Observo a cena paralisado, incapaz de desviar o olhar do sofrimento diante de mim. Aria está ajoelhada sobre o corpo imóvel de Alexander, os braços apertando-o como se sua força pudesse trazê-lo de volta à vida. Seus soluços ecoam pelo ar, cravando-se na minha alma como tiros. Ela chora de forma histérica, cada lamento carregado de uma dor tão profunda que parece reverberar pelo campo devastado ao nosso redor.O caos que dominava o campo de batalha começa a desaparecer lentamente. Criaturas malignas evaporam em sombras, desaparecendo no ar com uivos estridentes, como se o próprio universo as estivesse puxando de volta para o vazio do qual vieram. Malakar foi enviado de volta ao reino proibido, e a escuridão que o acompanhava começa a ceder lugar a uma tênue luz cinzenta.Apesar dos gritos de vitória que explodem ao meu redor, celebrando o fim do tormento, meu foco permanece inabalável na cena à minha frente. Não consigo ouvir nada além dos soluços de Aria e do som abafado das batidas
A sala de jantar está iluminada por velas delicadamente posicionadas sobre a longa mesa de carvalho.Elowen, com seus cachos dourados reluzindo sob a luz, levanta os olhos curiosos do prato para me encarar. Sua voz doce quebra o silêncio.“A mamãe não vai vir jantar com a gente?” Elowen pergunta curiosa.Eu e Lyra trocamos olhares rápidos, cúmplices e preocupados, acima da mesa. Tento encontrar a resposta certa, algo que alivie sua preocupação sem expor completamente o peso da situação.“Não, minha princesa. Ela está cansada, talvez amanhã…” Digo com suavidade, inclinando-me ligeiramente para que minha voz alcance Elowen como um sussurro reconfortante.Elowen parece aceitar a resposta com um aceno de cabeça leve, voltando a focar em seu prato. Para ela e Thorne, a guerra e a perda de Alexander parecem ser apenas eventos distantes, como um sonho ruim que já começou a se desvanecer na memória. A compreensão deles sobre a morte ainda é superficial, quase inocente. Eles sentiram a ausênc
O consultório é pequeno, com paredes brancas que refletem a luz fria e impessoal das lâmpadas fluorescentes. Aria está deitada em uma maca coberta por um lençol de papel, que estala suavemente sob o peso dela. A barriga está exposta, a pele parda contrastando com o ambiente estéril ao redor. Sua expressão é estoica, mas seus olhos trazem um cansaço profundo.Os exames de sangue confirmam a gravidez rapidamente. Seis semanas. A notícia é como um choque elétrico no meu sistema. Sinto um turbilhão de emoções — empolgação, surpresa, talvez até um pouco de medo — tudo misturado e difícil de processar. Tento conter a felicidade, consciente de que o bebê não é meu, mas não consigo evitar. Um sorriso involuntário brota no meu rosto.Aria, por outro lado, permanece inexpressiva. Seus olhos se fixam em algum ponto distante, como se estivesse presa em seus próprios pensamentos. Ela não reage, não sorri, nem demonstra qualquer vestígio de alegria. Isso me corta, mas eu sei que o tempo dela é dife
“O que vocês querem de presente de aniversário?” pergunto para os gêmeos assim que eles chegam da escola.Os olhos deles, idênticos na forma, mas com personalidades tão diferentes, brilham em uníssono com a pergunta. Eles trocam olhares cúmplices e, antes mesmo de articular uma resposta, abrem um sorriso idêntico e gritam juntos:“UM DRAGÃO!”A empolgação na voz deles é tão intensa que quase me convence de que isso é uma possibilidade real. Aria e eu não conseguimos conter o riso. Sua risada é um som leve e contagiante, como se uma brisa quente tivesse atravessado a sala. Ela está sentada em sua cadeira de balanço favorita, o tecido do moletom que veste se estica suavemente sobre a curva proeminente de sua barriga de sete meses de gestação. O bebê mexe de vez em quando, como se estivesse respondendo ao caos controlado que sempre parece cercar nossa família.O brilho que antes havia nela tem voltado a cada dia, aos poucos. Os pesadelos diminuíram, agora consigo contar nos dedos as noi
