cap.5

cap.5

Shely (Narrando)

Fiquei surpresa quando o vi entrar com uma mulher ao seu lado ainda intimamente com os braços entrelaçados, encaro ainda próxima à porteira e ele apenas me ignora, o que ele pensa que está fazendo?

Ele parece bem íntimo daquela mulher que aparenta ser bem mais nova que eu, ele se aproxima seguindo em linha reta pela trilha em minha direção, mas foi interrompido quando duas meninas novatas passaram por mim em alvoroço.

— Vlad, chegou! — grita uma delas agitada, elas tinham entre dezoito e vinte anos, e parecem bem interessadas nele.

Encaro cética a situação, eles estão próximos o suficiente para que eu consiga ouvir qualquer conversa.

— Faz tanto tempo… — pula uma das meninas agitadas, ele analisa cada uma delas e franze o cenho.

— Vocês não estão com frio? Isso não é roupas para usar no frio. — comentou confuso.

Mas realmente elas não estão adequadas, o vento frio parece cortar a pele e elas usam bermudas e blusinhas de alça.

— Na verdade não, queríamos estar mais apresentáveis. — comenta uma delas cinicamente.

— Na verdade deveriam vestir roupas mais adequadas, estarem mais apresentáveis, seria adequado estarem com algo mais elegante, vestidos de gola alta, poderia ser não muito curto, e ter mangas longas e sapatilhas, talvez…

Elas se encaram sem graça, mas entendi muito bem a referência, elas recuam e seguem para dentro, suas peles pálidas agora estão vermelhas.

Ele vem até mim, mas eu o encaro de forma ameaçadora de forma discreta, mas ele consegue muito bem entender o recado, não sei porque continua segurando no braço dessa mulher.

— Você agora está namorando? — pergunta uma das crianças em alvoroço, e isso me deixa profundamente incomodada, ela sorri com orgulho ao encarar a criança como se confirmasse, mas espero que seja apenas um equívoco.

— Papai Vlad está finalmente com uma esposa? — grita outras crianças.

— Como assim, eu pensei que ele gostasse da mãe Shely… — comenta outra criança confusa.

— Shely, pode me ajudar no berçário, tem alguns bebês com resfriado, o médico está chegando, mas preciso de ajuda, ontem o ar-condicionado quebrou e mesmo com o agasalho parece que fez mais frio que o comum. — avisa uma das cuidadoras ao sair aflita.

— Claro, — confirmo preocupada e seguimos para o berçário.

— Eles estão com um resfriado leve, então estou cuidado de todos antes que vire uma gripe e você sabe o quanto é difícil.

— Sim, sim. — suspiro observando as outras três meninas. — mas aqui ainda está muito frio, vamos levá-los para o outro quarto.

— o ar-condicionado de repente esfriou e quase congelou o local, o técnico está concertando, talvez seja melhor fazermos isso.

— Com certeza. — digo ao treme com a frieza do lugar, mesmo que eles estivessem agasalhados, estavam respirando o terrível ar frio que não iria ajudar em nada.

Começamos a transferir as crianças para um quarto vazio, cobrimos o chão com colchões, o local estava bem mais quente e acolhedor para eles.

Ajudei a cuidar de todos logo após estava livre para me retirar, decidi ir até o berçário para ver como estava a citação do ar-condicionado, mas ainda no corredor encontrei o Don, ele estava sozinho dessa vez.

— Por que não me esperou antes de entrar? — pergunta com a voz calma.

— Não sabia que tinha protocolos para que eu entrasse aqui.

— Não tem, mas viemos juntos, deveria estar me acompanhando.

— acredito que você já tenha ótimas companhias. — bufo enciumada.

— Queria apresentá-la para você.

— Não quero conhecer nenhuma de suas mulheres, além disso… — encaro com dureza. — Se já tem tantas atrás de você, porque simplesmente não me deixa em paz?

— ohm… — murmura me fazendo recuar ao se aproximar. — está com ciúmes? — pergunta me encostando na parede e apoiando o cotovelo acima de meu ombro, posso sentir o cheiro de seu perfume, sua respiração pesada sobre minha face.

— Nunca teria ciúmes de você! — resmungo virando o rosto, quando avistei aquela mulher vindo acompanhada pelas crianças.

— ah não? — pergunta ele sem perceber ela se aproximando.

Nem pensei duas vezes quando puxei seu rosto contra o meu o beijando, obviamente que ele retribuiria e por um momento me perco e me derreto com o calor de seu beijo, é como se meu corpo gritasse e quisesse o toque dele, mas uma parte de mim odeia isso de corpo e alma, ele interrompe o beijo com um último selinho, não recuso nenhum de seu toque, nunca pensei que seria tão impulsiva, volto a lucidez e o empurro para longe de mim.

O grupo de crianças estavam petrificadas sem nem mesmo piscar após nos ver, eu corei envergonhada, nem mesmo tinha pensado no que eu fiz, isso foi tão errado, cubro o rosto envergonhada.

Mas a cara daquela mulher é impagável, Vlad me encara cético após entender o que eu queria na verdade, logo após deu um sorriso ladino.

