Capítulo 139 Anastasia Quando finalmente saí do banheiro, meus olhos estavam inchados de tanto chorar, e meu corpo ainda tremia de exaustão. O quarto estava em silêncio absoluto, mas Yuri não estava mais lá. A cama parecia fria e desarrumada, os lençóis ainda manchados caídos sobre a cama, como um lembrete cruel do que tinha acontecido. Suspirei profundamente, puxei o lençol limpo do armário e ajeitei a cama, tentando ignorar a dor física e emocional. Enfiei aquele lençol de baixo da pia do banheiro, não queria que mais ninguém visse aquilo. Lavei até sair, com pressa agora. Deitei-me, exausta, e logo fui vencida pelo sono, mesmo que minha mente ainda estivesse inquieta. Quando abri os olhos novamente, o sol já começava a iluminar o quarto através das cortinas entreabertas. Virei para o lado, mas Yuri não estava na cama. Por um momento, um pânico silencioso tomou conta de mim. Será que ele tinha ido embora? Levantei-me rapidamente, vesti uma camiseta larga e calç
Capítulo 140 Anastasia Saí do quarto quase correndo, como se a distância de Yuri pudesse aliviar o peso que eu sentia no peito. Meu corpo ainda tremia, e minha mente estava à beira de um colapso. Tudo o que eu queria era uma pessoa em quem pudesse confiar, alguém que me ouvisse sem me julgar. Minha mãe era a única opção. Apesar de não conseguir mais falar, ela sempre tinha um jeito de me acalmar. Caminhei apressada pelo corredor, subindo as escadas até o quarto dela. Precisava conversar, desabafar, pedir ajuda para entender tudo o que estava acontecendo. Ela nunca me explicou nada dessas coisas, eu queria entender, e saber porque Yuri me machucou depois que casamos. Quando cheguei à porta, ela estava entreaberta. Respirei fundo, tentando reunir coragem para entrar. Mas, antes que pudesse bater, ouvi sua risada suave vinda de dentro do quarto. Inclinei-me para espiar pela fresta e vi minha mãe sentada na cama, sorrindo enquanto ouvia Ivete fazendo brincadeiras. As d
Capítulo 141 Anastasia Depois do que aconteceu, o sono parecia um luxo inalcançável. O que mais me incomodava não era a forma como Yuri havia decidido lidar com a situação, mas o fato de que ele simplesmente me ignorou depois. Era como se minha presença não significasse nada para ele. Passei horas deitada, observando sua respiração estável enquanto o sono o dominava. Cada movimento tranquilo dele contrastava com a tempestade dentro de mim. Eu queria gritar, chacoalhá-lo, obrigá-lo a me ouvir, mas, ao mesmo tempo, não sabia o que exatamente queria dizer. Quando o amanhecer finalmente chegou, levantei-me antes que ele despertasse. Não queria ser a primeira a falar com ele, ainda sentia a queimadura de sua indiferença da noite anterior. Fui para o banheiro e me preparei para descer, esperando que, ao menos durante o café da manhã, ele estivesse disposto a conversar. Na cozinha, o cheiro de pão fresco e café preenchia o ambiente. Nazar estava na mesa, junto com Ivete
Capítulo 142Anastasia Os dias foram passando, e só fui conhecendo a frieza de Yuri. Ele parecia outro, principalmente pelo fato de estar treinando tiros, defesa corporal e ataque com os homens do meu irmão.Ele mal me olha, e quando olha é para mexer no seu pênis sozinho, e não tenho coragem de dizer nada.Hoje é o dia em que Alexei e Malu voltam de viagem e fico pensando em como será minha vida agora, espero que com a Malu aqui eu tenha algo pra fazer, pelo menos sei que posso conversar.Mesmo com a casa sendo invadida, Yuri conteve e resolveu o que precisava, eu só fiquei olhando de longe. Parece que me trata como um soldado do meu irmão, me sinto o Nazar na vida dele.Minha cunhada quando me viu, logo percebeu que algo estava errado, e na verdade... Eu estava louca para contar tudo pra ela. Assim que entrou no meu quarto, desabei, contei tudo, e em detalhes.— Minha querida, mas deixa eu ver se entendi. Ele te machucou, e a briga foi por isso, mas não te bateu? — mexi a cabeça ne
