Imediatamente após dizer isso, o velho virou as costas e partiu. Gregory tentou alcançá-lo convencendo-a a ficar para o almoço, mas ele apenas olhou com desdém para mim e disse que Gregory precisava fabricar o neto o mais rápido possível se realmente quisesse ficar com a sua herança.
Eu cobrir meu rosto com as mãos e me arrependi imediatamente de ter tentado ajudá-lo. Por que eu quis ser boa com um homem que havia me comprado como uma mercadoria barata? Aí estava meu grande defeito, ajudar quem de fato não merecia.
Eu estava tão imersa as minhas preocupações que não vi quando Gregory se aproximou. Senti apenas ele segurando meu braço e me arrastando até o andar de cima. Um medo indescritível invadiu meu peito.
Resmunguei o caminho inteiro, indagando sobre o que ele pretendia e para onde ele estava me levando, mas tudo o que conseguia ouvir era a respiração ofegante de Gregory, como se ele segurasse o próprio ódio entre os dentes.
Foi quando ele abriu a porta do meu quarto e me jogou em cima da cama. Meu coração afundou e eu pensei no pior. Afinal a ideia de fingir estar apaixonada pelo meu falso marido era minha, nada mais justo do que eu pagar pelos meus erros audaciosos.
Antes de cair de bruços sobre a cama, pisei desajeitadamente no chão escorregadio do quarto. A dor atravessou meu tornozelo enquanto ele torcia embaixo de mim e eu me virei de frente enquanto gemia de dor.
Gregory já estava em cima de mim. O grito preso na minha garganta foi abafado pela aproximação repentina dele. Arregalei os olhos assustada, enquanto ele parava a poucos centímetros do meu rosto.
O homem bonito, com o seu queixo afiado e seus olhos de gelo, me encarava, enquanto sua respiração quente acariciava meu rosto. Estremeci só de imaginar ele me tocando sem meu consentimento.
— O que acha que está fazendo? – tentei bater com os punhos nele, mas Gregory foi mais rápido e os agarrou, prendendo-os sobre a cama. – eu só quis ajudá-lo, mas saiba que não terei filho nenhum com você jamais. Então, saia de cima de mim.
Essa explicação foi realmente ridícula e os traços marcantes no rosto de Gregory se intensificaram. Minhas palavras serviram apenas para deixá-lo ainda mais furioso.
— O que você acha que eu vou fazer com você, Emma Scott? – o hálito quente que saiu dos lábios dele me fez fechar os olhos pensando no pior – acha que eu tocaria em você e a forçaria a ter um filho meu?
Abri os olhos de repente e engoli suas palavras amargas, sentindo-as perfurar meu estômago. De repente, o rosto de Gregory se contorceu e se transformou em um mar de nojo. Era exatamente isso que ele demonstrou sentir por mim, nojo.
Observei-o se afastar, embora meus pulsos ardessem na mesma proporção que meu tornozelo, nada parecia se comparar com a dor que senti ao ouvir as palavras daquele homem. Me ergui lentamente sem tirar os olhos dele nem por um segundo. De costas para mim, ele continuou com os seus insultos.
— Olhe para você – um sorriso zombeteiro escapuliu de seus lábios, eu consegui ouvir seus relinchos – uma pobre coitada, abusada pelo próprio padrasto a vida inteira. Eu não teria nenhuma relação com você. Acha mesmo que eu teria um filho?
Senti meus pulsos queimarem e meu tornozelo romper assim que me pus de pé. A última coisa que eu queria era falar sobre Mason ou relembrar as coisas horríveis que ele havia me feito passar. Meus olhos encheram de lagrimas. Aquele homem não podia continuar fingindo que me conhecia, eu não permitiria isso. Nem permitiria que ele me ofendesse.
— Não finja que me conhece e lave a sua boca imunda para falar de mim.
Apenas essas palavras bastaram para que Gregory avançasse em minha direção e segurasse meu cabelo o puxando para trás. Antes que eu pudesse tentar me defender, suas palavras vieram novamente afiada e inabalável.
— Disse aquelas coisas ao meu avô para me forçar a ir para cama com você – ele puxou ainda mais o meu cabelo, fazendo meu pescoço se contorcer em dor – Acha que sou idiota para cair nesse jogo sujo, Emma? Você pagará caro por essa audácia.
Então, ele me soltou de repente e foi como se todo o meu corpo entrasse em um profundo colapso de dor e confusão. Aquele sentimento familiar de pavor e humilhação pairou sobre mim. Precisei me amparar sobre a cama enquanto sentia o ar fugindo dos meus pulmões. Eu não conseguia dizer nada, nem mesmo se eu quisesse conseguir. Gregory imediatamente caminhou para fora do quarto e tudo o que ouvi dele depois disso foi a porta batendo fortemente.
