cap.6

Cap. 6

Shely (Narrando).

Seguimos para a saída, ele fez questão de segurar em meu braço, se não fosse pela ordinária nos seguindo eu já teria o agredido e fugido, não sei onde estava com a cabeça, mas para manter as aparências vou ter que levar isso até o final.

— Sinto minha dama um pouco tensa, acredito que já tenha se arrependido de seu equívoco.

— Sim, mas você não vai entrar naquela casa com essa mulher. — rosno baixinho para ele.

— Isso pode ser uma aposta. — diz levianamente enquanto seguimos para a saída.

Assim que chegamos ao seu carro, nem bem me aproximei da porta do passageiro quando ela insinuou que iria entrar no carro de Vlad.

— pensei que você tinha vindo no seu próprio veículo.

— Sempre seguimos juntos quando temos esse tipo de reunião, aproveitamos e conversamos no carro. — diz com um sorriso preso, parece que está insinuando algo.

— Não mais, na verdade nunca mais, acredito que você seja bonita o suficiente para defender e preservar seu caráter se limitando a correr atrás de homens comprometidos. — a repreendo sem desmanchar minha postura, nem muito menos desviar meus olhos do dela até que ela recua.

— Tudo bem, eu sigo vocês. — avisa enquanto Vlad parece não se importar nem um pouco com o que eu acabara de fazer.

Então entro no carro onde ele já espera me observando sentar e ajeitar meu vestido escondendo o máximo de minha pele.

— Estou ansiosa para as suas novas desculpas. — segura o riso ao me encarar e analisar, respiro pesadamente mantendo meu olhar em uma direção contrária a dele.

— Não tenho que lhe dizer nada, seu velho safado. — resmungo cruzando os braços e ele ergue o rosto encarando o espelho retrovisor de forma arrogante, ele parece ser bem confortável com a sua aparência.

— Bom… isso não impede que até mesmo moças de 19 anos se interessem por mim…

— Não se atreva! — vocifero, ele abre um sorriso contagiante de orelha a orelha, por um momento suspiro, mas me recomponho, ele mexe com cada estrutura de meu ser fazendo até meu estômago queimar, isso não pode ser normal.

Penso o caminho inteiro como posso fugir, sei que não vou conseguir sair da casa dele, os muros altos, a cerca elétrica em cima do muro, as dezenas de seguranças.

Seguimos no carro para o estacionamento, ela continuava a nos seguir também, ao sair do carro continuou ao lado dele sem dar espaço a ela.

— Você está com frio? — pergunta ele colocando o braço em volta de minha cintura, meu rosto encosta em seu ombro quente, enquanto Rhudy segue atrás.

— Não… — respondo tentando o empurrar.

— Se cometer qualquer deslize, eu vou trocar de esposa, saiba que essa mocinha aí atrás já me sugeriu casamento apenas umas cinquenta vezes e ela faz isso desde que tinha vinte anos.

— bom, ela tem que para se ela quiser continuar vendo mais alguns aniversários chegar. — digo sorrindo gentilmente para ele que fica sério.

De repente ele trava no meio do caminho e me faz tombar para frente e voltar parando de frente para ele, uma de suas mãos segurando firme a minha mandíbula fazendo meus lábios formar um bico e sua outra mão em volta de minha cintura, sua face encosta na minha e seus lábios estão perto de meu ouvido, meu coração acelera e sinto aquela sensação estranha de falhar as pernas, mas é tão confuso, achei isso bom ou ruim.

— Essa é a sua última chance, você pode desmentir e eu desisto de você e te deixo ir embora, ou… você segue comigo e no momento que entrar nessa casa, você se torna a minha futura esposa.

Engulo em seco, ele encosta seus lábios ao meu brevemente e minha cabeça fica turva, não sei como agir, apenas travei, ele continuou a me conduzir.

— continue a encenar o lindo casal que você quer que pareçamos. — sussurra em meu ouvido.

Sei que a coisinha deve está de mau humor enquanto nos segue, subo a escada ainda cambaleando, ele se dispõe a me ajudar, mas eu desejava que ele me deixasse no sofá, mas só em pensar que ela vai entrar na mesma sala que ele.

Eu não vou permitir.

Seguimos para seu escritório, eu já estava recomposta, antes de escolher uma cadeira apenas observei o que ela faria, sei que seria algo que a deixaria mais próxima de Vlad, ela colocou a pasta em cima da mesa e se sentou ao lado de sua poltrona, eu sorrio cética e o descarado apenas mantêm o olhar fixo em mim enquanto reúne alguns papéis na mesa de pé próximo a lateral.

— bom… eu trouxe todos os documentos, podemos verificar e você pode aprovar as novas despesas. — comenta ela, seus lábios curvaram em um sorriso discreto, mas posso o perceber.

Encaro Vlad ferozmente, mas ele não faz nada, ele está brincando comigo? Continuo a encara-lo friamente enquanto sigo pausadamente até Rhudy.

— Acredito que esse lugar não lhe pertence, pode sair! — ordeno sem alterar o tom, ela se levanta sorrindo desconcertada.

— Me desculpe, foram tantos anos sentando-se ao lado do Don.

— Talvez agora devesse fazer reverência e ficar de joelhos e pedir desculpas por não saber se porta como uma dama. — digo com a voz apertada alternando o olhar entre ela e Vlad que me encara com as sobrancelhas erguidas.

