**Manuela** **Dois anos depois** Agora vocês estão diante da nova estudante de moda do RJ! Nos últimos anos, vivi muitas coisas boas. Voltei a estudar, investi tudo na educação da minha filha e, com apenas dois anos de idade, ela já faz aula de dança. Tenho muito orgulho da minha princesinha. Felipe tem se mostrado um maravilhoso marido, e eu pensei que, com o tempo, ele mudaria, e realmente mudou para melhor. Acredito que não podemos julgar ninguém pelas aparências. Eu mesma, quando vivia minha vidinha de merda, só andava com gente da sociedade, e aí? Todo mundo me abandonou quando precisei. O pessoal daqui da comunidade jamais faria isso. Eu tinha um relacionamento ótimo com meu pai. Perdoei-o e agradeci por não ter me abandonado e me odiado. Muitos pais, quando perdem suas mulheres no parto, odeiam as crianças. Ele está apaixonado novamente, por uma mulher maravilhosa chamada Aline, que é uma ótima madrasta e amiga. Estou muito feliz por ele. Hoje era o aniversário do meu amor
ManuVoltei ao morro após um tempo que pareceu uma eternidade. Era estranho pisar novamente nas ruas que me viram crescer, com aquelas casas de cores vivas e os becos estreitos que eu conhecia como a palma da minha mão. A saudade apertava meu peito, mesmo sabendo que estava voltando para minha família e meus amigos de longa data.Assim que desci do carro e coloquei os pés na calçada irregular, uma onda de nostalgia me envolveu. O cheiro das comidas de rua misturado com o barulho de risadas e música alta era como uma melodia familiar. As paredes grafitadas com mensagens de esperança e resistência me lembravam de onde eu vinha e das lutas que enfrentávamos juntos.Caminhei pelas ruas estreitas, cumprimentando os vizinhos e amigos que passavam. As crianças brincavam animadas na calçada, e eu sorri ao ver seus rostos alegres. Uma parte de mim desejava que Ana Clara pudesse crescer aqui, com todas essas crianças que a receberiam de braços abertos.Enquanto subia a ladeira em direção à casa
O churrasco estava marcado para o dia seguinte, e enquanto eu me arrumava na frente do espelho, refletia sobre a jornada que me trouxe de volta ao morro. Meu vestido era simples, mas elegante, um contraste com a vida agitada que eu havia abraçado.Felipe estava ao meu lado, ajudando-me com os últimos ajustes, seu olhar carregado de admiração. Ele havia conquistado muito desde que deixamos o morro, e agora vivíamos em uma casa espaçosa lá em noronha, mas o rio de janeiro é o meu lugar, mas o amor que compartilhávamos era o mesmo que nos uniu desde todo o inicio complicado.Eu mudei tanto. Uma patricinha que queria tirar o proprio filho, odiava a todos. Eu era mesquina e reconheço, mas tudo isso foi parte da minha criação. Eu não odeio Mirelle, pelo contrario , tenho pena dela. Mas sinto alivio por ela não ser a minha mãe de sangue eu confesso. Meu pai me mostrou fotos de Gabriela, minha verdadeira mãe, a minha filha era sua cópia fiel. Minha mãe era linda, olhos azuis cabelos loiros as
ManuelaMinha vida no morro estava voltando à ativa com força total. Eu havia mergulhado de cabeça nos projetos comunitários, determinada a fazer a diferença na comunidade que me viu crescer. Com meu retorno, eu percebi que podia usar minha experiência e educação para contribuir positivamente.Comecei a me envolver em diversos projetos, desde workshops de moda para jovens talentosos até a organização de eventos culturais para arrecadar fundos para a comunidade. Era incrível ver como as pessoas do morro estavam dispostas a trabalhar juntas para construir um futuro melhor.Felipe estava ao meu lado, apoiando cada passo que eu dava. Ele compartilhava minha paixão por ajudar a comunidade e estava disposto a ajudar de qualquer maneira que pudesse. Nossa parceria não era apenas no relacionamento, mas também em nossos esforços para tornar o morro um lugar melhor.Enquanto eu mergulhava em projetos comunitários, também estava ocupada planejando o início do meu próprio negócio de moda. Eu havi
