Capítulo 146 Yuri Ser mafioso não é tão simples quanto apontar uma arma e apertar o gatilho. Eu pensei que era isso. Que tudo se resumia a intimidar, bater, matar. Mas não. Existem regras, códigos, formas de fazer com que até mesmo o mais cruel dos atos pareça uma decisão calculada e limpa. E quem está me ensinando tudo isso é Nazar, o braço direito de Alexei. Um desgraçado frio, metódico, e, honestamente, alguém que me faz querer vomitar toda vez que abre a boca. — Não é só matar, Yuri. É como você mata. Sobre quem você deixa viver para espalhar a mensagem. — Nazar gesticulava com a calma de um professor, enquanto limpava as unhas com a ponta de uma faca. — Tudo tem uma consequência. Cada vida tirada é um movimento no tabuleiro. O "tabuleiro". Ele adorava essa metáfora. Como se estivéssemos jogando um maldito jogo de xadrez, e não lidando com vidas humanas. Hoje, ele me levou para um depósito abandonado, onde um infeliz estava amarrado a uma cadeira. Um devedor.
Capítulo 147 Anastasia Kim Quando Yuri entrou no quarto, algo dentro de mim se quebrou. Ele parecia um homem arrastado por uma tempestade. Não era apenas o sangue seco nas roupas, nas mãos... ou o olhar vazio nos olhos; era a forma como ele se movia, como se estivesse carregando o peso do mundo. Tentei falar com ele, entender o que havia acontecido, mas ele simplesmente se esquivou. O passo para trás quando tentei beijá-lo foi mais doloroso do que qualquer resposta fria que ele pudesse ter dado. — Não agora. — Ele disse, e foi tudo. Vi-o desaparecer no banheiro e ouvi a porta trancando atrás dele. Fiquei ali, parada por alguns instantes, o coração apertado. Eu conhecia esse mundo. Sabia o que ele provavelmente tinha feito, ou o que tinham feito ele fazer. Yuri sempre foi forte, mas também tinha um lado que o tornava diferente. Ele sentia as coisas profundamente, e esse lado, eu temia, poderia destruí-lo. Sentei-me no chão, encostada à porta do banheiro, ouvindo o s
Capítulo 148 Yuri O sono se recusava a vir. Por mais que eu tentasse, tudo o que conseguia eram lampejos de imagens confusas, rostos contorcidos em dor, sangue escorrendo entre meus dedos. A cada vez que meus olhos se fechavam, o pesadelo me puxava de volta. Eu via as expressões deles, ouvia os gritos, sentia o cheiro metálico do sangue... e então acordava, com o peito subindo e descendo rápido, o coração martelando como se estivesse prestes a explodir. Passei horas assim, até desistir de lutar contra o que parecia inevitável. Com um suspiro cansado, levantei-me da cama, tentando não acordar Anastasia. Olhei para ela por um momento: mesmo dormindo, ela parecia inquieta, como se sentisse minha agitação. Caminhei até o banheiro em silêncio, fechei a porta e liguei o chuveiro. A água quente escorria pelo meu corpo, mas não era suficiente. Peguei o sabonete e a esponja, esfregando minha pele com força, como se tentasse arrancar algo que estivesse impregnado em mim. Eu sabi
Capítulo 149 Anastasia A alegria era quase impossível de conter. Quando saímos da casa, e vi Yuri caminhar em direção ao carro clássico que ele escolheu, senti meu coração acelerar. Era a primeira vez que saía assim, sozinha, sem ser acompanhada por um motorista ou escolta familiar. Dessa vez era diferente. Eu estava com ele, e só isso importava. Mal consegui esperar Yuri abrir a porta. Quase pulei para dentro do carro, sentando-me no banco e batendo as mãos nas pernas, animada. Ele entrou no carro com mais calma, ajustou o retrovisor e ligou o motor, que rugiu com um som potente e suave. Eu estava tão empolgada que mal conseguia ficar quieta. — Ai meu Deus! Jura mesmo que vamos sair nesse carrão? — Perguntei novamente, me ajeitando no banco. — Pra onde vai me levar, Yuri? Ele apenas sorriu, lançando-me um olhar de canto, sem revelar nada. — Você vai ver. — Respondeu, enigmático. Bufei, mas logo a excitação tomou conta de novo. Enquanto ele dirigia, encostei a c
