Ferman Aksoy
O relógio na parede marcava o avançar da noite, mas eu sabia que ainda havia uma última batalha a enfrentar naquele dia. Fui chamado ao escritório de meu pai, Ferhat, o patriarca da nossa família. Entrar naquela sala sempre trazia uma carga de tensão, mas dessa vez parecia ainda mais intensa. Era quase como se o ar estivesse mais denso, me forçando a manter a calma diante do olhar penetrante de meu pai. Ferhat Aksoy, um homem impiedoso e sim, nossa família era da Máfia turca, que foi passado de geração em geração, meu irmão Erkan havia falecido a poucos meses e meu pai se culpava por isso, já que ele quem deveria resolver os assuntos pendentes da máfia Bozkut, nossos maiores inimigos. Sempre me mantive distante dos assuntos da empresa da minha família, apenas assumi o cargo como o CEO e médico do meu hospital, mas as vezes tive que de forma obscura salvar vidas de gangsters que trabalham para a máfia Aksoy, agora só preciso cumprir com o único pedido que meu irmão fez a mim desde que sua esposa estava grávida do Faruk, que se algo acontecesse, eu deveria lutar contra tudo e todos para criar o filho dele como se fosse meu. Meu pai estava sentado em sua poltrona de couro escuro, os dedos entrelaçados sobre a mesa enquanto me observava com um olhar crítico. Sem dizer uma palavra, ele gesticulou para que eu me sentasse. O silêncio inicial foi quase ensurdecedor, e eu sabia que ele estava prestes a questionar minhas decisões. — O que pensa que está fazendo, Ferman? — A voz de meu pai soou firme, cortante. — Agora você quer ser o pai do seu sobrinho? Eu o encarei, tentando manter o controle da minha expressão. — Faruk é seu neto, pai. Ele precisa de estabilidade, de amor, e precisa crescer em nossa família. Meu pai soltou uma risada fria, como se estivesse diante de uma piada de mau gosto. — O patriarca desta casa sou eu, Ferman. Você passou por cima de mim ao tomar essa decisão, sem sequer me consultar. E agora vem falar de família? Me diga, como pretende criar Faruk se nem ao menos pode lhe dar uma mãe? Eu sabia que precisaria ser direto. Inspirando fundo, disse: — Vou resolver isso. Planejo me casar com Leyla Ylmaz. Ela será uma mãe para Faruk. Por um momento, a expressão do meu pai foi de surpresa, mas logo ele a substituiu por seu semblante habitual, severo e impassível. — Casar com essa advogada… Acha que isso resolverá tudo? Só porque disse isso, espera que eu confie em sua escolha? Seu olhar era cortante, e eu sabia que ele tentava avaliar o quanto minha decisão era verdadeira. Endireitei-me, sustentando seu olhar. — Sei que a situação não é comum, mas eu estou pronto para assumir essa responsabilidade. Faruk merece estar aqui, e só peço que não se oponha a isso. Ele me encarou em silêncio por longos segundos antes de murmurar: — Está certo. Se você vai se casar e oferecer um lar para Faruk, não farei nada para impedi-lo de conseguir a guarda. Mas, Ferman... — ele me olhou com uma intensidade ameaçadora — Se ousar falhar em qualquer promessa que me fez aqui, saiba que enfrentará as consequências. Eu sabia que ele não falava por falar. As ameaças de meu pai sempre vinham carregadas de consequências reais e, ao deixar o escritório, senti o peso daquela promessa. Continua...Ferman Aksoy Subi até o meu quarto sentindo a pressão do dia pesar em meus ombros. As tensões do trabalho, a preocupação com meu sobrinho e... Leyla Yilmaz, a advogata que eu não conseguia tirar da minha cabeça. Joguei a camisa em um canto, liguei o chuveiro, e a água quente lavou a tensão, me permitindo um breve momento de tranquilidade. Depois do banho, vesti uma camisa escura, combinada com um blazer casual. Queria relaxar, e a boate da família era o melhor lugar para isso. Lá, eu poderia deixar de lado as formalidades e a rotina exigente do hospital, aproveitando a companhia de quem eu realmente considerava ser meus amigos. Assim que cheguei, pedi uma taça de vinho e me sentei, observando o movimento em volta. A segunda taça estava pela metade quando vi Lion chegando com sua irmã, Luna, e sua namorada, Nazli. Levantei a taça em saudação, sorrindo. — Então, virou um turco de vez, Lion? Não pode me deixar sozinho no hospital? — brinquei, sabendo que ele era o melhor neurocirurg
