fazendo ali. Era exatamente o que eu precisava, alguém para me trazer mais problemas. — Você está bem, Emma? – Quando meu nome foi mencionado fiquei surpresa. De onde aquele homem me conhecia? — Estou bem, obrigada? – tentei puxar na memória se já o havia visto em algum lugar, nada veio. Ele segurava o guarda-chuva acima de nossas cabeças enquanto abria a porta do carro para mim. Percebeu meu olhar intrigado e amedrontado enquanto eu permanecia parada diante da porta aberta do veículo tentando entender o que estava acontec
Gregory. Mal havia saído do escritório, quando a secretaria veio correndo ao meu encontro dizer que uma mulher havia estado ali afirmando ser minha esposa. O sangue ferveu sobre minhas veias, mas quando pensei que Emma pudesse ter visto o que eu fazia no escritório com Alya, imediatamente ele congelou, quase me fazendo parar de respirar. Saí do prédio às pressas. Era como se Emma tivesse desaparecido, ninguém a viu sair, então imaginei que ela tivesse ido para casa. Fui o caminho inteiro pensando sobre isso, sobre Alya e Emma. O que, afinal, Emma foi fazer no meu escritório? Foi uma das exigências que eu havia imposto a ela, que não pisasse os pés na empresa da minha família. Ela só seria reconhecida como minha esposa depois que me desse o filho e eu finalmente conseguisse minha parte da herança. Mas Emma me desobedeceu, pior de tudo, foi até o meu escritório enquanto Alya estava presente. No entanto, quanto mais eu pensava nisso, mais irritado eu ficava. Lembrei-me do dia em que
Emma. Naquela noite, enquanto jantava sozinha, ouvi Samanta comentar com os outros funcionários que Gregory havia ido visitar o avô. Não se falava em outra coisa do que na volta de Edward. Parecia que todos temiam ele, inclusive o próprio Gregory. Meu marido não dormiu em casa naquela noite. Mas eu também não liguei para ele com urgência como sempre fazia. Liguei para o advogado que Gregory havia colocado à minha disposição e pedi um grande favor a ele. Eu faria uma bela surpresa ao Gregory no dia seguinte, sem me importar se ele me odiaria para sempre depois disso. No dia seguinte, desci para tomar café e avisei a Samanta que eu sairia e que avisasse a Gregory quando ele chagasse. A empregada estranhou a informação por dar a entender que passaria o dia inteiro longe de casa, mas ela não me questionou. Samanta era uma boa companhia e sempre que podia estar presente para tornar os meus dias mais suportáveis. Voltei para o quarto, tirei a aliança e a coloquei em cima da cama, junt
Gregory. Meus olhos recaíram sobre os objetos em cima da cama de Emma e o que me chamou a atenção e fez meu coração disparar foi o brilho da aliança, postada tão delicadamente, como se ela tivesse tido o cuidado de colocá-la para ser a primeira coisa que eu visse. O que diabos está acontecendo aqui? Murmurei enfurecido, quando avancei sobre o objeto e o segurei firme em minhas mãos. Lembro-me de ter colocado aquele anel no dedo de Emma quando ela ainda estava desacordada sobre a cama. Havíamos acabado de casar e ela estava ferida em meus braços. Era uma jovem tão bonita que, por um momento, me senti sortudo por escolhê-la. Mas Emma se mostrou insurgente com a ideia de estar casada comigo. Éramos dois estranhos morando na mesma casa, eu querendo minha herança, ela almejando sua liberdade. Embora nosso acordo estivesse a seis meses do fim, eu havia pensado algumas vezes em me separar assim que meu avô morresse. Eu tinha certeza de que ele morreria antes e que Emma logo me daria um f