Capítulo 140 Anastasia Saí do quarto quase correndo, como se a distância de Yuri pudesse aliviar o peso que eu sentia no peito. Meu corpo ainda tremia, e minha mente estava à beira de um colapso. Tudo o que eu queria era uma pessoa em quem pudesse confiar, alguém que me ouvisse sem me julgar. Minha mãe era a única opção. Apesar de não conseguir mais falar, ela sempre tinha um jeito de me acalmar. Caminhei apressada pelo corredor, subindo as escadas até o quarto dela. Precisava conversar, desabafar, pedir ajuda para entender tudo o que estava acontecendo. Ela nunca me explicou nada dessas coisas, eu queria entender, e saber porque Yuri me machucou depois que casamos. Quando cheguei à porta, ela estava entreaberta. Respirei fundo, tentando reunir coragem para entrar. Mas, antes que pudesse bater, ouvi sua risada suave vinda de dentro do quarto. Inclinei-me para espiar pela fresta e vi minha mãe sentada na cama, sorrindo enquanto ouvia Ivete fazendo brincadeiras. As d
Capítulo 141 Anastasia Depois do que aconteceu, o sono parecia um luxo inalcançável. O que mais me incomodava não era a forma como Yuri havia decidido lidar com a situação, mas o fato de que ele simplesmente me ignorou depois. Era como se minha presença não significasse nada para ele. Passei horas deitada, observando sua respiração estável enquanto o sono o dominava. Cada movimento tranquilo dele contrastava com a tempestade dentro de mim. Eu queria gritar, chacoalhá-lo, obrigá-lo a me ouvir, mas, ao mesmo tempo, não sabia o que exatamente queria dizer. Quando o amanhecer finalmente chegou, levantei-me antes que ele despertasse. Não queria ser a primeira a falar com ele, ainda sentia a queimadura de sua indiferença da noite anterior. Fui para o banheiro e me preparei para descer, esperando que, ao menos durante o café da manhã, ele estivesse disposto a conversar. Na cozinha, o cheiro de pão fresco e café preenchia o ambiente. Nazar estava na mesa, junto com Ivete
Capítulo 142Anastasia Os dias foram passando, e só fui conhecendo a frieza de Yuri. Ele parecia outro, principalmente pelo fato de estar treinando tiros, defesa corporal e ataque com os homens do meu irmão.Ele mal me olha, e quando olha é para mexer no seu pênis sozinho, e não tenho coragem de dizer nada.Hoje é o dia em que Alexei e Malu voltam de viagem e fico pensando em como será minha vida agora, espero que com a Malu aqui eu tenha algo pra fazer, pelo menos sei que posso conversar.Mesmo com a casa sendo invadida, Yuri conteve e resolveu o que precisava, eu só fiquei olhando de longe. Parece que me trata como um soldado do meu irmão, me sinto o Nazar na vida dele.Minha cunhada quando me viu, logo percebeu que algo estava errado, e na verdade... Eu estava louca para contar tudo pra ela. Assim que entrou no meu quarto, desabei, contei tudo, e em detalhes.— Minha querida, mas deixa eu ver se entendi. Ele te machucou, e a briga foi por isso, mas não te bateu? — mexi a cabeça ne
Capítulo 143 Anastasia Fiquei parada diante da porta do banheiro, meus pensamentos em guerra. Será que eu deveria entrar? E se ele me mandasse embora? E se a irritação dele aumentasse? Mas também... e se esse fosse o momento de tentar algo diferente, de mostrar que eu estava disposta a me aproximar? Respirei fundo, tentando acalmar o turbilhão dentro de mim, e girei a maçaneta devagar. O vapor do chuveiro já preenchia o ambiente, e o som da água caindo abafava meus passos. Yuri estava de costas para mim, os ombros largos tensos, enquanto esfregava o rosto com as mãos. Ele não percebeu quando entrei, mas minha presença não demoraria a ser notada. Tomei coragem e falei, minha voz saiu baixa: — Posso... posso te ajudar? Ele se virou, o olhar surpreso por um breve momento antes de se tornar novamente frio. — O que você está fazendo aqui, Anastasia? Engoli em seco, sentindo o peso da tensão entre nós. — Só quero ajudar. Por favor, deixa eu fazer algo por