Leyla Ylmaz Senti o olhar de Lion me observando com curiosidade enquanto me aproximava. Cumprimentei-o e tentei ser cordial, embora a tensão ainda estivesse pairando no ar depois de minha conversa com Ferman. Lion parecia uma boa pessoa, e Nazli havia falado muito bem dele, o que me deixava mais à vontade. Trocamos algumas palavras sobre sua profissão e sobre sua experiência no hospital, enquanto eu tentava disfarçar a sensação incômoda de que Ferman me observava ao longe. Luna logo se juntou a nós, e começamos a conversar. Aproveitei para desviar a atenção, tentando ignorar Ferman e me concentrar na conversa. Depois de alguns minutos, relaxei um pouco, aliviada ao ver que ele parecia distraído, conversando com uma loira de olhos azuis. Suspirei internamente, contente com a ideia de que talvez ele me deixasse em paz finalmente. Mas minha paz durou pouco. Assim que virei o rosto de volta para Lion e Luna, senti um movimento ao meu lado. Ferman já estava ali novamente. A loira se apr
Ferman Aksoy Sinto o sangue fervendo dentro de mim enquanto caminho de volta para o salão. A cena do beijo dela com aquele cara,seja lá quem ele for, ainda lateja na minha cabeça. É insuportável, e pior ainda é o pensamento de que ela fez aquilo de propósito. Como se não bastasse ter que lidar com Zeynep e sua provocação mesquinha, agora Leyla decide trazer esse tal homem, como se eu não estivesse ali. Ela sabe como me irritar e parece se divertir com isso.Ao me aproximar, vejo que Luna e Nazli estão conversando animadamente, mas, assim que me veem, a conversa esfria. Lion nota minha expressão e fica em silêncio, como se esperasse alguma explosão. E então vejo ele, o homem que beijou a minha advogata, ainda ali, parecendo bastante à vontade. Perfeito.— Então você é o famoso Kerem? — digo, sem disfarçar o tom de sarcasmo na voz. — O que você é da Leyla?Kerem me encara com um sorriso que me irrita ainda mais. Ele é todo confiante, sem a menor ideia de onde está se metendo.— Sim,
Ferman Aksoy Kerem Kaya… então era isso. Um amigo de infância, de volta para o lugar que ele achava que ainda o pertencia. Mas ele teria uma surpresa. Leyla não pertencia a ninguém, muito menos a ele.. Guardei o celular no bolso, decidido a não perder mais tempo com aquilo por hoje. Mas uma coisa era certa: agora que eu sabia quem ele era, Leyla ia descobrir que eu não pretendia me afastar. Afinal, um jogo só é interessante quando um dos lados está disposto a arriscar tudo e eu não desisto de nada e não seria assim com Leyla. Entrei no meu consultório, tranquei a porta e dormi no sofá que se tornava iam bicama. Na manhã seguinte, acordei, tomei um banho e peguei um dos ternos que tinha no meu consultório, afinal o hospital era o meu segundo lar. O meu assistente entrou com o meu café da manhã, eu bebi apenas um pouco do café e em seguida pedi que ligasse para a floricultura e mandasse para a empresa da Leyla, um buquê de flores, sai, fui direto para a empresa da Leyla e quando
