Capítulo 149 Anastasia A alegria era quase impossível de conter. Quando saímos da casa, e vi Yuri caminhar em direção ao carro clássico que ele escolheu, senti meu coração acelerar. Era a primeira vez que saía assim, sozinha, sem ser acompanhada por um motorista ou escolta familiar. Dessa vez era diferente. Eu estava com ele, e só isso importava. Mal consegui esperar Yuri abrir a porta. Quase pulei para dentro do carro, sentando-me no banco e batendo as mãos nas pernas, animada. Ele entrou no carro com mais calma, ajustou o retrovisor e ligou o motor, que rugiu com um som potente e suave. Eu estava tão empolgada que mal conseguia ficar quieta. — Ai meu Deus! Jura mesmo que vamos sair nesse carrão? — Perguntei novamente, me ajeitando no banco. — Pra onde vai me levar, Yuri? Ele apenas sorriu, lançando-me um olhar de canto, sem revelar nada. — Você vai ver. — Respondeu, enigmático. Bufei, mas logo a excitação tomou conta de novo. Enquanto ele dirigia, encostei a c
Capítulo 150 AnastasiaDepois do incidente com a garçonete, tudo parecia voltar ao normal, ou quase. Sentei-me ao lado de Yuri, ainda um pouco atordoada. Ele permaneceu em pé por um momento, observando o movimento ao redor, como se quisesse garantir que nada mais saísse do controle. Quando finalmente se sentou, fez um discreto movimento com os dedos, e, quase instantaneamente, o gerente veio apressado até nós.— Senhor Yuri, está tudo conforme desejado? — Perguntou o homem, quase ofegante.— Quero saber do doce. — Disse Yuri, com a tranquilidade típica dele, mas sem perder o tom de autoridade. — Aquele especial que pedi para o confeiteiro criar.O gerente hesitou por um momento, lançando um olhar nervoso para mim, antes de voltar a encarar Yuri.— Temos uma versão pronta, senhor. Ainda estamos ajustando os detalhes, mas acredito que o senhor e sua esposa irão gostar. Vou mandar trazer agora mesmo.Olhei para Yuri, confusa. Doce especial? Algo que ele pediu para criarem? Eu não fazia
Capítulo 151 Anastasia Depois da surpresa maravilhosa com o doce, achei que Yuri relaxaria, mas algo parecia o incomodar. Notei isso assim que ele olhou para a entrada do café. Seus olhos ficaram fixos em um ponto qualquer, e sua expressão mudou para algo mais sombrio, distante. Antes que eu pudesse perguntar, ele se virou discretamente para o gerente, que ainda estava por perto, e fez um sinal quase imperceptível com a cabeça. O gerente se aproximou, e Yuri inclinou-se levemente, falando baixo o suficiente para que eu não conseguisse ouvir. No entanto, eu vi o gerente empalidecer à medida que ele cochichava algo em seu ouvido. Quando Yuri se afastou, o homem apenas assentiu, visivelmente tenso, antes de se retirar apressado. Curiosa e, ao mesmo tempo, preocupada, não resisti e perguntei: — Yuri, o que foi isso? Ele voltou a se sentar ao meu lado, agora com a expressão mais leve, mas ainda assim séria. — Só uma providência. — Disse, num tom calmo e definitivo
Capítulo 152 Anastasia Kim Por um instante, tudo ao meu redor desapareceu. Não havia mais máfia, armas, ou qualquer sombra que pairasse sobre nossas vidas. Havia apenas nós dois, juntos, como sempre deveria ter sido. Yuri me segurava firme pela cintura, seu toque forte, mas ao mesmo tempo cuidadoso, me prendendo a ele. Seus lábios tocaram os meus com intensidade, um beijo profundo que fez meu coração disparar. Sentir o calor dele em meio à água fria era uma sensação única, quase contraditória ao meu receio, mas, de alguma forma, tudo se encaixava perfeitamente. A forma como ele me envolvia parecia carregar todas as emoções que, por vezes, ele escondia tão bem: desejo, carinho e uma necessidade quase desesperada de se conectar comigo, longe de tudo que nos ameaçava. Me soltei completamente, deixando que ele me guiasse naquele momento. Suas mãos deslizaram pela minha cintura, subindo lentamente pelas minhas costas, e cada toque parecia me reacender por dentro. Eu não conseg
