Ferman Aksoy A noite estava silenciosa enquanto Leyla tentava, inutilmente, afastar-se de mim, arrastando-se até o sofá como se isso pudesse impor alguma distância entre nós. Sorri diante da sua tentativa de me desafiar e fui até ela, envolvendo-a em meus braços para trazê-la de volta à cama.— Sabe, Leyla, você é mais teimosa do que imaginei — murmurei, com um toque de admiração genuína.Ela se debateu, mas mantive meus braços firmes, colocando-a novamente ao meu lado na cama. Cada movimento dela era um lembrete do quanto estava decidida a resistir, e essa resistência apenas me incentivava a persistir. Ela poderia lutar contra o que sentia, mas sabia tão bem quanto eu que aquele conflito interno a deixava vulnerável.Leyla tentou se afastar, mas prendi seu pulso suavemente, observando-a com um misto de paciência e determinação. Ela me lançou um olhar furioso, como se aquele contato fosse uma afronta, mas pude perceber que ficou corada, a respiração que se tornava mais curta e rápida
Leyla YlmazEu ainda sentia o calor na palma da minha mão depois do tapa que dei em Ferman. Ele ousou roubar um beijo, um gesto que me fez perder o controle por completo. A raiva e o desespero misturavam-se dentro de mim, e aquele tapa foi o único modo que encontrei de reagir à afronta. Ele apenas sorriu, aquele sorriso convencido de quem achava que sabia tudo sobre mim, que achava que poderia me dobrar. Virei-me de costas para ele e me deitei, determinada a ignorar sua presença, a fingir que ele não estava ali. Meu corpo estava tenso, minha mente girava em mil pensamentos sobre como eu havia sido imprudente em subestimá-lo, em achar que poderia sair fácil daquela situação. Mas o cansaço era maior que minha raiva, e, a cada minuto que passava, meu corpo cedia. Fechei os olhos, tentando escapar daquele quarto, daquele homem, nem que fosse apenas em sonho.Acordei com a luz da manhã filtrando pelas cortinas. Pisquei algumas vezes, tentando clarear a mente. A ideia de ter dormido na mes
Leyla YlmazDirigi pelas estradas ensolaradas da manhã, com o silêncio ocupando o carro de Ferman, enquanto minha mente revirava todos os eventos das últimas horas. Finalmente, eu estava livre. Ele me libertou, mas, de alguma forma, eu me sentia ainda mais prisioneira de pensamentos confusos e sentimentos que tentava ignorar. Havia algo na forma como Ferman me olhara ao se despedir que deixava uma pontada de hesitação. Ele não era só o homem que me mantivera sob controle; era também alguém que parecia capaz de despertar em mim uma fúria e, contraditoriamente, uma atração inexplicável.Quando cheguei em casa, Nazli estava sentada no sofá, e logo ergueu o olhar, surpresa ao me ver entrando.— Já voltou, irmã?Suspirei, tentando processar tudo o que tinha acontecido.— Eu estava sendo prisioneira do Ferman, irmã. Ele é louco, mas parece que, de algum jeito, recobrou o juízo e me deixou ir embora.Ela hesitou, mas então me olhou com aquele olhar compreensivo que só uma irmã mais velha s
Ferman AksoyA luz suave da manhã preenchia a sala de jantar, dando àquele espaço uma atmosfera quase acolhedora, embora a tensão estivesse presente de maneira exuberante. Leyla e eu nos sentamos lado a lado, e, embora o ambiente estivesse familiar, sentia uma onda de emoções conflituosas em meu peito. Meus familiares estavam todos à mesa, observando-nos com curiosidade e talvez uma ponta de surpresa. Sentia que cada olhar carregava uma pergunta não dita, uma análise cuidadosa que me incomodava, mas que eu fazia questão de ignorar.Olhei para Leyla, que parecia tranquila, tomando seu café da manhã como se estivesse completamente à vontade. Seu rosto sereno contrastava com o turbilhão dentro de mim. Essa paz dela me causava certa irritação, pois eu estava ansioso para definir quem éramos e para deixar isso claro a todos. Meu desejo de ter Leyla ao meu lado era uma certeza, e eu queria que todos ao redor também entendessem isso. Tomei um gole de suco e então, num tom firme, que ecoou pe
