Isabella Moretti
Assim que chegamos na mansão, Alessandro subiu para tomar banho, e eu também fui ao meu quarto para me refrescar. Após um banho rápido, desci para a cozinha, onde a senhora Luci ainda estava terminando de preparar o jantar. O aroma delicioso preenchia o ambiente, mas meu pensamento estava longe. Algo me incomodava, a culpa ainda pesava sobre mim pelo tapa que dei em Giovanni. Decidi que precisava fazer algo para me redimir. Os irmãos Romano estavam sentados a mesa e todos jantaram em silêncio, pareciam estar mantendo distância de mim e foi então que minha ficha caiu que eu não deveria ter dado o tapa no Giovanni. Todos após o jantar subiram para seus quartos, o clima da mansão estava tenso, o Alessandro me desejou boa noite e após deixar ele no quarto dele dormindo, decidi fazer algo. "Devo me desculpar", pensei, enquanto chegava na cozinha.Um pedido de desculpas simples não parecia suficiente, então resolvi preparar algo especial. Um gesto que demonstrasse minha sinceridade. Preparei um bolo, usando a mesma receita que fiz para Alessandro, mas dessa vez, substituí o chocolate por alfarroba,pesquisei um pouco sobre o Alfarroba e ele podia ser substituído pelo cacau. Um ingrediente que eu sabia que Giovanni poderia comer. Depois de pronto, limpei a bagunça na cozinha e fiquei com o bolo nas mãos, hesitante. Eu deveria levar para ele agora? Antes que pudesse tomar uma decisão, Giovanni apareceu. Seu olhar era difícil de decifrar, mas havia uma calma contida que me fez respirar fundo. — Fiz esse bolo especialmente para você — disse, colocando o prato diante dele. Ele arqueou uma sobrancelha e, com um meio sorriso, perguntou: — Sabe que tenho alergia a chocolate. Por que quer que eu coma? — Eu fiz o bolo com a mesma receita que fiz para da última vez, mas esse é só para você. Não tem cacau, apenas alfarroba. Giovanni observou o bolo por um instante, depois pegou um pedaço e provou. Eu observava ansiosa, tentando interpretar sua expressão. Quando ele pegou o segundo pedaço, percebi que gostou. Ele comeu em silêncio, até que, após o quarto pedaço, comentou, sua voz tranquila: — Como não tem chocolate? Esse bolo me fez lembrar da minha infância, quando eu ainda podia comer chocolate sem problemas. É um gosto que não sinto há muito tempo. Havia uma nostalgia em sua voz, algo que suavizou a tensão entre nós. Eu sabia que era o momento certo para pedir desculpas. — Giovanni... — comecei, hesitante. — Eu sinto muito pelo tapa. Não deveria ter feito aquilo, fui impulsiva e... me arrependi logo depois de ver você hoje com o rosto vermelho. Ele me encarou por um longo momento, como se estivesse pesando minhas palavras, antes de balançar a cabeça levemente. — Já disse que não precisa se preocupar com isso. Aconteceu. Mas entendo seu pedido de desculpas. Ele sorriu, e algo em seu semblante parecia mais relaxado. Sua boca estava levemente suja com um pouco da cobertura do bolo, e sem pensar, apontei. — Sua boca... ainda está suja. Giovanni passou a mão no rosto, mas a cobertura teimava em ficar ali. Não resisti. Com delicadeza, aproximei-me e, lentamente, passei o dedo pela lateral da boca dele, limpando o que restava. O toque foi mais íntimo do que eu planejei, e quando percebi que meus dedos tocavam seus lábios, senti uma onda de calor subir por meu corpo. Nossos olhares se encontraram, e por um breve momento, fiquei presa naquele olhar intenso. Meu coração disparou, e rapidamente recuei, retirando a mão como se tivesse sido queimada. — Desculpa... — sussurrei, desviando o olhar, sentindo minhas bochechas esquentarem. Giovanni não disse nada de imediato, mas o silêncio entre nós era pesado, carregado de algo não dito. Aquele simples toque pareceu quebrar uma barreira invisível, mas ao mesmo tempo, ergueu outra. Eu não sabia o que esperar daquele momento. Ele se levantou, pegou mais um pedaço do bolo, e