Capítulo 159 Don Alexei Kim . O corredor estava barulhento. Vozes altas, passos apressados e o som abafado de uma porta fechando me fizeram largar o que estava fazendo. Peguei a pistola do coldre e caminhei até a origem do barulho. No caminho, dei de cara com Maria Luíza, segurando Sofia, que parecia assustada. — O que diabos está acontecendo aqui? — minha voz ecoou pelo corredor, silenciando tudo. Nazar, visivelmente irritado, parou no meio do caminho, respirando fundo antes de se virar para mim. — Don, foi essa maldita babá. Ela me enganou, ameaçou disparar o alarme, e quando fui ver, era mentira. Não dá pra confiar nela! — Nazar reclamou, claramente exaltado, apontando na direção do quarto da Neide. — Eu estava acalmando a Sofia, ela não gosta desses barulhos. — Malu falou e encarei Nazar. — Enganou você? Como assim? Foi você que a contratou, pedi para olhar minuciosamente o currículo — perguntei, estreitando os olhos. Nazar parecia envergonhado ao tentar exp
Capítulo 160 Anastasia Kim (No outro dia) Estranhei ao acordar e Yuri não estava. Isso só pode ser coisa do meu irmão, ele e meu pai foram assim a vida inteira, devem ter arrastado Yuri cedo pra treinar. Levantei e fui até a cozinha. Malu fez uma cara estranha ao me ver de moletom de novo. — Eu sei o que vai dizer, mas Yuri não está nos melhores dias. Ele nem notou que usei um vestido, ontem. Vai por mim. — Me defendi, antes mesmo do ataque. — Eu não falei nada, mocinha... Mas já que comentou... O vi sair com Alexei agora cedo, e ele parecia muito bem. Perguntei se ele gostou da sua roupa e ele disse que ficou linda — Malu falou e chamou minha atenção. — Que mentiroso! Ele nem viu! — franziu a sobrancelha e sentei na cadeira ao lado da minha mãe. Malu gargalhou. — Ai Ana... Eu perguntei se ele achou que o azul combinou com você... — arregalei os olhos — Ele disse que não era azul, que você deveria ter trocado antes dele chegar, porque estava com um vinho.
Capítulo 161 Yuri O som da agulha da máquina de tatuagem preenchia o ambiente, mas minha mente estava longe. Senti uma pontada de dor no braço, mas mantive a expressão impassível. Eu havia pedido a Alexei para marcar o brasão da máfia Kim na pele, um passo simbólico, um juramento silencioso de que agora estava completamente envolvido. Alexei observava tudo com atenção, mas seu semblante tranquilo mudou subitamente ao olhar o celular. Ele franziu a testa, digitou algo rapidamente, e quando a resposta veio, sua expressão ficou sombria. — O que foi? — perguntei, sentindo a tensão crescer no ar. O homem que terminou a tatuagem começou a limpar o local, mas eu só conseguia prestar atenção em Alexei. Sua expressão era diferente. Ele não me respondeu de imediato. Levantou-se da cadeira, encarando a tela com um olhar frio, e então murmurou: — Sumiram... Malu e Anastasia não estão mais no shopping, e ninguém sabe onde elas foram. Foi como se o chão tivesse desaparecido
Capítulo 1 Maria Luíza Duarte Desci as escadas de casa correndo, com um sorriso no rosto e um envelope na mão. Eu queria surpreender o Marco, contar sobre o laudo médico e como os resultados foram bons. A porta de Marco estava apenas encostada. Coloquei a mão na maçaneta e a abri devagar. Meu coração acelerou imediatamente. — Marco? — Uma dor aguda atravessou meu peito. Marco estava ali... completamente nu, sobre outra mulher, que gemia enquanto se agarrava ao pescoço dele. No mesmo sofá onde eu estive ontem, onde ele tentou me tocar, mesmo sabendo que era um dos soldados do meu pai, e eu poderia ser exilada por isso. A cena ficou gravada em minha mente. Ele parecia tão satisfeito com ela. Ouvi seus gemidos de prazer quando ele se afundou entre suas pernas, e aquilo queimou dentro de mim. Amassei o envelope na mão e joguei com força em Marco, e ele se levantou num salto, surpreso. — MALU? CO... COMO VEIO PARAR AQUI? — gritou, ainda nu, enquanto avançava na minha dire
