Caminho de um lado a outro no consultório médico enquanto aguardo o resultado do exame de gravidez. Depois daquela noite em que fiquei com Gregory pela primeira vez, meu coração se aqueceu pelo fato de ser desejada verdadeiramente e perceber que o jogo de palavras de Gregory não passava de motivos para me ferir.
Porém, nossos encontros eram raros e foram diminuindo conforme os anos iam passando e eu não conseguia engravidar. O ódio de Gregory por mim aumentou consideravelmente, mas para mim já era tarde demais. Eu havia me apaixonado pelo meu marido cruel.
A postura de Gregory era clara em tudo isso: quando você me dê um filho e a herança passar para as minhas mãos, iremos nos divorciar.
Faltavam seis meses para o nosso acordo terminar. Eu esperava que, a essa altura, eu finalmente desse a ele um filho e tivesse conseguido derreter seu coração frio e torná-lo totalmente meu. Eu já não queria mais me divorciar ou fugir, e queria fazer aquilo dar certo, minhas esperanças eram altas. No entanto, com o tempo, e o vi lentamente se afastando de mim, e nossa união tornou-se cada vez mais insustentável.
Eu ainda pensava sobre essas coisas, quando o médico voltou finalmente com o exame de gravidez em mãos. Eu tentei encontrar a resposta no semblante do seu rosto, mas ele parecia impassível. Ele sentou-se e finalmente disse.
— Devo-lhe dar os parabéns, senhorita Scott por tanta determinação – meu coração congelou com aquelas palavras, “a senhorita está gravida.”
Uma onda de expectativas e felicidade percorreu minhas veias ao ouvir aquelas palavras. Segurei o resultado em minhas mãos e imaginei a satisfação no rosto de Gregory ao receber aquela notícia. Nunca imaginei que ficaria tão feliz em saber que estava grávida do homem que me comprou para ser sua esposa, a qual jurei odiar eternamente.
Mas ali estava eu, caminhando apressadamente para a saída do hospital, ansiosa para contar a ele que finalmente conseguimos ter o nosso filho. Tirei rapidamente o telefone da minha bolsa e disquei o seu número. Gregory já havia me dado ordens para não o incomodar enquanto estivesse trabalhando, mas eu não me importei com as consequências disso, ele precisava saber a verdade imediatamente.
Mas a ligação não foi atendida e um lampejo de decepção encobriu o meu rosto.
Irei ao escritório dele, murmurei para mim mesma, sorrindo.
Meu sorriso diminuiu instantaneamente quando me lembrei de suas advertências contra visitá-lo nas empresas de sua família. Incrivelmente, nosso casamento ainda era um segredo. Gregory dizia que só revelaria estar casado comigo quando o seu avô moribundo lhe entregasse sua parte da herança e o transformasse em presidente das empresas. Aquele era o maior desejo de Gregory, maior até mesmo do que ter um filho comigo.
Eu não aguentaria esperar por tantas horas. O céu claro e nítido parecia zombar da turbulência dentro de mim. Corajosamente entrei no carro e fui em direção a empresas de sua família.
Eu jamais havia ido àquele local e pedi ao motorista estacionar o carro a uma distância segura. Quando os meus olhos recaíram sobre o local, se deslumbraram diante daquele imenso prédio luxuoso. Como eu poderia estar casada com um homem há quase três anos e não saber absolutamente nada sobre sua vida? Gregory nunca me permitiu participar de sua vida. Os únicos eventos aos quais eu ia eram os aniversários de seus avós, ainda assim ele se mantinha longe, mantendo o menor contato possível comigo.
Caminhei até a recepção, meu salto alto batendo imponentes no mármore, cada passo ecoando a finalidade da minha decisão.
— Com licença – eu disse a recepcionista, mantendo me tom de voz firme – eu sou Emma Scott, esposa do senhor Gregory, e estou aqui para falar com ele.
Os olhos da recepcionista piscaram de surpresa, após estabelecer um olhar que estava entre pena e desdém.
— Senhorita Emma, o senhor Gregory está em uma reunião muito importante agora – ela fez uma pequena pausa, – e ele não tem nenhuma esposa.
Um nó de pavor apertou meu estomago. Era claro que ele não tinha esposa, já que eu vivia as sombras, escondendo-me para que ninguém soubesse da verdade. O olhar desdenhoso da recepcionista não vacilou e eu senti um rubor invadir meu rosto quando percebi o que havia feito.
Era tarde demais para consertar as coisas, me explicar e desmentir toda a informação. Eu apenas olhei para a mulher e informei que esperaria até que a reunião terminasse. Eu só sairia daquele lugar após contar a Gregory que teríamos um filho.
Por dentro senti um nó de desconforto se apertando quando vi a recepcionista se afastar e ir a outros funcionários comentar o que havia escutado de mim. Um dos homens me olhou com desprezo e eu conseguir ouvi-lo dizer que mulheres como eu inventavam histórias como aquela apenas para se aproveitar de homens ricos como Gregory. Eu estava cansada de tudo isso e não via a hora de revelar para todos minha verdadeira identidade.
