Quinze

Ela pisca e sai da cozinha. Respiro aliviada pela rápida solução dela e abro a geladeira. Pego a jarra de suco e despejo o liquido avermelhado no copo. Me sento à mesa e beberico o suco. Arabella surge e começa a revirar as gavetas.

— Lou deixou. — disse. — Pediu pra perguntar seu sabor favorito.

— Mussarela.

Ela pega o telefone e disca.

— Duas gigante. Uma mussarela e uma de presunto.

Arabella finaliza com o endereço da casa e desliga.

— Em meia hora chega. — diz. — Você atende a porta?

— Claro.

Ela sorri pra mim e sai da cozinha.

[...]

Quando a pizza chegou, eu abri-as na mesa da cozinha e ia subir pra chamar as gêmeas, quando Louis desce com as quatro meninas a sua volta. Pela primeira vez, desde que o conheci, ele não sorri pra mim. Ele baixa a cabeça e passa por mim, indo pra cozinha.

Com certeza se arrependeu do beijo. Claro. E como punição para mim, ele não sorri mais. Só porque eu adorava vê-lo sorrir.

— Não vem, Emily?

Kia me desperta dos meus pensamentos confusos.

— Sim, vamos.

Vamos para a cozinha e eu me sento no meio das gêmeas.

O resto da noite foi assim:

Eu sentia o olhar de Louis em mim, mas quando eu o olhava, ele olhava para outro lado ou para baixo.

Alguma coisa estava acontecendo.

Depois que as pizzas acabam, Louis diz que vai colocar as gêmeas para dormir e sobe.

— Quer ajuda Emily?

— Não meninas. — sorrio pra elas. — Podem ir. Vou ajeitar tudo e dormir. Estou cansada.

— Tudo bem. Boa noite, Emily.

— Boa noite, meninas.

Elas saem da cozinha e eu olho em volta. Descarto as caixas de pizza no lixo e coloco os laváveis na pia. Lavo e seco tudo e apago a luz da cozinha. Vou até o quartinho e pego meu pijama, toalha e necessaire. Depois vou ao banheiro e tomo um rápido banho.

Minha cabeça estava pegando fogo. Louis não saia dos meus pensamentos um minuto.

Termino o banho e me seco rapidamente. Visto o pijama e escovo os dentes. Depois volto para o quarto e me deito. Olho para o retrato dos meus pais e passo um dedo no vidro.

— Amanhã eu vou conversar com vocês.

Adormeço logo.

[...]

Desperto sem que o celular toque e olho em volta. Paro o olhar no retrato dos meus pais.

Sexta feira.

Agarro na calça jeans e a visto rapidamente. No mesmo instante que eu vestia a blusa preta, calçava as botas. Jogo o cabelo para trás e faço um coque. Visto uma jaqueta preta e saio do quarto. Vou até o banheiro e escovo os dentes rapidamente. Molho o rosto e o seco.

Saio da casa e ando poucas quadras, até entrar no cemitério de Doncaster. Passo pelas lápides de pessoas desconhecidas, até chegar no meu lugar.

A lápide dos meus pais.

— Cheguei. — digo, me ajoelhando. — Eu não trouxe flores hoje. Tinha uma certa urgência em vir aqui. Precisava desabafar com alguém e... mesmo que vocês não estejam mais aqui na terra, estão no meu coração e eu sei que me protegem de tudo de ruim.

Respiro fundo.

— Estou trabalhando. Na casa de um famoso. Sou babá das meninas mais novas. Louis, o irmão mais velho, está mexendo comigo. Com a minha cabeça e meu coração. Ontem ele me beijou, em uma tentativa desesperada de me provar uma coisa. — solto uma risada. — Foi tão bom. Tão sincero. Sabem, que desde o meu namoro frustrado com David, eu não conseguia sentir prazer em quase nada. Mas aquele beijo de Louis, fez renascer uma chama dentro de mim. A mãe dele parece não querer que a gente fique juntos. E eu não sei o porquê. Não sei o que fazer. Eu... eu queria tanto que vocês pudessem me aconselhar. — as lágrimas correm pelo meu rosto. — Que me dissessem o que eu tenho que fazer.

Soluço e passo a mão pelo rosto.

— Tome.

Ergo o olhar e encaro a menina morena que me esticava um lenço.

— Sempre que venho aqui, preciso de vários desse. — diz. — Pega.

Pego o lenço da sua mão e seco minhas lágrimas.

— Obrigada. — digo.

— Não foi nada. Vi que estava precisando.

— É.

— Vou... deixar você aí.

— Não, eu vou embora. — olho mais uma vez para as lápides. — Semana que vem eu volto. Amo vocês.

Fecho os olhos e faço uma oração. Depois me levanto e caminho do lado da menina.

— Sou Sara. — diz. — Vim deixar flores para minha mãe.

— Sou Emily. Não trouxe flores hoje, mas semana que vem trago o dobro.

Ela sorri de leve.

— Vem toda sexta?

— Sim. Antes era porque eu cuidava da minha tia doente e agora eu estou trabalhando.

— Oh, entendi. Eu venho sempre que posso. Cuido da minha irmã de oito anos sozinha.

— E seu pai? — atravessamos a rua.

— Eu não o conheço. — ela passa a mão no cabelo, onde tinha pequenos flocos de neve. — Minha mãe nunca falava dele, então não sei.

— Se é só você e sua irmã, do que vive?

— Da herança que minha mãe deixou pra gente. Ela deixou um bom dinheiro para Julie, em uma conta separada. E quando ela fizer dezoito poderá mexer naquele dinheiro.

— Oh entendi. Eu nunca soube de nenhuma herança, então não tenho dinheiro algum. Se eu resolver sair desse trabalho ou for demitida, não sei o que será de mim.

— Complicado.

— Muito. — paro na frente da casa dos Hamilton. — É aqui que eu fico.

Ela olha pra casa e depois pra mim.

— Você trabalha pra família Hamilton?

— Sim. Não sabia quem eles eram quando cheguei.

— Meu Deus! — ela bota a mão no rosto. — Que sorte a sua! Meu Deus!

— Gosta da banda?

— Amo! Muito. Sou louca por eles.

Solto uma risada.

— Eu chamaria o Louis pra você, mas acho que ele ainda está dormindo.

— Tudo bem. — ela sorri.

— Vou entrar. Preciso preparar o café.

— E eu comprar a meu muffin matinal. Como um toda manhã. Amo muffin!

— Estou vendo. — solto mais uma risada. — Bem, nos vemos semana que vem?

— Sim. Vou levar lenços extras.

— Obrigada. Tchau.

— Tchau, Emily!

Ela acena e eu entro. Vou para a cozinha e vejo todos a mesa, já tomando café.

— Emily! — Louis levanta. — Onde estava? Achei que tinha acontecido algo.

— Não aconteceu nada. Só fui... ao cemitério.

— Oh... então, está tudo bem?

— Sim. — ele sorri, e aquilo muda minha manhã. — Estou bem.     

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