“Você não faz ideia do quanto eu sonhei com isso,” Alexander fala com a voz mais branda e suave.Estamos sentados na varanda da cabana, envoltos pelo aroma do café e do pão fresco, enquanto o cenário à nossa volta é banhado pela luz dourada do sol da manhã. Os primeiros raios brincam entre as árvores, criando sombras que dançam sobre a mesa de madeira rústica onde repousa nosso café da manhã farto — frutas coloridas, croissants e uma jarra de suco que reflete a cor vibrante do dia. Sinto o calor suave do sol sobre minha pele e inspiro profundamente, absorvendo o ar fresco que carrega o cheiro das árvores e do campo. Olho para Alexander e sorrio, um sorriso que surge com uma leveza rara, como se fosse a primeira vez em muito tempo que me sinto assim, verdadeiramente em paz. Sua presença preenche o espaço ao meu redor, trazendo uma calmaria que acalma o tumulto em meu coração, um sentimento que parece tão simples e, ao mesmo tempo tão intenso.“Acho que nem nos meus sonhos mais loucos,
“Karin, eu não sei mais o que fazer!” eu grito frustrada, arremessando o abajur do nosso quarto contra a parede. O som do impacto ecoa, reverberando pelas paredes como um reflexo da minha própria fúria. Fragmentos de vidro caem aos meus pés descalços, e o quarto parece tremer junto comigo. “Aquela vadia ainda está viva! Como aquela humana patética conseguiu sobreviver ao ataque dos lobisomens?”Ando de um lado para o outro, descalça, sentindo o frio do chão de pedra sob meus pés, o que apenas intensifica minha raiva. A frieza do chão contrasta com o calor crescente em meu corpo, e cada passo é um eco de minha indignação. Minhas unhas cravam-se nas palmas das mãos enquanto cruzo o quarto, buscando de alguma forma liberar a fúria que cresce dentro de mim.A cada movimento, meus olhos capturam a figura de Karin, sentado na poltrona de couro no canto do quarto. Ele está ali, quase inerte, apenas me observando. Seu corpo exala uma calma desconcertante, contrastando intensamente com a tempe
Antes que qualquer pensamento coerente consiga se formar em minha mente, o som agudo e devastador de vidro estilhaçando corta o silêncio da casa, reverberando em cada canto. O estrondo parece ecoar em minha cabeça, e o coração acelera, disparando em pânico. Antes que eu possa processar o que está acontecendo, Alexander reage com precisão letal, puxando-me para baixo com força, obrigando meu corpo a se abaixar até o chão frio e rígido. Cada batida do meu coração ressoa dolorosamente em meus ouvidos, e um grito involuntário irrompe de meus lábios.Aterrorizada, percebo que estou completamente exposta, vulnerável. Alexander se posiciona por cima de mim, com os braços como escudos, criando uma barreira protetora enquanto seu corpo parece se moldar ao meu, oferecendo-me a única proteção que tenho agora. Sinto o calor de sua respiração contra minha pele, mas tudo que consigo pensar é na ameaça lá fora, a intrusão que rasgou nosso mundo. Sua presença, no entanto, traz uma sensação de seguran
As lembranças daquele beijo com Aria me perseguem como uma sombra constante, grudando na minha mente, implacáveis, invadindo cada pensamento, cada segundo dos meus dias. Tento apagar o gosto dela dos meus lábios e da minha memória com álcool, despejando copo após copo, na esperança de que a embriaguez ao menos apague o turbilhão de emoções que ela deixou em mim. Mas nada adianta. A ardência da bebida apenas alimenta minha raiva, minha frustração, fazendo cada recusa dela arder ainda mais fundo. A rejeição de Aria não fere apenas meu orgulho e minha vaidade — ela atravessa o meu peito como uma lâmina fria, fincando-se no meu coração, um órgão que eu achava ser imune a qualquer tolice emocional.Como ela ousa? Como Aria ousa me recusar, me dar sermões, negar o que eu ofereço? Ela, uma humana, ousa olhar para mim e dizer “não”. Sou o rei, o maldito rei, e posso ter quem eu quiser, a hora que eu quiser, seja uma lycan, uma enchatrix, ou uma humana, elas sempre caem aos meus pés. O poder q
