Capítulo 154 Anastasia Malu abriu um sorriso satisfeito e se levantou, caminhando em direção ao corredor que levava aos quartos. Minha mãe, que estava por perto, percebeu a movimentação e decidiu nos acompanhar, curiosa e animada. Eu sentia que aquela situação estava ficando mais estranha a cada segundo, mas segui em frente, sem querer parecer desconfortável demais. Ao entrar no quarto de Malu, fiquei surpresa com a organização impecável. Tudo ali parecia sair de uma revista de moda: roupas impecavelmente dobradas, sapatos alinhados em uma prateleira de vidro e acessórios dispostos como se fossem joias. — Vamos ver... — Disse Malu, caminhando até o armário. Ela abriu uma das portas e puxou um vestido elegante, de tecido leve e tom cor de vinho. — Acho que isso vai ficar perfeito em você. Não é exagerado, mas realça sua figura. Olhei para o vestido e depois para Malu, tentando entender se aquilo era realmente algo que eu usaria. Mas, antes que pudesse recusar, Ivete int
Capítulo 155 Yuri (horas antes) A noite estava mais escura do que o habitual quando chegamos ao galpão abandonado. Nazar já estava lá, acompanhado por alguns dos homens de Alexei. A atmosfera era pesada. O único som que se ouvia era o estalar do fogo em um barril próximo, iluminando parcialmente o lugar. Alexei havia sido claro em sua ordem: tratar de um "problema". O homem acusado de traição aguardava no fundo daquele galpão velho, cercado por dois soldados que mais pareciam cães de guarda, esperando para serem soltos. Assim que entramos, no centro, acorrentado a uma cadeira, estava o homem acusado de traição. Ele tremia, mas mantinha a cabeça erguida, como se tentasse não demonstrar medo. Nazar me olhou com um sorriso que não chegava aos olhos, um misto de desafio e diversão cruel estampado no rosto. — Então, Yuri... Vamos ver do que você é capaz hoje. — Disse ele, com um tom que beirava a zombaria. — Alexei quer que você lide com isso. Mostre que tem estômago para
Capítulo 156 Yuri — Nada mal... — Murmurou Nazar novamente, com um sorriso satisfeito, embora seus olhos ainda estivessem arregalados, como se não acreditasse no que havia acabado de testemunhar. Ele esperava que eu hesitasse, que me recusasse. Mas, ao contrário, eu o assustei com minha frieza e a forma como levei tudo até o fim. Não porque eu quisesse, mas porque sabia que, naquele mundo, fraqueza era uma sentença de morte. Só não podia olhar para minhas mãos. — Terminamos aqui? — Perguntei, minha voz surpreendentemente firme, embora por dentro eu estivesse desmoronando. Nazar apenas assentiu, ainda em silêncio, e me virei, saindo do galpão sem olhar para trás. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, como se o sangue nas minhas roupas tivesse se tornado chumbo. Eu precisava respirar, precisava sair dali antes que perdesse completamente o controle. Ao chegar do lado de fora, o ar gelado da noite me atingiu, mas não trouxe o alívio que eu esperava. Encostei
Capítulo 157 Anastasia Kim Eu o abracei, sem dizer nada. Senti seus braços ao meu redor depois de um instante de hesitação, e ali ficamos, em silêncio, até que ele finalmente murmurou: — Sinto muito por te assustar. Eu não percebi que fiz isso. — Só... só não se esqueça de quem você é, Yuri. Pelo menos comigo. — Sussurrei contra seu peito, com a voz embargada. — Não deixe isso te destruir. — Com você não. Com você nada vai mudar, Ana. Eu prometo. Ele me apertou um pouco mais forte, como se aquela fosse a única maneira de manter-se inteiro. E, naquele abraço silencioso, eu soube que, pra mim, ele ainda era ele mesmo. Ainda que seu corpo e seu olhar me deixassem saber parte do que sentia, ele sempre é diferente comigo. — Você quer desistir, Yuri? — o puxei pelo ombro, olhei fundo nos olhos dele — Seja sincero, porque não estou brincando. Se você me disser que não quer nada disso, eu pressiono meu irmão, ameaço. Posso ficar grávida, o que acha? Ele vai te deixar um