Felipe narrandoCheguei ao topo do morro, observando a vista que tantas vezes me trouxe conforto, mas também me fez chorar. Era uma visão que representava minha história, minha jornada. Lá embaixo, podia ver a festa do chá revelação, com todos os rostos sorridentes e ansiosos pela revelação do sexo do bebê. A música e as risadas chegavam até mim, mas eu precisava desse momento de reflexão. Lembrei-me de quando era apenas um menino, perdido e assustado após a morte de meus pais. A responsabilidade de cuidar de Flavia minha irmã recaiu sobre meus ombros. Foi difícil, e houve momentos em que pensei tantas vezes em desistir de tudo. Chorava secretamente no topo deste morro, escondendo minhas lágrimas e fraquezas do mundo.Mas agora, olhando para trás, percebo o quanto cresci e evoluí. Não apenas me tornei o irmão mais velho que a minha irmã precisava, mas também o parceiro e marido que Manuela merecia. A vida nos ensinou duras lições, mas também nos presenteou com momentos de alegria e
Manuela narrandoAlguns meses haviam se passado desde aquela noite incrível em que Felipe me surpreendeu com a boutique dos meus sonhos. Durante esse período, trabalhei incansavelmente para tornar esse lugar um espaço verdadeiramente especial.Reuni uma equipe talentosa que compartilhava minha visão e paixão pela moda. Juntos, transformamos a boutique em um local que representava meu estilo e minha personalidade. Cada detalhe foi cuidadosamente pensado, desde a decoração até a disposição das roupas.E o mais emocionante de tudo foi a criação da minha primeira coleção, que levaria meu nome. Minha inspiração foi o estilo sofisticado e, ao mesmo tempo, básico, que sempre admirei. Cada peça era uma extensão de mim mesma, e colocar minha criatividade em prática foi uma experiência incrível.Finalmente, o dia da inauguração chegou. Era um momento que eu havia sonhado durante toda a minha vida. Convidamos amigos, familiares e clientes em potencial para celebrar essa conquista conosco.A fest
Manuela narrandoAlguns longos meses se passaram após a bem-sucedida inauguração da minha boutique. Era incrível como a vida podia mudar tanto em tão pouco tempo. Eu, que um dia fui apenas uma menina perdida, sem saber como lidar com uma gravidez e abandonada por meus pais, agora estava construindo tanta coisa boa. O meu preconceito com o morro, era algo que eu não consigo entender, hoje eu vejo que aqui existem pessoas melhores, bem melhores do que o meio sujo onde eu vivia entre os ricos.Minha vida ainda era marcada por traumas difíceis de superar, desde o sequestro até minha vida com Mirelle, mas quando eu olhava ao redor e via tudo o que eu e meu neguinho havíamos construído, percebia que nada disso importava mais. Cada desafio que enfrentei me tornou mais forte, e eu estava determinada a criar o que eu mereço.Enquanto eu estava na cozinha, pensandosobre tudo e os obstáculos que havia superado, ouvi a voz de Felipe me chamando. Sua expressão parecia preocupada e apressada.— Amo
Acordei às seis da manhã para mais um dia cansativo, entre tantos outros. Eu morava em uma mansão considerada perfeita, em um dos bairros mais exclusivos da Zona Sul do Rio de Janeiro, o Leblon. Cresci cercada por mansões luxuosas, prédios de alto padrão, celebridades e empresários influentes, e meus pais eram um deles.— Manu, você tem que se arrumar. — Dulce apareceu em meu quarto e eu apenas a olhei.Dulce era uma das empregadas que trabalhavam aqui em casa. Ela me criava desde pequena, já que meus "pais" não cumpriam esse papel frequentemente. Minha mãe, Mirelle Montenegro, só pensava em moda, dinheiro e status. Meu pai era até amoroso em certos pontos, mas fazia todas as vontades da minha mãe e acabava se tornando fútil igual a ela.Certa vez, perguntei à minha mãe por que ela agia com tanto descaso comigo. "Por que, se eu não for dura com você, você vai ser uma ninguém, pobre e amargurada. É isso que você quer ser?", foram as palavras dela. Bom, não podia mudar de pais.— Já est