Eu consegui ver o rosto de Gregory indiferente enquanto ele me dizia que eu precisava dar um filho a ele. Um sorriso brincou em meus lábios, afinal, por que eu estava rindo? De desespero, de deboche talvez, porque de todas as coisas que Gregory havia me dito naquele pequeno espaço de tempo em que estávamos casados, aquelas palavras haviam sido as piores.
Houve um breve e pesado silêncio entre nós dois. Eu senti um nó sufocando minha garganta quando pensei na possibilidade de ter um filho daquele homem. Eu não suportaria nenhum homem me tocar novamente. As imagens de Mason em cima de mim, forçando-me a ficar com ele enquanto eu implorava para que ele não fizesse aquilo, voltavam em meus pensamentos, quase me fazendo ter uma crise de pânico.
— Dê outro jeito de conseguir a sua herança, porque eu não vou ter um filho com você.
Minhas palavras desafiadoras me forcei a demonstrar determinação, mesmo diante do seu olhar afiado e do medo do que Gregory faria em seguida.
— Não estou dando a você uma opção, Emma, estou avisando – A resposta de Gregory foi curta e fria e eu sentia que não havia nada que eu pudesse dizer que o faria mudar de ideia.
— Vai me forçar a deitar com você?
— Considera que eu sentiria prazer em me deitar com você? – Ele deu um passo ameaçador em minha direção – ainda mesmo com o seu consentimento?”
Sua resposta veio rápida e um tanto distorcida. Eu me encolhi porque estava apavorada e Gregory percebeu isso quando rapidamente se afastou.
— Você fará uma inseminação artificial – ele pigarreou e virou imediatamente as costas.
Eu podia sentir a fúria dele exalando em sua respiração pesada. Aquela situação era desconcertante para nós dois e havia ficado claro que ninguém queria estar vivendo esse momento. Lembrei-me então dos dias horríveis em que eu havia passado nessa casa e que não suportaria mais ficar ali por muito tempo. Eu não queria passar o resto da minha vida casada com um homem que não me amava, servindo apenas de caminho para ele conseguir o que realmente desejava.
Eu precisava ser esperta e usar essa situação a meu favor.
Enchi meus pulmões de ar, fechei os olhos e tentei acalmar meu coração.
— Podemos fazer um acordo – eu disse, quando ele girou lentamente o pescoço para me olhar – eu dou o que você quer e você coloca uma data de validade nesse casamento.
O olhar que Gregory lançou a mim me causou arrepios e eu me preparei para ser atacada novamente, mas ele não se moveu um centímetro em minha direção.
— Você acredita que isso é um jogo, Emma? – Vi o exato momento em que ele desligou suas emoções, ele cerrou os dentes e os mostrou para mim – eu não estou disposto a jogar suas regras.
— Você só está casado comigo para conseguir sua herança e eu só quero minha liberdade de volta – disse isso, mas não estava pensando nas consequências – só quero um fim para esse casamento, tenho certeza de que você não suportará passar o resto da vida ao meu lado.
Minhas palavras pareciam causar o efeito desejado. Gregory ficou pensando por bastante tempo no que eu havia dito. Seu rosto se contorcia e seus olhos tornavam-se mais frios do que eu jamais imaginei que ficariam.
— Cinco anos – eu franzi a testa. Ele estava aceitando minhas condições? – Desde que você engravide em um ano ou menos.
— Três anos – revidei e Gregory não gostou – é o tempo suficiente para você conseguir o que quer.
Observei então ele se mover, um passo depois outro, até parar à minha frente a poucos centímetros de mim.
— Se eu der a você três anos, você fará tudo o que eu quiser? – de repente vi algo estranho nos olhos de Gregory, não era ódio nem frieza, mas a pura malícia.
Meu corpo tremeu involuntariamente. O que ele pretendia com aquilo? Quais eram as verdadeiras intenções de Gregory? Pensei em recuar, aceitar os cinco anos impostos por ele e esquecer esse assunto, mas cinco anos pareciam uma eternidade ao lado daquele homem.
— Eu faço tudo o que você quiser – disse isso com os olhos fechados enquanto meu peito explodia de medo dentro de mim.
Eu iria me arrepender daquilo, tinha certeza, mas eu estava disposta a pagar qualquer preço pela minha liberdade. Quando finalmente abriu os olhos, Gregory havia se afastado, agora permanecia de costas para mim.
— Vou ligar para o meu advogado para que ele prepare o nosso acordo – a voz voltou ao seu tom habitual, mas meu coração continuava descontrolado dentro do meu peito – vá para o seu quarto, Emma, e me espere lá.”
— O quê? – Eu gaguejei.
Há minutos atrás, ele dizia não ter vontade alguma de tocar em mim e agora estava pedindo para ir para o quarto esperar por ele. Que jogo sujo era esse?
— Você disse que faria tudo o que eu quisesse – ele girou os calcanhares, mas não olhou para mim – e eu quero fazer esse bebê da maneira tradicional.
