Ferman AksoyA luz suave da manhã preenchia a sala de jantar, dando àquele espaço uma atmosfera quase acolhedora, embora a tensão estivesse presente de maneira exuberante. Leyla e eu nos sentamos lado a lado, e, embora o ambiente estivesse familiar, sentia uma onda de emoções conflituosas em meu peito. Meus familiares estavam todos à mesa, observando-nos com curiosidade e talvez uma ponta de surpresa. Sentia que cada olhar carregava uma pergunta não dita, uma análise cuidadosa que me incomodava, mas que eu fazia questão de ignorar.Olhei para Leyla, que parecia tranquila, tomando seu café da manhã como se estivesse completamente à vontade. Seu rosto sereno contrastava com o turbilhão dentro de mim. Essa paz dela me causava certa irritação, pois eu estava ansioso para definir quem éramos e para deixar isso claro a todos. Meu desejo de ter Leyla ao meu lado era uma certeza, e eu queria que todos ao redor também entendessem isso. Tomei um gole de suco e então, num tom firme, que ecoou pe
Ferman AksoyDesisti de tentar argumentar. Senti que, naquele momento, insistir apenas me faria perder a compostura. Tomei um longo gole do suco à minha frente, tentando disfarçar o desconforto e a irritação que se acumulavam em mim. Eu queria protestar, queria fazer com que ela entendesse a importância de nossa relação. No entanto, ao mesmo tempo, percebia que talvez, naquele instante, não houvesse palavras que a fizessem mudar de ideia.Enquanto ela continuava tomando seu café, eu me forcei a focar em algo além daquela conversa frustrante. No entanto, cada vez que eu olhava para Leyla, algo em mim queimava. Ela estava ali, tão à vontade, despreocupada, e parecia ter tomado aquele ambiente como se já fosse parte de sua vida. Ela conversava com um ou outro familiar, respondendo com educação, sem nunca deixar transparecer o que havia acontecido entre nós minutos antes.Sua tranquilidade me incomodava, mas também me fascinava. Eu estava ali, rígido, sem conseguir engolir o café da manhã
Ferman AksoyEla não hesitou. Suas palavras saíram de maneira direta e segura, e o tom de sua voz era uma mistura de sinceridade e convicção que ressoou no ambiente, como se quisesse que todos ali entendessem exatamente o que sentia.— Sim, eu estou aqui porque escolhi estar com ele — começou Leyla, olhando diretamente para minha mãe. — Ferman é um homem único. Ele me mostrou que sabe exatamente o que quer, e isso é algo que eu admiro nele.Minha mãe ouviu atentamente, com uma expressão ponderada, e eu também fui cativado por cada palavra que Leyla dizia. Ela continuou:— Eu sou o tipo de mulher que se motiva com desafios. Não quero alguém que apenas me apoie e me diga o que quero ouvir. Gosto de alguém que me desafia e que me faz crescer, que testa minhas próprias limitações e que não tem medo de me enfrentar.Houve uma breve pausa, e Leyla deu um leve sorriso antes de continuar, deixando transparecer uma confiança que só ela conseguia transmitir com tanta naturalidade.— Ferman me t
Leyla Ylmaz Após o café da manhã com a família do Ferman, subi para me preparar para o longo dia de trabalho e juntos fomos a minha empresa, assim que chegamos, sai do carro e ele também saiu. —Achei que só iria me deixar aqui.—disse enquanto o via saindo também do carro. —Faço questão de deixar a minha advogata no seu escritório. —Sabe que não precisa, não é?—perguntei enquanto ele me encarava. —O que sei é que cada segundo a mais ao seu lado vale a pena ser utilizado. Ferman segurou minha mão com firmeza enquanto atravessávamos o grande hall da empresa. Era como se ele quisesse deixar claro para todos ali que eu pertencia a ele, algo que parecia mais para o benefício dele do que para o meu. Ainda assim, eu não consigo deixar de sorrir com a maneira possessiva e, de certo modo, carinhosa dele. Ferman e eu estávamos caminhando juntos pelos corredores do prédio onde trabalho, e ele parecia tão presente, tão determinado a deixar sua marca em tudo o que tocava, que não pude evitar
