— Senhor Edward, aquela bela mulher gostaria de conhecê-lo – a herdeira de uma das famílias mais ricas da cidade estava sorrindo para mim. Ela era tão pretensiosa quanto parecia. Ansiosa e desesperada para fazer uma conexão comigo. Eu sorrio, mas de repente minha mente me trai e o rosto da bela mulher se transforma em outra coisa.Eu sacudi a cabeça porque achei que estava ficando louco. Por que, afinal, eu estava enxergando a Emma no rosto daquela mulher?Olhei para a taça de vinho e considerei ser hora de parar de beber tanto. Enfiei minhas mãos no bolso e olhei ao redor. A gala da caridade estava em pleno vapor. Cheio de taças de champanhe, mulheres bonitas, música ao vivo, homens em seus ternos caros e milhares de dólares circulando pelas mesas. Esse lugar estava cheio de gente hipócrita. Ninguém dava realmente a mínima para a causa, a não ser, é claro, minha avó Helena.Antes de ir para o evento, meu advogado fez confissões revelando que minha avó havia pagado uma viagem para Emm
Antes do acidente.Emma.Entrei no quarto escuro de Gregory e ele se vestiu sem nenhuma cerimônia na minha frente, calmo e calculista, sabendo exatamente o que aquela atitude causaria em mim. Dessa vez, eu não virei o rosto, eu olhei cada detalhe do seu corpo, cada curva, cada músculo se movendo enquanto ele vestia a roupa.Após vestido, ele voltou a se aproximar de mim e tinha um brilho diferente em seus olhos, coisa a qual eu jamais havia visto rastro dele.— Precisamos conversar – ele disse enquanto abotoava a camiseta branca, e fiquei pensando que talvez àquela fala devesse ser minha.— Conversar sobre o quê? – indaguei quando seus olhos se fixaram nos meus.Eu mal consegui respirar quando Gregory se aproximou demais, ficando somente alguns centímetros e eu sentia que a sua boca iria tocar a minha a qualquer momento. No fundo, eu desejei que isso fosse acontecer.— Você está pedindo minha ajuda só por medo? – ele sussurrou, e foi como se minhas pernas estivessem sendo quebradas
Olhei para os lados para me certificar de que algum rosto era familiar. Depois olhei para Gregory, que tinha a testa ensanguentada. Quem iria querer matá-lo e por quê? Estávamos na Espanha, ninguém nos conhecia ou tinha motivos para nos odiar.Talvez eu fosse inocente demais ou não conseguisse raciocinar diante da adrenalina e do medo de algo pior acontecer com Gregory. Quando a ambulância chegou, os policiais vieram juntos. Eu não falava a língua deles e não conseguia entender o que eles estavam dizendo.— Senhora, o que ele está querendo dizer é se vocês anotaram a placa ou reconheceram o motorista – um dos policiais falou a minha língua, mas eu não sabia exatamente o que responder.— Eu não vi nada. Não vi nem mesmo quando o veículo se aproximou. Deveria conversar com o meu marido.Minhas mãos tremiam e eu sentia que não me sustentaria de pé por muito tempo. Olhei para Gregory, sujo de sangue, deitado na maca com os olhos fechados, e pensei que poderia ter sido eu no seu lugar. Gr
Vi quando Edward beijou Emma e quando ela o empurrou para longe, confessando seu amor por mim. Foi isso que travou minhas pernas em um primeiro momento e me impediu de avançar nele. Vi a capacidade de Emma em se defender, em resolver a situação sozinha e fiquei orgulhoso dela, mas agora era minha vez de defender minha família e colocar Edward em seu devido lugar.Eu pretendia quebrar todos os dentes da boca daquele maldito. Há muito tempo eu vinha guardando ressentimentos contra Edward. Ele me culpava pela morte dos nossos pais e dizia que eu pagaria por aquilo quando ele tornasse os meus dias um inferno. E ele tem feito isso desde a morte do nosso avô.Agora ele dizia que iria me tomar a Emma, a única coisa boa que me restou. Mas Edward não conhecia o meu lado sombrio, ainda não. Ele estava enganado se pensava que eu permitiria que isso acontecesse.— Pare com isso, Gregory – Emma segurou meu braço, seus olhos cheios de lágrimas, o medo rondando seu belo rosto. – Não quer ser preso e
