Karina e Vitória logo realizaram uma amizade especial desde o dia em que Karina apareceu com um bolo de boas-vindas para receber seu novo vizinho e seu filho, Carlinhos. Em poucos dias, as duas se aproximaram, e as crianças — Carlinhos e José, o irmãozinho de Karina — já estavam inseparáveis, ansiosos para estudar na mesma escola, onde Karina também trabalha como professora.
Karina veio de um passado difícil e doloroso. Criada em um lar destruído pela dependência dos pais em drogas e álcool, ela cresceu sem o apoio e o cuidado que toda criança merece. Quando completou 18 anos, ela se libertou daquele ambiente, mas quase 2 anos após sua saída, seus pais acabaram falecendo devido a dívidas com pessoas perigosas. Foi nesse momento que Karina descobriu a existência de José, um bebê que ela nem sabia que tinha como irmão. Decidida a cuidar e criar e dar-lhe um futuro diferente, Karina assumiu a guarda do pequeno e, com o dinheiro da venda da antiga casa, mudou-se de São Paulo para Florianópolis, buscando um novo começo.Até agora, ela faz o possível para criar o irmão com todo o amor que ela não teve.
Saber que Carlinhos e José estariam na mesma escola e poderiam ajudar a trazer um pouco de conforto. Karina ofereceu-se para cuidar de Carlinhos até Vitória chegar do trabalho, como um gesto de amizade, mas Vitória fez questão de pagar pelo serviço. Mesmo insistindo em fazer isso gratuitamente, Karina aceitou a ajuda, sabendo que qualquer valor extra seria para o futuro de José.
Esse apoio mútuo fortaleceu ainda mais a amizade entre as duas, mostrando que, mesmo após tantas dificuldades, Karina e Vitória finalmente encontraram pessoas que apoiam e com quem podem contar.
No dia seguinte, Vitória se preparou com muito cuidado para sua entrevista de emprego. Ela acordou cedo, tomou um banho, arrumou-se com a melhor roupa que tinha, preparou o café da manhã para ela e Carlinhos e cuidou de todos os detalhes antes de sair. Conferiu se todos os materiais dele estavam na mochila, deu um beijo no filho, e saiu com uma mistura de animação e expectativa.
Karina, sua vizinha e amiga, levaria as crianças até a escola, o que deixou Vitória tranquila para seguir para uma entrevista, sabendo que Carlinhos estava em boas mãos. Ela procurou a clínica, cheia de esperanças, acreditando que aquele poderia ser o emprego que mudaria sua vida.
Ao chegar à clínica, Vitória foi recepcionada com simpatia pela secretária, que a informou que o próprio Dr. Olavo, o dono da clínica, realizaria uma entrevista. Sentiu um frio na barriga, mas manteve-se firme e confiante. Logo foi chamado e entrou na sala, onde cumprimentou o Dr. Olavo com um sorriso.
Ele explicou que a vaga era para secretária dele, de segunda a sábado, com horário definido e intervalos para refeições. Vitória ouviu atentamente e, quando teve a oportunidade, falou um pouco de suas experiências anteriores, contando sobre o trabalho que fez no convento com as freiras. Sua sinceridade e humildade impressionaram Olavo, que logo sentiu que ela era exatamente o que ele procurava.
Ele propôs que ela fizesse um teste de meio período naquele mesmo dia para ver como ela se saía. Vitória aceitou de prontidão, animada com a oportunidade. Olavo, enfim, me senti aliviado por ter encontrado alguém que parecia a escolha ideal para aquela vaga. Ele deixou as instruções básicas, mostrou o funcionamento das atividades e, ao retornar para sua sala, sentiu que finalmente encontrou a pessoa certa.
Enquanto ela se adaptava rapidamente às tarefas, ele observava, integrado com a dedicação de Vitória. A rotina da clínica prometia mudar, e, sem perceber, ambos estavam a um passo de uma nova fase em suas vidas — um início que ia além do profissional, com algo especial no ar que só o tempo revelaria.
Vitória estava radiante. O teste na clínica foi um sucesso, e Olavo a elogiou pela competência e atenção aos detalhes, liberando-a para voltar no dia seguinte, já com todos os documentos em mãos para formalizar o registro. Ele ainda entregou uniformes adequados para as diferentes estações, demonstrando cuidado em garantir que ela tivesse tudo o que precisava para sua nova carga. Vitória agradeceu, e eles combinaram o horário de sua chegada no dia seguinte.
