O churrasco estava marcado para o dia seguinte, e enquanto eu me arrumava na frente do espelho, refletia sobre a jornada que me trouxe de volta ao morro. Meu vestido era simples, mas elegante, um contraste com a vida agitada que eu havia abraçado.Felipe estava ao meu lado, ajudando-me com os últimos ajustes, seu olhar carregado de admiração. Ele havia conquistado muito desde que deixamos o morro, e agora vivíamos em uma casa espaçosa lá em noronha, mas o rio de janeiro é o meu lugar, mas o amor que compartilhávamos era o mesmo que nos uniu desde todo o inicio complicado.Eu mudei tanto. Uma patricinha que queria tirar o proprio filho, odiava a todos. Eu era mesquina e reconheço, mas tudo isso foi parte da minha criação. Eu não odeio Mirelle, pelo contrario , tenho pena dela. Mas sinto alivio por ela não ser a minha mãe de sangue eu confesso. Meu pai me mostrou fotos de Gabriela, minha verdadeira mãe, a minha filha era sua cópia fiel. Minha mãe era linda, olhos azuis cabelos loiros as
ManuelaMinha vida no morro estava voltando à ativa com força total. Eu havia mergulhado de cabeça nos projetos comunitários, determinada a fazer a diferença na comunidade que me viu crescer. Com meu retorno, eu percebi que podia usar minha experiência e educação para contribuir positivamente.Comecei a me envolver em diversos projetos, desde workshops de moda para jovens talentosos até a organização de eventos culturais para arrecadar fundos para a comunidade. Era incrível ver como as pessoas do morro estavam dispostas a trabalhar juntas para construir um futuro melhor.Felipe estava ao meu lado, apoiando cada passo que eu dava. Ele compartilhava minha paixão por ajudar a comunidade e estava disposto a ajudar de qualquer maneira que pudesse. Nossa parceria não era apenas no relacionamento, mas também em nossos esforços para tornar o morro um lugar melhor.Enquanto eu mergulhava em projetos comunitários, também estava ocupada planejando o início do meu próprio negócio de moda. Eu havi
Felipe narrandoCheguei ao topo do morro, observando a vista que tantas vezes me trouxe conforto, mas também me fez chorar. Era uma visão que representava minha história, minha jornada. Lá embaixo, podia ver a festa do chá revelação, com todos os rostos sorridentes e ansiosos pela revelação do sexo do bebê. A música e as risadas chegavam até mim, mas eu precisava desse momento de reflexão. Lembrei-me de quando era apenas um menino, perdido e assustado após a morte de meus pais. A responsabilidade de cuidar de Flavia minha irmã recaiu sobre meus ombros. Foi difícil, e houve momentos em que pensei tantas vezes em desistir de tudo. Chorava secretamente no topo deste morro, escondendo minhas lágrimas e fraquezas do mundo.Mas agora, olhando para trás, percebo o quanto cresci e evoluí. Não apenas me tornei o irmão mais velho que a minha irmã precisava, mas também o parceiro e marido que Manuela merecia. A vida nos ensinou duras lições, mas também nos presenteou com momentos de alegria e
Manuela narrandoAlguns meses haviam se passado desde aquela noite incrível em que Felipe me surpreendeu com a boutique dos meus sonhos. Durante esse período, trabalhei incansavelmente para tornar esse lugar um espaço verdadeiramente especial.Reuni uma equipe talentosa que compartilhava minha visão e paixão pela moda. Juntos, transformamos a boutique em um local que representava meu estilo e minha personalidade. Cada detalhe foi cuidadosamente pensado, desde a decoração até a disposição das roupas.E o mais emocionante de tudo foi a criação da minha primeira coleção, que levaria meu nome. Minha inspiração foi o estilo sofisticado e, ao mesmo tempo, básico, que sempre admirei. Cada peça era uma extensão de mim mesma, e colocar minha criatividade em prática foi uma experiência incrível.Finalmente, o dia da inauguração chegou. Era um momento que eu havia sonhado durante toda a minha vida. Convidamos amigos, familiares e clientes em potencial para celebrar essa conquista conosco.A fest