Leyla YlmazDeixei Ferman, sozinho na recepção e entrei na minha sala no escritório de advocacia e, pouco depois, Ferman também entrou, com aquele jeito confiante de sempre.— Você tem sido um cliente bastante difícil de lidar, senhor Aksoy — falei, tentando manter o tom profissional.Ferman se aproximou e sentou ao meu lado, tocando de leve os meus cabelos, o que me fez sentir um arrepio involuntário.— Até quando vai fingir que sou apenas um cliente? Parece que gosta de fingir que não sabe que eu me importo com você, Leyla.Me afastei dele, tentando recuperar a compostura.— Podemos começar a reunião antes da audiência? O advogado da avó do seu sobrinho me enviou um acordo, e queria te mostrar.— Quero que saiba que não sou o tipo de homem que aceita acordos, Leyla. Não precisa sequer me mostrar nada a respeito disso.— Eu imaginei que não aceitaria mesmo. Por isso já tomei a liberdade de enviar para o advogado que não estamos buscando um acordo e que iremos ao tribunal pela guarda
Leyla Ylmaz Assim que terminei de colocar meus pensamentos em ordem, tirei o celular do bolso e disquei o número de Kerem. Depois de alguns toques, ele atendeu com aquele tom caloroso que sempre me fazia sorrir.— Kerem, obrigada pelas flores! — comecei, tentando manter a voz leve, como se a situação fosse a coisa mais natural do mundo.Ele ficou em silêncio por um segundo, claramente confuso.— Flores?— Ele soou surpreso. — Leyla, eu não mandei flores para você.Meu coração deu um leve sobressalto, mas não deixei que ele notasse a minha surpresa. Imediatamente, busquei uma desculpa para encerrar a ligação antes que ele pudesse perguntar mais alguma coisa.— Ah... me confundi então! Desculpe. Escuta, acabou de chegar um cliente aqui. A gente se fala depois, tudo bem?Ele riu suavemente, sem insistir.— Claro, boa sorte com o cliente. Falo com você mais tarde meu amor.Desliguei o telefone, o coração ainda acelerado. Então, não tinha sido Kerem. Não havia dúvida, então, as flores eram
Ferman AksoySaí do escritório da Leyla com um leve sorriso no rosto, satisfeito com o impacto que deixei. Mas ainda não tinha terminado. Se Kerem Kaya achava que poderia continuar jogando com Leyla como se ela fosse mais uma peça no seu tabuleiro, ele estava muito enganado.Dirigi direto até a empresa de arquitetura dele. Quando cheguei, a recepcionista tentou me impedir, pedindo que aguardasse enquanto avisava Kerem da minha chegada, mas eu não tinha paciência para formalidades. Apenas assenti e continuei andando até a sala dele.Ao abrir a porta, dei de cara com uma cena interessante: Kerem estava perto demais de uma mulher que eu reconheci instantaneamente. Luna. A proximidade entre os dois era evidente, e o olhar surpreso deles ao me ver na porta só confirmou o que eu já imaginava.— Atrapalho algo? — perguntei, mantendo um sorriso no rosto, como se a situação fosse absolutamente normal.Kerem e Luna se entreolharam rapidamente, e ambos pareceram desconfortáveis. Perfeito. Caminh
Leyla Ylmaz Já era perto das dezoito horas, quando sai da empresa e Kerem me aguardava na entrada, era a primeira vez que ele me buscava desde que começamos a namorar. Eu sabia que algo estava errado desde o momento em que Kerem apareceu na entrada da minha empresa. Não era o mesmo homem de sempre, aquele que trazia uma tranquilidade imbatível no olhar e um sorriso despretensioso. Dessa vez, ele estava sério, quase distante. Mas quando me olhou, seus olhos pareciam carregados de um peso invisível. Ainda assim, disfarcei o incômodo e me obriguei a sorrir, querendo acreditar que talvez fosse apenas cansaço. O caminho até o restaurante foi silencioso, e mesmo as poucas palavras trocadas entre nós foram tingidas com uma estranheza. Eu podia sentir a tensão crescendo no ar, mas me recusei a comentar. Talvez fosse melhor apenas esperar, pensei, tentando me convencer de que eu estava exagerando. Quando chegamos ao restaurante, o ambiente intimista e acolhedor me fez pensar que talve