Capítulo 145YuriMinha vida mudou completamente em um mês.Um mês. Parece pouco tempo para um homem perder tudo o que conhecia e, ao mesmo tempo, ser obrigado a se moldar ao que não entende. Eu nunca quis fazer parte disso. Da máfia. Do poder. Das sombras que cercavam meu pai, Vladislav. Passei a maior parte da minha vida sem saber no que ele estava envolvido. Era mais fácil assim, ignorar as coisas que se escondiam nos cantos da nossa casa, os sussurros nos corredores, as pessoas que desapareciam.Mas tudo desabou quando Don Alexei apareceu entre eu e Ana.Eu sabia que meu pai tinha feito algo errado — algo imperdoável, algo grande. Só não esperava que a consequência fosse a sua morte, e a minha sentença. Porque é isso que este casamento com Anastasia representa: uma sentença. Não foi uma escolha por felicidade, foi a escolha correta, simples assim.Não por ela. Anastasia... Ela é um mistério. Complexa, confusa, linda. Quando a vi pela primeira vez, não imaginava o quanto ela bagunç
Capítulo 146 Yuri Ser mafioso não é tão simples quanto apontar uma arma e apertar o gatilho. Eu pensei que era isso. Que tudo se resumia a intimidar, bater, matar. Mas não. Existem regras, códigos, formas de fazer com que até mesmo o mais cruel dos atos pareça uma decisão calculada e limpa. E quem está me ensinando tudo isso é Nazar, o braço direito de Alexei. Um desgraçado frio, metódico, e, honestamente, alguém que me faz querer vomitar toda vez que abre a boca. — Não é só matar, Yuri. É como você mata. Sobre quem você deixa viver para espalhar a mensagem. — Nazar gesticulava com a calma de um professor, enquanto limpava as unhas com a ponta de uma faca. — Tudo tem uma consequência. Cada vida tirada é um movimento no tabuleiro. O "tabuleiro". Ele adorava essa metáfora. Como se estivéssemos jogando um maldito jogo de xadrez, e não lidando com vidas humanas. Hoje, ele me levou para um depósito abandonado, onde um infeliz estava amarrado a uma cadeira. Um devedor.
Capítulo 147 Anastasia Kim Quando Yuri entrou no quarto, algo dentro de mim se quebrou. Ele parecia um homem arrastado por uma tempestade. Não era apenas o sangue seco nas roupas, nas mãos... ou o olhar vazio nos olhos; era a forma como ele se movia, como se estivesse carregando o peso do mundo. Tentei falar com ele, entender o que havia acontecido, mas ele simplesmente se esquivou. O passo para trás quando tentei beijá-lo foi mais doloroso do que qualquer resposta fria que ele pudesse ter dado. — Não agora. — Ele disse, e foi tudo. Vi-o desaparecer no banheiro e ouvi a porta trancando atrás dele. Fiquei ali, parada por alguns instantes, o coração apertado. Eu conhecia esse mundo. Sabia o que ele provavelmente tinha feito, ou o que tinham feito ele fazer. Yuri sempre foi forte, mas também tinha um lado que o tornava diferente. Ele sentia as coisas profundamente, e esse lado, eu temia, poderia destruí-lo. Sentei-me no chão, encostada à porta do banheiro, ouvindo o s
Capítulo 148 Yuri O sono se recusava a vir. Por mais que eu tentasse, tudo o que conseguia eram lampejos de imagens confusas, rostos contorcidos em dor, sangue escorrendo entre meus dedos. A cada vez que meus olhos se fechavam, o pesadelo me puxava de volta. Eu via as expressões deles, ouvia os gritos, sentia o cheiro metálico do sangue... e então acordava, com o peito subindo e descendo rápido, o coração martelando como se estivesse prestes a explodir. Passei horas assim, até desistir de lutar contra o que parecia inevitável. Com um suspiro cansado, levantei-me da cama, tentando não acordar Anastasia. Olhei para ela por um momento: mesmo dormindo, ela parecia inquieta, como se sentisse minha agitação. Caminhei até o banheiro em silêncio, fechei a porta e liguei o chuveiro. A água quente escorria pelo meu corpo, mas não era suficiente. Peguei o sabonete e a esponja, esfregando minha pele com força, como se tentasse arrancar algo que estivesse impregnado em mim. Eu sabi