— ah! Sabia, ele está com a mãe Shely. — grita uma das crianças. — Eu disse que ela era a esposa dele. — anuncia deixando a mulher desconfortável.

— Pensei que era contra as regras, demonstração de afeto nos corredores. — comenta ela, Vlad pigarreia desconfortável.

— Sim, é proibido… — diz ele desconfortável.

— Não sabia que você… — começa ela demonstrando está desconfortável, seus olhos vacilam entre mim e Vlad. — você já tinha uma esposa. — sua voz sai um pouco falha e triste.

— Eu tenho? — pergunta ele rudemente para mim fazendo as crianças se assustarem, apesar de seu tom não ter sido tão alto.

Eu pensei, balbuciei e encarei as crianças que nos encaravam com muita esperança, era óbvio que ela estavam apegadas a mim desde que eu quase não saio desse lugar, porém eu nunca tinha visto essa mulher em todos esses meses.

— Sim, sou a esposa dele. — confirmo enquanto ele mantém seu olhar fixo sobre mim, eu desço meu olhar fixando em minhas mãos sobre o vestido e tento fingir que não me deixei levar pelo ciúme.

— Bom… me desculpem crianças, pela quebra de regras, fui um pouco desatento a isso.

Ele dizia, mas elas apenas comemoravam animadas, pulando e brincando, girando entre nós dois.

— Voltem a brincar, eu tenho algumas coisas para fazer agora. — avisa ele às meninas enquanto me encara com um ar de mistério.

— Enfim, — aperta os lábios apontado para a mulher ainda nos observando sem reação. — Essa é a Rhudy, é a minha administradora, ela cuida de toda a logística aqui do orfanato, como você fica constantemente aqui cuidando das crianças, já era hora de vocês se conhecerem.

— Muito prazer, senhora… Ravenclaw. — diz com uma certa antipatia, era óbvio, mas ele é meu, como pensou que eu permitiria qualquer mulher ficar mais próxima que dez metros?

O que estou pensando, raios! Vlad realmente me deixa incomodada com toda essa bagunça que ele faz na minha cabeça, isso me faz odiá-lo tanto.

Assim que todos saem ele me puxa para dentro de um dos quartos, as meninas acabam se assustando.

— ola, minhas princesinhas, podem sair por alguns minutos? — pede ele observando o grupo de meninas de cinco anos que estavam em suas camas brincando se penteando, o quarto parecia de princesas, com toda aquela decoração rosa, camas macias, tapete de veludo, tudo tão bem arrumado e delicado.

Elas saem em fileiras e esperam do lado de fora.

— Não pensa em fazer alguma coisa comigo, certo?

— olhe ao redor, existem lugares que temos que manter o respeito. — diz me desconcertando como se eu estivesse esperando algo. — Mas você sabe o que fez lá fora, não sabe? — pergunta serio.

— afastei mais uma ordinária? — perguntei cinicamente.

— além de confirmar que é a minha esposa, quando vai começar a cumprir suas palavras?

— Só para deixar claro, eu não sou sua esposa. — digo aborrecida e ele sorri.

— você tem que ser uma mulher de palavra, ou eu vou te abrigar a ser! — rosnou apertando minha mandíbula com uma das mãos. — você já é minha, eu só estou mantendo a minha paciência por motivos justificados, mas não pense que vai brincar comigo como está fazendo. — diz com seriedade me deixando amedrontada.

— O que você quer?

Ele solta a minha mandíbula e aponta seu indicador para mim.

— Nesse exato momento você só tem uma chance, você vai vir morar comigo? Pense bem no que vai dizer, eu não me importo em sumir mais alguns meses, além disso você não é a única na fila, se quiser que eu desista, diga agora.

Comprimo os lábios nervoso, não tenho ideia do que falar, mas não quero que ele vá embora, mas ele não vai entender, que apenas o quero perto, não consigo pensar que poderíamos formar um casal.

— Shely, o que está pensando?

— Me dê mais um tempo, por favor… eu gostaria de pensar… — assim que digo isso ele sai batendo a porta.

Eu o sigo, e ele vai até a Rhudy que guarda uma planilha em mãos.

— Vlad, hoje temos que colocar as despesas do orfanato em dia, você pode analisar alguns novos gastos que vamos ter, além de algumas novas aquisições, temos muitas crianças pequenas aqui.

— Tudo bem, podemos conversar em minha casa. — diz serio lhe dando as costas, ele passou por mim sem nem mesmo me encarar enquanto ela o seguia.

— Vlad! — o grito aflita, sorrio sem graça, mas não posso deixar ele levar essa mulher para a casa dele, não sabendo de seus interesses.

Eu não consigo dizer mais nada, ele estende sua mão como o convite então sigo até ele, pegando sua mão, ele coloca seu braço em volta de minha cintura.

— Espero que saiba que no momento que entrar na minha casa, você só sai de lá, o dia que eu quiser. — sussurra em meu ouvido deixando um beijo em minha bochecha para disfarçar sua ameaça.

Estou tremendo que nem vara verde e com vontade de desistir, mas não faço, eu não quero deixar ele ir sozinho para casa com essa mulher.

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