Flávia narrandoEra hoje. O dia em que eu voltaria ao Vidigal, finalmente, para rever meu irmão, que eu nem me lembrava direito de sua face, só nos vemos por Skype.Estou no auge dos meus 16 anos, e não que eu me ache, tá ligado? Fui criada com minha tia e sempre tive liberdade para fazer o que me desse na telha. Agora decidi voltar para o morro, para rever Felipe e viver no Vidigal.Muitas pessoas falam do morro, que lá só é lugar de crime, dizem que o morro é lugar de bandido, matador, mas não é nada disso. Pelo que minha tia sempre me contou, minha mãe largou tudo para viver com meu pai. Ela era filha de ricos da zona sul e abandonou tudo para morar na favela. Sinto muito orgulho da minha mãe e do meu pai.— Tchau, tia, eu te amo... E pode ter certeza que eu volto aqui pra te visitar! — disse, pegando minhas malas.— Eu vou sentir saudades, Fla... — minha tia me deu um abraço apertado.— Eu também. A senhora é a mãe que eu não tive.— Vai logo. Não gosto de despedidas. Me ligue tod
Manu narrandoEu estava um caco, minha cara nem eu mesma reconhecia. Meu cabelo tava um trapo, sentia falta da minha cabeleira pessoal, das minhas inúmeras roupas de grife, de ir passar uma tarde inteira no shopping gastando o dinheiro do meu pai com coisas fúteis.— Quer comer algo, Manu? — Nanda me perguntou e eu neguei.Eu e ela criamos o que pode se chamar de amizade, ela é uma ótima pessoa mesmo morando nessa droga de lugar.— Ai Nanda, minha barriga parece que vai revirar!— É assim mesmo, depois você se acostuma.— Eu nunca vou me acostumar com esse bebê!— Ele é seu filho... Eu sei que está sendo difícil pra você. Também engravidei cedo de um bandido. Infelizmente é a triste realidade da maioria das meninas do morro.— E o que aconteceu com seu filho?— Eu o criei, enfrentei o abandono dos meus pais e do pai dele... Você tem sorte que o Felipe ainda é um rapaz decente que não te abandonou.— Preferia que ele não ligasse, o odeio... — suspirei de ódio. — E o seu filho Nanda, on
Felipe narrandoDepois de trazer minha irmã pra casa, eu fui fazer uns negócios .. Se é que me entendem.Fui pegar uma mina, Adriely . Já que aquela maluca da Beatriz tá de ondinha, deixa ela assim. Passar uns dias ela tá de volta que nem uma cadela.- Amor, vamos ficar juntos hoje o dia todo?- Que dia todo Adriely, o que eu queria você já me deu.- Nossa Felipe, isso é jeito ?- Cê quer o quê, que eu te trate com amor? Que eu te assuma? Se liga você é uma qualquer. - Você é o único homem da minha vida. - Aaaah, sei . - sorri ironicamente.Vaza do meu escritório . - Não me chama mais! - ela saiu batendo os pés. Mulher é uma porra viu! Só fica falando de papo de namoro, de assumir tomar no cú. Namorar pra mim é perda de tempo.Me levantei e fui até a boca principal, dei o papo pra Menor me trazer uma já pronta ... E só fiquei lá brisando e pensando na vida.Pode nem parecer, mais eu tô animado pra caralho com o meu filho. Será que ele vai puxar aos cabelos loiros da mãe? Ou meus
Manu narrandoMe levantei ainda morrendo de sono, mas após um sonho que tive com minha mãe perdi até a vontade de dormir. Só me lembro que eu peguei no sono no sofá, agora quem me trouxe até o quarto eu não sei. Peguei minha coberta me enrolei toda e levantei até o ar condicionado pra abaixar a temperatura . Apesar de estar fazendo calor no Rio de Janeiro eu estava morrendo de frio . Joguei a coberta na cama, e fui até o banheiro. Tirei meu pijama, e entrei no banho, tomei um banho quentinho e maravilhoso com direito a molhar meus cabelos que estavam um trapo. Aproveite que já estava ali e lavei os cabelos, me lembrei que ainda sobrou um pouco da minha hidratação na minha mala, ufa pelo menos isso. Sai do banho, coloquei meu roupão rosa bebê e hidratei meus cabelos. Após uns 30 minutos, enxágüei e deixei secar naturalmente. Continuei de roupão, e me sentei na poltrona que havia ali no quarto para hidratar meu corpo. Alguém bateu na porta , deve ser Nanda querendo querendo