Tudo é um zumbido em minha direção, não consigo prestar atenção em mais nada que não seja a respiração baixa e fraca de Alexander ao meu lado. A ambulância percorre todo o trajeto até o hospital com uma velocidade que poderia ser maior.Sinto o meu corpo todo vibrar com adrenalina que ainda há dentro de mim. Foco os meus pensamentos e desejos apenas em Alexander. O rosto pálido dele está sujo de sangue e ferimentos, além do restante do corpo também.Isso é minha culpa. Totalmente minha culpa. Se eu tivesse contado a verdade para Alexander antes da viagem, ela não teria acontecido e ele estaria bem, talvez com o coração partido, mas bem, vivo. Lágrimas voltam a escorrer pelo meu rosto e eu tento me controlar para não chorar mais de novo.Assim que chegamos no hospital, Alexander é levado para a sala de cirurgia. A minha preocupação se densifica junto com o remorso. Ando de um lado pelo outro na sala de espera, sem saber mais o que fazer.“Aria…” Caelum me chama de repente, me trazendo
O feitiço de transformação é como uma segunda pele que já se molda ao meu toque, familiar, sinuoso. Me encaro no espelho, vendo minha face se desvanecer e tomar os contornos suaves e sem brilho daquela garota insípida, Aria. Minha pele impecável e o olhar afiado desvanecem, e em segundos, dou lugar à expressão tímida e aos traços desinteressantes dela. Um suspiro de nojo escapa, uma repulsa quase palpável cresce ao ver minha beleza obliterada pela face comum, patética, da mãe dedicada e esquecível.Mas cada detalhe é essencial para o plano. A transformação é uma fachada, o artifício que abre caminho para o que deve ser feito. Logo, enquanto meus mercenários lidam com a frágil Aria e o tolo do Alexander, eu tenho uma tarefa ainda mais importante: capturar aqueles bastardos. Os pequenos são cruciais para o ritual de salvação de Syltirion. O tempo está contra mim; não posso me dar ao luxo de gerar um herdeiro de Caelum, muito menos suportaria tal tarefa agora. Estes dois servirão bem ao
“Acorda, Elo, acorda” A voz do meu irmãozinho soa urgente e ansiosa enquanto ele sacode meu ombro. Abro os olhos, mas a visão ao meu redor é turva, tudo parece enevoado por uma sensação de medo crescente que começa a se espalhar no meu peito. Eu mal consigo respirar.“Onde estamos, Thor?” pergunto assustada, olhando envolta. O lugar é sombrio, com paredes de pedra bruta e irregular, cobertas por umidade e musgo que exala um cheiro pungente e desagradável.Ele me encara, seus olhos arregalados e marejados.“Eu não sei…” ele responde com a voz trêmula. “Mas a mamãe estava estranha, não estava?” A dúvida e a confusão estampadas em seu rosto me fazem engolir em seco.Nego com a cabeça com a sua questão. Ela não era nossa mãe, isso eu sabia.“Não era a mamãe, era uma mulher com a máscara da mamãe.” Me encolho e abaixo o tom de voz. Precisamos sair daqui, irmãozinho,” digo com a voz tremula.Thorne se levanta e anda pelo pequeno quarto que estamos. A vontade que eu tenho é de chorar e chama
“É bom que vocês já tenham um veredito para a anulação do meu casamento. Porque eu juro para os deuses, se não tiverem… eu vou trucidar cada um de vocês e achas lycans melhores,” eu ameaço com irritação na voz.Cada membro do conselho real me encara assustado e eu acho isso revigorante. Cansei de ser paciente, de ser rei benevolente. Isso não me trouxe nada de bom, apenas dor de cabeça e traições.“Estamos trabalhando nisso, Majestade. Entramos em contato com o reino de Syltirion e ainda não tivemos retorno. Precisamos fazer isso com cuidado, para que não aconteça uma guerra entre os dois reinos.” Finn responde com a voz tremula.“Foda-se guerra entre nós dois. Já está para estourar uma guerra civil dentro do meu próprio país! Se vocês não anularem o meu casamento com Seraphina ainda esse mês, eu mesmo chuto ela para fora daqui e coloco outra no lugar, entenderam?” respondo com berro que faça as janelas da sala estremecerem.Antes que haja uma resposta, Asher surge da porta com o rosto