A crueldade daquele homem parecia implacável. Ele poderia ao menos ter me agradecido por tentar ajudá-lo a mostrar para o avô que éramos um casal de verdade, mas tudo o que recebi foram mais hematomas pelo meu corpo. Enquanto me deitava na cama com bastante dificuldade, fiquei me questionando o que Gregory faria em seguida para tentar consertar o que eu havia causado. Mas, no fundo, aquilo não era problema meu. O melhor que eu podia fazer era ficar quieta e não me meter em mais confusões.
Eu deveria parar de querer ser a salvadora da pátria.
Depois daquele dia, não vi mais Gregory. Eu evitava sair do quarto para não ter que encontrá-lo e os muitos dias que se passaram se tornaram vazios e tristes. Parecia pior do que viver ao lado de Mason e eu não sabia por quanto tempo eu suportaria aquela situação.
Enquanto me afundava nas incertezas do meu coração, Samantha entrou no quarto e disse urgentemente.
— O senhor Gregory pediu para chamá-la – me virei para olhá-la com uma imensa vontade de recusar a ordem.
Não seria uma boa ideia desafiá-lo. Girei os calcanhares e fui ao encontro de Gregory. Um milhão de coisas passavam pela minha mente, sobre o que ele queria falar comigo, todas as piores possibilidades possíveis.
Respirei fundo e endireitei minha postura antes de encontrá-lo parado no meio da sala. Sentindo minha presença, ele se virou e eu notei instantaneamente um semblante perturbador em seu rosto.
— O meu avô está muito doente – ele disse de repente – Não posso mais esperar. Precisamos ter um filho antes que ele morra e deixe toda a herança para o bastardo do meu primo.
— O que você disse? – eu não conseguia acreditar no que havia acabado de ouvir.
— Que você vai ter um filho, como faremos isso, não importa. Você está proibida de recusar.
Eu consegui ver o rosto de Gregory indiferente enquanto ele me dizia que eu precisava dar um filho a ele. Um sorriso brincou em meus lábios, afinal, por que eu estava rindo? De desespero, de deboche talvez, porque de todas as coisas que Gregory havia me dito naquele pequeno espaço de tempo em que estávamos casados, aquelas palavras haviam sido as piores. Houve um breve e pesado silêncio entre nós dois. Eu senti um nó sufocando minha garganta quando pensei na possibilidade de ter um filho daquele homem. Eu não suportaria nenhum homem me tocar novamente. As imagens de Mason em cima de mim, forçando-me a ficar com ele enquanto eu implorava para que ele não fizesse aquilo, voltavam em meus pensamentos, quase me fazendo ter uma crise de pânico. — Dê outro jeito de conseguir a sua herança, porque eu não vou ter um filho com você.Minhas palavras desafiadoras me forcei a demonstrar determinação, mesmo diante do seu olhar afiado e do medo do que Gregory faria em seguida. — Não estou dand
Caminho de um lado a outro no consultório médico enquanto aguardo o resultado do exame de gravidez. Depois daquela noite em que fiquei com Gregory pela primeira vez, meu coração se aqueceu pelo fato de ser desejada verdadeiramente e perceber que o jogo de palavras de Gregory não passava de motivos para me ferir. Porém, nossos encontros eram raros e foram diminuindo conforme os anos iam passando e eu não conseguia engravidar. O ódio de Gregory por mim aumentou consideravelmente, mas para mim já era tarde demais. Eu havia me apaixonado pelo meu marido cruel. A postura de Gregory era clara em tudo isso: quando você me dê um filho e a herança passar para as minhas mãos, iremos nos divorciar. Faltavam seis meses para o nosso acordo terminar. Eu esperava que, a essa altura, eu finalmente desse a ele um filho e tivesse conseguido derreter seu coração frio e torná-lo totalmente meu. Eu já não queria mais me divorciar ou fugir, e queria fazer aquilo dar certo, minhas esperanças eram altas.