Felipe narrando Perder sua mãe seu pai, é a pior coisa que pode lhe acontecer mano. Eu era feliz, mesmo nascendo na favela, eu nunca me misturava com as coisas daqui. Eu sabia que um dia eu ia cuidar de tudo isso aqui, mas não imaginava que meu pai ia me deixar tão cedo. Ainda levar minha mãe junto...Pois é nego, vida de bandido só tem um final : ou é cadeia ou é morte.Alguns são mais sortudos que outros e vivem mais, mas tô ligado que uma hora a casa cai pra geral.Tomei um banho, vesti uma camisa branca legal que minha irmã trouxe pra mim. Alinhei o cabelo, nós tem que botar um gelzinho pra melhorar né, puxei mais a meu pai ele era negro , de cabelos crespos e muito bonito, já minha mãe era descendente de alemães , olhos verdes, cabelos loiros uma típica patricinha que abandonou seu mundo cor de rosa pra viver com um favelado. Já Flávia é a cara de minha mãe, quem vê nós na rua nem pensa que somos irmãos. Dei uma verificada no espelho passei perfume e coloquei minha 44 na cintu
Galego narrandoSabe o que é você ser um nada na favela? Você ver seu primo ser o centro das atenções, te humilhar sempre e ainda ter poder sobre você e todos? É cara, por isso que eu tenho ódio de Felipe.Ele sempre teve tudo, dinheiro , mulheres , poder .. E eu sempre fui o rejeitado! Era eu que deveria ser o dono dessa porra tlgd... Vou contar a história resumida.Meu pai era o irmão mais velho, ele que tinha que assumir o morro. Mas por causa de uns b.o e uns erro aí, todo mundo escrachou ele e ele teve que ir pra São Paulo , resumindo: meu tio assumiu o posto e o "filhinho dele " virou herdeiro . Por isso eu tenho ódio , vocês entendem o meu ódio?! Eu vou acabar com Felipe, vou me aliar aos inimigo e depois assumir o meu lugar! Dechavei um , bolei e puxei... quando Bárbara/Beatriz chegou aqui.- Não bate mais na porta não loira?! - a olhei de cima à baixo- Precisa bater na sua porta meu neném.. - deu um sorriso safado.- Porque tá me tratando bem Beatriz? Norma
Manu narrandoTava um calor horrível aqui hoje.Me vesti com uma blusa estampada folgadinha porque minha barriga estava ficando grande que merda, e uma calça legue preta . Calcei minha havaiana e desci. - Bom dia Nanda. - sorri para ela que fazia o almoço. Uê já tão fazendo o almoço?- Boa tarde né, já são meio dia. - ela sorriu. - Ah.. Cadê todo mundo?- Felipe tá na boca, Flavinha tá dormindo.- Atá.Me deitei no sofá e fiquei lá pensando.. Eu nunca fui rodeada de pessoas comigo, nunca tinha recebido amor mas agora me sinto literalmente , só. Meu celular vibrou e prontamente atendi, era Léo. - Fala. / Manu.- Manu, que saudades / Léo- Saudades? Pensei que nem se lembrava que eu existia! /Manu.- É claro que eu lembro , só não havia tido tempo minha linda. Como estão as coisas?/Léo- Normal. / ManuPra não dizer uma merda.- Hum, vamos sair ? /Léo- Vamos. / Manu- Te pego às 13 da tarde. - desligou. Pelo menos iria sair dessa favela por alguns segundos! Graças à Deus.Fui ao
Felipe narrando. Cheguei em casa depois de passar um tempo com uma garota qualquer e, confesso, perdi completamente o controle. Acabei me drogando demais. Olhei ao redor da casa e constatei que não havia ninguém. Nanda já devia ter ido para casa, Flávia estava provavelmente pelas ruas com algum cara. Conheço bem minha irmã. E quanto a Manuela... Ah, para onde essa patricinha terá ido? Subi as escadas e comecei a procurá-la por toda a casa, mas não a encontrei em lugar nenhum. A raiva estava me consumindo. Como ela ousava sair de casa, grávida do meu filho, sem me avisar? — Oi, irmão — Flávia chegou em casa com um sorriso no rosto. — Não quero nenhuma conversa idiota — olhei para ela com raiva. — Cadê a Manuela? Minha mente estava girando; o efeito das drogas estava me causando alucinações. — Não faço ideia, Felipe. Por que essa cara de demônio? — ela me olhou assustada. Talvez eu realmente parecesse um demônio naquele momento. Agora, sai da minha frente, Flávia. Ela subiu corr