Capítulo 150 AnastasiaDepois do incidente com a garçonete, tudo parecia voltar ao normal, ou quase. Sentei-me ao lado de Yuri, ainda um pouco atordoada. Ele permaneceu em pé por um momento, observando o movimento ao redor, como se quisesse garantir que nada mais saísse do controle. Quando finalmente se sentou, fez um discreto movimento com os dedos, e, quase instantaneamente, o gerente veio apressado até nós.— Senhor Yuri, está tudo conforme desejado? — Perguntou o homem, quase ofegante.— Quero saber do doce. — Disse Yuri, com a tranquilidade típica dele, mas sem perder o tom de autoridade. — Aquele especial que pedi para o confeiteiro criar.O gerente hesitou por um momento, lançando um olhar nervoso para mim, antes de voltar a encarar Yuri.— Temos uma versão pronta, senhor. Ainda estamos ajustando os detalhes, mas acredito que o senhor e sua esposa irão gostar. Vou mandar trazer agora mesmo.Olhei para Yuri, confusa. Doce especial? Algo que ele pediu para criarem? Eu não fazia
Capítulo 1 Maria Luíza Duarte Desci as escadas de casa correndo, com um sorriso no rosto e um envelope na mão. Eu queria surpreender o Marco, contar sobre o laudo médico e como os resultados foram bons. A porta de Marco estava apenas encostada. Coloquei a mão na maçaneta e a abri devagar. Meu coração acelerou imediatamente. — Marco? — Uma dor aguda atravessou meu peito. Marco estava ali... completamente nu, sobre outra mulher, que gemia enquanto se agarrava ao pescoço dele. No mesmo sofá onde eu estive ontem, onde ele tentou me tocar, mesmo sabendo que era um dos soldados do meu pai, e eu poderia ser exilada por isso. A cena ficou gravada em minha mente. Ele parecia tão satisfeito com ela. Ouvi seus gemidos de prazer quando ele se afundou entre suas pernas, e aquilo queimou dentro de mim. Amassei o envelope na mão e joguei com força em Marco, e ele se levantou num salto, surpreso. — MALU? CO... COMO VEIO PARAR AQUI? — gritou, ainda nu, enquanto avançava na minha dire
Capítulo 2 Maria Luíza Duarte — Vou enviar a passagem de avião amanhã pra você mais tarde, porque preciso voltar hoje pra Rússia. A frase de Alexei apareceu na minha mente. — Amanhã? — sussurrei, tremendo inteira, e caminhei em direção ao meu destino. Fui para os fundos da propriedade do meu pai e tirei apenas os sapatos, antes de pular no lago, que de acordo com meu tratamento, era uma das coisas que poderia aplacar um pouco da minha agonia, agora. Me sinto confortável, me sinto calma. De repente, mãos fortes me puxaram com tudo da água assim que atravessei o lago, e senti meu corpo arranhar na terra. — Que porra, mulher! Eu nem havia ido embora e você se jogou na água como uma qualquer? Saia daqui imediatamente! Se um dos meus homens te ver com essa roupa grudada no corpo, arcará com as consequências! — era Alexei, estava furioso. “Ele não foi embora?“ Minha respiração começou a falhar, rápida e curta. O coração descompassado batia tão forte que parecia querer ra
CAPÍTULO 3 Maria Luíza Duarte Ao chegar no quarto, fui amparada pela minha mãe e levada até o chuveiro do banheiro. Esse é o lugar que normalmente passo horas. A água escorria pelo meu corpo. O calor do abraço da minha mãe misturado com a textura da água, era o único conforto naquele momento, amenizando a minha angústia e o meu desespero. Muitas coisas aconteceram de uma vez só, estava difícil de assimilar. Ela sabia que palavras não trariam solução, e isso que nem imagina que também fui enganada por Marco, mas sua presença sempre conseguiu amenizar as tempestades dentro de mim. Ficamos ali, abraçadas e vestidas, até que as lágrimas secaram e meu coração encontrou um ritmo mais calmo. — Você é forte, filha — minha mãe disse suavemente, passando a mão pelos meus cabelos. — Só quero que saiba disso. Eu sabia que precisava ser forte. A vida inteira fui preparada para os acordos que moldavam nossa família, e embora soubesse que não teria como escapar do des