Ferman AksoyDesisti de tentar argumentar. Senti que, naquele momento, insistir apenas me faria perder a compostura. Tomei um longo gole do suco à minha frente, tentando disfarçar o desconforto e a irritação que se acumulavam em mim. Eu queria protestar, queria fazer com que ela entendesse a importância de nossa relação. No entanto, ao mesmo tempo, percebia que talvez, naquele instante, não houvesse palavras que a fizessem mudar de ideia.Enquanto ela continuava tomando seu café, eu me forcei a focar em algo além daquela conversa frustrante. No entanto, cada vez que eu olhava para Leyla, algo em mim queimava. Ela estava ali, tão à vontade, despreocupada, e parecia ter tomado aquele ambiente como se já fosse parte de sua vida. Ela conversava com um ou outro familiar, respondendo com educação, sem nunca deixar transparecer o que havia acontecido entre nós minutos antes.Sua tranquilidade me incomodava, mas também me fascinava. Eu estava ali, rígido, sem conseguir engolir o café da manhã
Ferman AksoyEla não hesitou. Suas palavras saíram de maneira direta e segura, e o tom de sua voz era uma mistura de sinceridade e convicção que ressoou no ambiente, como se quisesse que todos ali entendessem exatamente o que sentia.— Sim, eu estou aqui porque escolhi estar com ele — começou Leyla, olhando diretamente para minha mãe. — Ferman é um homem único. Ele me mostrou que sabe exatamente o que quer, e isso é algo que eu admiro nele.Minha mãe ouviu atentamente, com uma expressão ponderada, e eu também fui cativado por cada palavra que Leyla dizia. Ela continuou:— Eu sou o tipo de mulher que se motiva com desafios. Não quero alguém que apenas me apoie e me diga o que quero ouvir. Gosto de alguém que me desafia e que me faz crescer, que testa minhas próprias limitações e que não tem medo de me enfrentar.Houve uma breve pausa, e Leyla deu um leve sorriso antes de continuar, deixando transparecer uma confiança que só ela conseguia transmitir com tanta naturalidade.— Ferman me t
Leyla Ylmaz Após o café da manhã com a família do Ferman, subi para me preparar para o longo dia de trabalho e juntos fomos a minha empresa, assim que chegamos, sai do carro e ele também saiu. —Achei que só iria me deixar aqui.—disse enquanto o via saindo também do carro. —Faço questão de deixar a minha advogata no seu escritório. —Sabe que não precisa, não é?—perguntei enquanto ele me encarava. —O que sei é que cada segundo a mais ao seu lado vale a pena ser utilizado. Ferman segurou minha mão com firmeza enquanto atravessávamos o grande hall da empresa. Era como se ele quisesse deixar claro para todos ali que eu pertencia a ele, algo que parecia mais para o benefício dele do que para o meu. Ainda assim, eu não consigo deixar de sorrir com a maneira possessiva e, de certo modo, carinhosa dele. Ferman e eu estávamos caminhando juntos pelos corredores do prédio onde trabalho, e ele parecia tão presente, tão determinado a deixar sua marca em tudo o que tocava, que não pude evitar
Leyla Ylmaz Ao entrar na minha sala, fechei a porta e me virei para Ozan, pronta para ouvir mais uma de suas histórias mirabolantes. Ele parecia sempre estar envolvido em algo improvável, mas desta vez, a expressão em seu rosto me dizia que era diferente. Não havia traços do habitual humor descontraído que ele carregava consigo. — Leyla, preciso da sua ajuda, e não é algo simples — ele começou, sua voz mais grave do que eu lembrava. Cruzei os braços e o encarei, esperando que ele continuasse. Sabia que ele estava tentando encontrar as palavras certas, mas o silêncio entre nós parecia se prolongar. — Ozan, você sabe que não tenho tempo para enigmas. Diga logo o que está acontecendo — exigi, sentando-me à frente dele. Ele respirou fundo, passou as mãos pelos cabelos e finalmente disse: — Estou sendo acusado de fraude financeira. Minha respiração ficou presa por um instante. Fraude financeira? Era uma acusação séria, algo que poderia destruir a carreira e a reputação