com um meio sorriso, disse: — Obrigado pelo bolo, Isabella. Boa noite. E, sem mais uma palavra, ele saiu da cozinha, deixando-me sozinha com o som suave da noite que caía sobre a mansão. Giovanni Romano Carregando o pedaço de bolo na mão, caminhei até o quarto, sentindo o peso do toque de Isabella nos meus lábios ainda me acompanhar. A casa estava mergulhada no silêncio, mas minha mente parecia gritar, cada pensamento ecoando e se repetindo. Assim que entrei no quarto, fui direto para a varanda, na esperança de que o ar fresco da noite acalmasse o tumulto que sentia por dentro. Sentei-me na poltrona de couro, ainda segurando o bolo. Coloquei o prato ao lado e me encostei, deixando meus olhos vagarem pelo horizonte escuro. O vento leve bagunçava meus cabelos, mas nada podia aliviar a sensação que percorria meu corpo desde o momento em que senti o toque dos dedos de Isabella nos meus lábios. Como algo tão simples pôde ter tanto impacto? Sem me dar conta, levei os dedos até a boca, tocando o lugar exato onde ela havia passado os dela. O calor daquele breve toque ainda estava ali, como uma marca invisível, impossível de ignorar. Fechei os olhos por um segundo, tentando me concentrar, tentando afastar o que estava crescendo dentro de mim. — Isso não pode acontecer — murmurei, balançando a cabeça em negação, mas a verdade era que já estava acontecendo. Cada detalhe daquela noite parecia intensificar algo que eu não queria admitir. Isabella, com sua teimosia e coragem, havia atravessado barreiras que eu sempre mantive erguidas. Ela era uma funcionária, eu me repetia, mas no fundo, sabia que essa desculpa já não servia mais. Olhei para o bolo. As mordidas que dei me transportaram para memórias antigas, da minha infância, quando eu ainda podia comer chocolate sem preocupação. O sabor da alfarroba era uma substituição distante, mas suficiente para trazer de volta sentimentos que eu já havia enterrado. Sentimentos que Isabella parecia trazer à tona, mesmo sem saber. Levantei-me da cadeira, incapaz de ficar parado, e comecei a andar de um lado para o outro. O que mais me irritava era o fato de que eu não conseguia controlar isso. Eu sempre controlei tudo na minha vida, negócios, relacionamentos, a maneira como o mundo me via. Mas com Isabella, parecia que eu estava perdendo o controle, e essa sensação me deixava agitado. Passei as mãos pelos cabelos, frustrado. "Ela é só a babá de Alessandro", tentei me convencer, mas cada vez que repetia isso, parecia mais vazio. Havia algo em Isabella que me desafiava, que me provocava, e por mais que eu quisesse lutar contra isso, sabia que era inútil. Ela havia se infiltrado nas minhas defesas, e eu não sabia como reverter isso. A noite foi longa. Meus pensamentos giravam em círculos, sempre voltando para aquele momento na cozinha, para aquele toque inesperado. Não conseguia dormir. Cada vez que fechava os olhos, via o rosto dela, os olhos surpresos, o toque tímido, mas cheio de significado. Eu sabia que aquilo não era algo que poderia ser facilmente ignorado. Finalmente, sentei-me na cama, esfregando o rosto com as mãos. Era inútil tentar dormir. Isabella estava em todos os meus pensamentos, e a tensão que sentia no meu corpo só aumentava. Mas uma coisa era clara: isso não podia continuar. Eu não podia deixar que Isabella me afetasse dessa forma. Precisava manter a distância, precisava manter o controle. Mesmo que, no fundo, já soubesse que estava prestes a perder essa batalha. Com um suspiro profundo, voltei à varanda e olhei para o céu. A noite estava calma, ao contrário de mim. Sorri amargamente, balançando a cabeça. — Isso não pode acontecer... — repeti, mas já sabia que era tarde demais. Continua...Isabella Moretti Giovanni me seguiu até a sala e, com a expressão mais calma, veio falar comigo. — Isabella, amanhã preciso que você acompanhe Alessandro a um aniversário de uma