Leyla Ylmaz Já era perto das dezoito horas, quando sai da empresa e Kerem me aguardava na entrada, era a primeira vez que ele me buscava desde que começamos a namorar. Eu sabia que algo estava errado desde o momento em que Kerem apareceu na entrada da minha empresa. Não era o mesmo homem de sempre, aquele que trazia uma tranquilidade imbatível no olhar e um sorriso despretensioso. Dessa vez, ele estava sério, quase distante. Mas quando me olhou, seus olhos pareciam carregados de um peso invisível. Ainda assim, disfarcei o incômodo e me obriguei a sorrir, querendo acreditar que talvez fosse apenas cansaço. O caminho até o restaurante foi silencioso, e mesmo as poucas palavras trocadas entre nós foram tingidas com uma estranheza. Eu podia sentir a tensão crescendo no ar, mas me recusei a comentar. Talvez fosse melhor apenas esperar, pensei, tentando me convencer de que eu estava exagerando. Quando chegamos ao restaurante, o ambiente intimista e acolhedor me fez pensar que talve
Leyla Ylmaz Eu estava completamente movida pela raiva, não conseguia me controlar, liguei para o Ferman e assim que ele atendeu eu disse: —Senhor Aksoy, preciso te ver imediatamente, onde posso encontrá-lo? —Me encontre em meia hora no Hotel Aksoy, vou te mandar o endereço por mensagem. Desligo a chamada e logo ele me envia a localização, dirigi rapidamente até lá, sem me importar se ele só estaria em meia hora. Assim que chego, entro na recepção do hotel, e então uma recepcionista aproxima-se e me pergunta: —A senhorita se chama Leyla Ylmaz? —Sim!—respondo a jovem recepcionista. —O senhor Aksoy me pediu para levá-la até ele. Entrei no elevador com ela e logo que as portas se fecharam, ela disse: —Ele ainda não chegou, mas já pediu que te levasse à suíte dele. —Claro, isso é realmente a cara dele. Assim que o elevador se abriu, andamos pelo corredor, até chegar em uma porta de madeira rústica e com detalhes únicos, era enorme e dividida, ela abriu as portas e
Ferman AksoyAquele beijo era tudo o que eu imaginava e mais. O gosto dela, a forma como seus lábios se moviam junto aos meus, como se finalmente ela estivesse se entregando àquilo que ambos evitávamos há tanto tempo. Pude sentir o calor do corpo dela, o modo como ela estava dividida entre a raiva e o desejo, e eu não podia negar o prazer que isso me causava.Me afastei por um momento, apenas o suficiente para ver o rosto dela, para captar cada detalhe de sua expressão. Havia confusão, desejo, mas também uma teimosia que eu reconhecia bem. Leyla era uma tempestade, um furacão, e eu sabia que não seria fácil conquistá-la. — Eu sabia que você vinha me culpar — murmurei, com um sorriso de satisfação. — Mas também sei que algo em você queria isso tanto quanto eu. Ela tentou responder, mas eu voltei a beijá-la, desta vez mais devagar, aproveitando cada segundo. Minhas mãos deslizaram pelo seu rosto, sentindo sua pele quente e suave. Sentia sua respiração acelerar, e era impossível resist
Ferman Aksoy O dia da audiência finalmente chegou. Eu estava no tribunal, de pé, tentando manter a postura firme, mas a tensão era inevitável. Não apenas pelo resultado que significaria tudo para mim e para o futuro de Faruk, mas também porque, logo que vi Leyla entrar no recinto, senti um nervosismo inesperado. Ela estava impecável, com um olhar decidido e postura altiva, irradiando uma força que eu só tinha visto poucas vezes. Seu cabelo estava preso, seu terno escuro exalava profissionalismo e segurança, e ao perceber o brilho intenso em seus olhos, soube que ela estava pronta para lutar ao meu lado. Eu me sentei no banco reservado para mim, enquanto Leyla tomou seu lugar com a mesma firmeza, à minha frente. Pouco depois, entrou a avó de Faruk, uma mulher dura, com o rosto marcado pelo tempo e pela amargura que parecia carregar por trás de cada expressão. Ela lançou um olhar na minha direção, cheio de reprovação, e logo depois se fixou em Leyla, como se a estivesse avaliando. M