Emma.Quando chegamos ao hotel foi como outra bomba explodindo em nossa mente. Gregory caminhava de um lado ao outro no quarto, com o rosto vermelho, enquanto gesticulava com o seu advogado sobre a situação. Deveríamos estar nos divertindo agora, mas eu me sentia presa sem poder aproveitar.— Não podemos sair da cidade – ele jogou o celular em cima da cama e passou a mão sobre o rosto. – Não podemos voltar para casa também, não enquanto a polícia espanhola não nos liberar.— Isso pode levar meses – eu disse, com o desânimo me abatendo – vamos retirar a queixa então.— As coisas não são tão simples assim, Emma – ele bufou, levantando a cabeça em direção ao teto como se implorasse por socorro vindo dos céus. – Vamos aproveitar a nossa viagem. Eu não vou permitir que o Edward tire isso de mim também.Corajosamente, Gregory segurou na minha mão e saiu me compelindo para fora do quarto. Não o questionei, confiei na sua decisão, embora meu coração saltasse descontroladamente no peito, temen
Eu admirava a Emma em silêncio enquanto ela comia, desejando que aquele momento se eternizasse até o meu celular vibrar em meu bolso. Ignorei a primeira ligação, mas ele não parou mais depois daquilo. Eu deveria tê-lo desligado e essa era a minha intenção mais verdadeira, quando uma mensagem de Helena brilhou na tela do meu aparelho.— Atenda ao telefone, Gregory. Modifiquei o testamento.Dei um salto da cadeira, Emma não percebeu, ela estava bastante distraída nesse dia, ela somente viu quando eu me afastei e fui para o outro lado atender a última ligação de Helena.— Você deveria ter me ligado e avisado o que aconteceu.A voz dela estava tremula do outro lado da linha. Girei o pescoço para olhar para Emma e ela me observava atentamente. Era impossível eu fingir normalidade diante do que estava acontecendo.— Eu e a Emma estamos bem – eu fechei os olhos e massageei as têmporas –, não havia necessidade de mudar o testamento só por conta disso.Mas o que diabos eu estava dizendo? Desej
Emma.Tive um vislumbre de Gregory assim que acordei no dia seguinte. Ele estava deitado ao meu lado com os seus olhos de gelo fixados em mim, tão carinhosamente que achei que não suportaria olhá-lo por muito tempo. Nos meus lábios, um sorriso brincou. A noite passada havia sido uma mistura de sentimentos que eu não podia explicar.Durante aqueles anos de casado, foi a primeira vez que Gregory deu todo o seu amor para mim enquanto dormíamos juntos.Ele se inclinou e me beijou, depois me cobriu um pouco mais antes de se levantar e me dizer:— Fique deitada – ele se vestiu rapidamente e era possível sentir o frio invadindo o quarto –. O clima na Espanha está simplesmente amargo. Melhor que fique coberta da cabeça aos pés para não pegar um resfriado.— Não quero passar esse dia deitada – joguei o cobertor para o lado e me levantei.Foi quando olhei para trás e percebi muitos fios de cabelos no meu travesseiro. Fiquei paralisada por um tempo, somente olhando aquilo como se não fosse real.
Eu vivia horas de dor e tristeza, enquanto velava o corpo da minha mãe e sepultava-o ao lado de seus irmãos. Encarei a lapide recem posta e deixei o desespero tomando conta de mim. Um resmungo de protesto rasgava minha garganta, enquanto eu voltava para casa, sozinha. Eu teria que enfrentar meu inferno, sem ninguém que pudesse me defender do meu padrasto. — Ao menos a senhora está livre daquele monstro, mãe – murmurei enquanto enxugava as lágrimas insistirem em cair do meu rosto – eu vou ter que aprender a viver sozinha e enfrentar o castigo que a senhora deixou para mim. Passos apressados vieram em minha direção, assim que me aproximei da casa. Girei o pescoço rapidamente e meu coração disparou quando eu avistei alguns homens caminhando em minha direção. Eu conhecia bem um daqueles rostos e não gostei de vê-lo ali. — Mason – minha voz escapou em um sussurro no mesmo momento em que eu me erguia lentamente para olhar em seus olhos. Ele se aproximando cada vez mais – o que diabos es