Felipe narrando. Cheguei em casa depois de passar um tempo com uma garota qualquer e, confesso, perdi completamente o controle. Acabei me drogando demais. Olhei ao redor da casa e constatei que não havia ninguém. Nanda já devia ter ido para casa, Flávia estava provavelmente pelas ruas com algum cara. Conheço bem minha irmã. E quanto a Manuela... Ah, para onde essa patricinha terá ido? Subi as escadas e comecei a procurá-la por toda a casa, mas não a encontrei em lugar nenhum. A raiva estava me consumindo. Como ela ousava sair de casa, grávida do meu filho, sem me avisar? — Oi, irmão — Flávia chegou em casa com um sorriso no rosto. — Não quero nenhuma conversa idiota — olhei para ela com raiva. — Cadê a Manuela? Minha mente estava girando; o efeito das drogas estava me causando alucinações. — Não faço ideia, Felipe. Por que essa cara de demônio? — ela me olhou assustada. Talvez eu realmente parecesse um demônio naquele momento. Agora, sai da minha frente, Flávia. Ela subiu corr
Flávia narrandoCom pouco tempo que eu vim morar aqui com meu irmão, eu aprendi a gostar daqui e me acostumei.Sinto falta às vezes da minha tia, dos meus primos, até das minhas amigas loucas e das ficadas.Eu gostava de Felipe, mas a atitude dele ontem não foi nada legal. Ainda mais com Manu, poxa, ela tá grávida dele, mano. E Felipe tem atitudes tão idiotas!Meu telefone tocou, atendi prontamente.Era o Menor.— Oi, Menor. — suspirei.— O que você tá fazendo hoje, princesa?— Nada, por quê?— Porque eu queria te convidar para sairmos hoje à noite, o que acha?— Pode ser.— Às seis eu vou te buscar. Beijos, fica bem! — ele desligou.Estava gostando desse lance com o Rael. Ele era legal pra caramba. Me tratava bem e tinha papos legais. A gente ainda não tinha passado dos beijos. Não vou mentir, já transei com vários caras, apesar de ter pouca idade.Não me considero uma vadia por causa disso. Só tive muitas "experiências".— Bom dia. — Manu disse descendo as escadas.
**Manu narrando** Fiz minhas higienes e entrei no carro de Felipe para mais uma consulta. Já estou com dois meses. Não é nada fácil aceitar essa criança. Aceitar que estou grávida de um bandido, aceitar que minha vida era uma farsa e que meus pais estão pouco se lixando para mim. — Eu vou procurar vaga pra estacionar o carro. — ele falou sem me olhar. — Irei ficar sozinha aqui? — Vai, deixa de caozada porra! Só uns minutos, ninguém vai te comer não. — saiu reclamando e eu suspirei irritada. Ele era um bruto, nem sei onde fui me meter. Fiquei esperando impaciente, me olhei no retrovisor e arrumei meus cabelos. — Pronto, bora. — ele chegou com uma garrafa de água em mãos. — Toma. — me ofereceu, neguei. Ele revirou os olhos e me deu a água. — Eu não quero, cara. — bufei irritada. — A médica disse que você tem que se hidratar! Bebe isso, Manuela. O olhei com ódio e bebi a água, estava com sede, só não queria aceitar. Fomos para a consulta, a médica foi super amável comigo. Me
**Felipe narrando**Depois de sair do shopping, deixei Manuela em casa e fui para a boca de fumo.Me sentei na salinha que havia na boca e fiquei pensando na minha vida... O quanto eu estudei para dar orgulho a meu pai e em quando ele morreu, me deixando aqui sozinho. Primeiro foi a minha mãe, depois ele.Eu continuei estudando, mas já sabia o que queria. Eu queria ser o dono disso aqui, eu queria fazer diferente do que meu pai fez, lutar tanto e no final morrer com a minha mãe. Eu poderia ter outro futuro. Eu terminei o ensino médio, apesar de todos os preconceitos por ser negro e favelado.Mas eu tô pouco me lixando, sabe por que? Preconceito existe em todo lugar e vocês sabem disso. Se a pessoa mora na favela não presta, se a pessoa é negra não é bem vista. Ah, vai tomar no cu, eu sou feliz independente do que falam de mim.Fala sério, eu fiquei irritado pra caralho com aquelas coisas que a mãe da Manuela falou pra ela, viu? Também esculhambei aquela loira tirada a besta. Sério, ca
**Beatriz