colega da escola. O motorista vai levá-los, mas eu não vou poder estar presente. Vou viajar no sábado e não chegarei a tempo para a festa. Espero que não se importe. — Não tem problema, Giovanni — respondi, sem hesitar. — Eu me sinto bem com o Alessandro, e não estava planejando tirar folga mesmo. Giovanni então puxou algo do bolso e me entregou um cartão platinado. — Pode comprar o presente da aniversariante e roupas, sapatos, o que precisar para você também. Quero que gaste o máximo que puder. Quero que se sinta à vontade para comprar o que precisar. Eu o olhei confusa, sem saber se era uma brincadeira ou uma ordem. — O que há de errado com as minhas roupas? — perguntei, um sorriso leve no rosto. — Nada. Eu só quero que você tenha o suficiente para preencher o closet do seu quarto ao ponto de não ha
Isabella Moretti Passei a noite inquieta, revirando-me na cama, tentando esquecer o que havia acontecido, mas o beijo continuava voltando à minha mente. Eu precisava de espaço, precisava pensar. No dia seguinte, o sol invadia meu quarto e me lembrava que eu tinha um compromisso com Alessandro. A festa da amiga dele, Giovana, seria na piscina, e eu precisava focar nisso, não em Giovanni. Tomei um banho longo, vestindo algo leve e apropriado para a ocasião, e desci para encontrar Alessandro. Ele estava animado, mal conseguia conter a alegria de ver a amiga. Quando chegamos à festa, as crianças corriam pela área da piscina, e a música suave tocava ao fundo. Alessandro correu até Giovana com o presente em mãos, e eu sorri ao ver a felicidade no rosto dele. Estava tentando me distrair quando alguém se aproximou de mim. — Isabella? — uma voz familiar me chamou. Virei-me e fiquei boquiaberta. Meu coração acelerou ao ver o homem parado à minha frente. — Alberto? — exclamei, sem ac
Giovanni Rommano Havia algo no seu olhar, uma hesitação, uma expectativa. E então, percebi. Isabella estava esperando por alguém. Minhas suspeitas se confirmaram quando um carro de luxo esportivo parou em frente à mansão. Senti um aperto no peito, algo que eu não queria reconhecer, mas que era impossível ignorar. Ela iria sair, e não era comigo. — Pode deixar o carro entrar, Isabella — pedi, tentando manter o tom casual, apesar do nó na garganta. Ela parecia constrangida, o que só aumentava minha curiosidade e... ciúmes. Logo, o motorista saiu do carro. Um homem mais novo, com um sorriso confiante. Algo dentro de mim se partiu naquele instante. Eu já sabia que aquela noite não seria fácil. — Este é Alberto — disse ela, me apresentando. Minha mente girava em círculos. Um homem mais jovem, mais confiante, talvez uns três anos mais novo que eu. A sensação de estar perdendo algo — ou alguém — era quase insuportável. — De onde vocês se conhecem? — perguntei, tentando disfarçar o tom
Isabella Moretti Enquanto eu ajustava o vestido e saía pela porta, uma sensação estranha me percorreu. Algo não estava certo. Quando o carro de Alberto parou em frente à mansão, eu já sentia a presença de Giovanni, mesmo que ele ainda estivesse longe de ser visto. O olhar atento dele sempre me seguia, fosse no trabalho, fosse em momentos como aquele. — Boa noite! — murmurei, tentando esconder o constrangimento. Sabia que Giovanni estava lá fora, no jardim, observando. Era óbvio. Quando entrei no carro com Alberto, uma rápida olhada pelo espelho retrovisor confirmou minhas suspeitas: Giovanni nos seguia. — Você está bem? — Alberto perguntou, com a testa franzida, enquanto acelerava pelas ruas tranquilas. — Sim, só... — hesitei. — Giovanni está nos seguindo. Alberto soltou uma risada leve, mas seus olhos não escondiam a preocupação. — Algo está acontecendo entre vocês? Suspirei, sabendo que não havia como esconder nada de Alberto. Ele me conhecia melhor do que qualquer outra pesso
