**Beatriz narrando**Eu estava completamente cega de ódio. Por que as coisas não davam certo pra mim?Só queria que alguém me amasse não pelo meu corpo, mas pelo meu interior. Corri para a cama chorando após ver duas listrinhas no teste de gravidez. Como não tinha percebido? Menstruação atrasada há dois meses, enjôos, tonturas.Eu estava grávida, grávida, meu Deus. E o pior de tudo é que estava grávida de Galego. Como eu iria sustentar essa criança? Eu não tenho nada além do meu corpo para me sustentar, e agora grávida, quem irá me querer? O pai vai assumir essa criança?Davi diz que gosta de mim, e eu confesso que depois de ficar com ele, me apaixonei verdadeiramente por ele. Mas se ele vai acreditar que o filho é dele, eu não sei. Se fosse o Felipe, até cuidaria da criança, mas Galego... Não mesmo.O que eu iria fazer agora? Era o que eu me perguntava a cada segundo.Saí de casa desnorteada. Eu tinha contas a pagar, cortaram minha internet, minha rede telefônica, tudo de bom que eu
**Manuela narrando**Me levantei mais cedo do que o normal e desci para a sala. Fiquei assistindo desenhos, pensando na minha vida. Sinto saudades de quando Dulce me acordava e eu reclamava pra caramba para não ir pra escola. Agora perdi tudo isso...Acariciei minha barriga e deixei as lágrimas caírem. Eu queria tanto ficar com esse bebê, mas aqui não era meu mundo. A melhor decisão é esquecer que um dia tive um filho e ir para o exterior. Felipe vai bancar tudo para mim, melhor assim, bem longe dele.— Bom dia. — Felipe desceu com sua arma nas mãos.— Bom dia. — funguei e limpei as lágrimas rapidamente.— Tava chorando por que mesmo?— Nada não, é coisa da gravidez mesmo.— Ata.— Você vai para aquele lugar asqueroso hoje? — perguntei e ele olhou feio. — Tá tá, desculpa.— Não vou para o meu "trabalho" hoje não. — deu ênfase à palavra "trabalho".Ele foi tomar café, e eu também. Flávia estava na rua, provavelmente na casa do tal Menor. Permanecemos em silêncio, senti meu estômago emb
Manu narrando.Eu estava até me sentindo bonita depois de tanto tempo.** Flávia fez minha maquiagem e eu passei um gloss da Ruby Rose. Não queria ir até esse aniversário mas, melhor que ficar em casa triste.— Você está linda, cunhadinha! — Fla bateu palmas.— Obrigado. Mas eu não sou sua cunhadinha. — revirei os olhos.— Mas vai ser, fofa. — soltou um beijo no ar.Flávia me mostrou o presente que havia comprado para o primo. Era uma camisa linda do Corinthians, PL era fã de carteirinha desse time.Parei em frente ao espelho enorme no quarto de Flávia e analisei minha barriga. Estava pontuda, já tinha forma, já era evidente que eu estava grávida. Alisei a mesma e fiquei imaginando como seria o bebê.Talvez eu fosse errada em largar meu filho com o pai traficante e ir viver minha vida como se nada tivesse acontecido. Mas era melhor assim, eu iria me formar, trabalhar e voltar a ser quem eu era.Léo me mandou mensagens dizendo que estava feliz com a promoção que recebeu no trabalho e qu
**Felipe narrando**Depois da banda tocar e do clima romântico entre mim e Manuela, eu fiquei completamente derretido. Essa patricinha marrenta chegou como uma sereia e me arrastou para o seu mar.A festa continuou rolando, mas eu já estava ficando cansado dos deboches da Lua, e Manu parecia querer ir embora.— Meu parceiro, felicidades aí. Obrigado pela festa, mas já deu minha hora. — abracei PL.— Obrigado, digo eu, irmão! Por você ser esse primo e amigo firmeza, e pela banda. Cara, não precisava, tu deve ter gastado pacas!— Dinheiro é o de menos quando se trata das pessoas que eu amo.Me despedi de Juliana e do restante das pessoas, e mandei um aviso para Flávia, como se isso fosse adiantar algo. Não tem como, não tem jeito, ela é porra louca igual a mim, já tá no sangue da família.Chamei Manu, e a chata veio resmungando. Dei partida no carro e logo chegamos em casa, pois o espaço era bem perto. Estacionei meu carro na garagem e entramos.