Giovanni Rommano
Eu olhei para Alessandro, ainda ajoelhado, com o rosto manchado pelas lágrimas. Respirei fundo, tentando controlar a raiva que ainda queimava dentro de mim, mas não era com ele que eu estava irritado. — Levante-se, Alessandro — falei, minha voz mais suave desta vez. — Me desculpe... Eu fui arrogante. Ele me abraçou imediatamente, apertando meu corpo com força, como se estivesse com medo de que eu o afastasse. Eu o segurei também, o cheiro do perfume infantil misturado ao meu fez algo dentro de mim, para me acalmar. Ele implorou de novo, desta vez mais baixo, quase num sussurro: — Por favor, papai, não demita a Isabella. Levantei o olhar para ela, ainda parada ao lado da porta. Os olhos de Isabella me encaravam com uma firmeza inesperada, sem qualquer sinal de arrependimento pelo tapa que tinha me dado. Antes que eu pudesse falar, ela tomou a iniciativa: — Peço desculpas por ter dado o tapa, Giovanni, mas não me arrependo. Não vou permitir que você, nem ninguém, seja arrogante com o Alessandro. As palavras dela atingiram algo profundo em mim. A coragem, a ousadia… e aquela proteção implacável por meu filho. Era quase... admirável, apesar da situação. Fiquei em silêncio por um momento antes de me virar novamente para Alessandro. — Tudo bem, Alessandro. Mas a partir de agora, você vai tirar boas notas e se comportar, entendeu? — disse, tentando ser firme, mas justo. Ele assentiu rapidamente, ainda segurando a barra da minha camisa, como se eu pudesse mudar de ideia a qualquer segundo. Toquei o cabelo dele uma última vez antes de me levantar. Saí do quarto sem olhar para trás, meus passos me levando direto até o carro. Entrei no veículo e bati a porta com força, a raiva e a confusão ainda fervendo dentro de mim. Enquanto dirigia pelas estradas da propriedade, a imagem de Isabella defendendo meu filho continuava a ocupar meus pensamentos. A maneira como ela me enfrentou… Como ousava? E ao mesmo tempo… como poderia eu ignorar a forma como ela o protegia? Acelerei um pouco mais, tentando me livrar dessas ideias, mas a verdade era clara: Isabella não era como as outras mulheres que passaram pela minha vida. Ela tinha coragem, e, de algum jeito, isso mexia comigo. Isabella Moretti Respirei fundo enquanto abraçava Alessandro, tentando afastar a tensão que ainda pairava no ar. — Você não pode mais bater no papai, Isabella — ele sussurrou com uma voz suave, quase tímida. — Senão eu não vou conseguir mais ficar com você... Por favor, não faz mais isso. Eu gosto de você. Você faz o bolo de chocolate igual ao da vovó. Sorri, incapaz de resistir ao encanto daquele garoto. — Só gosta de mim por causa do bolo? — brinquei, passando a mão pelos cabelos dele. Ele deu uma risadinha. — Não, você também é bonita... e corajosa. As outras babás não eram assim. Aquela resposta me tocou de uma forma que eu não esperava. Havia algo em Alessandro, uma inocência que me fazia querer protegê-lo a todo custo. Ajeitei sua camisa, ajudando-o a se arrumar para a escola. — Pronto, rapazinho — disse, endireitando a gola de sua camisa. — Vamos para a escola agora. Almoçamos juntos antes de sair. Depois, com o motorista nos levando, Alessandro foi para a escola, todo animado. Quando voltei para a mansão, decidi aproveitar o tempo livre. Peguei meu exemplar de "Orgulho e Preconceito"da Jane Austen, e me perdi nas palavras dela. Elizabeth Bennet era uma inspiração para mim, tão forte e determinada, assim como eu queria ser. Preparei o bolo de chocolate e ficou ficou pronto antes do horário de Alessandro voltar. O cheiro doce preenchia a cozinha, me trazendo uma sensação de conforto. Era quase hora de buscar Alessandro, então entrei no carro com o motorista, pronta para mais um dia. Quando chegamos à escola, vi Giovanni parado na porta com Alessandro ao seu lado. Meu coração deu um salto. Não esperava vê-lo lá. Alessandro veio correndo até mim, sorrindo. — Vem com a gente, Isabella! — disse ele, puxando minha mão. Olhei para Giovanni, que apenas assentiu, e entrei no carro ao lado dele. O silêncio no carro era palpável. Por um momento, olhei para Giovanni e percebi que seu rosto ainda estava vermelho. O tapa... Eu me sentia culpada por ter deixado aquela marca. Não era de mim reagir assim, e meu arrependimento crescia a cada minuto. Foi então que Alessandro, com um sorrisinho travesso, sussurrou para mim: — Eu vou me comportar, senão o papai vai ficar parecendo um camarão com o rosto vermelho. Sorri, apesar de tudo, mas sabia que precisava ser clara com ele. — Alessandro, o que eu fiz foi errado — sussurrei de volta. — Não deve fazer isso com ninguém. Nunca. Olhei para Giovanni e, com um aperto no peito, pedi desculpas. — Me desculpe... Eu fui impulsiva. Não devia ter deixado essa marca em você. Giovanni me olhou por um momento, sério, mas havia algo diferente em seu olhar. Então, ele perguntou: — Como está sua mão? Fiquei surpresa com a pergunta. Ele não estava bravo? — Está bem — respondi, um tanto confusa. Foi quando ele pegou uma sacola ao lado dele e me entregou. — Pomada e curativos — disse, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Fiquei ainda mais surpresa. