Capítulo 5

Giovanni Rommano

Eu olhei para Alessandro, ainda ajoelhado, com o rosto manchado pelas lágrimas. Respirei fundo, tentando controlar a raiva que ainda queimava dentro de mim, mas não era com ele que eu estava irritado.

— Levante-se, Alessandro — falei, minha voz mais suave desta vez. — Me desculpe... Eu fui arrogante.

Ele me abraçou imediatamente, apertando meu corpo com força, como se estivesse com medo de que eu o afastasse. Eu o segurei também, o cheiro do perfume infantil misturado ao meu fez algo dentro de mim, para me acalmar. Ele implorou de novo, desta vez mais baixo, quase num sussurro:

— Por favor, papai, não demita a Isabella.

Levantei o olhar para ela, ainda parada ao lado da porta. Os olhos de Isabella me encaravam com uma firmeza inesperada, sem qualquer sinal de arrependimento pelo tapa que tinha me dado.

Antes que eu pudesse falar, ela tomou a iniciativa:

— Peço desculpas por ter dado o tapa, Giovanni, mas não me arrependo. Não vou permitir que você, nem ninguém, seja arrogante com o Alessandro.

As palavras dela atingiram algo profundo em mim. A coragem, a ousadia… e aquela proteção implacável por meu filho. Era quase... admirável, apesar da situação.

Fiquei em silêncio por um momento antes de me virar novamente para Alessandro.

— Tudo bem, Alessandro. Mas a partir de agora, você vai tirar boas notas e se comportar, entendeu? — disse, tentando ser firme, mas justo.

Ele assentiu rapidamente, ainda segurando a barra da minha camisa, como se eu pudesse mudar de ideia a qualquer segundo.

Toquei o cabelo dele uma última vez antes de me levantar. Saí do quarto sem olhar para trás, meus passos me levando direto até o carro. Entrei no veículo e bati a porta com força, a raiva e a confusão ainda fervendo dentro de mim.

Enquanto dirigia pelas estradas da propriedade, a imagem de Isabella defendendo meu filho continuava a ocupar meus pensamentos. A maneira como ela me enfrentou… Como ousava? E ao mesmo tempo… como poderia eu ignorar a forma como ela o protegia?

Acelerei um pouco mais, tentando me livrar dessas ideias, mas a verdade era clara: Isabella não era como as outras mulheres que passaram pela minha vida. Ela tinha coragem, e, de algum jeito, isso mexia comigo.

Isabella Moretti

Respirei fundo enquanto abraçava Alessandro, tentando afastar a tensão que ainda pairava no ar.

— Você não pode mais bater no papai, Isabella — ele sussurrou com uma voz suave, quase tímida. — Senão eu não vou conseguir mais ficar com você... Por favor, não faz mais isso. Eu gosto de você. Você faz o bolo de chocolate igual ao da vovó.

Sorri, incapaz de resistir ao encanto daquele garoto.

— Só gosta de mim por causa do bolo? — brinquei, passando a mão pelos cabelos dele.

Ele deu uma risadinha.

— Não, você também é bonita... e corajosa. As outras babás não eram assim.

Aquela resposta me tocou de uma forma que eu não esperava. Havia algo em Alessandro, uma inocência que me fazia querer protegê-lo a todo custo. Ajeitei sua camisa, ajudando-o a se arrumar para a escola.

— Pronto, rapazinho — disse, endireitando a gola de sua camisa. — Vamos para a escola agora.

Almoçamos juntos antes de sair. Depois, com o motorista nos levando, Alessandro foi para a escola, todo animado. Quando voltei para a mansão, decidi aproveitar o tempo livre. Peguei meu exemplar de "Orgulho e Preconceito"da Jane Austen, e me perdi nas palavras dela. Elizabeth Bennet era uma inspiração para mim, tão forte e determinada, assim como eu queria ser.

Preparei o bolo de chocolate e ficou ficou pronto antes do horário de Alessandro voltar. O cheiro doce preenchia a cozinha, me trazendo uma sensação de conforto. Era quase hora de buscar Alessandro, então entrei no carro com o motorista, pronta para mais um dia. Quando chegamos à escola, vi Giovanni parado na porta com Alessandro ao seu lado. Meu coração deu um salto. Não esperava vê-lo lá.

Alessandro veio correndo até mim, sorrindo.

— Vem com a gente, Isabella! — disse ele, puxando minha mão.

Olhei para Giovanni, que apenas assentiu, e entrei no carro ao lado dele. O silêncio no carro era palpável. Por um momento, olhei para Giovanni e percebi que seu rosto ainda estava vermelho. O tapa... Eu me sentia culpada por ter deixado aquela marca. Não era de mim reagir assim, e meu arrependimento crescia a cada minuto.

Foi então que Alessandro, com um sorrisinho travesso, sussurrou para mim:

— Eu vou me comportar, senão o papai vai ficar parecendo um camarão com o rosto vermelho.

Sorri, apesar de tudo, mas sabia que precisava ser clara com ele.

— Alessandro, o que eu fiz foi errado — sussurrei de volta. — Não deve fazer isso com ninguém. Nunca.

Olhei para Giovanni e, com um aperto no peito, pedi desculpas.

— Me desculpe... Eu fui impulsiva. Não devia ter deixado essa marca em você.

Giovanni me olhou por um momento, sério, mas havia algo diferente em seu olhar. Então, ele perguntou:

— Como está sua mão?

Fiquei surpresa com a pergunta. Ele não estava bravo?

— Está bem — respondi, um tanto confusa.

Foi quando ele pegou uma sacola ao lado dele e me entregou.

— Pomada e curativos — disse, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Fiquei ainda mais surpresa. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele sorriu e olhou para Alessandro.

— Uma das funcionárias novas da empresa me deu um café com chocolate, e só com um gole fiquei assim, todo vermelho. Mas já tomei a medicação e vou ficar bem.

Respirei aliviada. Então, o que tinha deixado Giovanni com o rosto vermelho não foi meu tapa... Foi uma reação alérgica! Soltei um suspiro aliviado, embora uma pequena parte de mim ainda se sentisse culpada.

Giovanni não disse mais nada. Apenas olhou pela janela, enquanto o carro seguia seu caminho, mas a tensão entre nós não desapareceu completamente.

continua....

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