Dezesseis

O café da manhã correu bem. Super bem. Louis sorria e brincava com as irmãs. Chegou a sujar o nariz de Kia com o recheio de um cupcake. Quando elas acabam de comer, subo com as gêmeas para que elas tomem banho. Depois da escola, só passariam em casa para pegar as mochilas e iriam para a casa da amiguinha.

Estava terminando de arrumar a mochila das duas, quando Louis entra no quarto.

— Tudo bem aqui? — pergunta olhando diretamente pra mim.

— Sim. Elas estão escovando os dentes.

— Eu vou levá-las. Se importa?

— Jamais. Suas irmãs. Fique à vontade.

Ele sorri.

— Obrigado.

— Sabe que não precisa agradecer.

Retribuo o sorriso.

Como aquele homem conseguia ser tão lindo? É capaz que alguém seja tão lindo assim?

As gêmeas saem do banheiro e olham para o irmão.

— Vai com a gente?

— Sim. — elas sorriem. — Vamos?

Elas vêm na minha direção e eu lhes entrego suas respectivas mochilas. Ayla pega minha mão e me puxa, para que eu me abaixe. Assim que abaixo, ela me surpreende com um abraço. Círculo meus braços na pequena menina e olho para Louis. Ele estava surpreso.

— Até mais, Emily.

— Até mais princesa.

Ela me solta e pega a mão do irmão.

— Até depois, Emily. — Louis diz e pisca.

Cada vez que esse garoto pisca, meu corpo treme.

— Até, Louis.

Ele sai do quarto com as gêmeas e eu me sento na cama de uma delas.

Ontem ele não sorria e hoje estava agindo daquela maneira. Esse menino está conseguindo me deixar louca.

Suspiro profundamente, antes de me levantar e fazer a cama das meninas. Coloco seus bichos de pelúcia no pequeno sofá da janela e saio do quarto. Desço as escadas da casa silenciosa e procuro algo pra fazer.

Não havia nada.

Bufo de tédio e me sento no sofá. Ligo a TV e passo os canais. Paro assim que vejo o Sheldon. Era um personagem da serie de TV, The Big Bang Theory.

Eu amava aquela série. Sou completamente apaixonada e viciada por cada personagem. E era o primeiro episódio. Pauso a TV e corro para a cozinha. Abro os armários a procura da pipoca de micro-ondas. Assim que a acho, retiro a embalagem e coloco no eletrodoméstico. Digito o tempo necessário e espero. Mas não espero parada. Fico rodando junto com o prato de micro-ondas. Quando acaba, eu imito o barulho que a máquina faz e solto uma gargalhada estridente.

Eu estava feliz.

E não havia motivo, aparente. Bem havia.

O sorriso do Louis.

Suspiro profundamente me lembrando de cada vez que ele sorriu. E acabo lembrando do beijo. Eu daria minha vida pra provar aquele beijo de novo.

Decido parar de sonhar alto e abro a geladeira. Retiro uma lata de refrigerante de lá, e vou para a frente da TV com a pipoca e o refrigerante em mãos.

[...]

Já havia acabado o primeiro episódio e eu ainda estava rindo quando o segundo começou.

— Não creio!

Olho rapidamente para trás e encaro Louis. Ele tinha um olhar indecifrável.

— Que foi? — olho para o meu colo onde estava o saco de pipocas e para a mesinha de centro, onde estava a latinha, já vazia. — Ai meu Deus. Louis desculpe. — me levanto e começo a catar as pipocas que estavam caídas no sofá — Eu sei que não devia me sentir em casa. Desculpe.

— Emily, para.

Ergo o olhar e noto que ele está na minha frente. Já não usava mais a jaqueta. Apenas uma blusa preta de mangas curtas que deixava as suas tatuagens dos braços a mostra.

— Não estou reclamando. — diz baixo. Seus olhos miravam um lugar: minha boca. — Você deve se sentir em casa.

As palavras sumiram da minha boca. Nada saia. Eu devia agradecer, mas eu só tinha vontade de fazer uma coisa.

Acabo com o espaço entre nós colando nossos lábios. Louis aperta minha cintura e eu deixo o pacote de pipoca cair no chão, levando minhas mãos aos seus sedosos cabelos. Nossas línguas se uniam com sincronização. Eu estava explodindo por dentro.

Seus lábios deixam os meus, mas ele cola nossas testas. Nossa respiração estava ofegante.

— Além de beijar bem demais, você curte essa série. — diz. — Garota você é perfeita.

Solto uma risadinha, que ele faz questão de acabar, me beijando novamente.

— Louis... eu vou... vou morrer sem ar. — digo.

Ele sorri.

— Eu não consigo largar seus lábios. Que vício.

— Não é legal ter vícios. Traz algum mal a vida da pessoa viciada.

— Impossível. Seus lábios são tão doces. Tão macios.

— Está me deixando sem jeito.

Ele descola nossas testas, mas não os corpos. Louis pega uma mecha do meu cabelo e enrola no seu dedo. Depois acarinha minha bochecha, olhando nos meus olhos.

— Você é tão linda. — sorrio, envergonhada. — E essas bochechas... meu Deus.

— Para, Louis.

— Sério, sou louco nelas.

— Eu hein. — gargalho.

— Tem uma coisa que eu queria fazer desde a primeira vez que te vi.

— O que?

Ele desenrola meu cabelo do seu dedo e se aproxima. Quando acho que ele vai me beijar novamente, sinto seus lábios na minha bochecha e em seguida uma leve mordida.

— Au! — choramingo. Ele beija minha bochecha, meus lábios e me olha. — Era isso que queria fazer?

— Sim. — sorri lindamente.

Suspiro e fico olhando para seus lindos olhos.

— O que foi? — pergunta.

— Estou tentando descobrir o que aconteceu.

Ele franze o cenho.

— Como assim?

— Eu e você.

Ele descola nossos corpos e pega minha mão, me puxando para o sofá. Sentamos de frente um para o outro. Ele não larga minha mão.

— Foi rápido? — pergunta. — É isso que está querendo dizer?

— Sim. Bem, não. Quer dizer...

— O que te aflige?

— Sou a empregada. — digo. — Sou a babá das suas irmãs. E desde que você chegou, notei que sua mãe fica estranha. — ele olha para a tv. — E essa sua atitude me faz ver o que é.

Ele me olha rapidamente.

— O que é?

— Elizabeth não quer o filho com uma empregada. Ela sabe que você merece muito mais.

— Claro que não. Mamãe não é assim.

— Então por que ela fica estranha quando estamos perto um do outro?

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