Capitulo 3

Isabella Moretti

Eu entreguei o prato com o pedaço de bolo ao Giovanni, e ele o aceitou com um breve aceno de cabeça. No entanto, ao contrário dos outros, ele não deu uma única mordida. Sua expressão estava neutra, mas algo em seus olhos me dizia que ele estava, no mínimo, desconfiado.

— O que foi? — perguntei, arqueando uma sobrancelha. — Acha que envenenei o bolo?

Giovanni ergueu os olhos para mim, seus lábios curvando-se em um meio sorriso, mas ele continuou sem tocar no bolo. Matteo, que estava sentado do outro lado da mesa, soltou uma risada baixa, quebrando o silêncio.

— Na verdade, Isabella — Matteo disse, ainda com aquele sorriso divertido no rosto —, meu irmão não pode comer chocolate. Para ele, é como veneno, literalmente. Ele tem alergia.

Olhei para o bolo em mãos, sentindo o calor subir às minhas bochechas. Então, sem hesitar, levei o garfo à boca e provei um pedaço.

— Bom, então eu vou ter que comer — declarei, com um sorriso atrevido. — Esse bolo está tão delicioso quanto os irmãos Romano, senhor Giovanni.

—Se quiser eu deixo você provar também de mim— disse Matteo com um sorriso que me deixou sem graça.

Giovanni me lançou um olhar sério, mas havia algo mais ali, um brilho de desafio em seus olhos que parecia crescer com cada palavra que eu dizia. Antes que eu pudesse entender, ele me pegou pelo braço, com firmeza, mas sem machucar, e me puxou para fora da sala.

— Com licença, pessoal — ele disse calmamente, mas com autoridade, enquanto me levava em direção ao escritório.

As portas se fecharam atrás de nós com um clique quase audível. Giovanni se afastou, soltando meu braço e caminhando até sua mesa, como se estivesse organizando os pensamentos antes de falar.

— Há algo que não contei — ele começou, sem se virar para me encarar diretamente. — Agora que você conheceu meus irmãos, quero deixar algo claro: está proibida de se envolver com qualquer um deles.

Eu respirei fundo, contendo a vontade de rir da audácia dele. Proibida? Era assim que ele pensava que as coisas funcionavam?

— Senhor Giovanni — comecei com calma, mas o sarcasmo era inegável. — Como diz minha rainha das palavras, Jane Austen: "Não é aquilo que dizemos ou pensamos que nos define, mas o que fazemos." E você, com todo o respeito, não vai me dizer o que fazer ou não, ou com quem posso me envolver. Se um dos seus irmãos me deixar apaixonada a ponto de me envolver, eu não irei abrir mão disso por causa de um pedido seu sem pé nem cabeça.

Ele se virou, e dessa vez, havia um sorriso brincando nos cantos de seus lábios. Era o tipo de sorriso que não alcançava os olhos, como se ele estivesse se divertindo com a minha resposta, mas ainda assim querendo manter o controle da situação.

— Você não me parece ser o tipo de mulher que se apaixona facilmente — ele comentou, o tom desafiador.

— E você não me parece ser o tipo de patrão que quer saber dos gostos pessoais da sua empregada — retruquei, cruzando os braços e encarando-o de volta. — Então, se me der licença, preciso voltar para a cozinha. Está bem quente por lá, como o sol do verão do Brasil.

Giovanni riu, um som baixo e rouco, mas havia algo calculado em seu riso. Ele deu um passo à frente, me encarando como se estivesse prestes a dizer algo mais, mas apenas balançou a cabeça.

— Não se esqueça do que lhe disse — ele falou, a voz firme.

Eu sorri, mantendo meu tom desafiador, e respondi enquanto já me virava para sair:

— Estou aqui para ser babá do seu filho, Giovanni. Quanto à minha vida pessoal, você não tem nada a ver com isso.

Saí do escritório, o coração ainda batendo acelerado, mas com a sensação clara de que a batalha entre Giovanni e eu estava apenas começando.

Giovanni Romano

Sentei-me na cadeira do meu escritório e, por um momento, não pude evitar rir sozinho. A audácia da nova babá do meu filho me divertia mais do que eu gostaria de admitir. Isabella tinha uma presença que não podia ser ignorada, e a maneira como me desafiava, citando Jane Austen, só tornava tudo mais intrigante.

Ainda rindo, tentei voltar ao trabalho, mas a imagem dela continuava me assombrando. Era irritante e, ao mesmo tempo, fascinante. Estava prestes a me concentrar novamente quando ouvi batidas na porta.

