O QUE ACHAM DESSA BEATRIZ?
**Manuela narrando:**O dia passou arrastado, minha barriga parecia um peso insuportável. Enjôos, dificuldades para andar e todas as outras chateações da gravidez me acompanhavam. Minha visão de vida, desde que vim morar aqui, passou por uma transformação completa. Claro, eu não poderia mudar minha essência da noite para o dia, mas meu coração parecia mais leve. Tudo era diferente, muito distante do lugar onde fui criada. Aqui, sentia que poderia conquistar o que sempre desejei: uma família.— Manu, vou ao supermercado. Se precisar de algo, é só me ligar. — Nanda disse.— Claro, Nanda. - sorri. — A Flávia já chegou?— Ainda não.Após a despedida, Nanda partiu para o mercado, deixando-me sozinha novamente.Sem muitas opções interessantes, decidi ligar a TV e assistir a um episódio de Bob Esponja. A verdade é que ainda me divirto muito assistindo desenhos. Não consigo me sentir totalmente adulta.Horas se passaram, e Nanda retornou do mercado, reabasteceu a despensa, finalizou suas taref
**Felipe narrando**Eu não imaginava que Manu iria reagir tão bem. Quer dizer, não tão bem, porque ninguém iria aceitar isso de boa, mas a maturidade que ela teve em entender a minha situação.— Mano, que situação complicada! — PL falou. — Você teve que engravidar logo essa mulher, que azar.— Eu estou perdido e com raiva. — coloquei a mão na cabeça.— E a patricinha? Como reagiu a isso?— Ela compreendeu a situação... E ela não é mais a "patricinha", é quase a minha mulher agora.— Ui. — riu. — Quem diria, hein, ladrão!— Deixa de brincadeiras, cara.— Tá. Mas será que essa criança é realmente seu filho?— Não sei, creio que... Ah, sei lá, teve uma vez que fiquei com ela sem proteção. Mas eu dei o remédio, e ela tomou na minha frente.— Caramba, você é lerdo! Primeiro engravida uma, depois outra é trouxa mesmo.— Se ela está falando a verdade, vamos saber com o tempo. Vou fazer o exame quando ela completar três meses.— Isso aí mesmo, por isso que sempre me protejo para que a Juliana
ManuTrês meses se passaram... De fato, o tempo passou tão rápido e eu já estou com uns quatro meses de gestação.Sou mimada demais por Felipe, Flávia e Nanda. Não posso comer aquilo, não posso fazer isso... É um saco! Mas pelo menos me sinto amada como jamais fui; hoje eu tenho uma família.— Amor, eu já falei que não é saudável comer salgadinho de manhã.— Felipe, não enche, toda hora você me regula, pô.— Ai, bravinha. — Ele me fez cócegas e eu sorri.Ficamos assistindo TV enquanto eu comia meu salgadinho parecendo uma esfomeada. Tinha marcado de ir ao shopping mais tarde com Flávia; iríamos começar a montar o enxoval do bebê.Mês que vem, eu iria descobrir o sexo, então não comprei muitas coisas.Felipe estava tranquilo ao meu lado, deitado sobre minhas pernas, quando recebeu uma ligação, parecia que de PL.— Eu tenho que ir ali.— O que foi? Aconteceu algo grave?— Não, não. Eu volto pro jantar, princesa. — Ele me deu um selinho e saiu.Pela expressão facial de Felipe, era sim al
— Chefe, o tal informante chegou com uma mina.— O cara trouxe uma garota? — arquiei as sobrancelhas.— Sim, trouxe.— Beleza, manda entrar!Satisfação, eu me chamo Leonardo, mas sou conhecido como Caveira. Sou o dono de um dos morros mais cobiçados e invejados do Rio de Janeiro; acima do meu morro, só o Vidigal. E é por isso mesmo e por outras coisas que tenho ódio do Fp.Galego entrou no meu escritório com uma garota loira de cabelos cacheados. Eu me sentei e o observei até que resolvi quebrar o silêncio.— Qual foi, Galego... Demorou a aparecer.— Foi mal, Caveira, é que eu tinha umas pendências pra resolver lá no Vidigal... Mas agora eu cheguei.— Hum. — falei observando a garota, ela era muito gostosinha, e minha mente maligna já planejava coisas com ela.— Tipo assim vei, eu vim pra ficar.— Ficar? — me levantei. — Como assim, fio, você é meu informante lá, que parada é essa?— Não sou seu informante, e sim seu aliado, é diferente. E mesmo eu lá não ia adiantar porra de nada se