— Muito bem, acalmem os nervos, moças. Rhudy, se sente na cadeira de visita em frente a mesa, não precisa ficar ao meu lado, porém… — para de falar vindo até mim me puxando e me fazendo sentar ao lado dele.

Rhudy nos encara envergonhada, ele pega os papéis e agora lê concentrado enquanto faz marcações com uma caneta.

Então eles começam a discutir sobre os novos materiais, listas farmacêuticas, novos médicos, assuntos sérios envolvendo o orfanato, coisas que tenho bastante facilidade em lidar também, afinal ela nunca lidou diretamente com as crianças, é sempre a área de logística pelo que percebi, mas pelo que ela cuida, ela só sabe o básico.

— pelo que ouvi de tudo isso que vocês disseram sobre gasto, não ouvi nada sobre a manutenção do local, o jardim, o pomar, os ar condicionado, temos mais de dez crianças doentes por causa disso, logo teremos uma pandemia, sem falar que o lado de fora nas laterais do recinto precisa de pintura, mas não estou vendo nada disso na lista, sendo assim com o tempo as crianças terão boa comida, roupa, remédios, mas o local vai se torna inadequado para que elas vivam, mas o que saberia uma mulher que só espera os relatórios chegar saberia? Ou será que isso não importa? — pergunta de mau humor mantendo meu olhar fixo a uma das folhas, o silêncio paira e após alguns segundo Vlad faz as anotações.

— Tudo sobre aquele lugar importa, coloque isso na lista. — avisa ele a Rhudy demonstrando seriedade, algumas vezes suspirando pesadamente demonstrando está de mau humor.

Mas sei o quanto ele gosta de ser aquele lugar em ordem, mas ele é o Don e não tem esse tempo que é necessário para cuidar de lá, no fundo admiro ele ao menos por tentar cuidar de todas aquelas meninas.

Tenho boas lembranças de lá, era tudo perfeito até o dia de seu aniversário, fazia seis meses que eu estava naquele lugar, parecia ser um sonho.

Todas as meninas estavam prontas e arrumadas para receber o Don, as paredes coloridas o cheiro de flores, era primavera e a casa de acolhimento era o lugar mais cheiroso, por causa do jardim incrível que tem ali, era de costume ele vir pela manhã, mas naquele dia, era o aniversário dele.

Corriamos pelo corredor ansiosas após a madre anunciar que ele havia chegado, antes que pudessemos sair, la estava ele seguindo entrada a dentro ao lado de uma mulher alta bonita com cabelos negros, também jovem de boa postura, as meninas recuaram, e pararam atrás de mim, eu não entendi porque, mas pareciam ter medo.

Ele veio até nós com sua expressão séria, mas com um sorriso discreto nos analisava.

Ei timidamente estendi minha caixa azul e pequena com um laço em cima e o entreguei.

— feliz aniversário… senhor pai… — minha voz falha enquanto meu braço está estendido.

— obrigada, querida Shely. — diz gentilmente e sinto sua mão gentilmente sobre o topo de minha cabeça em seguida descendo até minha face, estendendo a minha face para que pudesse analisar, ele fazia isso com todas as meninas, eu observava suas feições fortes e jovem ainda, seus fios ainda era negros, olhar marcante e compenetrado. — você parece está bem melhor, a madre contou que estava com anemia, não tem se cuidado?

— Sim, senhor… — diz com a voz falha me afastando quando vejo o olhar de sua mulher sobre mim, reconheci como o olhar de uma cobra pronta para atacar, então entendi as outras crianças, recuei tímida e voltei para meu quarto.

Ainda estava envergonhada e rubra em frente ao espelho sentindo algo estranho em meu peito enquanto relembro seu toque.

Os minutos se passaram e de repente a maçaneta do quarto girou, e ela apareceu, imponente me encarando de forma leviana, ela usava um daqueles vestidos preto longos até o pé, sem decote, apenas de gola alta, que revelava parte de seus ombros.

— Olá, garotinha. — diz segurando o riso e vindo até mim.

— senhora… — faço uma breve reverência baixando a cabeça, mas ela puxa meu rosto me obrigando a encará-la.

— Quantos anos você tem?

— Vou fazer dezesseis anos daqui a alguns meses.

— um pouco velha, o suficiente… — diz com asco me encarando de cima abaixo, em seguida pegando as mechas de meu cabelo analisando. — bom… tem uma aparência boa o suficiente. — continua a analisar, franzo o cenho com medo e confusa. — olha aqui… — de repente ela aperta minha bochecha com força e sinto sua unha em minha pele. — não se aproxime tanto de meu marido, eu não gosto nada dessas meninas se aproximando dele, já disse que tem idades suficientes para serem entregues em casamento! — resmunga me empurrando sobre a cama onde caio sentada. — se disse qualquer coisa disso a ele, pode ter certeza que você vai ganhar mais que um arranhão, vai ficar com esse rostinho bem estragado. — diz em seguida saindo do quarto.

— ah! Que sede, já faz tanto tempo que estamos aqui! — resmunga Rhudy me fazendo acordar de meus devaneios.

Vlad recai seu olhar sobre mim, o encarei desconfiada.

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