Capítulo 1 Maria Luíza Duarte Desci as escadas de casa correndo, com um sorriso no rosto e um envelope na mão. Eu queria surpreender o Marco, contar sobre o laudo médico e como os resultados foram bons. A porta de Marco estava apenas encostada. Coloquei a mão na maçaneta e a abri devagar. Meu coração acelerou imediatamente. — Marco? — Uma dor aguda atravessou meu peito. Marco estava ali... completamente nu, sobre outra mulher, que gemia enquanto se agarrava ao pescoço dele. No mesmo sofá onde eu estive ontem, onde ele tentou me tocar, mesmo sabendo que era um dos soldados do meu pai, e eu poderia ser exilada por isso. A cena ficou gravada em minha mente. Ele parecia tão satisfeito com ela. Ouvi seus gemidos de prazer quando ele se afundou entre suas pernas, e aquilo queimou dentro de mim. Amassei o envelope na mão e joguei com força em Marco, e ele se levantou num salto, surpreso. — MALU? CO... COMO VEIO PARAR AQUI? — gritou, ainda nu, enquanto avançava na minha dire
Capítulo 2 Maria Luíza Duarte — Vou enviar a passagem de avião amanhã pra você mais tarde, porque preciso voltar hoje pra Rússia. A frase de Alexei apareceu na minha mente. — Amanhã? — sussurrei, tremendo inteira, e caminhei em direção ao meu destino. Fui para os fundos da propriedade do meu pai e tirei apenas os sapatos, antes de pular no lago, que de acordo com meu tratamento, era uma das coisas que poderia aplacar um pouco da minha agonia, agora. Me sinto confortável, me sinto calma. De repente, mãos fortes me puxaram com tudo da água assim que atravessei o lago, e senti meu corpo arranhar na terra. — Que porra, mulher! Eu nem havia ido embora e você se jogou na água como uma qualquer? Saia daqui imediatamente! Se um dos meus homens te ver com essa roupa grudada no corpo, arcará com as consequências! — era Alexei, estava furioso. “Ele não foi embora?“ Minha respiração começou a falhar, rápida e curta. O coração descompassado batia tão forte que parecia querer ra
CAPÍTULO 3 Maria Luíza Duarte Ao chegar no quarto, fui amparada pela minha mãe e levada até o chuveiro do banheiro. Esse é o lugar que normalmente passo horas. A água escorria pelo meu corpo. O calor do abraço da minha mãe misturado com a textura da água, era o único conforto naquele momento, amenizando a minha angústia e o meu desespero. Muitas coisas aconteceram de uma vez só, estava difícil de assimilar. Ela sabia que palavras não trariam solução, e isso que nem imagina que também fui enganada por Marco, mas sua presença sempre conseguiu amenizar as tempestades dentro de mim. Ficamos ali, abraçadas e vestidas, até que as lágrimas secaram e meu coração encontrou um ritmo mais calmo. — Você é forte, filha — minha mãe disse suavemente, passando a mão pelos meus cabelos. — Só quero que saiba disso. Eu sabia que precisava ser forte. A vida inteira fui preparada para os acordos que moldavam nossa família, e embora soubesse que não teria como escapar do des
CAPÍTULO 4 Maria Luíza Duarte Meu coração batia descompassado, como se fosse saltar do peito. O avião balançava cada vez mais, os gritos ecoavam por todos os lados, e a minha visão começou a embaçar. As luzes piscavam descontroladas, e a única coisa que conseguia sentir era o medo crescendo dentro de mim. “Eu não posso morrer aqui... Não agora.” — DROGA, ALEXEI! EU MENTI, NÃO QUERO MORRER, EU ME CASO COM VOCÊ! — Gritei com o choque, segurando firme na poltrona. Tentei respirar fundo, mas meus pulmões pareciam não obedecer. O pânico subiu à minha garganta, as mãos tremiam, e eu me vi sem controle sobre o que acontecia ao meu redor. As paredes da cabine pareciam se fechar, e minha visão começou a escurecer. A crise de ansiedade estava voltando a dar sinais... senti a dor no peito, a falta de ar, o pânico, aquela sensação de que estou infartando, uma angústia muito forte... caramba! Um homem alto, de jaleco branco, se aproximou rapidamente de mim. Ele se ajoelhou ao