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele sorriu e olhou para Alessandro. — Uma das funcionárias novas da empresa me deu um café com chocolate, e só com um gole fiquei assim, todo vermelho. Mas já tomei a medicação e vou ficar bem. Respirei aliviada. Então, o que tinha deixado Giovanni com o rosto vermelho não foi meu tapa... Foi uma reação alérgica! Soltei um suspiro aliviado, embora uma pequena parte de mim ainda se sentisse culpada. Giovanni não disse mais nada. Apenas olhou pela janela, enquanto o carro seguia seu caminho, mas a tensão entre nós não desapareceu completamente. continua....Isabella Moretti Assim que chegamos na mansão, Alessandro subiu para tomar banho, e eu também fui ao meu quarto para me refrescar. Após um banho rápido, desci para a cozinha, onde a senhora Luci ainda estava terminando de preparar o jantar. O aroma delicioso preenchia o ambiente, mas meu pensamento estava longe. Algo me incomodava, a culpa ainda pesava sobre mim pelo tapa que dei em Giovanni. Decidi que precisava fazer algo para me redimir. Os irmãos Romano estavam sentados a mesa e todos jantaram em silêncio, pareciam estar mantendo distância de mim e foi então que minha ficha caiu que eu não deveria ter dado o tapa no Giovanni. Todos após o jantar subiram para seus quartos, o clima da mansão estava tenso, o Alessandro me desejou boa noite e após deixar ele no quarto dele dormindo, decidi fazer algo. "Devo me desculpar", pensei, enquanto chegava na cozinha.Um pedido de desculpas simples não parecia suficiente, então resolvi preparar algo especial. Um gesto que demonstrasse minha s
Isabella Moretti Giovanni me seguiu até a sala e, com a expressão mais calma, veio falar comigo. — Isabella, amanhã preciso que você acompanhe Alessandro a um aniversário de uma colega da escola. O motorista vai levá-los, mas eu não vou poder estar presente. Vou viajar no sábado e não chegarei a tempo para a festa. Espero que não se importe. — Não tem problema, Giovanni — respondi, sem hesitar. — Eu me sinto bem com o Alessandro, e não estava planejando tirar folga mesmo. Giovanni então puxou algo do bolso e me entregou um cartão platinado. — Pode comprar o presente da aniversariante e roupas, sapatos, o que precisar para você também. Quero que gaste o máximo que puder. Quero que se sinta à vontade para comprar o que precisar. Eu o olhei confusa, sem saber se era uma brincadeira ou uma ordem. — O que há de errado com as minhas roupas? — perguntei, um sorriso leve no rosto. — Nada. Eu só quero que você tenha o suficiente para preencher o closet do seu quarto ao ponto de não ha
Isabella Moretti Passei a noite inquieta, revirando-me na cama, tentando esquecer o que havia acontecido, mas o beijo continuava voltando à minha mente. Eu precisava de espaço, precisava pensar. No dia seguinte, o sol invadia meu quarto e me lembrava que eu tinha um compromisso com Alessandro. A festa da amiga dele, Giovana, seria na piscina, e eu precisava focar nisso, não em Giovanni. Tomei um banho longo, vestindo algo leve e apropriado para a ocasião, e desci para encontrar Alessandro. Ele estava animado, mal conseguia conter a alegria de ver a amiga. Quando chegamos à festa, as crianças corriam pela área da piscina, e a música suave tocava ao fundo. Alessandro correu até Giovana com o presente em mãos, e eu sorri ao ver a felicidade no rosto dele. Estava tentando me distrair quando alguém se aproximou de mim. — Isabella? — uma voz familiar me chamou. Virei-me e fiquei boquiaberta. Meu coração acelerou ao ver o homem parado à minha frente. — Alberto? — exclamei, sem ac