Isabella MorettiEle então sai em direção a porta emeu celular tocou, Giovanni, observando de perto, soltou uma provocação:— Não vai atender? Deve ser seu namorado.— É só uma mensagem — respondi, sentindo uma leve irritação. Antes que eu pudesse me afastar, ele segurou meu braço, o toque firme, mas ao mesmo tempo delicado.— Eu não tenho namorado, nem quero ter um. O Alberto é meu melhor amigo desde a infância — disse, tentando deixar claro, mas a tensão no ar estava crescendo.Ele arqueou uma sobrancelha, o olhar penetrante.— Entendo. Já notei que você tem o costume de beijar amigos.A provocação nas palavras dele me fez sentir um frio na barriga. O desejo que eu tentava esconder ardia sob a superfície. Ele estava tão perto, o calor do corpo dele quase me envolvendo. A luta interna se tornava insuportável.— E se eu disser que não quero ser apenas um amigo seu? — a sua voz era baixa, quase um sussurro.Senti meu coração acelerar. Cada palavra dele me atraía mais para um abismo qu
Isabella MorettiEra domingo de manhã e a luz do sol entrava pela janela, iluminando meu quarto com um calor acolhedor. Levantei, tentando afastar os pensamentos da noite anterior. O que Giovanni havia dito ainda ecoava em minha mente, mas eu precisava focar em aproveitar o dia.Desci as escadas e, ao chegar ao jardim, o clima era festivo. A família Romanno estava reunida em torno da piscina, rindo e se divertindo. Giovanni estava lá, brincando com Alessandro, e a visão deles juntos trazia um sorriso ao meu rosto.Matteo, sempre brincalhão, me chamou:— Isabella! Coloque um biquíni e venha aproveitar a manhã!Relutante, mas cativada pela ideia de me refrescar, fui até meu quarto e vesti um biquíni. Ao descer novamente, todos os olhares se voltaram para mim, e o meu coração disparou ao encontrar os olhos de Giovanni. Ele me observava com um olhar que fazia meu estômago revirar, uma mistura de desejo e expectativa.Entrei na piscina, sentindo a água fria e revigorante. Brinquei com Ales
Giovanni RommanoEstava sentado na varanda, observando o céu limpo do início da tarde enquanto bebia um bom vinho com Dante. O silêncio era quebrado apenas pelo leve som da brisa e o ocasional ressonar de Alessandro, que finalmente tinha caído no sono. Meus pensamentos, porém, estavam longe. Estavam com Isabella. — Ela te deixou pensando, hein? — Dante comentou, servindo mais vinho para si mesmo. Eu apenas balancei a cabeça em concordância, levando a taça aos lábios. Ele me conhecia bem demais para eu fingir.— Isabella é diferente. — Falei finalmente, olhando para o vinho escuro na minha taça. — Eu a quero, mas sinto que tem algo que a impede de dar o próximo passo.Dante me olhou por um momento antes de soltar um suspiro.— Giovanni, já pensou que ela pode estar com medo? Talvez algo na relação passada a deixou insegura. Não é sempre fácil para as pessoas deixarem o passado para trás.Fiquei em silêncio, as palavras dele se misturando aos meus próprios pensamentos. Era evidente qu
Isabella MorettiAcordei com a luz suave do entardecer entrando pelas frestas das cortinas. Meus olhos piscavam lentamente enquanto eu sentia a leve pressão da minha mão sendo solta. Olhei ao redor e percebi que estava sozinha no quarto. Giovanni... Ele devia ter ficado comigo até eu adormecer. Um calor tomou conta do meu peito ao pensar nele, ao meu lado, em silêncio, enquanto eu chorava minhas dores em seus braços.Mas agora... algo mais urgente me atingiu: fome. Não comia desde cedo e meu estômago roncava como se estivesse querendo me lembrar disso. Resolvi descer, esperando que não houvesse muitas pessoas pela casa, mas ao me aproximar da sala de jantar, percebi risadas e conversas animadas. Quando entrei, todos estavam lá, me esperando.— Ah, finalmente! — Matteo disse com um sorriso travesso. — Já estava prestes a pedir ao Giovanni para acordar a Branca de Neve com um beijo!Eu revirei os olhos, rindo de leve.— E você certamente seria o anão feliz, Matteo. — Brinquei, arrancan