Manuela narrandoAlguns longos meses se passaram após a bem-sucedida inauguração da minha boutique. Era incrível como a vida podia mudar tanto em tão pouco tempo. Eu, que um dia fui apenas uma menina perdida, sem saber como lidar com uma gravidez e abandonada por meus pais, agora estava construindo tanta coisa boa. O meu preconceito com o morro, era algo que eu não consigo entender, hoje eu vejo que aqui existem pessoas melhores, bem melhores do que o meio sujo onde eu vivia entre os ricos.Minha vida ainda era marcada por traumas difíceis de superar, desde o sequestro até minha vida com Mirelle, mas quando eu olhava ao redor e via tudo o que eu e meu neguinho havíamos construído, percebia que nada disso importava mais. Cada desafio que enfrentei me tornou mais forte, e eu estava determinada a criar o que eu mereço.Enquanto eu estava na cozinha, pensandosobre tudo e os obstáculos que havia superado, ouvi a voz de Felipe me chamando. Sua expressão parecia preocupada e apressada.— Amo
Acordei às seis da manhã para mais um dia cansativo, entre tantos outros. Eu morava em uma mansão considerada perfeita, em um dos bairros mais exclusivos da Zona Sul do Rio de Janeiro, o Leblon. Cresci cercada por mansões luxuosas, prédios de alto padrão, celebridades e empresários influentes, e meus pais eram um deles.— Manu, você tem que se arrumar. — Dulce apareceu em meu quarto e eu apenas a olhei.Dulce era uma das empregadas que trabalhavam aqui em casa. Ela me criava desde pequena, já que meus "pais" não cumpriam esse papel frequentemente. Minha mãe, Mirelle Montenegro, só pensava em moda, dinheiro e status. Meu pai era até amoroso em certos pontos, mas fazia todas as vontades da minha mãe e acabava se tornando fútil igual a ela.Certa vez, perguntei à minha mãe por que ela agia com tanto descaso comigo. "Por que, se eu não for dura com você, você vai ser uma ninguém, pobre e amargurada. É isso que você quer ser?", foram as palavras dela. Bom, não podia mudar de pais.— Já est
Acordei em uma casa completamente desconhecida e, ao olhar ao meu redor, tudo voltou à minha memória. Não consigo acreditar na besteira que fiz, meu Deus.Olhei debaixo do lençol e percebi que estava sem roupas. Levantei, cobrindo-me com o lençol, peguei minhas roupas do chão e me vesti, completamente atordoada.— Você ainda está aqui? — ele me olhou com desprezo e eu fiquei sem reação.— Já estou indo, não precisa me expulsar! O que eu estava pensando quando fiquei com você, seu idiota?— Ah, você veio aqui porque quis, garota, e nem mesmo disse que era virgem. — ele revirou os olhos.— Nojo de você. — lancei-lhe um olhar de desprezo, calcei meus saltos e saí do apartamento dele imediatamente. — Ontem você não parecia estar com nenhum nojo. Pelo contrário. — ele piscou para mim. Ódio, ódio. - pensei.Não posso acreditar no que fiz. Entreguei-me a um completo desconhecido. O que vão pensar de mim agora? Calma, Manuela, esqueça que isso aconteceu, retome sua vida e acabou. Eu só prec
Uma semana se passou desde aquele incidente terrível. Minha mãe não para de me controlar, ela confiscou meu celular e me proíbe de sair de casa. Agora, é apenas da escola para casa para mim.Eu não sei o que está acontecendo comigo, droga. Estou enjoada, me sentindo mal, meu estômago embrulha facilmente com qualquer coisa que como. Quer dizer, se eu conseguir comer.— Manuela? - meu pai se aproximou.— Oi, pai. - dei um sorriso forçado.— Posso saber o que está acontecendo?— O quê? - fingi não entender, realmente não estava entendendo.— O clima entre você e Mirelle.— É... Você sabe como é minha mãe, pai.— Ok, vou para a empresa, tchau. - ele deu um beijo no topo da minha cabeça e saiu.Meu pai era um bom homem, mas mal nos encontrávamos, pois ele trabalhava demais. E quando estava em casa, "minha mãe" enchia o saco.Hoje é sábado, pelo menos não tenho que ir para a escola. Depois de tudo isso, Paula e Luísa mal falam comigo, ou me evitam, ou apenas trocam palavras.**Duas semanas