Capítulo 144 Anastasia A água ainda caía sobre nós. Yuri não disse mais nada. Apenas me olhou de forma intensa, seus olhos cor de mel, estavam escuros percorrendo cada detalhe do meu corpo, como se estivesse me marcando ou memorizando. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ele segurou minha cintura com uma força que me fez arfar, mas que não me afastou. Pelo contrário, aquele toque firme me fez querer mais, me fez aceitar o homem que ele era agora, mesmo que fosse tão diferente daquele Yuri de antes. Não houve tempo para responder sua pergunta. Yuri me ergueu com facilidade, colocando minhas pernas ao redor da sua cintura. Meu corpo estava colado ao dele, minha pele queimando sob o calor da água e da sua proximidade. Seus olhos não saíam dos meus, fixos, intensos, como se estivessem me desafiando a recuar. Mas eu não recuei. Quando ele finalmente me beijou, não havia nada de gentil naquele gesto. Sua boca tomou a minha com uma urgência quase desesperada,
Capítulo 145YuriMinha vida mudou completamente em um mês.Um mês. Parece pouco tempo para um homem perder tudo o que conhecia e, ao mesmo tempo, ser obrigado a se moldar ao que não entende. Eu nunca quis fazer parte disso. Da máfia. Do poder. Das sombras que cercavam meu pai, Vladislav. Passei a maior parte da minha vida sem saber no que ele estava envolvido. Era mais fácil assim, ignorar as coisas que se escondiam nos cantos da nossa casa, os sussurros nos corredores, as pessoas que desapareciam.Mas tudo desabou quando Don Alexei apareceu entre eu e Ana.Eu sabia que meu pai tinha feito algo errado — algo imperdoável, algo grande. Só não esperava que a consequência fosse a sua morte, e a minha sentença. Porque é isso que este casamento com Anastasia representa: uma sentença. Não foi uma escolha por felicidade, foi a escolha correta, simples assim.Não por ela. Anastasia... Ela é um mistério. Complexa, confusa, linda. Quando a vi pela primeira vez, não imaginava o quanto ela bagunç
Capítulo 146 Yuri Ser mafioso não é tão simples quanto apontar uma arma e apertar o gatilho. Eu pensei que era isso. Que tudo se resumia a intimidar, bater, matar. Mas não. Existem regras, códigos, formas de fazer com que até mesmo o mais cruel dos atos pareça uma decisão calculada e limpa. E quem está me ensinando tudo isso é Nazar, o braço direito de Alexei. Um desgraçado frio, metódico, e, honestamente, alguém que me faz querer vomitar toda vez que abre a boca. — Não é só matar, Yuri. É como você mata. Sobre quem você deixa viver para espalhar a mensagem. — Nazar gesticulava com a calma de um professor, enquanto limpava as unhas com a ponta de uma faca. — Tudo tem uma consequência. Cada vida tirada é um movimento no tabuleiro. O "tabuleiro". Ele adorava essa metáfora. Como se estivéssemos jogando um maldito jogo de xadrez, e não lidando com vidas humanas. Hoje, ele me levou para um depósito abandonado, onde um infeliz estava amarrado a uma cadeira. Um devedor.