Capítulo 1 Maria Luíza Duarte Desci as escadas de casa correndo, com um sorriso no rosto e um envelope na mão. Eu queria surpreender o Marco, contar sobre o laudo médico e como os resultados foram bons. A porta de Marco estava apenas encostada. Coloquei a mão na maçaneta e a abri devagar. Meu coração acelerou imediatamente. — Marco? — Uma dor aguda atravessou meu peito. Marco estava ali... completamente nu, sobre outra mulher, que gemia enquanto se agarrava ao pescoço dele. No mesmo sofá onde eu estive ontem, onde ele tentou me tocar, mesmo sabendo que era um dos soldados do meu pai, e eu poderia ser exilada por isso. A cena ficou gravada em minha mente. Ele parecia tão satisfeito com ela. Ouvi seus gemidos de prazer quando ele se afundou entre suas pernas, e aquilo queimou dentro de mim. Amassei o envelope na mão e joguei com força em Marco, e ele se levantou num salto, surpreso. — MALU? CO... COMO VEIO PARAR AQUI? — gritou, ainda nu, enquanto avançava na minha dire
Capítulo 2 Maria Luíza Duarte — Vou enviar a passagem de avião amanhã pra você mais tarde, porque preciso voltar hoje pra Rússia. A frase de Alexei apareceu na minha mente. — Amanhã? — sussurrei, tremendo inteira, e caminhei em direção ao meu destino. Fui para os fundos da propriedade do meu pai e tirei apenas os sapatos, antes de pular no lago, que de acordo com meu tratamento, era uma das coisas que poderia aplacar um pouco da minha agonia, agora. Me sinto confortável, me sinto calma. De repente, mãos fortes me puxaram com tudo da água assim que atravessei o lago, e senti meu corpo arranhar na terra. — Que porra, mulher! Eu nem havia ido embora e você se jogou na água como uma qualquer? Saia daqui imediatamente! Se um dos meus homens te ver com essa roupa grudada no corpo, arcará com as consequências! — era Alexei, estava furioso. “Ele não foi embora?“ Minha respiração começou a falhar, rápida e curta. O coração descompassado batia tão forte que parecia querer ra
CAPÍTULO 3 Maria Luíza Duarte Ao chegar no quarto, fui amparada pela minha mãe e levada até o chuveiro do banheiro. Esse é o lugar que normalmente passo horas. A água escorria pelo meu corpo. O calor do abraço da minha mãe misturado com a textura da água, era o único conforto naquele momento, amenizando a minha angústia e o meu desespero. Muitas coisas aconteceram de uma vez só, estava difícil de assimilar. Ela sabia que palavras não trariam solução, e isso que nem imagina que também fui enganada por Marco, mas sua presença sempre conseguiu amenizar as tempestades dentro de mim. Ficamos ali, abraçadas e vestidas, até que as lágrimas secaram e meu coração encontrou um ritmo mais calmo. — Você é forte, filha — minha mãe disse suavemente, passando a mão pelos meus cabelos. — Só quero que saiba disso. Eu sabia que precisava ser forte. A vida inteira fui preparada para os acordos que moldavam nossa família, e embora soubesse que não teria como escapar do des
CAPÍTULO 4 Maria Luíza Duarte Meu coração batia descompassado, como se fosse saltar do peito. O avião balançava cada vez mais, os gritos ecoavam por todos os lados, e a minha visão começou a embaçar. As luzes piscavam descontroladas, e a única coisa que conseguia sentir era o medo crescendo dentro de mim. “Eu não posso morrer aqui... Não agora.” — DROGA, ALEXEI! EU MENTI, NÃO QUERO MORRER, EU ME CASO COM VOCÊ! — Gritei com o choque, segurando firme na poltrona. Tentei respirar fundo, mas meus pulmões pareciam não obedecer. O pânico subiu à minha garganta, as mãos tremiam, e eu me vi sem controle sobre o que acontecia ao meu redor. As paredes da cabine pareciam se fechar, e minha visão começou a escurecer. A crise de ansiedade estava voltando a dar sinais... senti a dor no peito, a falta de ar, o pânico, aquela sensação de que estou infartando, uma angústia muito forte... caramba! Um homem alto, de jaleco branco, se aproximou rapidamente de mim. Ele se ajoelhou ao