Capítulo 144 Anastasia A água ainda caía sobre nós. Yuri não disse mais nada. Apenas me olhou de forma intensa, seus olhos cor de mel, estavam escuros percorrendo cada detalhe do meu corpo, como se estivesse me marcando ou memorizando. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ele segurou minha cintura com uma força que me fez arfar, mas que não me afastou. Pelo contrário, aquele toque firme me fez querer mais, me fez aceitar o homem que ele era agora, mesmo que fosse tão diferente daquele Yuri de antes. Não houve tempo para responder sua pergunta. Yuri me ergueu com facilidade, colocando minhas pernas ao redor da sua cintura. Meu corpo estava colado ao dele, minha pele queimando sob o calor da água e da sua proximidade. Seus olhos não saíam dos meus, fixos, intensos, como se estivessem me desafiando a recuar. Mas eu não recuei. Quando ele finalmente me beijou, não havia nada de gentil naquele gesto. Sua boca tomou a minha com uma urgência quase desesperada,
Capítulo 145YuriMinha vida mudou completamente em um mês.Um mês. Parece pouco tempo para um homem perder tudo o que conhecia e, ao mesmo tempo, ser obrigado a se moldar ao que não entende. Eu nunca quis fazer parte disso. Da máfia. Do poder. Das sombras que cercavam meu pai, Vladislav. Passei a maior parte da minha vida sem saber no que ele estava envolvido. Era mais fácil assim, ignorar as coisas que se escondiam nos cantos da nossa casa, os sussurros nos corredores, as pessoas que desapareciam.Mas tudo desabou quando Don Alexei apareceu entre eu e Ana.Eu sabia que meu pai tinha feito algo errado — algo imperdoável, algo grande. Só não esperava que a consequência fosse a sua morte, e a minha sentença. Porque é isso que este casamento com Anastasia representa: uma sentença. Não foi uma escolha por felicidade, foi a escolha correta, simples assim.Não por ela. Anastasia... Ela é um mistério. Complexa, confusa, linda. Quando a vi pela primeira vez, não imaginava o quanto ela bagunç
Capítulo 146 Yuri Ser mafioso não é tão simples quanto apontar uma arma e apertar o gatilho. Eu pensei que era isso. Que tudo se resumia a intimidar, bater, matar. Mas não. Existem regras, códigos, formas de fazer com que até mesmo o mais cruel dos atos pareça uma decisão calculada e limpa. E quem está me ensinando tudo isso é Nazar, o braço direito de Alexei. Um desgraçado frio, metódico, e, honestamente, alguém que me faz querer vomitar toda vez que abre a boca. — Não é só matar, Yuri. É como você mata. Sobre quem você deixa viver para espalhar a mensagem. — Nazar gesticulava com a calma de um professor, enquanto limpava as unhas com a ponta de uma faca. — Tudo tem uma consequência. Cada vida tirada é um movimento no tabuleiro. O "tabuleiro". Ele adorava essa metáfora. Como se estivéssemos jogando um maldito jogo de xadrez, e não lidando com vidas humanas. Hoje, ele me levou para um depósito abandonado, onde um infeliz estava amarrado a uma cadeira. Um devedor.
Capítulo 147 Anastasia Kim Quando Yuri entrou no quarto, algo dentro de mim se quebrou. Ele parecia um homem arrastado por uma tempestade. Não era apenas o sangue seco nas roupas, nas mãos... ou o olhar vazio nos olhos; era a forma como ele se movia, como se estivesse carregando o peso do mundo. Tentei falar com ele, entender o que havia acontecido, mas ele simplesmente se esquivou. O passo para trás quando tentei beijá-lo foi mais doloroso do que qualquer resposta fria que ele pudesse ter dado. — Não agora. — Ele disse, e foi tudo. Vi-o desaparecer no banheiro e ouvi a porta trancando atrás dele. Fiquei ali, parada por alguns instantes, o coração apertado. Eu conhecia esse mundo. Sabia o que ele provavelmente tinha feito, ou o que tinham feito ele fazer. Yuri sempre foi forte, mas também tinha um lado que o tornava diferente. Ele sentia as coisas profundamente, e esse lado, eu temia, poderia destruí-lo. Sentei-me no chão, encostada à porta do banheiro, ouvindo o s