Capítulo 147 Anastasia Kim Quando Yuri entrou no quarto, algo dentro de mim se quebrou. Ele parecia um homem arrastado por uma tempestade. Não era apenas o sangue seco nas roupas, nas mãos... ou o olhar vazio nos olhos; era a forma como ele se movia, como se estivesse carregando o peso do mundo. Tentei falar com ele, entender o que havia acontecido, mas ele simplesmente se esquivou. O passo para trás quando tentei beijá-lo foi mais doloroso do que qualquer resposta fria que ele pudesse ter dado. — Não agora. — Ele disse, e foi tudo. Vi-o desaparecer no banheiro e ouvi a porta trancando atrás dele. Fiquei ali, parada por alguns instantes, o coração apertado. Eu conhecia esse mundo. Sabia o que ele provavelmente tinha feito, ou o que tinham feito ele fazer. Yuri sempre foi forte, mas também tinha um lado que o tornava diferente. Ele sentia as coisas profundamente, e esse lado, eu temia, poderia destruí-lo. Sentei-me no chão, encostada à porta do banheiro, ouvindo o s
Capítulo 148 Yuri O sono se recusava a vir. Por mais que eu tentasse, tudo o que conseguia eram lampejos de imagens confusas, rostos contorcidos em dor, sangue escorrendo entre meus dedos. A cada vez que meus olhos se fechavam, o pesadelo me puxava de volta. Eu via as expressões deles, ouvia os gritos, sentia o cheiro metálico do sangue... e então acordava, com o peito subindo e descendo rápido, o coração martelando como se estivesse prestes a explodir. Passei horas assim, até desistir de lutar contra o que parecia inevitável. Com um suspiro cansado, levantei-me da cama, tentando não acordar Anastasia. Olhei para ela por um momento: mesmo dormindo, ela parecia inquieta, como se sentisse minha agitação. Caminhei até o banheiro em silêncio, fechei a porta e liguei o chuveiro. A água quente escorria pelo meu corpo, mas não era suficiente. Peguei o sabonete e a esponja, esfregando minha pele com força, como se tentasse arrancar algo que estivesse impregnado em mim. Eu sabi
Capítulo 149 Anastasia A alegria era quase impossível de conter. Quando saímos da casa, e vi Yuri caminhar em direção ao carro clássico que ele escolheu, senti meu coração acelerar. Era a primeira vez que saía assim, sozinha, sem ser acompanhada por um motorista ou escolta familiar. Dessa vez era diferente. Eu estava com ele, e só isso importava. Mal consegui esperar Yuri abrir a porta. Quase pulei para dentro do carro, sentando-me no banco e batendo as mãos nas pernas, animada. Ele entrou no carro com mais calma, ajustou o retrovisor e ligou o motor, que rugiu com um som potente e suave. Eu estava tão empolgada que mal conseguia ficar quieta. — Ai meu Deus! Jura mesmo que vamos sair nesse carrão? — Perguntei novamente, me ajeitando no banco. — Pra onde vai me levar, Yuri? Ele apenas sorriu, lançando-me um olhar de canto, sem revelar nada. — Você vai ver. — Respondeu, enigmático. Bufei, mas logo a excitação tomou conta de novo. Enquanto ele dirigia, encostei a c
Capítulo 150 AnastasiaDepois do incidente com a garçonete, tudo parecia voltar ao normal, ou quase. Sentei-me ao lado de Yuri, ainda um pouco atordoada. Ele permaneceu em pé por um momento, observando o movimento ao redor, como se quisesse garantir que nada mais saísse do controle. Quando finalmente se sentou, fez um discreto movimento com os dedos, e, quase instantaneamente, o gerente veio apressado até nós.— Senhor Yuri, está tudo conforme desejado? — Perguntou o homem, quase ofegante.— Quero saber do doce. — Disse Yuri, com a tranquilidade típica dele, mas sem perder o tom de autoridade. — Aquele especial que pedi para o confeiteiro criar.O gerente hesitou por um momento, lançando um olhar nervoso para mim, antes de voltar a encarar Yuri.— Temos uma versão pronta, senhor. Ainda estamos ajustando os detalhes, mas acredito que o senhor e sua esposa irão gostar. Vou mandar trazer agora mesmo.Olhei para Yuri, confusa. Doce especial? Algo que ele pediu para criarem? Eu não fazia
Capítulo 1 Maria Luíza Duarte Desci as escadas de casa correndo, com um sorriso no rosto e um envelope na mão. Eu queria surpreender o Marco, contar sobre o laudo médico e como os resultados foram bons. A porta de Marco estava apenas encostada. Coloquei a mão na maçaneta e a abri devagar. Meu coração acelerou imediatamente. — Marco? — Uma dor aguda atravessou meu peito. Marco estava ali... completamente nu, sobre outra mulher, que gemia enquanto se agarrava ao pescoço dele. No mesmo sofá onde eu estive ontem, onde ele tentou me tocar, mesmo sabendo que era um dos soldados do meu pai, e eu poderia ser exilada por isso. A cena ficou gravada em minha mente. Ele parecia tão satisfeito com ela. Ouvi seus gemidos de prazer quando ele se afundou entre suas pernas, e aquilo queimou dentro de mim. Amassei o envelope na mão e joguei com força em Marco, e ele se levantou num salto, surpreso. — MALU? CO... COMO VEIO PARAR AQUI? — gritou, ainda nu, enquanto avançava na minha dire