Capítulo 153 Anastasia Kim Depois que nos levantamos e nos vestimos, Yuri me conduziu pelos corredores amplos da casa. A arquitetura era um contraste entre o clássico e o moderno. O piso parecia madeira antiga, mas as paredes eram decoradas com painéis modernos e discretos. Havia uma harmonia curiosa ali, como se a casa tivesse passado por várias gerações, cada uma deixando sua marca. — Esta casa era do seu pai? — perguntei, tentando esconder a hesitação na minha voz. Yuri assentiu, olhando para frente, como se as lembranças daquela casa estivessem mais vívidas do que ele gostaria. — Sim. Ele construiu isso quando ainda acreditava que poderia ter uma vida normal, longe de tudo aquilo que o cercava. Na verdade, reformou algumas vezes. Foi aqui que... — Ele fez uma pausa, me olhando rapidamente. — Foi aqui que a sua mãe também viveu por um tempo. Meu coração apertou. Eu queria perguntar mais, mas havia algo na expressão de Yuri que me fez hesitar. Em vez disso, cont
Capítulo 154 Anastasia Malu abriu um sorriso satisfeito e se levantou, caminhando em direção ao corredor que levava aos quartos. Minha mãe, que estava por perto, percebeu a movimentação e decidiu nos acompanhar, curiosa e animada. Eu sentia que aquela situação estava ficando mais estranha a cada segundo, mas segui em frente, sem querer parecer desconfortável demais. Ao entrar no quarto de Malu, fiquei surpresa com a organização impecável. Tudo ali parecia sair de uma revista de moda: roupas impecavelmente dobradas, sapatos alinhados em uma prateleira de vidro e acessórios dispostos como se fossem joias. — Vamos ver... — Disse Malu, caminhando até o armário. Ela abriu uma das portas e puxou um vestido elegante, de tecido leve e tom cor de vinho. — Acho que isso vai ficar perfeito em você. Não é exagerado, mas realça sua figura. Olhei para o vestido e depois para Malu, tentando entender se aquilo era realmente algo que eu usaria. Mas, antes que pudesse recusar, Ivete int
Capítulo 155 Yuri (horas antes) A noite estava mais escura do que o habitual quando chegamos ao galpão abandonado. Nazar já estava lá, acompanhado por alguns dos homens de Alexei. A atmosfera era pesada. O único som que se ouvia era o estalar do fogo em um barril próximo, iluminando parcialmente o lugar. Alexei havia sido claro em sua ordem: tratar de um "problema". O homem acusado de traição aguardava no fundo daquele galpão velho, cercado por dois soldados que mais pareciam cães de guarda, esperando para serem soltos. Assim que entramos, no centro, acorrentado a uma cadeira, estava o homem acusado de traição. Ele tremia, mas mantinha a cabeça erguida, como se tentasse não demonstrar medo. Nazar me olhou com um sorriso que não chegava aos olhos, um misto de desafio e diversão cruel estampado no rosto. — Então, Yuri... Vamos ver do que você é capaz hoje. — Disse ele, com um tom que beirava a zombaria. — Alexei quer que você lide com isso. Mostre que tem estômago para
Capítulo 156 Yuri — Nada mal... — Murmurou Nazar novamente, com um sorriso satisfeito, embora seus olhos ainda estivessem arregalados, como se não acreditasse no que havia acabado de testemunhar. Ele esperava que eu hesitasse, que me recusasse. Mas, ao contrário, eu o assustei com minha frieza e a forma como levei tudo até o fim. Não porque eu quisesse, mas porque sabia que, naquele mundo, fraqueza era uma sentença de morte. Só não podia olhar para minhas mãos. — Terminamos aqui? — Perguntei, minha voz surpreendentemente firme, embora por dentro eu estivesse desmoronando. Nazar apenas assentiu, ainda em silêncio, e me virei, saindo do galpão sem olhar para trás. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, como se o sangue nas minhas roupas tivesse se tornado chumbo. Eu precisava respirar, precisava sair dali antes que perdesse completamente o controle. Ao chegar do lado de fora, o ar gelado da noite me atingiu, mas não trouxe o alívio que eu esperava. Encostei