narrando**Eu estava completamente cega de ódio. Por que as coisas não davam certo pra mim?Só queria que alguém me amasse não pelo meu corpo, mas pelo meu interior. Corri para a cama chorando após ver duas listrinhas no teste de gravidez. Como não tinha percebido? Menstruação atrasada há dois meses, enjôos, tonturas.Eu estava grávida, grávida, meu Deus. E o pior de tudo é que estava grávida de Galego. Como eu iria sustentar essa criança? Eu não tenho nada além do meu corpo para me sustentar, e agora grávida, quem irá me querer? O pai vai assumir essa criança?Davi diz que gosta de mim, e eu confesso que depois de ficar com ele, me apaixonei verdadeiramente por ele. Mas se ele vai acreditar que o filho é dele, eu não sei. Se fosse o Felipe, até cuidaria da criança, mas Galego... Não mesmo.O que eu iria fazer agora? Era o que eu me perguntava a cada segundo.Saí de casa desnorteada. Eu tinha contas a pagar, cortaram minha internet, minha rede telefônica, tudo de bom que eu
**Manuela narrando**Me levantei mais cedo do que o normal e desci para a sala. Fiquei assistindo desenhos, pensando na minha vida. Sinto saudades de quando Dulce me acordava e eu reclamava pra caramba para não ir pra escola. Agora perdi tudo isso...Acariciei minha barriga e deixei as lágrimas caírem. Eu queria tanto ficar com esse bebê, mas aqui não era meu mundo. A melhor decisão é esquecer que um dia tive um filho e ir para o exterior. Felipe vai bancar tudo para mim, melhor assim, bem longe dele.— Bom dia. — Felipe desceu com sua arma nas mãos.— Bom dia. — funguei e limpei as lágrimas rapidamente.— Tava chorando por que mesmo?— Nada não, é coisa da gravidez mesmo.— Ata.— Você vai para aquele lugar asqueroso hoje? — perguntei e ele olhou feio. — Tá tá, desculpa.— Não vou para o meu "trabalho" hoje não. — deu ênfase à palavra "trabalho".Ele foi tomar café, e eu também. Flávia estava na rua, provavelmente na casa do tal Menor. Permanecemos em silêncio, senti meu estômago emb
Manu narrando.Eu estava até me sentindo bonita depois de tanto tempo.** Flávia fez minha maquiagem e eu passei um gloss da Ruby Rose. Não queria ir até esse aniversário mas, melhor que ficar em casa triste.— Você está linda, cunhadinha! — Fla bateu palmas.— Obrigado. Mas eu não sou sua cunhadinha. — revirei os olhos.— Mas vai ser, fofa. — soltou um beijo no ar.Flávia me mostrou o presente que havia comprado para o primo. Era uma camisa linda do Corinthians, PL era fã de carteirinha desse time.Parei em frente ao espelho enorme no quarto de Flávia e analisei minha barriga. Estava pontuda, já tinha forma, já era evidente que eu estava grávida. Alisei a mesma e fiquei imaginando como seria o bebê.Talvez eu fosse errada em largar meu filho com o pai traficante e ir viver minha vida como se nada tivesse acontecido. Mas era melhor assim, eu iria me formar, trabalhar e voltar a ser quem eu era.Léo me mandou mensagens dizendo que estava feliz com a promoção que recebeu no trabalho e qu
**Felipe narrando**Depois da banda tocar e do clima romântico entre mim e Manuela, eu fiquei completamente derretido. Essa patricinha marrenta chegou como uma sereia e me arrastou para o seu mar.A festa continuou rolando, mas eu já estava ficando cansado dos deboches da Lua, e Manu parecia querer ir embora.— Meu parceiro, felicidades aí. Obrigado pela festa, mas já deu minha hora. — abracei PL.— Obrigado, digo eu, irmão! Por você ser esse primo e amigo firmeza, e pela banda. Cara, não precisava, tu deve ter gastado pacas!— Dinheiro é o de menos quando se trata das pessoas que eu amo.Me despedi de Juliana e do restante das pessoas, e mandei um aviso para Flávia, como se isso fosse adiantar algo. Não tem como, não tem jeito, ela é porra louca igual a mim, já tá no sangue da família.Chamei Manu, e a chata veio resmungando. Dei partida no carro e logo chegamos em casa, pois o espaço era bem perto. Estacionei meu carro na garagem e entramos.— Ai, meus pés estão doloridos. — ela dis