Onze

— Tudo bem Emily? — Louis pergunta, e eu o olho.

Elizabeth também me olhava.

— Eu só... — passo a mão pelo rosto. — Desculpe.

— Aconteceu algo?

— Não. — balanço a cabeça negativamente. — Vou... vou levar as coisas delas lá para cima. Licença.

Passo por eles, tomando cuidado para não tocar meu ombro com o de Louis. Subo as escadas depressa e entro no quarto das meninas. Encosto-me na porta fechada e me arrasto para o chão, com lágrimas a escorrer pelo meu rosto.

Eu sentia uma falta absurda do nada. Do abraço que nunca senti, do cheiro que nunca senti. Nunca tive a chance de ter um momento com a minha mãe. Ela morreu para me pôr no mundo. Às vezes eu tinha crises, por ver cenas de afeto de mãe com filha. Me fazia pensar, em como teria sido se ela não tivesse morrido.

Sinto alguém tentar empurrar a porta e me levanto, passando a mão pelo rosto.

— Tudo bem?

Me viro para encarar Kia. Tento sorrir.

— Sim.

— Emily o que foi? — seu rosto suaviza. — Por que estava chorando?

— Não se preocupe, Kia. Estou bem.

— Não está.

Baixo a cabeça por um momento.

— Apenas lembrei de uma pessoa. — digo. — E a saudade me pegou.

— Oh, seus pais? Quer ir vê-los?

Engulo em seco.

— Geralmente vou ao cemitério as sextas.

Seus olhos se arregalam por um segundo.

— Oh... me... me desculpe. Eu não sabia.

— Eu sei. — sorrio de leve. — Não se preocupe.

Ela se aproxima e pega minha mão.

— Eu sei que mal nos conhecemos, mas eu quero que se lembre de que pode contar comigo. — ela diz, sorrindo. — Quando quiser desabafar, um colo para chorar, sabe onde me achar.

Faço careta com mais lágrimas escorrendo pelo rosto e a abraço.

— Você é tão fofa. — digo. — Obrigada. Eu vou me lembrar disso.

Ela nos afasta e passa a mão no meu rosto.

— Vamos descer. — ela pega minha mão. — Parece que mamãe quer contar algo.

— É, eu sei.

Deixo Kiara me puxar para fora do quarto. Quando descemos, vejo Louis parado perto da escada. Ele me olha.

— O que aconteceu?

— Nada, Lou. — Kia diz. — Só tinha caído algo no olho dela.

— É. — afirmo.

Ele parece desconfiado, mas dá de ombros. Kia continua a me puxar para a cozinha. As gêmeas estavam sentadas, comendo alguma coisa, junto com a mãe e Arabella. Fico em pé, atrás de Ayla e Kia senta do lado de Arabella.

— Meninas quero fazer um comunicado. — Elizabeth diz. Todas a olham. — Vou viajar para antecipar minha lua de mel.

— Quando?

— Vou hoje. Louis vai me levar para o aeroporto daqui a pouco.

— Ainda vamos para a casa de Lilly? — Lis pergunta.

— Vou ligar para Chloe antes de sair. Se ela confirmar, vocês vão.

As gêmeas comemoram.

— Vocês — ela aponta para as mais velhas — não vou proibi-las de sair, portanto que não quebrem o nosso acordo.

— Okay, mãe. — dizem em uníssono.

— Louis está no comando. — ela diz, olhando por cima do meu ombro e depois para as meninas. — Se ele não estiver, Emily está no comando. Entendidas?

Todas assentem.

— Louis já conversamos. Ai de você, se me desafiar.

— Assim eu perco minha autoridade, mãe.

— Ainda estou aqui. Então sem autoridade pra você. — ela pisca. — Acho que não tenho nada pra dizer a você Emily.

— Okay.

— Vamos nos despedir?

— Vou lá em cima pegar sua mala. — aviso.

Ela assente e eu me viro. Louis estava encostado no batente da porta de braços cruzados. Ele arqueia a sobrancelha pra mim e eu o ignoro, saindo da cozinha. Subo as escadas rapidamente e entro no quarto de Elizabeth. Puxo sua mala, que já estava perto da porta, para fora do quarto. Fecho a porta e seguro a mala, descendo as escadas com cuidado.

— Eu ajudo.

Me assusto com a voz de Louis, deixando a mala cair no meu pé.

— Ah po... — ele ergue a sobrancelha. — Obrigada Louis.

— Não foi culpa minha!

— Imagine. Pega essa mala!

— Eu não sai para você comandar.

— Tira a droga dessa mala de cima do meu pé. AGORA!

Ele solta uma risada e pega a mala, deixando-a do lado da escada. Me sento na mesma e pego meu pé, o massageando.

— Que foi? — Elizabeth questiona.

— Louis me assustou e eu deixei a mala cair no meu pé.

— Louis!

— Foi sem querer, mãe. — ele se defende. — Só ofereci ajuda.

— Do nada.

— Você nem estava olhando para cima.

— Chega! — Elizabeth diz. — Está doendo muito? Acha que precisa enfaixar?

— Não. — me levanto e piso. Uma dor me aflige, mas eu finjo. — Está tudo bem.

Louis sobe a sobrancelha em desconfiança.

— Vamos, Louis?

Ele assente e anda atrás da mãe. As meninas surgem da cozinha e dão um último abraço em Elizabeth. Ela sai da casa com Louis e eu vou atrás. Vejo-o pôr a mala no carro e Elizabeth se vira para mim.

— Eu vou ligar para a mãe de Lilly no caminho, mas creio que isso não seja mentira, então elas podem ir. — assinto. — Leve-as para a casa de Lilly as seis da noite. Geralmente a mãe dela trás as meninas no domingo.

— Tudo bem.

Ela sorri de leve e me abraça.

— Qualquer coisa me liga, por favor. — ela passa a mão no meu cabelo. — Tem um caderninho de telefones do lado do mesmo.

— Pode deixar. Curta sua lua de mel.

— Obrigada.

Ela sorri mais uma vez e vai para o carro. Louis como um perfeito cavalheiro, abre a porta para que ela entre e logo toma a direção. Ele liga o carro e me olha. Antes de partir, ele faz questão de piscar para mim.

Balanço a cabeça e volto para a casa. Kia estava sentada no sofá e as gêmeas na escada.

— O que mamãe disse? — Ayla pergunta. — Vamos poder ir?

— Ela disse que vai ligar para a mãe da sua amiga.

— Mas podemos ir arrumando as coisas?

— Sim. Qualquer coisa eu guardo tudo.

Elas se animam e correm escada acima.

— NADA DE VESTIDO DE VELUDO. — grito.

Kia ri.

— Louis não serve para vestir meninas.

Dou a volta no sofá e me sento no mesmo.

— É. — cruzo as pernas.

Ela fica uns segundos em silêncio.

— Emily, por que mamãe não quer você e Louis perto um do outro?

— Como assim?

— Fui falar com você porquê mamãe pediu. Eu vim da cozinha e ela estava segurando o braço de Louis.

— Sério? — ela assente. — Eu não sei o que se passa. Sua mãe parece ter medo de algo.

— É. Ela tem. — ela volta a olhar para o celular.

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