Giovanni Rommano Havia algo no seu olhar, uma hesitação, uma expectativa. E então, percebi. Isabella estava esperando por alguém. Minhas suspeitas se confirmaram quando um carro de luxo esportivo parou em frente à mansão. Senti um aperto no peito, algo que eu não queria reconhecer, mas que era impossível ignorar. Ela iria sair, e não era comigo. — Pode deixar o carro entrar, Isabella — pedi, tentando manter o tom casual, apesar do nó na garganta. Ela parecia constrangida, o que só aumentava minha curiosidade e... ciúmes. Logo, o motorista saiu do carro. Um homem mais novo, com um sorriso confiante. Algo dentro de mim se partiu naquele instante. Eu já sabia que aquela noite não seria fácil. — Este é Alberto — disse ela, me apresentando. Minha mente girava em círculos. Um homem mais jovem, mais confiante, talvez uns três anos mais novo que eu. A sensação de estar perdendo algo — ou alguém — era quase insuportável. — De onde vocês se conhecem? — perguntei, tentando disfarçar o tom
Isabella Moretti Enquanto eu ajustava o vestido e saía pela porta, uma sensação estranha me percorreu. Algo não estava certo. Quando o carro de Alberto parou em frente à mansão, eu já sentia a presença de Giovanni, mesmo que ele ainda estivesse longe de ser visto. O olhar atento dele sempre me seguia, fosse no trabalho, fosse em momentos como aquele. — Boa noite! — murmurei, tentando esconder o constrangimento. Sabia que Giovanni estava lá fora, no jardim, observando. Era óbvio. Quando entrei no carro com Alberto, uma rápida olhada pelo espelho retrovisor confirmou minhas suspeitas: Giovanni nos seguia. — Você está bem? — Alberto perguntou, com a testa franzida, enquanto acelerava pelas ruas tranquilas. — Sim, só... — hesitei. — Giovanni está nos seguindo. Alberto soltou uma risada leve, mas seus olhos não escondiam a preocupação. — Algo está acontecendo entre vocês? Suspirei, sabendo que não havia como esconder nada de Alberto. Ele me conhecia melhor do que qualquer outra pesso
Isabella MorettiEle então sai em direção a porta emeu celular tocou, Giovanni, observando de perto, soltou uma provocação:— Não vai atender? Deve ser seu namorado.— É só uma mensagem — respondi, sentindo uma leve irritação. Antes que eu pudesse me afastar, ele segurou meu braço, o toque firme, mas ao mesmo tempo delicado.— Eu não tenho namorado, nem quero ter um. O Alberto é meu melhor amigo desde a infância — disse, tentando deixar claro, mas a tensão no ar estava crescendo.Ele arqueou uma sobrancelha, o olhar penetrante.— Entendo. Já notei que você tem o costume de beijar amigos.A provocação nas palavras dele me fez sentir um frio na barriga. O desejo que eu tentava esconder ardia sob a superfície. Ele estava tão perto, o calor do corpo dele quase me envolvendo. A luta interna se tornava insuportável.— E se eu disser que não quero ser apenas um amigo seu? — a sua voz era baixa, quase um sussurro.Senti meu coração acelerar. Cada palavra dele me atraía mais para um abismo qu
Isabella MorettiEra domingo de manhã e a luz do sol entrava pela janela, iluminando meu quarto com um calor acolhedor. Levantei, tentando afastar os pensamentos da noite anterior. O que Giovanni havia dito ainda ecoava em minha mente, mas eu precisava focar em aproveitar o dia.Desci as escadas e, ao chegar ao jardim, o clima era festivo. A família Romanno estava reunida em torno da piscina, rindo e se divertindo. Giovanni estava lá, brincando com Alessandro, e a visão deles juntos trazia um sorriso ao meu rosto.Matteo, sempre brincalhão, me chamou:— Isabella! Coloque um biquíni e venha aproveitar a manhã!Relutante, mas cativada pela ideia de me refrescar, fui até meu quarto e vesti um biquíni. Ao descer novamente, todos os olhares se voltaram para mim, e o meu coração disparou ao encontrar os olhos de Giovanni. Ele me observava com um olhar que fazia meu estômago revirar, uma mistura de desejo e expectativa.Entrei na piscina, sentindo a água fria e revigorante. Brinquei com Ales
Giovanni RommanoEstava sentado na varanda, observando o céu limpo do início da tarde enquanto bebia um bom vinho com Dante. O silêncio era quebrado apenas pelo leve som da brisa e o ocasional ressonar de Alessandro, que finalmente tinha caído no sono. Meus pensamentos, porém, estavam longe. Estavam com Isabella. — Ela te deixou pensando, hein? — Dante comentou, servindo mais vinho para si mesmo. Eu apenas balancei a cabeça em concordância, levando a taça aos lábios. Ele me conhecia bem demais para eu fingir.— Isabella é diferente. — Falei finalmente, olhando para o vinho escuro na minha taça. — Eu a quero, mas sinto que tem algo que a impede de dar o próximo passo.Dante me olhou por um momento antes de soltar um suspiro.— Giovanni, já pensou que ela pode estar com medo? Talvez algo na relação passada a deixou insegura. Não é sempre fácil para as pessoas deixarem o passado para trás.Fiquei em silêncio, as palavras dele se misturando aos meus próprios pensamentos. Era evidente qu