Capítulo 333 Tatiana Acordo sentindo o calor aconchegante do corpo de Hassan ao meu lado. O quarto ainda está silencioso, só ouço o som suave de sua respiração. Meu coração se enche de felicidade ao vê-lo ali, sereno, com os traços fortes relaxados pelo sono. Nunca imaginei que me sentiria tão segura ao lado de alguém, mas Hassan tem esse efeito sobre mim. Viro um pouco para o lado, sem pressa de sair da cama, apenas aproveitando o momento. Ele se mexe, resmunga algo baixinho e, depois de alguns segundos, seus olhos escuros abrem preguiçosamente. — Bom dia. — Sua voz ainda está rouca de sono, e um sorriso aparece em seus lábios. — Bom dia meu senhor. — Respondo, sorrindo de volta. Ele se estica um pouco e passa a mão pelo rosto antes de me puxar para perto, colando nossos corpos sob os lençóis. Meu coração acelera com o toque dele. — Acho que deveríamos dar uma olhada em Aziza hoje. — Ele comenta, ainda com a voz arrastada pelo sono. — Quero ver como ela está. Co
Capítulo 334Maria LuízaA viagem de volta para a Rússia foi tranquila, apesar do cansaço de um voo longo com três bebês. Nazar e Neide ficaram nos Emirados Árabes para ajudar Tatiana e Hassan no início do projeto, e confesso que a casa parece um pouco mais vazia sem eles. Mas, ao mesmo tempo, estar de volta traz um sentimento de conforto.Assim que entro no quarto, ouço um choro familiar e sorrio instintivamente.— Minha fofurinha está com fome — digo para Alexei, já indo em direção ao berço onde Beatrice se remexe, com o rostinho vermelho de tanto chorar.Alexei me observa com um olhar satisfeito e se aproxima, cruzando os braços.— Fico feliz em ver que você já não sofre mais com gritos, choro. Antigamente, você entrava em crise sempre que ouvia… — Ele para por um segundo, pensativo, e depois completa com um tom carinhoso — Você está mais forte, Malu.Pego Beatrice no colo e a levo até a poltrona ao lado da janela. O tempo frio da Rússia contrasta com o calor do deserto, mas a sens
Capítulo 335 Maria Luíza (1 mês depois) A mesa estava impecavelmente arrumada. A porcelana fina refletia o brilho suave das velas, e o aroma dos pratos quentes se espalhava pela casa. Eu queria que este jantar fosse especial. Nazar e Neide estavam voltando da viagem dos Emirados Árabes, e depois de tudo que vivemos, nada parecia mais precioso do que estar juntos, em paz. Alexei estava ao meu lado, segurando minha mão discretamente sob a mesa. À nossa frente, Yuri e Anastasia trocavam sorrisos enquanto ajudavam Sofia a cortar um pedaço de carne. Beatrice dormia tranquila no bercinho ao lado de Andrey, e Richard, filho de Jones, olhava tudo com curiosidade. Nazar foi o último a entrar, e quando o fez, a casa se encheu de energia. Seu sorriso era genuíno, e seus olhos brilhavam ao olhar para todos nós reunidos. Neide vinha logo atrás, e pude ver como algo nela também havia mudado. Ela parecia mais confiante, mais à vontade consigo mesma. — Que banquete, hein? — N
Capítulo 336 Maria Luíza Estava ficando tarde, quando cada um começou a se recolher. Jones acabou deixando o Richard passar a noite aqui, o menino ficou sentado com Sofia numa mesinha fazendo desenhos. — Ele parece um garoto tranquilo, Alexei... — comentei. — Sim, Sofia também está bem ao lado dele — Neide e Karen se aproximaram e levaram os gêmeos para o quarto. Encostei no ombro de Alexei. — Obrigada por tudo, meu amor... Você mudou muito a minha vida e me ajudou com meus transtornos. Me deu uma família, Sofia que é como se tivesse nascido da minha barriga. — Você também mudou tudo, Malu. Só que eu estava pensando, não vamos contar a Sofia que a mãe dela de sangue é outra. Estamos tão bem assim. — Eu acho que podemos esperar que ela entenda melhor, então explicamos. — É melhor... — ouvi um barulho suave do lado de fora da casa e virei pra ele. — Ah, é o pai da Tatiana. — O que aconteceu com ele? — Está limpando os vidros sob a supervisão