— Ai, meus pés estão doloridos. — ela dis
**Manuela**Acordei me sentindo maravilhosa. Me sentindo como mulher. Eu sei que talvez não esteja fazendo a escolha certa. Me envolver com Felipe não estava nos meus planos.Eu estava aqui para esperar ter essa criança e depois ir embora. Mas com os rumos que as coisas estão tomando... Não sei mais de nada.Eu estava sentindo falta de Léo, muita falta, ele foi fazer intercambio nos EUA por um tempo, não sei quando ele iria voltar.Felipe, apesar de ser um ogro, é um homem magnífico. Lindo, carinhoso e com um bom coração.Olhei para o lado, e ele ainda estava dormindo. Tão lindo... Senti suas mãos na minha cintura e seus olhos verdes me encarando.— Bom dia. — falei sorrindo.— Bom dia, loirinha. — beijou minha testa. — Dormiu bem?— Sim, e você?— Muito bem. — sorriu malicioso.— Você não irá sair?— Vou sim. Mas vou ficar um pouco apreciando a sua beleza...— Assim eu fico sem graça. — corri as faces.— Manu, quando eu chegar, precisamos ter uma conversa séria. — falou com seriedade
**Felipe (narrando)**Após Manu dizer que iria ficar comigo, a felicidade explodiu dentro de mim. Dormimos agarrados.Eu nunca fui de assumir alguma mulher, nunca fui de demonstrar meus sentimentos a ninguém. Mas sabia que essa menina era diferente, e que tudo o que aconteceu não era comum. No começo, trouxe Manuela para casa por pena e obrigação, mas agora tudo mudou dentro de mim. Eu estava... estava gostando dela.Acordei cedo, pois tinha que resolver muitos problemas na biqueira. Um cara estava causando problemas para o meu morro, e eu iria resolver essa situação de uma vez por todas.Me levantei devagar para não acordar Manu. Ela estava dormindo tão linda.Tomei banho, vesti uma camisa polo da Lacoste e uma bermuda tactel. Como sempre, atravessei o fuzil nas costas e coloquei minha pistola na cintura.Desci e me deparei com Flávia acordada, toda arrumada, tomando café.— Vai para onde? — perguntei.— Bom dia para você também, maninho. — falou de forma irônica.— Bom dia. Agora, r
**Beatriz narrando:** Uma atitude desesperadora. Isso define o momento em que menti para Felipe, dizendo que o filho é dele. Se ele descobrir que isso é mentira, estou morta, principalmente porque o filho é do próprio primo dele. Galego irá me fazer pagar caro por negar a paternidade ao próprio filho. Ele odeia o primo por ter o que ele nunca pôde ter, e agora o filho dele também será do primo. O futuro é incerto. Só sei que vou encontrar um jeito de fugir antes que meu filho nasça. Pelo menos nesse meio tempo, vou conseguir me sustentar, comer bem, pagar minhas contas e juntar dinheiro para fugir desse morro, para bem longe. Me sentei no sofá, esperando o horário de ir pegar dinheiro lá na boca. Agora, sim, minha vida ia se resolver. Pensei em tirar o bebê, mas essa não parece ser a melhor solução; posso me arrepender disso um dia. Ouvi batidas no meu portão e fui abrir devagar, com esse calorão infernal. Abri e dei de cara com Galego, que me olhava com ódio. Ele me deu um puxão
**Manuela narrando:**O dia passou arrastado, minha barriga parecia um peso insuportável. Enjôos, dificuldades para andar e todas as outras chateações da gravidez me acompanhavam. Minha visão de vida, desde que vim morar aqui, passou por uma transformação completa. Claro, eu não poderia mudar minha essência da noite para o dia, mas meu coração parecia mais leve. Tudo era diferente, muito distante do lugar onde fui criada. Aqui, sentia que poderia conquistar o que sempre desejei: uma família.— Manu, vou ao supermercado. Se precisar de algo, é só me ligar. — Nanda disse.— Claro, Nanda. - sorri. — A Flávia já chegou?— Ainda não.Após a despedida, Nanda partiu para o mercado, deixando-me sozinha novamente.Sem muitas opções interessantes, decidi ligar a TV e assistir a um episódio de Bob Esponja. A verdade é que ainda me divirto muito assistindo desenhos. Não consigo me sentir totalmente adulta.Horas se passaram, e Nanda retornou do mercado, reabasteceu a despensa, finalizou suas taref