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Capítulo 05 "Rumo a um Futuro Incerto"

Eu não quero ter esse bebê, não quero, mas ao mesmo tempo lembro do que Dulce me falou... É só uma criança. Mas estou com medo, triste e sem saber de nada.

Estou grávida de um dono de morro. Deus, isso não pode ser verdade. Se já queria morrer, agora que sei que estou grávida de um traficante, piorou as consequências um milhão de vezes.

Pensei em tirar essa criança, pensei em tirar a vida, pensei em tantas coisas... Mas nada disso parecia ser uma boa solução. Só besteiras. Toda vez que pensava em abortar, lembrava do que Dulce havia me dito. Eu sou tão jovem, não estou preparada para este fardo.

Ou então, já sei, poderia pedir para minha mãe viajar, ter esse filho lá e entregá-lo para adoção bem longe de mim. Estou me sentindo péssima!

— Alô? — atendi o telefone assim que tocou.

— Oi, Manu, como cê tá? — era Léo.

— Não posso dizer que estou bem, né. — suspirei. — Estou um caco.

— Manu, fica calma. Eu estou com você, ouviu?!

— Eu sei, Léo, eu te amo.

— Também, loirinha. Eu tenho que ir, tô no trabalho, a gente se fala.

Pensei um pouco e vai que eu não estava grávida, né? Vai que esse teste deu errado e tudo isso é só paranoia minha.

Decidida, eu iria fazer um exame de sangue. Peguei dinheiro e meu celular e saí em direção ao laboratório para realmente descartar essa possibilidade. Não teria como dar errado.

Peguei um Uber e, em instantes, estava no laboratório. Paguei a corrida, tomei coragem e entrei, ao entrar senti aquele cheiro de laboratório e o frio do ar condicionado que me dava nos nervos.

— Boa tarde, poderia fazer um exame de sangue? — perguntei gentilmente à recepcionista.

— Sim, querida, poderia me informar seu plano de saúde?

— Claro. — dei as seguintes informações a ela.

— Pode aguardar, já já será chamada. — sorriu sem mostrar os dentes, e fui me sentar.

Enquanto esperava, observei pela janela uma mulher com uma criança de colo caminhando pela rua. Se realmente estivesse grávida, em alguns meses, seria eu assim. Isso me assustava de tantas maneiras. Eu não desejava isso.

Meu pensamento foi interrompido pela enfermeira me chamando para a sala.

Aquela triste noite em que me deixei levar pelos sentimentos, pelo desejo, poderia facilmente ter sido evitada. M*****a hora em que fui, m*****a seja!

— Manuela Montenegro. Podemos ir.

Fiz o exame, e disseram que eu teria que esperar meia hora até o resultado sair.

Esperei esse resultado quase dormindo na cadeira, sonhando com o meu príncipe encantado que nunca vai chegar.

— Senhorita Manuela. — a recepcionista me tirou dos pensamentos. — Seu resultado está pronto.

— Obrigada. — peguei o envelope com o coração na mão

.

Saí correndo da clínica, peguei meu celular e tinha várias ligações de Léo. Não quis retornar.

Ainda tinha esperanças, vai que eu tivesse feito esse teste errado. Só o exame poderia confirmar se eu estava esperando esse ser... Filho de um traficante.

Me sentei no banco que havia ali em uma praçinha. Crianças brincavam com seus pais, pareciam ter amor... Coisa que eu nunca recebi dos meus pais.

Como poderia oferecer amor materno a uma criança se nunca fui amada pelos meus pais?

Abri o envelope em movimentos lentos, com um pingo de esperança no coração.

— Não pode ser, eu estou mesmo grávida. — chorei desesperadamente ao ver o resultado.

Fiquei ali alguns minutos processando tudo que estava me acontecendo.

Levantei e segui em direção à minha casa, chorando incessavelmente. Cheguei em casa, e minha mãe estava me olhando com uma cara nada amigável.

— O que foi?

— O que é isso? — ela me mostrou o teste de gravidez que eu havia feito.

Mas eu não tinha jogado essa droga no lixo? Como ela encontrou isso? Agora, Manuela, você está lascada!

— Eu... — não sabia o que dizer.

— Vai dizer algo, sua... — ela parecia procurar palavras para me descrever. — Sua vagabunda!

— Mãe, esse teste não é meu! — menti. — Aliás, como encontrou isso? Deve ser de outra pessoa e...

— Cala a droga da boca! Uma das empregadas encontrou isto no teu banheiro. Agora vai me dizer que é de quem? Já não basta ter se perdido, agido como uma puta. Ainda está grávida.

Eu não conseguia dizer nada. Não conseguia pronunciar nem uma palavra para me defender, pois sabia que tudo aquilo era verdade. Talvez eu fosse mesmo uma puta, uma desvalorizada. Eu só conseguia me culpar.

— O que está acontecendo, Mirelle? Por que você está gritando com nossa filha?! — meu pai entrou na sala nervoso.

— Nossa filha? Que filha? Uma prostituta.

— Mirelle, por que está dizendo isso?

— Sua "filha", Luís... Está grávida! Essa inconsequente está grávida! De sei lá quem.

— Manuela? Grávida, como assim? Você pode me explicar isso?

— Pai, eu não sei o que dizer.

— Calma! Calma, Mirelle. Manuela, diz ao menos quem é o pai dessa criança, que poderemos resolver o caso. É de algum filho de empresário conhecido?

Não acredito, até nessas condições eles pensavam em dinheiro!

— Ele é um...

— Desembucha, garota! — minha mãe me fuzilou com o olhar.

— Ele é um traficante, mas olha, não tem problema, eu tiro essa criança, e ficará tudo bem. eu não saia quem ele.

Não precisam se preocupar... — Nem bem terminei de falar e senti um tapa no meu rosto.

— Sai daqui agora! Pega suas coisas e sai da minha casa, sua inútil. Você é uma reprovação. Se me perguntarem se tenho filha, irei dizer que morreu! — minha mãe praticamente cuspiu as palavras.

— Deixa eu ficar aqui, por favor... — disse chorando. — Pai, me ajuda, faz alguma coisa. — meu pai não falava nada, apenas olhava para minha mãe.

— Sai daqui...

Subi correndo para pegar minhas coisas antes que me expulsassem daqui sem roupa alguma! Dulce veio atrás de mim, eu chorava tanto que meus olhos e cabeça doíam. Pensei em me jogar da escada, mas pensei também no erro que iria cometer.

Peguei minhas coisas aleatoriamente e joguei na mala. Dulce me ajudava e chorava junto comigo.

— Eu não vou te deixar só. Pra onde você vai?

— Eu não sei... Devo ir para a casa do Léo. Dulce, não faça nada, não me dê apoio. Meus pais podem te demitir por isso.

— Eu vou estar com você sim, Manu! Toma. — ela me entregou um papel com um número anotado.

— O que é isto?

— Meu número. Sempre me ligue, não perca o contato comigo.

— Obrigado, Du... — a abracei e chorei mais ainda.

Por que, meu Deus? Será que meus pais não entendiam que tudo isso não foi da minha intenção? Eu nunca quis estar passando por isso. Eu só estava bêbada...

Peguei minhas malas e pedi um táxi em direção à casa de Léo, com o único dinheiro que eu tinha na bolsa. O que eu faria agora?

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