Capítulo 1 Maria Luíza Duarte Desci as escadas de casa correndo, com um sorriso no rosto e um envelope na mão. Eu queria surpreender o Marco, contar sobre o laudo médico e como os resultados foram bons. A porta de Marco estava apenas encostada. Coloquei a mão na maçaneta e a abri devagar. Meu coração acelerou imediatamente. — Marco? — Uma dor aguda atravessou meu peito. Marco estava ali... completamente nu, sobre outra mulher, que gemia enquanto se agarrava ao pescoço dele. No mesmo sofá onde eu estive ontem, onde ele tentou me tocar, mesmo sabendo que era um dos soldados do meu pai, e eu poderia ser exilada por isso. A cena ficou gravada em minha mente. Ele parecia tão satisfeito com ela. Ouvi seus gemidos de prazer quando ele se afundou entre suas pernas, e aquilo queimou dentro de mim. Amassei o envelope na mão e joguei com força em Marco, e ele se levantou num salto, surpreso. — MALU? CO... COMO VEIO PARAR AQUI? — gritou, ainda nu, enquanto avançava na minha dire
Capítulo 2 Maria Luíza Duarte — Vou enviar a passagem de avião amanhã pra você mais tarde, porque preciso voltar hoje pra Rússia. A frase de Alexei apareceu na minha mente. — Amanhã? — sussurrei, tremendo inteira, e caminhei em direção ao meu destino. Fui para os fundos da propriedade do meu pai e tirei apenas os sapatos, antes de pular no lago, que de acordo com meu tratamento, era uma das coisas que poderia aplacar um pouco da minha agonia, agora. Me sinto confortável, me sinto calma. De repente, mãos fortes me puxaram com tudo da água assim que atravessei o lago, e senti meu corpo arranhar na terra. — Que porra, mulher! Eu nem havia ido embora e você se jogou na água como uma qualquer? Saia daqui imediatamente! Se um dos meus homens te ver com essa roupa grudada no corpo, arcará com as consequências! — era Alexei, estava furioso. “Ele não foi embora?“ Minha respiração começou a falhar, rápida e curta. O coração descompassado batia tão forte que parecia querer ra
CAPÍTULO 3 Maria Luíza Duarte Ao chegar no quarto, fui amparada pela minha mãe e levada até o chuveiro do banheiro. Esse é o lugar que normalmente passo horas. A água escorria pelo meu corpo. O calor do abraço da minha mãe misturado com a textura da água, era o único conforto naquele momento, amenizando a minha angústia e o meu desespero. Muitas coisas aconteceram de uma vez só, estava difícil de assimilar. Ela sabia que palavras não trariam solução, e isso que nem imagina que também fui enganada por Marco, mas sua presença sempre conseguiu amenizar as tempestades dentro de mim. Ficamos ali, abraçadas e vestidas, até que as lágrimas secaram e meu coração encontrou um ritmo mais calmo. — Você é forte, filha — minha mãe disse suavemente, passando a mão pelos meus cabelos. — Só quero que saiba disso. Eu sabia que precisava ser forte. A vida inteira fui preparada para os acordos que moldavam nossa família, e embora soubesse que não teria como escapar do des
CAPÍTULO 4 Maria Luíza Duarte Meu coração batia descompassado, como se fosse saltar do peito. O avião balançava cada vez mais, os gritos ecoavam por todos os lados, e a minha visão começou a embaçar. As luzes piscavam descontroladas, e a única coisa que conseguia sentir era o medo crescendo dentro de mim. “Eu não posso morrer aqui... Não agora.” — DROGA, ALEXEI! EU MENTI, NÃO QUERO MORRER, EU ME CASO COM VOCÊ! — Gritei com o choque, segurando firme na poltrona. Tentei respirar fundo, mas meus pulmões pareciam não obedecer. O pânico subiu à minha garganta, as mãos tremiam, e eu me vi sem controle sobre o que acontecia ao meu redor. As paredes da cabine pareciam se fechar, e minha visão começou a escurecer. A crise de ansiedade estava voltando a dar sinais... senti a dor no peito, a falta de ar, o pânico, aquela sensação de que estou infartando, uma angústia muito forte... caramba! Um homem alto, de jaleco branco, se aproximou rapidamente de mim. Ele se ajoelhou ao