Quando olhei novamente para onde a mulher estava, já não havia mais ninguém. Me levantei rapidamente e dei uma volta pelo lugar quando me deparei com o nome de Gregory estendido em uma das portas. Aquele era o escritório dele.
Atordoada, escutei gemidos vindo de dentro do lugar. Eu senti o sangue fugindo das minhas veias e o fato de reconhecer a voz do meu marido quase me fez cair para trás. Corajosamente, segurei a maçaneta e a girei lentamente. Eu não pretendia surpreendê-lo, afinal eu era uma desconhecida, uma mulher qualquer na vida de Gregory.
Quando finalmente abriu uma pequena brecha, seus rostos estavam próximos enquanto o corpo nu da mulher recaía por cima do meu marido.
— Vai ser incrível quando finalmente pudermos ficar juntos – a mulher sussurrou no ouvido dele – quando vai se livrar daquela mulher e se casar comigo?
Gregory se virou para a mulher, sua expressão suave e gentil enquanto olhava para ela. Meu coração parecia estar sendo apertado. Eu nunca havia visto olhar com tanta ternura para alguém assim, muito menos para mim.
— Em breve terei minha herança e Emma não será mais um problema
Eu queria que o chão me engolisse inteiro. Fechei os olhos com força, me sentindo pequena a cada minuto. Cambaleei para trás e senti que não poderia mais permanecer ali.
Eu saí dali. Ainda podia ouvi-los sussurrando contra mim. Parecia que ninguém sabia sobre o nosso casamento, exceto aquela mulher. Ela devia ser muito importante para ele para que soubesse tão facilmente do nosso segredo guardado com tanto rigor.
E me senti extremamente humilhada e envergonhada enquanto corria na chuva de volta para casa.
Devo dizer a ele que vou ter um bebê? Meu marido nunca aprendeu a me amar durante esse tempo. Ele provavelmente só usará essa criança para conseguir sua herança. Eu podia ver o rosto indiferente de Gregory quando lhe contasse a verdade.
E quanto ao meu futuro filho? Meu marido não me ama, como ele poderá amar o nosso filho? Nada disso importava mais. Enquanto corria de volta para o veículo completamente encharcado, torço para que Gregory jamais saiba que estive naquele lugar.
Estou decidida. É hora de fazer o que eu deveria ter feito há muito tempo, fugir desse casamento antes que seja tarde demais.
Eu me aproximava do carro, quando senti uma mão gelada me segurar. Antes que pudesse levantar os olhos, percebi um guarda-chuva sendo posto sobre minha cabeça e a chuva que outrora caia tão constante, cessou como um passe de mágicas. Meus olhos se levantaram e vi um homem parado diante de mim. Ele era bonito, com o seu queixo afiado e seus olhos negros como a noite, parecia muito preocupado, mas eu não fazia ideia de quem ele era e nem mesmo do que ele estava fazendo ali. Era exatamente o que eu precisava, alguém para me trazer mais problemas. — Você está bem, Emma? – Quando meu nome foi mencionado fiquei surpresa. De onde aquele homem me conhecia? — Estou bem, obrigada? – tentei puxar na memória se já o havia visto em algum lugar, nada veio. Ele segurava o guarda-chuva acima de nossas cabeças enquanto abria a porta do carro para mim. Percebeu meu olhar intrigado e amedrontado enquanto eu permanecia parada diante da porta aberta do veículo tentando entender o que estava acontec
Gregory. Mal havia saído do escritório, quando a secretaria veio correndo ao meu encontro dizer que uma mulher havia estado ali afirmando ser minha esposa. O sangue ferveu sobre minhas veias, mas quando pensei que Emma pudesse ter visto o que eu fazia no escritório com Alya, imediatamente ele congelou, quase me fazendo parar de respirar. Saí do prédio às pressas. Era como se Emma tivesse desaparecido, ninguém a viu sair, então imaginei que ela tivesse ido para casa. Fui o caminho inteiro pensando sobre isso, sobre Alya e Emma. O que, afinal, Emma foi fazer no meu escritório? Foi uma das exigências que eu havia imposto a ela, que não pisasse os pés na empresa da minha família. Ela só seria reconhecida como minha esposa depois que me desse o filho e eu finalmente conseguisse minha parte da herança. Mas Emma me desobedeceu, pior de tudo, foi até o meu escritório enquanto Alya estava presente. No entanto, quanto mais eu pensava nisso, mais irritado eu ficava. Lembrei-me do dia em que
Emma. Naquela noite, enquanto jantava sozinha, ouvi Samanta comentar com os outros funcionários que Gregory havia ido visitar o avô. Não se falava em outra coisa do que na volta de Edward. Parecia que todos temiam ele, inclusive o próprio Gregory. Meu marido não dormiu em casa naquela noite. Mas eu também não liguei para ele com urgência como sempre fazia. Liguei para o advogado que Gregory havia colocado à minha disposição e pedi um grande favor a ele. Eu faria uma bela surpresa ao Gregory no dia seguinte, sem me importar se ele me odiaria para sempre depois disso. No dia seguinte, desci para tomar café e avisei a Samanta que eu sairia e que avisasse a Gregory quando ele chagasse. A empregada estranhou a informação por dar a entender que passaria o dia inteiro longe de casa, mas ela não me questionou. Samanta era uma boa companhia e sempre que podia estar presente para tornar os meus dias mais suportáveis. Voltei para o quarto, tirei a aliança e a coloquei em cima da cama, junt