Capítulo 2 Maria Luíza Duarte — Vou enviar a passagem de avião amanhã pra você mais tarde, porque preciso voltar hoje pra Rússia. A frase de Alexei apareceu na minha mente. — Amanhã? — sussurrei, tremendo inteira, e caminhei em direção ao meu destino. Fui para os fundos da propriedade do meu pai e tirei apenas os sapatos, antes de pular no lago, que de acordo com meu tratamento, era uma das coisas que poderia aplacar um pouco da minha agonia, agora. Me sinto confortável, me sinto calma. De repente, mãos fortes me puxaram com tudo da água assim que atravessei o lago, e senti meu corpo arranhar na terra. — Que porra, mulher! Eu nem havia ido embora e você se jogou na água como uma qualquer? Saia daqui imediatamente! Se um dos meus homens te ver com essa roupa grudada no corpo, arcará com as consequências! — era Alexei, estava furioso. “Ele não foi embora?“ Minha respiração começou a falhar, rápida e curta. O coração descompassado batia tão forte que parecia querer ra
CAPÍTULO 3 Maria Luíza Duarte Ao chegar no quarto, fui amparada pela minha mãe e levada até o chuveiro do banheiro. Esse é o lugar que normalmente passo horas. A água escorria pelo meu corpo. O calor do abraço da minha mãe misturado com a textura da água, era o único conforto naquele momento, amenizando a minha angústia e o meu desespero. Muitas coisas aconteceram de uma vez só, estava difícil de assimilar. Ela sabia que palavras não trariam solução, e isso que nem imagina que também fui enganada por Marco, mas sua presença sempre conseguiu amenizar as tempestades dentro de mim. Ficamos ali, abraçadas e vestidas, até que as lágrimas secaram e meu coração encontrou um ritmo mais calmo. — Você é forte, filha — minha mãe disse suavemente, passando a mão pelos meus cabelos. — Só quero que saiba disso. Eu sabia que precisava ser forte. A vida inteira fui preparada para os acordos que moldavam nossa família, e embora soubesse que não teria como escapar do des
CAPÍTULO 4 Maria Luíza Duarte Meu coração batia descompassado, como se fosse saltar do peito. O avião balançava cada vez mais, os gritos ecoavam por todos os lados, e a minha visão começou a embaçar. As luzes piscavam descontroladas, e a única coisa que conseguia sentir era o medo crescendo dentro de mim. “Eu não posso morrer aqui... Não agora.” — DROGA, ALEXEI! EU MENTI, NÃO QUERO MORRER, EU ME CASO COM VOCÊ! — Gritei com o choque, segurando firme na poltrona. Tentei respirar fundo, mas meus pulmões pareciam não obedecer. O pânico subiu à minha garganta, as mãos tremiam, e eu me vi sem controle sobre o que acontecia ao meu redor. As paredes da cabine pareciam se fechar, e minha visão começou a escurecer. A crise de ansiedade estava voltando a dar sinais... senti a dor no peito, a falta de ar, o pânico, aquela sensação de que estou infartando, uma angústia muito forte... caramba! Um homem alto, de jaleco branco, se aproximou rapidamente de mim. Ele se ajoelhou ao
CAPÍTULO 5 Don Alexei Kim — Don Alexei... desculpe interromper, mas perdemos o sinal do avião que traria sua noiva — paro de contar as armas no mesmo instante, olhando para meu soldado parado na porta. — Porra! Por que diabos perdemos o sinal do avião? Você não disse que estava tudo certo? Acabei de falar com Maria Luíza, merda! — joguei a última pistola na caixa, fechando com raiva. Em seguida, peguei meu celular para ligar pra ela. — Nenhum dos nossos homens estão atendendo, Don. Eu estou tentando ligar, mas não estou conseguindo, nem mesmo o médico atende — olhei com raiva para o soldado com vontade de explodir sua cabeça, e comecei a xingar no telefone: — Atende, porra! Pra perturbar me ligou agora mesmo, caralho! — a ligação nem chamava, estava desligado. “Você não vai escapar de mim, Maria Luíza, não vai!“ — Devemos mandar uma equipe pra Roma, Don? — respiro fundo. — Já localizaram o avião? — Deu algum problema no localizador, não fazemos ideia de onde