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Continua Capítulo Dois

Parte 2...

— Entre meu filho - ele sorri.

— Quem é você? - ele pergunta.

— Esta é a Cristina - Pauline pegou minha mão — Filha de minha boa amiga, Marlene. Eu já te falei sobre elas, não falei?

Ele fez uma cara engraçada. Acho que se Pauline falou, ele com certeza não lembra de nada. Deu um sorriso curto e fez um gesto com a cabeça. Não sei porque, mas fiquei inquieta.

— Acho que sim - deu de ombro, me olhando. Isso me deixa tímida — E o que faz aqui?

— Norton... Isso é modo de falar?

— Eu só fiz uma pergunta -abriu as mãos — Curiosidade.

Fiquei um pouco corada. Eu sei porque sinto meu rosto ficar quente. Notei que ele tem olhos pretos muito bonitos.

— Cristina veio aqui porque eu a chamei - Pauline explicou — Eu pedi que viesse para pegar umas coisas.

— Mas a senhora não vai sempre lá?

— Sempre não, Norton - ela fez um bico — Quando posso eu vou visitar minha amiga.

Eu guardei as caixas do remédio em minha bolsa. Agradeci de novo e disse a ela que precisava ir. Ainda tinha que chegar em casa e no final da tarde iria para a faculdade.

— Que pena - ela meneou a cabeça sorrindo — Eu gostaria que ficasse um pouco mais. Nós quase não temos tempo de conversar.

— É verdade - ajeitei a alça da bolsa, sentindo o olhar dele sobre mim — Mas infelizmente, não vai dar. Eu só aproveitei esse tempinho mesmo. Mas o ônibus demora a chegar no meu bairro.

Saímos da cozinha juntas, Pauline segurando em meu braço. Nem me despedi do filho dela. Fiquei um pouco envergonhada com o modo como ele olhava para mim.

Pauline me acompanhou até a porta da frente e nos despedimos. Passei pela guarita e andei depressa até uma pequena praça mais adiante, onde tinha um ponto de ônibus.

Até isso era diferente aqui. Nenhuma pixação e tudo no lugar. Felizmente não demorou muito e logo pulei para o degrau do ônibus e fui para os assentos do fundo.

Norton

— A garota já foi, mãe?

— Já sim - ela passou por mim subindo a escada.

— Ela parece novinha, não é?

— Ela é novinha - me respondeu — Tem só vinte e um anos.

Apertei os lábios fazendo um bico, balançando a cabeça para a frente. De repente a ideia maluca me bateu de novo. Só tinha que tirar uma dúvida e depois resolveria. Subi os degraus de dois em dois indo atrás dela.

— Mãe, essa sua amiga é aquela que mora naquele bairro ruim, não é? - gesticulei entrando no quarto — Aquele bairro de pobre.

Ela parou e me olhou fazendo uma cara séria.

— Você e seu modo de falar, Norton.

Me joguei na cama.

— Mas é a verdade, né! - dei de ombros — Ela tem namorado?

Minha mãe entrou no closet, abrindo um armário.

— Que eu saiba não - respondeu.

— Hum... E ela é uma moça legal? Quero dizer... É esperta, inteligente... Trabalha...

Vi minha mãe colocar a cabeça para fora do closet.

— O que é, Norton?

— Nada, só curiosidade - fiz cara de bobo.

— Sei... - torceu a boca — Eu gosto muito da mãe dela, somos muito amigas. Essa menina é diferente das que você gosta de sair - voltou a entrar no closet — É uma boa garota, calma, trabalhadora, religiosa...

Era tudo o que eu queria ouvir. Pelo modo como minha mãe a descrevia, já dava para perceber que gostava da garota. O que era bom para meu plano recém formado. Acho que dei sorte.

Só faltava ter a outra parte completa e depois colocar em andamento. Mas isso aí já tinha um outro problema.

Como eu iria fazer com que ela colaborasse, se nem mesmo éramos conhecidos?

Eu tenho que bolar um plano que seja difícil da garota negar. Minha mãe a conhece há muito tempo, isso é um ponto positivo.

Tenho que pensar e rápido. Quanto antes eu tiver um plano, melhor vai ser pra mim. Finjo que a garota é minha namorada, minha mãe fica feliz e pronto. Minha vida fica tranquila de novo e eu fico livre pra curtir.

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