Gregory. Meus olhos recaíram sobre os objetos em cima da cama de Emma e o que me chamou a atenção e fez meu coração disparar foi o brilho da aliança, postada tão delicadamente, como se ela tivesse tido o cuidado de colocá-la para ser a primeira coisa que eu visse. O que diabos está acontecendo aqui? Murmurei enfurecido, quando avancei sobre o objeto e o segurei firme em minhas mãos. Lembro-me de ter colocado aquele anel no dedo de Emma quando ela ainda estava desacordada sobre a cama. Havíamos acabado de casar e ela estava ferida em meus braços. Era uma jovem tão bonita que, por um momento, me senti sortudo por escolhê-la. Mas Emma se mostrou insurgente com a ideia de estar casada comigo. Éramos dois estranhos morando na mesma casa, eu querendo minha herança, ela almejando sua liberdade. Embora nosso acordo estivesse a seis meses do fim, eu havia pensado algumas vezes em me separar assim que meu avô morresse. Eu tinha certeza de que ele morreria antes e que Emma logo me daria um f
Emma.Jamais imaginei que ficaria hospedada no hotel mais luxuoso da cidade. Embora eu fosse casada com um homem rico, durante aqueles dois anos e meio eu saía raramente de casa. Era o que Gregory me aconselhava, que eu me mantivesse ali para que ninguém soubesse do nosso casamento.Algumas horas atrás, Edward havia comprado passagens e algumas peças de roupa para mim. Eu iria para um país distante e desconhecido. Edward me disse que um amigo íntimo dele estaria me esperando e me levaria para a casa onde ele morou uma vida inteira.Não posso deixar de me sentir desconfortável. Estou fugindo do meu ex-marido, enquanto carrego o filho que ele tanto almejou, deixando tudo para trás, enquanto sou amparada pelo seu maior inimigo.Gregory, a essa altura, já descobriu toda a verdade e ele jamais me perdoará por isso. Essa certeza rasga meu coração c
GregoryFiquei pensando na satisfação estampada no rosto de Edward enquanto ele me dizia que o vovô estava finalmente morto. Minhas pernas já não respondiam aos meus comandos e eu fui aparado por Alya.Eu deveria estar feliz com a morte daquele velho safado, mas ele resolveu partir com Emma, levando com eles toda a minha esperança de ser o herdeiro de todo o império que ele havia deixado. Fiquei olhando para o resultado de gravidez e pensando em como Emma havia planejado tudo para me atingir. Como se ela soubesse que o vovô iria morrer, foi embora, me deixando sozinho para enfrentar o meu inferno.Ela havia conseguido se vingar de mim, finalmente, por comprá-la das mãos de Masson.Amassei o papel quando Alya voltou a se aproximar com um copo de bebida em suas mãos.
Após viver horas de dor e tristeza, terminei de velar o corpo da minha mãe e sepultá-la ao lado de seus irmãos. O sentimento de desespero me envolvia enquanto eu encarava a lápide recém-posta, sozinha no cemitério. Um resmungo de protesto rasgou minha garganta, não havia ninguém além de mim para se despedir dela, nem mesmo aquele homem horrível a quem ela chamou de marido durante tanto tempo. — Ao menos a senhora está livre daquele monstro, mãe – murmurei enquanto enxugava as lágrimas insistirem em cair do meu rosto – eu vou ter que aprender a viver sozinha e enfrentar o castigo que a senhora deixou para mim. Eu chegava em casa quando passos apressados vieram em minha direção, fazendo-me girar o pescoço rapidamente. Meu coração disparou quando me deparei com a figura de alguns homens caminhando para onde eu estava. Eu conhecia bem um daqueles rostos e não gostei de vê-lo ali. — Mason – minha voz escapou em um sussurro no mesmo momento em que eu me erguia lentamente para olhar em s
De repente, eu estava sozinha naquele quarto com mais perguntas do que respostas. Deixei uma lagrima escorrer pelos meus olhos e logo me vi desesperada para fugir dali. Como eu poderia estar casada com um homem que eu não conhecia? Eu jamais aceitaria essa situação em minha vida. Decidi que não podia permitir que a consumação acontecesse, afinal eu não suportaria que nenhum homem me tocasse outra vez. Enxuguei o rosto e, quando me levantei, percebi vestir roupas novas e limpas. Me assustei ao me deparar com o reflexo do meu rosto no espelho. Meu nariz estava vermelho e todo inchaço sobressaia até em um dos meus olhos. Eu mal me lembrava do que havia acontecido, certamente Mason me bateu com tanta força que desmaiei. Com cuidado, caminhei até a porta, torcendo para que ela não estivesse trancada. A brisa noturna acariciou meu rosto quando eu a abrir. Saí silenciosamente do quarto, me deslizando pelo corredor largo e pouco iluminado. Eu não fazia ideia para onde eu estava indo, aque