Capítulo 151 Anastasia Depois da surpresa maravilhosa com o doce, achei que Yuri relaxaria, mas algo parecia o incomodar. Notei isso assim que ele olhou para a entrada do café. Seus olhos ficaram fixos em um ponto qualquer, e sua expressão mudou para algo mais sombrio, distante. Antes que eu pudesse perguntar, ele se virou discretamente para o gerente, que ainda estava por perto, e fez um sinal quase imperceptível com a cabeça. O gerente se aproximou, e Yuri inclinou-se levemente, falando baixo o suficiente para que eu não conseguisse ouvir. No entanto, eu vi o gerente empalidecer à medida que ele cochichava algo em seu ouvido. Quando Yuri se afastou, o homem apenas assentiu, visivelmente tenso, antes de se retirar apressado. Curiosa e, ao mesmo tempo, preocupada, não resisti e perguntei: — Yuri, o que foi isso? Ele voltou a se sentar ao meu lado, agora com a expressão mais leve, mas ainda assim séria. — Só uma providência. — Disse, num tom calmo e definitivo
Capítulo 152 Anastasia Kim Por um instante, tudo ao meu redor desapareceu. Não havia mais máfia, armas, ou qualquer sombra que pairasse sobre nossas vidas. Havia apenas nós dois, juntos, como sempre deveria ter sido. Yuri me segurava firme pela cintura, seu toque forte, mas ao mesmo tempo cuidadoso, me prendendo a ele. Seus lábios tocaram os meus com intensidade, um beijo profundo que fez meu coração disparar. Sentir o calor dele em meio à água fria era uma sensação única, quase contraditória ao meu receio, mas, de alguma forma, tudo se encaixava perfeitamente. A forma como ele me envolvia parecia carregar todas as emoções que, por vezes, ele escondia tão bem: desejo, carinho e uma necessidade quase desesperada de se conectar comigo, longe de tudo que nos ameaçava. Me soltei completamente, deixando que ele me guiasse naquele momento. Suas mãos deslizaram pela minha cintura, subindo lentamente pelas minhas costas, e cada toque parecia me reacender por dentro. Eu não conseg
Capítulo 153 Anastasia Kim Depois que nos levantamos e nos vestimos, Yuri me conduziu pelos corredores amplos da casa. A arquitetura era um contraste entre o clássico e o moderno. O piso parecia madeira antiga, mas as paredes eram decoradas com painéis modernos e discretos. Havia uma harmonia curiosa ali, como se a casa tivesse passado por várias gerações, cada uma deixando sua marca. — Esta casa era do seu pai? — perguntei, tentando esconder a hesitação na minha voz. Yuri assentiu, olhando para frente, como se as lembranças daquela casa estivessem mais vívidas do que ele gostaria. — Sim. Ele construiu isso quando ainda acreditava que poderia ter uma vida normal, longe de tudo aquilo que o cercava. Na verdade, reformou algumas vezes. Foi aqui que... — Ele fez uma pausa, me olhando rapidamente. — Foi aqui que a sua mãe também viveu por um tempo. Meu coração apertou. Eu queria perguntar mais, mas havia algo na expressão de Yuri que me fez hesitar. Em vez disso, cont
Capítulo 154 Anastasia Malu abriu um sorriso satisfeito e se levantou, caminhando em direção ao corredor que levava aos quartos. Minha mãe, que estava por perto, percebeu a movimentação e decidiu nos acompanhar, curiosa e animada. Eu sentia que aquela situação estava ficando mais estranha a cada segundo, mas segui em frente, sem querer parecer desconfortável demais. Ao entrar no quarto de Malu, fiquei surpresa com a organização impecável. Tudo ali parecia sair de uma revista de moda: roupas impecavelmente dobradas, sapatos alinhados em uma prateleira de vidro e acessórios dispostos como se fossem joias. — Vamos ver... — Disse Malu, caminhando até o armário. Ela abriu uma das portas e puxou um vestido elegante, de tecido leve e tom cor de vinho. — Acho que isso vai ficar perfeito em você. Não é exagerado, mas realça sua figura. Olhei para o vestido e depois para Malu, tentando entender se aquilo era realmente algo que eu usaria. Mas, antes que pudesse recusar, Ivete int