Eu me aproximava do carro, quando senti uma mão gelada me segurar. Antes que pudesse levantar os olhos, percebi um guarda-chuva sendo posto sobre minha cabeça e a chuva que outrora caia tão constante, cessou como um passe de mágicas. Meus olhos se levantaram e vi um homem parado diante de mim. Ele era bonito, com o seu queixo afiado e seus olhos negros como a noite, parecia muito preocupado, mas eu não fazia ideia de quem ele era e nem mesmo do que ele estava fazendo ali. Era exatamente o que eu precisava, alguém para me trazer mais problemas. — Você está bem, Emma? – Quando meu nome foi mencionado fiquei surpresa. De onde aquele homem me conhecia? — Estou bem, obrigada? – tentei puxar na memória se já o havia visto em algum lugar, nada veio. Ele segurava o guarda-chuva acima de nossas cabeças enquanto abria a porta do carro para mim. Percebeu meu olhar intrigado e amedrontado enquanto eu permanecia parada diante da porta aberta do veículo tentando entender o que estava acontec
Gregory. Mal havia saído do escritório, quando a secretaria veio correndo ao meu encontro dizer que uma mulher havia estado ali afirmando ser minha esposa. O sangue ferveu sobre minhas veias, mas quando pensei que Emma pudesse ter visto o que eu fazia no escritório com Alya, imediatamente ele congelou, quase me fazendo parar de respirar. Saí do prédio às pressas. Era como se Emma tivesse desaparecido, ninguém a viu sair, então imaginei que ela tivesse ido para casa. Fui o caminho inteiro pensando sobre isso, sobre Alya e Emma. O que, afinal, Emma foi fazer no meu escritório? Foi uma das exigências que eu havia imposto a ela, que não pisasse os pés na empresa da minha família. Ela só seria reconhecida como minha esposa depois que me desse o filho e eu finalmente conseguisse minha parte da herança. Mas Emma me desobedeceu, pior de tudo, foi até o meu escritório enquanto Alya estava presente. No entanto, quanto mais eu pensava nisso, mais irritado eu ficava. Lembrei-me do dia em que
Emma. Naquela noite, enquanto jantava sozinha, ouvi Samanta comentar com os outros funcionários que Gregory havia ido visitar o avô. Não se falava em outra coisa do que na volta de Edward. Parecia que todos temiam ele, inclusive o próprio Gregory. Meu marido não dormiu em casa naquela noite. Mas eu também não liguei para ele com urgência como sempre fazia. Liguei para o advogado que Gregory havia colocado à minha disposição e pedi um grande favor a ele. Eu faria uma bela surpresa ao Gregory no dia seguinte, sem me importar se ele me odiaria para sempre depois disso. No dia seguinte, desci para tomar café e avisei a Samanta que eu sairia e que avisasse a Gregory quando ele chagasse. A empregada estranhou a informação por dar a entender que passaria o dia inteiro longe de casa, mas ela não me questionou. Samanta era uma boa companhia e sempre que podia estar presente para tornar os meus dias mais suportáveis. Voltei para o quarto, tirei a aliança e a coloquei em cima da cama, junt
Gregory. Meus olhos recaíram sobre os objetos em cima da cama de Emma e o que me chamou a atenção e fez meu coração disparar foi o brilho da aliança, postada tão delicadamente, como se ela tivesse tido o cuidado de colocá-la para ser a primeira coisa que eu visse. O que diabos está acontecendo aqui? Murmurei enfurecido, quando avancei sobre o objeto e o segurei firme em minhas mãos. Lembro-me de ter colocado aquele anel no dedo de Emma quando ela ainda estava desacordada sobre a cama. Havíamos acabado de casar e ela estava ferida em meus braços. Era uma jovem tão bonita que, por um momento, me senti sortudo por escolhê-la. Mas Emma se mostrou insurgente com a ideia de estar casada comigo. Éramos dois estranhos morando na mesma casa, eu querendo minha herança, ela almejando sua liberdade. Embora nosso acordo estivesse a seis meses do fim, eu havia pensado algumas vezes em me separar assim que meu avô morresse. Eu tinha certeza de que ele morreria antes e que Emma logo me daria um f
Emma.Jamais imaginei que ficaria hospedada no hotel mais luxuoso da cidade. Embora eu fosse casada com um homem rico, durante aqueles dois anos e meio eu saía raramente de casa. Era o que Gregory me aconselhava, que eu me mantivesse ali para que ninguém soubesse do nosso casamento.Algumas horas atrás, Edward havia comprado passagens e algumas peças de roupa para mim. Eu iria para um país distante e desconhecido. Edward me disse que um amigo íntimo dele estaria me esperando e me levaria para a casa onde ele morou uma vida inteira.Não posso deixar de me sentir desconfortável. Estou fugindo do meu ex-marido, enquanto carrego o filho que ele tanto almejou, deixando tudo para trás, enquanto sou amparada pelo seu maior inimigo.Gregory, a essa altura, já descobriu toda a verdade e ele jamais me perdoará por isso. Essa certeza rasga meu coração c
GregoryFiquei pensando na satisfação estampada no rosto de Edward enquanto ele me dizia que o vovô estava finalmente morto. Minhas pernas já não respondiam aos meus comandos e eu fui aparado por Alya.Eu deveria estar feliz com a morte daquele velho safado, mas ele resolveu partir com Emma, levando com eles toda a minha esperança de ser o herdeiro de todo o império que ele havia deixado. Fiquei olhando para o resultado de gravidez e pensando em como Emma havia planejado tudo para me atingir. Como se ela soubesse que o vovô iria morrer, foi embora, me deixando sozinho para enfrentar o meu inferno.Ela havia conseguido se vingar de mim, finalmente, por comprá-la das mãos de Masson.Amassei o papel quando Alya voltou a se aproximar com um copo de bebida em suas mãos.