Doze

Ergo a sobrancelha.

— De que?

Ela me olha por um momento.

— Ér... — Kia olha para os lados. — Tenho que arrumar algumas coisas... licença.

Ela se levanta e corre escada acima. Aquela garota com certeza estava escondendo alguma coisa. 

Dou de ombros e ligo a TV.

[...]

— É lindo! — digo para Arabella.

Ela tinha vestido uma jardineira jeans e uma blusa cropped preta com mangas.

— Estava pensando em usar esse fim de semana.

— Está nevando. Não vai sentir frio?

— Jogo um sobretudo por cima.

Ela dá de ombros.

Escuto a porta abrir e dou uma olhada rápida. O suficiente pra ver Louis coberto de neve.

— Lou! — Arabella exclama. — Vai molhar o chão.

— Eu sei.

— Não vou secar.

— Eu falei que você ia secar algo?

Olho para trás e o encaro.

— Credo, Louis! — ela exclama e sobe.

— Por que falou assim? — pergunto. — A menina não fez nada!

— Emily não se mete. Não quero ser grosso com você também.

— Será que você quer contar o que te deixou assim?

Ele me encara por um longo momento e balança a cabeça negativamente.

— Melhor não. — diz.

— Por quê?

— Emily...

— Okay! Não vou me meter.

Vou para a cozinha e pego nos copos que estavam em cima da mesa. Levo-os até a pia e começo a lavá-los.

— Vai ficar chateada?

— Não tenho motivos para isso. — respondo. — Quem sou eu para me meter em seus assuntos?

Não tenho resposta.

Termino de lavar os copos e me viro. Louis estava parado na porta da cozinha.

— O que foi? — pergunto.

— Apenas observando.

— O que?

— Você.

— Por quê?

— Para de perguntar essas coisas, Emily! — ele solta uma risada.

— Você é todo estranho.

Passo por ele e vou para a sala.

— Ei — o olho — posso fazer uma pergunta?

— Já fez.

— Posso fazer outra?

— Acabou de fazer.

— Emily!

É minha vez de rir.

— Faça, Louis. — cruzo os braços.

— Vai para algum lugar nesse fim de semana?

— Não. — bato o pé. — Por quê? Quer que eu saia?

— Não! — ele fala rapido. — É que...

— Fala, Louis.

— As meninas vão ficar fora no fim de semana.

Arqueio a sobrancelha.

— Isso quer dizer que...

Um sorriso safado aparece no seu rosto.

— Vamos passar três dias sozinhos aqui.     

[...]

Acordo bem cedo e bem disposta para começar o dia. Não tinha nada de especial acontecendo, eu apenas me sentia estranhamente bem e feliz. Depois de dar um beijo no porta retrato com a foto dos meus pais, me levanto e vou para o banheiro, com a minha necessaire. Faço minha higiene matinal e depois escovo os dentes. Olho para o chuveiro e penso em tomar um banho.

Mas não trouxe roupa para o banheiro.

Mas está cedo demais para alguém estar acordado.

Mas meu quarto nem é longe do banheiro.

Decido parar de pensar e me dispo. Ligo o chuveiro e entro embaixo da água quente. Dez minutos ali, foram o suficiente para que eu me sinta limpa. Puxo uma toalha e envolvo meu corpo com ela. Agarro minhas roupas e a necessaire e saio do banheiro, fechando a porta com cuidado.

— Que manhã maravilhosa.

Dou um salto e encaro Louis, ofegante.

— Louis! Que merda!

Ele ri.

— O que faz acordado? É cedo demais.

— Estou no comando. — ele se aproxima, me medindo de cima a baixo. — Tenho que supervisionar tudo de perto. Bem de perto.

Arqueio a sobrancelha.

— O que quer dizer com isso?

Ele passa a língua pelos lábios.

— Nada. — ele balança a cabeça.

— Se me der licença, vou me vestir.

— Você está sem nada? — seu sorriso aumenta.

— Sai da frente, Louis!

Seguro a toalha com uma mão e com a outra o empurro da frente da porta. Entro no quarto e fecho a porta. Mas antes posso ouvir a risada de Louis.

Dou respiradas rápidas e me sento na cama. Olho em volta ainda atordoada. Aquele olhar. Aquele sorriso.

Meu Deus, parecia que ele queria me devorar!

Um riso sufocado escapa pelos meus lábios, e eu me levanto. Me agacho e pego na gaveta, um conjunto de lingerie, um casaco de lã branco, uma blusinha fina e calça jeans. Visto a calcinha e retiro a toalha para vestir o sutiã. Depois que termino de me vestir, passo um pouco de maquiagem e penteio o cabelo. Faço uma trança lateral e saio do quarto. Louis não estava na sala e nem na cozinha.

Começo a arrumar as coisas para o café.

[...]

— BOM DIA!

Me assusto com o grito de Lis e me viro. Sua irmã estava sonolenta do seu lado.

— Acordaram sozinhas? — estranho.

Ayla nega com a cabeça e se senta à mesa.

— O chato do Louis nos acordou. — ela diz. — Ele nunca acorda cedo, Emily.

Solto uma risada.

— Ele deve ter algo importante para fazer. — Coloco as torradas na mesa.

— Louis não faz nada nas férias. Ele só sabe dormir.

— Que feio. — ergo o olhar e encaro o garoto bem vestido na porta. — É feio falar dos outros, Ayla!

Louis não olhava para a irmã. Olhava para mim.

— Me deixa, Louis! — a pequena deita a cabeça na mesa. — Ainda bem que saio cedo hoje.

— Por quê? — Louis questiona, se sentando ao lado da mesma.

— Vai ter uma reunião entre os professores. — ela tateia a mesa até pegar um morango. — Emily — ela levanta a cabeça e me encara, mordendo o morango. — Pode nos levar até a pracinha?

Olho para Louis.

— Por que não eu? — ele pergunta.

— As meninas vão ficar babando em cima de você. — mordo o lábio. — Não quero ver isso.

— Ayla...

— Eu levo. — digo, interrompendo Louis. — Nós saímos da escola e passamos um tempinho lá. Fechado?

Ela e Lis assentem. Louis me olha e eu balanço as sobrancelhas, divertida.

— Em tem bacon? — Lis pergunta.

— Hoje não.

Ela faz biquinho, mas dá de ombros. Volto para a pia e termino de cortar as frutas. Kia e Arabella entram na cozinha, e se espantam.

— Louis acordado? Isso só pode ser miragem. — Kia diz, e belisca o irmão.

— Au! Ficou louca?

— É. É real. — Ela se senta. — Bom dia, Emily.

— Bom dia, Kiara. Quer algo?

— Não. — ela se serve com suco. — Obrigada.

Pisco pra ela e coloco as frutas picadas em um pequeno pote. Vou até a mesa e despejo um pouco de calda de caramelo. Pego um pouco e levo até a boca.

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