Acordo com alguém me chamando, a voz carregada de urgência e as mãos quentes balançando meu ombro com insistência. É Aria. O quarto está mergulhado na penumbra da madrugada, com apenas o luar tímido atravessando as cortinas entreabertas, iluminando seu rosto tenso e marcado pela dor.“Caelum… o bebê está vindo!” A voz dela sai trêmula, ofegante, como se cada palavra fosse uma luta. “A minha bolsa estourou.”Num instante, minha mente desperta por completo, o sono abandonado como se nunca tivesse existido. Levanto em um salto para fora da cama, o coração disparado como se estivesse prestes a entrar em uma batalha. Minha primeira reação é ajudá-la a sentar-se na poltrona próxima, as mãos segurando seus braços com cuidado, embora minha mente esteja em alerta absoluto, cada fibra do meu ser se concentrando na segurança dela e do bebê.“As contrações estão vindo de quanto em quanto tempo?” pergunto, tentando manter a voz calma, mas o tom denuncia minha preocupação.Aria está ainda usando a
Observo Caelum balançar Alex com tanto cuidado e ternura que chega a me emocionar. Ele o embala como se carregasse o tesouro mais precioso do mundo, movendo-se suavemente enquanto canta uma canção de ninar que parece preencher todo o quarto com uma calma quase sobrenatural. O som de sua voz é baixo e melodioso, carregado de uma doçura inesperada que o torna ainda mais fascinante. O ambiente ao nosso redor é acolhedor; o quarto de Alex é decorado em tons suaves de azul e cinza, com móveis de madeira clara e uma poltrona ao lado do berço. Pequenos detalhes, como o móbile com estrelas pendurado acima do berço e as prateleiras com livros infantis, fazem do espaço um refúgio de tranquilidade.Meu coração se aquece ao vê-los juntos. Caelum tem sido mais do que eu jamais imaginei. Durante toda a gestação, ele foi o meu porto seguro, minha rocha em meio às ondas de incertezas e desafios que me cercavam. Agora, com Alex em seus braços, ele prova novamente que é tudo o que meu filho e eu precisa
Minha respiração está ofegante, sinto os braços firmes e fortes de Alexander abaixo de mim, me abraçando pelos ombros.Deito minha cabeça em seu peitoral, me sentindo segura e feliz com esse momento após o sexo. Nada poderia ficar mais perfeito do que isso. O quarto exala a nossa paixão, eu observo a luz da tarde invadindo pela cortina, dançando pela cama bagunçada.“Aria, eu preciso conversar com você” Alexander diz de repente, sua voz grossa e rouca, soa com pesar.Levanto o meu corpo e giro minha cabeça para olhá-lo, percebo em seus olhos azuis-escuros iguais o oceano de madrugada, profundo e misterioso, carregar algo que o está correndo.“Sim, meu amor, o que foi?” incentivo, passo a mão por uma mecha do cabelo castanho ondulado dele, algo que sempre me trouxe paz de fazer.Porém, Alexander segura a minha mão e afasta do seu rosto, ele senta na cama e respira fundo, eu olho para ele com preocupação, sem entender o que está acontecendo.“Não está dando certo, Aria” Alexander anunci
Minha última noite como um homem livre e solteiro. O pensamento de que amanhã a essa hora estarei casado, me causa enjoo. Ando pelas ruas do meu país sem saber exatamente o que fazer com o meu último dia de liberdade. Sei que o casamento será a salvação para o reino, pelo menos, é o que eu torço que seja.Meus pensamentos são avulsos quando entro no bar, sei que as roupas simplórias que estou usando me ajudara a mesclar com os plebeus. Afinal, está sendo anunciado em todos os lugares o meu casamento, mesmo eu sendo um rei recluso que tenta sempre fugir dos holofotes. Com as roupas simplórias e um feitiço de camuflagem, tenho uma noite tranquila pela frente.Até que eu a avisto e sinto o seu cheiro. Meu lado lycan fica eufórico com o cheiro da humana, algo que nunca aconteceu antes. O cheiro dela é impregnante, avassalador e, ao mesmo tempo, exótico. Me aproximo dela como se ela fosse o sol e eu tivesse que orbitar em sua direção.Assim que me sento ao seu lado, a jovem não esboça nenh