Capítulo 149 Anastasia A alegria era quase impossível de conter. Quando saímos da casa, e vi Yuri caminhar em direção ao carro clássico que ele escolheu, senti meu coração acelerar. Era a primeira vez que saía assim, sozinha, sem ser acompanhada por um motorista ou escolta familiar. Dessa vez era diferente. Eu estava com ele, e só isso importava. Mal consegui esperar Yuri abrir a porta. Quase pulei para dentro do carro, sentando-me no banco e batendo as mãos nas pernas, animada. Ele entrou no carro com mais calma, ajustou o retrovisor e ligou o motor, que rugiu com um som potente e suave. Eu estava tão empolgada que mal conseguia ficar quieta. — Ai meu Deus! Jura mesmo que vamos sair nesse carrão? — Perguntei novamente, me ajeitando no banco. — Pra onde vai me levar, Yuri? Ele apenas sorriu, lançando-me um olhar de canto, sem revelar nada. — Você vai ver. — Respondeu, enigmático. Bufei, mas logo a excitação tomou conta de novo. Enquanto ele dirigia, encostei a c
Capítulo 150 AnastasiaDepois do incidente com a garçonete, tudo parecia voltar ao normal, ou quase. Sentei-me ao lado de Yuri, ainda um pouco atordoada. Ele permaneceu em pé por um momento, observando o movimento ao redor, como se quisesse garantir que nada mais saísse do controle. Quando finalmente se sentou, fez um discreto movimento com os dedos, e, quase instantaneamente, o gerente veio apressado até nós.— Senhor Yuri, está tudo conforme desejado? — Perguntou o homem, quase ofegante.— Quero saber do doce. — Disse Yuri, com a tranquilidade típica dele, mas sem perder o tom de autoridade. — Aquele especial que pedi para o confeiteiro criar.O gerente hesitou por um momento, lançando um olhar nervoso para mim, antes de voltar a encarar Yuri.— Temos uma versão pronta, senhor. Ainda estamos ajustando os detalhes, mas acredito que o senhor e sua esposa irão gostar. Vou mandar trazer agora mesmo.Olhei para Yuri, confusa. Doce especial? Algo que ele pediu para criarem? Eu não fazia
Capítulo 151 Anastasia Depois da surpresa maravilhosa com o doce, achei que Yuri relaxaria, mas algo parecia o incomodar. Notei isso assim que ele olhou para a entrada do café. Seus olhos ficaram fixos em um ponto qualquer, e sua expressão mudou para algo mais sombrio, distante. Antes que eu pudesse perguntar, ele se virou discretamente para o gerente, que ainda estava por perto, e fez um sinal quase imperceptível com a cabeça. O gerente se aproximou, e Yuri inclinou-se levemente, falando baixo o suficiente para que eu não conseguisse ouvir. No entanto, eu vi o gerente empalidecer à medida que ele cochichava algo em seu ouvido. Quando Yuri se afastou, o homem apenas assentiu, visivelmente tenso, antes de se retirar apressado. Curiosa e, ao mesmo tempo, preocupada, não resisti e perguntei: — Yuri, o que foi isso? Ele voltou a se sentar ao meu lado, agora com a expressão mais leve, mas ainda assim séria. — Só uma providência. — Disse, num tom calmo e definitivo
Capítulo 152 Anastasia Kim Por um instante, tudo ao meu redor desapareceu. Não havia mais máfia, armas, ou qualquer sombra que pairasse sobre nossas vidas. Havia apenas nós dois, juntos, como sempre deveria ter sido. Yuri me segurava firme pela cintura, seu toque forte, mas ao mesmo tempo cuidadoso, me prendendo a ele. Seus lábios tocaram os meus com intensidade, um beijo profundo que fez meu coração disparar. Sentir o calor dele em meio à água fria era uma sensação única, quase contraditória ao meu receio, mas, de alguma forma, tudo se encaixava perfeitamente. A forma como ele me envolvia parecia carregar todas as emoções que, por vezes, ele escondia tão bem: desejo, carinho e uma necessidade quase desesperada de se conectar comigo, longe de tudo que nos ameaçava. Me soltei completamente, deixando que ele me guiasse naquele momento. Suas mãos deslizaram pela minha cintura, subindo lentamente pelas minhas costas, e cada toque parecia me reacender por dentro. Eu não conseg