Prendi a respiração nos meus pulmões e achei que morreria ali mesmo. Observei Gregory, vestindo sua camiseta branca desabotoada. Seus olhos cor de gelo, seus cabelos que insistiam em cair sobre seu rosto. Ele era lindo, eu não podia negar, mas era cruel em me propor tal condição.
Ele saiu, deixando-me com mais perguntas do que respostas. O medo pairou em minha mente. Como pude ser tão inocente? Estou condenada a ficar com o homem que me forçou a casar com ele, que me comprou para benefício próprio.
Meu coração se acelerava a cada passo que eu dava em direção ao meu destino. Todas as relações sexuais que eu havia tido haviam sido forçadas com o marido da minha mãe. Eu sentia nojo todas às vezes que Mason me tocava. Eu tomava dez banhos por dia para não ter que lembrar do cheiro dele em mim. Só que dessa vez era diferente, eu havia dado permissão para que Gregory me tocasse, embora sentisse medo, não havia muito o que fazer.
Os minutos se arrastaram e Gregory não retornava. Talvez ele tivesse repensado e desistido da ideia, mas segundos depois a porta se abriu e ele entrou. Senti-me incapaz de olhar em seus olhos, continuei de costas para ele sabendo que o momento havia chegado.
— Está aqui o seu acordo, Emma – eu fui forçada a girar o pescoço para olhá-lo –assine-o.
Gregory estava parado apenas alguns centímetros de mim com um documento estendido em minha direção. Demorei para pegá-lo, mal conseguia lê-lo. Quando finalmente peguei a caneta e assinei.
Eu estava determinando meu destino e as consequências dele.
— Ótimo! – Gregory voltou a pegar o documento e o colocou de lado, quando olhou para mim.
— Você quer fazer isso? – Estranhei sua pergunta – porque eu não forço mulheres a ficarem comigo.
Eu havia dado a minha palavra a ele de que eu faria o que ele quisesse, se eu recuasse, Gregory rasgaria aquele acordo e me forçaria a viver eternamente ao seu lado.
Balancei a cabeça, afirmando que eu queria fazer aquilo.
Gregory se aproximou e me tomou em seus braços. A noite era fria lá fora, mas no quarto era quente como em um deserto.
Caminho de um lado a outro no consultório médico enquanto aguardo o resultado do exame de gravidez. Depois daquela noite em que fiquei com Gregory pela primeira vez, meu coração se aqueceu pelo fato de ser desejada verdadeiramente e perceber que o jogo de palavras de Gregory não passava de motivos para me ferir. Porém, nossos encontros eram raros e foram diminuindo conforme os anos iam passando e eu não conseguia engravidar. O ódio de Gregory por mim aumentou consideravelmente, mas para mim já era tarde demais. Eu havia me apaixonado pelo meu marido cruel. A postura de Gregory era clara em tudo isso: quando você me dê um filho e a herança passar para as minhas mãos, iremos nos divorciar. Faltavam seis meses para o nosso acordo terminar. Eu esperava que, a essa altura, eu finalmente desse a ele um filho e tivesse conseguido derreter seu coração frio e torná-lo totalmente meu. Eu já não queria mais me divorciar ou fugir, e queria fazer aquilo dar certo, minhas esperanças eram altas.
Eu me aproximava do carro, quando senti uma mão gelada me segurar. Antes que pudesse levantar os olhos, percebi um guarda-chuva sendo posto sobre minha cabeça e a chuva que outrora caia tão constante, cessou como um passe de mágicas. Meus olhos se levantaram e vi um homem parado diante de mim. Ele era bonito, com o seu queixo afiado e seus olhos negros como a noite, parecia muito preocupado, mas eu não fazia ideia de quem ele era e nem mesmo do que ele estava fazendo ali. Era exatamente o que eu precisava, alguém para me trazer mais problemas. — Você está bem, Emma? – Quando meu nome foi mencionado fiquei surpresa. De onde aquele homem me conhecia? — Estou bem, obrigada? – tentei puxar na memória se já o havia visto em algum lugar, nada veio. Ele segurava o guarda-chuva acima de nossas cabeças enquanto abria a porta do carro para mim. Percebeu meu olhar intrigado e amedrontado enquanto eu permanecia parada diante da porta aberta do veículo tentando entender o que estava acontec
Gregory. Mal havia saído do escritório, quando a secretaria veio correndo ao meu encontro dizer que uma mulher havia estado ali afirmando ser minha esposa. O sangue ferveu sobre minhas veias, mas quando pensei que Emma pudesse ter visto o que eu fazia no escritório com Alya, imediatamente ele congelou, quase me fazendo parar de respirar. Saí do prédio às pressas. Era como se Emma tivesse desaparecido, ninguém a viu sair, então imaginei que ela tivesse ido para casa. Fui o caminho inteiro pensando sobre isso, sobre Alya e Emma. O que, afinal, Emma foi fazer no meu escritório? Foi uma das exigências que eu havia imposto a ela, que não pisasse os pés na empresa da minha família. Ela só seria reconhecida como minha esposa depois que me desse o filho e eu finalmente conseguisse minha parte da herança. Mas Emma me desobedeceu, pior de tudo, foi até o meu escritório enquanto Alya estava presente. No entanto, quanto mais eu pensava nisso, mais irritado eu ficava. Lembrei-me do dia em que