— Entre — respondi, tentando retomar a compostura.

Dante entrou no escritório, com a expressão de quem tinha algo em mente.

— Giovanni, o que diabos aquela funcionária do cassino está fazendo aqui? — ele perguntou direto, sentando-se à minha frente sem esperar convite.

Suspirei e me recostei na cadeira.

— Isabella é a nova babá do Alessandro. Quando a vi ontem, imaginei que seria a mais viável para o meu filho — expliquei.

Dante franziu a testa, me analisando com uma curiosidade que eu conhecia muito bem.

— Só isso? Você pensou nela apenas para ser a babá do Alessandro? — perguntou, com aquele tom insinuante que ele usava quando achava que algo estava fora do lugar.

Eu o encarei por um momento, sem entender muito bem onde ele queria chegar.

— Por que essa pergunta, Dante? O que você está sugerindo?

Ele suspirou e balançou a cabeça, como se estivesse tentando me ensinar algo.

— Giovanni, eu já estava tentando há quase seis meses chamar a Bella para sair comigo — ele disse, os olhos se estreitando ligeiramente. — Desde o primeiro dia em que ela entrou no cassino procurando emprego, eu me senti atraído por ela. E como te conheço como ninguém, quero deixar claro que desejo chamá-la para sair.

A expressão de Dante era séria, mas aquilo me pegou de surpresa. Ele teve seis meses e não fez nada? E agora, com ela tão perto do meu filho, ele queria cruzar essa linha?

— Você teve seis meses para convidá-la e não a chamou — retruquei, mantendo a calma. — Agora você não pode. Ela é a babá do Alessandro, e pela primeira vez, vi meu filho feliz com alguém que ele mal conhece há 24 horas. Não estrague isso. E se não a chamou antes, não a chame agora.

Dante suspirou, derrotado, mas eu sabia que ele entendia. Ele saiu do escritório sem dizer mais nada, mas eu me sentia inquieto. Peguei um copo de whisky e o preparei, tentando me acalmar. Talvez eu tivesse sido arrogante com meu irmão, afinal. Ele sempre foi mais impulsivo do que eu, e talvez eu devesse ter abordado isso de uma maneira diferente.

Com o copo na mão, decidi ir até ele, mas, ao sair do escritório, ouvi Dante rindo com Vittorio. Me aproximei sem que eles me vissem, e então ouvi o que diziam.

— Giovanni já está apaixonado pela Isabella — Dante riu, e Vittorio concordou, ecoando a risada.

Senti uma mistura de irritação e divertimento. Eles realmente achavam que eu estava apaixonado por Isabella? Saí dali antes que me vissem, rindo internamente de como os dois perdiam tempo com essas bobagens.

Caminhei até a sala e vi Isabella com Alessandro, ajudando-o com o dever de casa. Ela estava concentrada, e Alessandro parecia à vontade demais, o que, confesso, me pegou de surpresa. Meu filho raramente se abria com facilidade para alguém. Pigarreei para chamar a atenção deles.

— Eu já estou saindo para o trabalho — disse, enquanto me preparava para ir em direção à porta. — Vittorio e Matteo, vocês me acompanham?

Eles assentiram e caminharam até a porta comigo, mas Dante permaneceu sentado ao lado de Isabella, claramente confortável.

Foi então que, antes de sair, decidi jogar uma última provocação.

— Isabella — comecei, olhando diretamente para ela —, o Dante gosta de você. Então, em breve, esteja pronta para quando ele te convidar para jantar com ele.

Para minha surpresa, Isabella soltou um sorriso, olhando diretamente para Dante.

— Você é lindo, Dante, e fico agradecida por gostar de mim, mas prefiro os mais novinhos — ela disse, sem hesitar. — E, além disso, o Matteo faz mais o meu tipo.

Olhei para ela, incrédulo. O que ela tinha acabado de dizer? Matteo? Ela já tinha até um "tipo" e era o Matteo, o mais novo dos meus irmãos?

Sai, ainda processando aquilo, e entrei no carro. Durante o trajeto, não consegui evitar comentar com Vittorio sobre o que Isabella tinha dito.

— A audácia dessa mulher... — murmurei, ainda rindo.

Vittorio, sempre sagaz, apenas me olhou de lado e respondeu:

— Se eu não te conhecesse tão bem, Giovanni, diria que você ficou com inveja do Matteo por ser o "tipo" da Isabella e você não.

Fiquei em silêncio por um momento, mas logo soltei uma risada baixa. Vittorio podia estar brincando, mas ele não sabia o quanto aquelas palavras tinham mexido comigo.

continua...

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