Leyla Ylmaz Acordei com a cabeça latejando e uma sensação de desorientação completa. Pisquei várias vezes, tentando ajustar minha visão, e fui gradualmente percebendo o ambiente ao meu redor. Estava em um quarto luxuoso, com móveis de madeira escura, cortinas pesadas e uma janela alta que deixava apenas um feixe de luz passar. Tentei me levantar, mas um cansaço estranho parecia pesar nos meus músculos, levantei e me aproximei das portas que estavam trancadas. De repente, um pânico gelado subiu pela minha espinha. Eu segurei a porta e puxei a maçaneta, empurrando com força. Em vão. Comecei a bater nas portas e a gritar por socorro. — Alguém me tire daqui! — minha voz ecoava pelo quarto, misturada com a angústia e confusão que cresciam a cada segundo. Após alguns minutos, ouvi o barulho de uma chave girando na fechadura. Dei um passo para trás, tentando recuperar o fôlego. A porta se abriu, e Ferman entrou, carregando uma bandeja de café da manhã. Ele olhou para mim com um sorriso t
Ferman AksoyEu esperei pacientemente do lado de fora do quarto enquanto Leyla lidava com a realidade de sua nova situação. Ouvi passos rápidos e arrastados, sinais de que ela estava se movendo pelo quarto, talvez tentando encontrar alguma saída, alguma brecha. Era natural que reagisse assim, que tentasse se rebelar contra o inevitável. Mas Leyla ainda não entendia que, quanto mais resistisse, mais forte seria a conexão entre nós. Ela precisava aceitar o que era claro para mim desde o começo.Depois de algumas horas, voltei ao quarto. Quando entrei, o olhar que ela me lançou poderia ter atravessado paredes. Não era apenas raiva, era uma tempestade de sentimentos, uma mistura de ódio e desespero que só me fazia querer estar ainda mais próximo dela.— Ferman, você é insano! — gritou, assim que entrei.Fechei a porta atrás de mim com calma, mantendo o olhar fixo nela, e respondi com a tranquilidade de quem sabe que tem controle total da situação.— Você pode me chamar do que quiser, Leyl
Ferman Aksoy A noite estava silenciosa enquanto Leyla tentava, inutilmente, afastar-se de mim, arrastando-se até o sofá como se isso pudesse impor alguma distância entre nós. Sorri diante da sua tentativa de me desafiar e fui até ela, envolvendo-a em meus braços para trazê-la de volta à cama.— Sabe, Leyla, você é mais teimosa do que imaginei — murmurei, com um toque de admiração genuína.Ela se debateu, mas mantive meus braços firmes, colocando-a novamente ao meu lado na cama. Cada movimento dela era um lembrete do quanto estava decidida a resistir, e essa resistência apenas me incentivava a persistir. Ela poderia lutar contra o que sentia, mas sabia tão bem quanto eu que aquele conflito interno a deixava vulnerável.Leyla tentou se afastar, mas prendi seu pulso suavemente, observando-a com um misto de paciência e determinação. Ela me lançou um olhar furioso, como se aquele contato fosse uma afronta, mas pude perceber que ficou corada, a respiração que se tornava mais curta e rápida
Leyla YlmazEu ainda sentia o calor na palma da minha mão depois do tapa que dei em Ferman. Ele ousou roubar um beijo, um gesto que me fez perder o controle por completo. A raiva e o desespero misturavam-se dentro de mim, e aquele tapa foi o único modo que encontrei de reagir à afronta. Ele apenas sorriu, aquele sorriso convencido de quem achava que sabia tudo sobre mim, que achava que poderia me dobrar. Virei-me de costas para ele e me deitei, determinada a ignorar sua presença, a fingir que ele não estava ali. Meu corpo estava tenso, minha mente girava em mil pensamentos sobre como eu havia sido imprudente em subestimá-lo, em achar que poderia sair fácil daquela situação. Mas o cansaço era maior que minha raiva, e, a cada minuto que passava, meu corpo cedia. Fechei os olhos, tentando escapar daquele quarto, daquele homem, nem que fosse apenas em sonho.Acordei com a luz da manhã filtrando pelas cortinas. Pisquei algumas vezes, tentando clarear a mente. A ideia de ter dormido na mes