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Capítulo 02 " A noite mal sucedida"

Acordei em uma casa completamente desconhecida e, ao olhar ao meu redor, tudo voltou à minha memória. Não consigo acreditar na besteira que fiz, meu Deus.

Olhei debaixo do lençol e percebi que estava sem roupas. Levantei, cobrindo-me com o lençol, peguei minhas roupas do chão e me vesti, completamente atordoada.

— Você ainda está aqui? — ele me olhou com desprezo e eu fiquei sem reação.

— Já estou indo, não precisa me expulsar! O que eu estava pensando quando fiquei com você, seu idiota?

— Ah, você veio aqui porque quis, garota, e nem mesmo disse que era virgem. — ele revirou os olhos.

— Nojo de você. — lancei-lhe um olhar de desprezo, calcei meus saltos e saí do apartamento dele imediatamente.

— Ontem você não parecia estar com nenhum nojo. Pelo contrário. — ele piscou para mim.

Ódio, ódio. - pensei.

Não posso acreditar no que fiz. Entreguei-me a um completo desconhecido. O que vão pensar de mim agora? Calma, Manuela, esqueça que isso aconteceu, retome sua vida e acabou. Eu só precisava apagar essa noite desastrosa da minha vida e tudo seguiria normalmente.

Esqueça que um dia conheceu esse Felipe e que veio aqui.

Chamei um Uber e, esgotada, cheguei em casa. Minha intimidade doía e eu me sentia suja por ter feito aquilo com aquele... ser desprezível. Ele só tinha beleza por fora, pois por dentro era um idiota. Eu tinha me guardado por tanto tempo, para agora desperdiçar tudo.

— Onde você estava? — minha mãe perguntou com uma expressão nada amigável.

— Eu... estava na casa da Paula, como falei.

— Hmm, com essa roupa e essa cara?— me questionou encarando meu vestido de festa. — Enfim,você pode se arrumar.

— Para quê? — questionei.— Eu estou com dor de cabeça.

— Aula de inglês, Manuela Montenegro! Você não se responsabiliza por nada mesmo, né, garota? Você é um desgosto, tenha modos. — ela praticamente cuspiu as palavras.

Joguei-me na cama, completamente "indisposta" para ir a essa m*****a aula que eu odiava.

— 15 minutos para você estar pronta. — minha mãe voltou e gritou na porta do meu quarto.

Levantei-me e dirigi-me ao meu amplo banheiro, tomei um banho, lavando meus cabelos e tentando limpar pelo menos meu corpo daquela noite imprudente. Abri meu closet, escolhi uma calça jeans, uma camiseta polo da nova coleção da minha mãe que a propósito era estilista e insuportável, calcei meus Vans e desci.

— Alex está te esperando. Preste atenção na aula, porque eu e seu pai não estamos pagando nada à toa para você desperdiçar.

— Ok. — revirei os olhos e estava prestes a sair.

— Espere! Eu e seu pai vamos a um jantar de negócios, então fique em casa, você está de castigo.

— Mas como assim? Por que está me colocando de castigo? — a olhei sem entender nada.

- Não discuta, Manuela. Vá para a sua aula, pelo menos assim você ganha algo de bom. - assenti e saí.

Já não basta tudo o que passei, agora ainda vou ficar de castigo. Às vezes, preferia ser pobre, mas pelo menos ter uma família que me amasse. Ter dezenove anos e ser comandada desta maneira era horrível.

Minha mãe saiu e me deixou sozinha. Eu queria tanto chorar, chorar até não poder mais. Eu imaginei que minha primeira vez seria algo como uma cena de novela ou sei lá, não que seria assim. O cara praticamente me expulsou de lá como se eu fosse insignificante.

Saí de casa para ir ao curso. Minha mãe dizia que saber inglês era extremamente importante para as minhas "relações", ela projetava que eu fosse perfeita e me cobrava por isso, o que era extremamente esgotante.

— Na hora certa, você me busca. - sorri para Alex,o motorista e saí do carro.

Fiz minha m*****a aula de inglês e, como sempre, me saí bem nas atividades. Pelo menos disso a Senhora Mirelle não tinha do que reclamar.

Cheguei em casa exausta, tomei um banho e me joguei na cama. Peguei meu iPhone, mas essa droga estava descarregada, já que quando cheguei da festa nem o toquei. Conectei-o ao carregador e mandei uma mensagem para a Paula.

"Paula?"

" Oi, amiga, para onde você foi ontem?"

"Eu... Paula, eu fiquei com um cara. Aquele Felipe."

"Gente, não acredito, Manuela Montenegro! Safadinha."Mas espera, ficou como? "

" Eu me entreguei a ele, Paula, e agora?"

" Meu Deus, vem aqui em casa para conversamos sobre isso, como foi?"

"Bom, foi horrível. Estou de castigo, proibida de sair. "

"Por quê? Sua mãe descobriu que você ficou com ele? "

" Não mas depois conversamos. Meu celular vai desligar e estou na aula de inglês. Beijos."

Encerrei a troca de mensagens e desliguei o celular e fiquei pensando no que aconteceu comigo. Ah, m*****a festa idiota, se não fosse por isso, eu estaria numa boa, com minha virgindade intacta, nada disso estaria acontecendo.

Me ajeitei na cama e tentei dormir... O que não adiantou em nada, tive um sonho, ou melhor, um "pesadelo" com aquele Felipe. O desgraçado, ai, o perfume dele, o jeito dele, o beijo dele não saem da minha cabeça.

Ele é um idiota. Percebi isso pela forma como ele me tratou depois de ter tirado minha virgindade. Imbecil.

Olhei para o lado, procurando meu celular, e não achei, mas estava aqui. Parei de procurar quando o furacão chamado "minha mãe" entrou no meu quarto, praticamente gritando.

— O que é isso, Manuela? - ela entrou gritando com meu celular nas mãos.

— O quê? - fingi não entender, realmente não estava entendendo.

— Essa conversa com a Paula. - ela me mostrou a conversa e gelei na hora.

— Mãe, eu posso explicar, foi só um... - nem terminei de falar e senti um tapa no meu rosto.

— Você quer se tornar uma prostituta? Vá para um bordel. Mas não aqui, não na minha casa. Se isso se repetir, Manuela... Eu não sei do que

sou capaz de fazer com você. - ela segurou meu braço e me jogou na cama.

Ela sempre me humilhava.

— Saia desta casa apenas com a minha permissão. - ela disse e saiu do quarto batendo a porta.

Chorei, chorei como se nunca tivesse chorado na minha vida.

De repente, tudo mudou. Minha vida está uma droga, não pode ficar pior!

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