Leyla Ylmaz Ao entrar na minha sala, fechei a porta e me virei para Ozan, pronta para ouvir mais uma de suas histórias mirabolantes. Ele parecia sempre estar envolvido em algo improvável, mas desta vez, a expressão em seu rosto me dizia que era diferente. Não havia traços do habitual humor descontraído que ele carregava consigo. — Leyla, preciso da sua ajuda, e não é algo simples — ele começou, sua voz mais grave do que eu lembrava. Cruzei os braços e o encarei, esperando que ele continuasse. Sabia que ele estava tentando encontrar as palavras certas, mas o silêncio entre nós parecia se prolongar. — Ozan, você sabe que não tenho tempo para enigmas. Diga logo o que está acontecendo — exigi, sentando-me à frente dele. Ele respirou fundo, passou as mãos pelos cabelos e finalmente disse: — Estou sendo acusado de fraude financeira. Minha respiração ficou presa por um instante. Fraude financeira? Era uma acusação séria, algo que poderia destruir a carreira e a reputação
Ferman AksoyQuando entrei no escritório de Leyla, meu humor já não estava dos melhores. Ozan estava lá, o que não era surpresa, mas o sorriso presunçoso dele enquanto falava com Leyla me irritava mais do que deveria. Talvez fosse o jeito como ele parecia sempre confortável demais perto dela, como se tivesse direito a toda atenção dela. — Não, ela não pode! — disse firmemente, interrompendo qualquer plano que eles estivessem fazendo. Leyla olhou para mim, surpresa e, talvez, um pouco irritada. — Ferman, o que está fazendo aqui? — Vim te buscar para almoçar — respondi, ignorando a presença de Ozan. Não me dei o trabalho de olhar para ele enquanto continuava: — Vamos, Leyla. Ela hesitou por um momento, mas, com um suspiro pesado, pegou sua bolsa e me seguiu. Ozan, claro, fez questão de lançar um comentário sarcástico antes de sairmos. — Aproveitem o almoço. Leyla, conversamos depois. Eu me virei para ele, estreitando os olhos. — Não conte com isso. Ozan apenas sorriu,
Ferman Aksoy — Você não pode simplesmente decidir com quem eu trabalho ou não, Ferman — ela finalmente disse, a voz firme, embora eu notasse a leve hesitação em seu tom. Eu me recostei na cadeira, cruzando os braços. — Não estou decidindo com quem você trabalha, Leyla. Estou pedindo. Ele não é confiável. — Isso não é justo — ela rebateu, sua postura rígida enquanto puxava a mão da minha. — Você acha que pode controlar tudo porque é... você. Eu sorri, mesmo sabendo que ela detestava isso. — Eu sou eu, e você sabe disso desde o início. Ela bufou, claramente frustrada. — Não é só isso, Ferman. Ozan está em apuros, e eu não vou virar as costas para ele. Ele me ajudou quando eu precisei, mesmo sem querer reconhecimento. Ah, Leyla e sua lealdade inabalável. Eu amava isso nela, mas, nesse momento, era exatamente o que me irritava. — Eu entendi. Ele te ajudou, é um bom samaritano e blá-blá-blá. Mas isso não apaga o fato de que ele é um oportunista. E você está sendo usada,
Ferman Aksoy Depois do almoço, deixei Leyla na empresa dela. O caminho foi silencioso, mas confortável. Leyla estava focada no caso de Ozan, mas meu coração estava dividido. Algo sobre ele não me cheirava bem, e eu precisava resolver isso antes que ela se envolvesse ainda mais. — Não se meta em encrenca, Ferman — ela disse de repente, sem desviar os olhos da janela. Sorri de lado. Leyla me conhecia bem demais. — Eu? Encrenca? Nunca. Ela revirou os olhos, abriu a porta do carro e desceu, mas não sem antes lançar um olhar desconfiado na minha direção. — Até mais tarde.—ela me beijou e em seguida eu esperei até que ela entrasse no prédio, e então dei a ordem ao motorista: — Vamos até a empresa de Ozan. Quando cheguei, fui direto até ele. Ele estava saindo do prédio, e o peguei de surpresa. — Precisamos conversar — falei, minha voz firme. Ozan estreitou os olhos, mas não parecia intimidado. — O que você quer, Ferman? Me aproximei, invadindo seu espaço.