Emma. Naquela noite, enquanto jantava sozinha, ouvi Samanta comentar com os outros funcionários que Gregory havia ido visitar o avô. Não se falava em outra coisa do que na volta de Edward. Parecia que todos temiam ele, inclusive o próprio Gregory. Meu marido não dormiu em casa naquela noite. Mas eu também não liguei para ele com urgência como sempre fazia. Liguei para o advogado que Gregory havia colocado à minha disposição e pedi um grande favor a ele. Eu faria uma bela surpresa ao Gregory no dia seguinte, sem me importar se ele me odiaria para sempre depois disso. No dia seguinte, desci para tomar café e avisei a Samanta que eu sairia e que avisasse a Gregory quando ele chagasse. A empregada estranhou a informação por dar a entender que passaria o dia inteiro longe de casa, mas ela não me questionou. Samanta era uma boa companhia e sempre que podia estar presente para tornar os meus dias mais suportáveis. Voltei para o quarto, tirei a aliança e a coloquei em cima da cama, junt
Gregory. Meus olhos recaíram sobre os objetos em cima da cama de Emma e o que me chamou a atenção e fez meu coração disparar foi o brilho da aliança, postada tão delicadamente, como se ela tivesse tido o cuidado de colocá-la para ser a primeira coisa que eu visse. O que diabos está acontecendo aqui? Murmurei enfurecido, quando avancei sobre o objeto e o segurei firme em minhas mãos. Lembro-me de ter colocado aquele anel no dedo de Emma quando ela ainda estava desacordada sobre a cama. Havíamos acabado de casar e ela estava ferida em meus braços. Era uma jovem tão bonita que, por um momento, me senti sortudo por escolhê-la. Mas Emma se mostrou insurgente com a ideia de estar casada comigo. Éramos dois estranhos morando na mesma casa, eu querendo minha herança, ela almejando sua liberdade. Embora nosso acordo estivesse a seis meses do fim, eu havia pensado algumas vezes em me separar assim que meu avô morresse. Eu tinha certeza de que ele morreria antes e que Emma logo me daria um f
Emma.Jamais imaginei que ficaria hospedada no hotel mais luxuoso da cidade. Embora eu fosse casada com um homem rico, durante aqueles dois anos e meio eu saía raramente de casa. Era o que Gregory me aconselhava, que eu me mantivesse ali para que ninguém soubesse do nosso casamento.Algumas horas atrás, Edward havia comprado passagens e algumas peças de roupa para mim. Eu iria para um país distante e desconhecido. Edward me disse que um amigo íntimo dele estaria me esperando e me levaria para a casa onde ele morou uma vida inteira.Não posso deixar de me sentir desconfortável. Estou fugindo do meu ex-marido, enquanto carrego o filho que ele tanto almejou, deixando tudo para trás, enquanto sou amparada pelo seu maior inimigo.Gregory, a essa altura, já descobriu toda a verdade e ele jamais me perdoará por isso. Essa certeza rasga meu coração c
GregoryFiquei pensando na satisfação estampada no rosto de Edward enquanto ele me dizia que o vovô estava finalmente morto. Minhas pernas já não respondiam aos meus comandos e eu fui aparado por Alya.Eu deveria estar feliz com a morte daquele velho safado, mas ele resolveu partir com Emma, levando com eles toda a minha esperança de ser o herdeiro de todo o império que ele havia deixado. Fiquei olhando para o resultado de gravidez e pensando em como Emma havia planejado tudo para me atingir. Como se ela soubesse que o vovô iria morrer, foi embora, me deixando sozinho para enfrentar o meu inferno.Ela havia conseguido se vingar de mim, finalmente, por comprá-la das mãos de Masson.Amassei o papel quando Alya voltou a se aproximar com um copo de bebida em suas mãos.
Após viver horas de dor e tristeza, terminei de velar o corpo da minha mãe e sepultá-la ao lado de seus irmãos. O sentimento de desespero me envolvia enquanto eu encarava a lápide recém-posta, sozinha no cemitério. Um resmungo de protesto rasgou minha garganta, não havia ninguém além de mim para se despedir dela, nem mesmo aquele homem horrível a quem ela chamou de marido durante tanto tempo. — Ao menos a senhora está livre daquele monstro, mãe – murmurei enquanto enxugava as lágrimas insistirem em cair do meu rosto – eu vou ter que aprender a viver sozinha e enfrentar o castigo que a senhora deixou para mim. Eu chegava em casa quando passos apressados vieram em minha direção, fazendo-me girar o pescoço rapidamente. Meu coração disparou quando me deparei com a figura de alguns homens caminhando para onde eu estava. Eu conhecia bem um daqueles rostos e não gostei de vê-lo ali. — Mason – minha voz escapou em um sussurro no mesmo momento em que eu me erguia lentamente para olhar em s