Capítulo 155 Yuri (horas antes) A noite estava mais escura do que o habitual quando chegamos ao galpão abandonado. Nazar já estava lá, acompanhado por alguns dos homens de Alexei. A atmosfera era pesada. O único som que se ouvia era o estalar do fogo em um barril próximo, iluminando parcialmente o lugar. Alexei havia sido claro em sua ordem: tratar de um "problema". O homem acusado de traição aguardava no fundo daquele galpão velho, cercado por dois soldados que mais pareciam cães de guarda, esperando para serem soltos. Assim que entramos, no centro, acorrentado a uma cadeira, estava o homem acusado de traição. Ele tremia, mas mantinha a cabeça erguida, como se tentasse não demonstrar medo. Nazar me olhou com um sorriso que não chegava aos olhos, um misto de desafio e diversão cruel estampado no rosto. — Então, Yuri... Vamos ver do que você é capaz hoje. — Disse ele, com um tom que beirava a zombaria. — Alexei quer que você lide com isso. Mostre que tem estômago para
Capítulo 156 Yuri — Nada mal... — Murmurou Nazar novamente, com um sorriso satisfeito, embora seus olhos ainda estivessem arregalados, como se não acreditasse no que havia acabado de testemunhar. Ele esperava que eu hesitasse, que me recusasse. Mas, ao contrário, eu o assustei com minha frieza e a forma como levei tudo até o fim. Não porque eu quisesse, mas porque sabia que, naquele mundo, fraqueza era uma sentença de morte. Só não podia olhar para minhas mãos. — Terminamos aqui? — Perguntei, minha voz surpreendentemente firme, embora por dentro eu estivesse desmoronando. Nazar apenas assentiu, ainda em silêncio, e me virei, saindo do galpão sem olhar para trás. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, como se o sangue nas minhas roupas tivesse se tornado chumbo. Eu precisava respirar, precisava sair dali antes que perdesse completamente o controle. Ao chegar do lado de fora, o ar gelado da noite me atingiu, mas não trouxe o alívio que eu esperava. Encostei
Capítulo 1 Maria Luíza Duarte Desci as escadas de casa correndo, com um sorriso no rosto e um envelope na mão. Eu queria surpreender o Marco, contar sobre o laudo médico e como os resultados foram bons. A porta de Marco estava apenas encostada. Coloquei a mão na maçaneta e a abri devagar. Meu coração acelerou imediatamente. — Marco? — Uma dor aguda atravessou meu peito. Marco estava ali... completamente nu, sobre outra mulher, que gemia enquanto se agarrava ao pescoço dele. No mesmo sofá onde eu estive ontem, onde ele tentou me tocar, mesmo sabendo que era um dos soldados do meu pai, e eu poderia ser exilada por isso. A cena ficou gravada em minha mente. Ele parecia tão satisfeito com ela. Ouvi seus gemidos de prazer quando ele se afundou entre suas pernas, e aquilo queimou dentro de mim. Amassei o envelope na mão e joguei com força em Marco, e ele se levantou num salto, surpreso. — MALU? CO... COMO VEIO PARAR AQUI? — gritou, ainda nu, enquanto avançava na minha dire
Capítulo 2 Maria Luíza Duarte — Vou enviar a passagem de avião amanhã pra você mais tarde, porque preciso voltar hoje pra Rússia. A frase de Alexei apareceu na minha mente. — Amanhã? — sussurrei, tremendo inteira, e caminhei em direção ao meu destino. Fui para os fundos da propriedade do meu pai e tirei apenas os sapatos, antes de pular no lago, que de acordo com meu tratamento, era uma das coisas que poderia aplacar um pouco da minha agonia, agora. Me sinto confortável, me sinto calma. De repente, mãos fortes me puxaram com tudo da água assim que atravessei o lago, e senti meu corpo arranhar na terra. — Que porra, mulher! Eu nem havia ido embora e você se jogou na água como uma qualquer? Saia daqui imediatamente! Se um dos meus homens te ver com essa roupa grudada no corpo, arcará com as consequências! — era Alexei, estava furioso. “Ele não foi embora?“ Minha respiração começou a falhar, rápida e curta. O coração descompassado batia tão forte que parecia querer ra