Manuela narrandoVim para consulta com Flávia já que Felipe não pôde vir. Ele estava muito estressado, e aqui por perto da clínica onde estou fazendo meu pré-natal está ocorrendo muito policiamento ultimamente, não quero pôr a liberdade do homem que amo em risco.— Vamos logo, Flávia. — revirei os olhos.— Calma, tô passando meu gloss.— Aff.Enquanto Flávia se arrumava, fiquei brincando com o cachorro de Felipe, eu não gostava de animais, mas Brad era até legal.Mais uns minutos e eu iria me atrasar, já que a consulta é com horário marcado. Flávia demora um século para se aprontar, é pior que eu quando era esnobe, as coisas mudam né.Chamei Vt, que era o cara que eu mais confiava aqui, e ele nos levou à clínica.— Valeu, Vt. — sorri.— Nada, patroa. Qualquer coisa é só chamar. — ele sorriu de lado e foi embora.Entramos e ficamos aguardando o horário.— Menina, aquele Vt é um gatinho! Eu pegava. — Flávia mordeu os lábios.— Tu não deixa passar um, hein, meu Deus.— Ham, vai me dizer
Felipe narrando:Eu estava uma pilha. Não só pelo fato da guerra em si, mas porque não quero ter o fim que nem o de meu pai. Não quero e não vou ter. Estou aqui para honrar o que meu pai construiu.Me irritava muito pensar que aquele desgraçado sem escrúpulos do Galego era meu "primo". Ele é igualzinho a meu falecido tio. De fato, sei que por meu tio ser o irmão mais velho, ele deveria ser o dono do Vidigal, mas infelizmente, por atitudes erradas dele, isso não aconteceu. Deve ser por isso que Galego me odeia, mas eu nunca fui culpado de absolutamente nada.— Não fica assim, você sabe que nós vamos conseguir. — PL falou.— Eu estou desanimado. — falei impaciente, rodando de um lado para o outro da sala.— Sei disso, mas pensa que agora você vai ter um filho. Uma razão mais forte ainda para lutar.— E vou. Vou lutar pelo meu morro! — disse decidido.PL era sempre quem me dava força. Ele é filho da minha tia, também irmã de meu pai.O dia foi passando devagar. Eu ouvia uma música que pa
Manuela:Mais um mês se iniciava. Cinco meses de gestação... Eu poderia muito bem descobrir o sexo do meu bebê aos três meses de gestação, mas a emoção de esperar completar o tempo certo é maior, a expectativa.Felipe quer que seja uma menina, me atordoa o dia todo com isso, Flávia apostou com Juliana que vai ser menina. Já eu, só quero que venha com saúde e que nasça com paz, uma coisa bem difícil nessa atribulação que estamos vivendo aqui no morro.Felipe só anda estressado, é inevitável. Entendo ele, não é fácil lidar com ameaças de um inimigo.— Eu já tô pronto. — falou colocando o boné.— Pra quê esse boné? — perguntei.— Meu cabelo tá uma bosta, você quer que eu saia assim parecendo um marginal?— Mas você é um marginal. — Falei óbvia.— Haha que engraçadinha. — revirou os olhos.— Nossa, seu humor está irreverente.— Desculpa. Mas... Tá tudo tão complicado pra mim Manu.— Eu entendo. — o abracei. — Eu só quero que saiba que estarei aqui sempre contigo.— Te admiro tanto, sabia?
FelipeEu estava feliz pra caralho. Ser pai de uma princesinha era meu sonho. Já imagino ela com aqueles cabelos loiros e olhos azuis da mãe, espero que não puxe a marra dela também.Dormi agarradinho com ela era muito bom.Hoje em dia me arrependo das besteiras que fiz na minha vida. Ainda bem que conheci essa loira que mudou tudo!- Qual foi PL? Trabalha mais não é? Chega aqui dez horas da manhã achando que isso é bagunça.- Eu bebi demais ontem... Tô mó depressivo.- Sim, teus problemas pessoais tem nada a ver com as coisas do morro.- Pô Felipe.- Tô sabendo que tu andou batendo em Juliana. Mina firmeza, tu é meu primo e não quero ver tu batendo em mulher na favela.- Ela mereceu.- Foi x9? Te traiu? - ele negou. - Então pronto PL, não vacila com quem sempre esteve ao teu lado não.- Papo reto mas.. Desde quando tu dá conselhos de amor?- Desde quando eu soube o que é amar.- Ihh chefe tá apaixonado! - menor veio me zoando.- Ah é vem o outro desocupado! A gente precisa ter um pap