Ao sair da clínica, ela não conteve o sorriso. Decidi celebrar a conquista e fui a um restaurante simples, onde tive um almoço tranquilo. Depois, passou em uma loja para tirar cópias dos documentos necessários e imprimir o que faltava. Aproveitou também para fazer uma parada em uma loja de calçados, onde encontrou uma promoção irresistível: comprou alguns pares de sapatos para ela e Carlinhos e até um presentinho para José, irmão de Karina, e uma rasteirinha para uma amiga, em agradecimentos pelo apoio.
Vitória também visitou uma loja de roupas e pegou peças de inverno para ela e o filho, garantindo que ambos estariam preparados para a nova rotina e o clima de Florianópolis. A sensação de finalmente conquistar estabilidade, dar mais conforto ao filho e estar cercada por amigos fez com que ela se sentisse realmente feliz.
Cada passo que dava agora parecia levar Vitória para um futuro mais promissor, onde ela poderia oferecer a Carlinhos tudo o que sempre sonhou e, quem sabe, abrir o coração para novas possibilidades.
Vitória não pôde deixar de notar o quanto o doutor Olavo era atraente. Com seu charme discreto, educação impecável e aquele perfume sutil, ele exalava uma presença cativante. Cada vez que ele sorria e olhava nos olhos, sentia um pequeno frio na barriga, algo que não sentia há muito tempo. E, claro, ele era mais velho que ela, com um ar maduro que a fazia se sentir segura, como se tivesse ao seu lado alguém de confiança.
Mas, quase que imediatamente, Vitória deu uma bronca em si mesma. Para com isso, Vitória, ele é seu chefe agora. Lembre-se de que você veio aqui para dar uma vida melhor para o seu filho, focando no seu trabalho. Tentava se convencer de que não era o momento para distrações, mas era difícil ignorar o magnetismo que Olavo exalava sem esforço. E, no fundo, não podia deixar de pensar, por mais que tentasse se convencer do contrário, que o doutor Olavo era, sim, encantador.
Afinal, era só o começo de uma nova rotina. Quem sabe, com o tempo, ela se acostuma à presença dele e esses sentimentos passem. Por enquanto, só poderia torcer para que o coração não atrapalhasse a razão.
Olavo ficou surpreso com o efeito que Vitória, sua nova secretária, tinha sobre ele. Quando ela entrou pela primeira vez em sua sala, ele imaginou que ela seria mais velha, alguém experiente e com aquele ar mais formal que muitas secretárias traziam. Mas Vitória era o oposto: tinha uma simplicidade que encantava, um jeito tímido e uma doçura que o fazia sentir um frio na barriga cada vez que trocavam olhares.
Era inesperado. Ele, sempre tão seguro e focado no trabalho, agora se pegava ansioso com a presença dela. Mas que besteira é essa, Olavo? ele repreendia o mesmo. Ela tem idade para ser sua filha! É uma jovem cheia de vida, recomeçando a vida aqui, em Floripa. Que chance teria algum dia de se interessar por um homem mais velho como você?
Ainda assim, era difícil ignorar o jeito suave de Vitória e a naturalidade com que ela conversava, como se ele fosse mais que apenas um chefe. Ele sabia que deveria ser racional, mas algo no fundo dizia que essa história seria diferente. E, por mais que tentasse se convencer do contrário, Olavo já não conseguiu afastar totalmente a ideia de que talvez o destino tivesse reservado algo especial para ele e aquela jovem tão especial.
Vitória ficou feliz ao ver Carlinhos e José chegarem animados da escola com Karina. Ela estava na cozinha preparando o jantar e, ao vê-los entrar, os convidou para comerem juntos. Quando entregou os presentes que haviam comprado para Karina e José, viu o sorriso surpresa de gratidão de Karina.
Karina : Obrigada, Vitória. Você é uma amiga e tanto. Nem preciso, mas fico muito feliz.
Vitória : Imagina, Karina. Você já me ajudou tanto. É só um agradecimento simples.
Karina foi dar banho em José e também aproveitou para relaxar um pouco após o longo dia. Quando todos voltaram para a cozinha, o ambiente estava acolhedor, com o cheiro delicioso do jantar no ar. Eles se sentaram à mesa, rindo e compartilhando histórias do dia.
Carlinhos : Mamãe, na escola hoje, a professora disse que vamos fazer um projeto sobre os animais!
José : Eu quero fazer sobre cachorros!
Vitória : Que ideia legal, meninos! E olha, amanhã vocês podem até me contar mais, porque agora eu vou começar a trabalhar e também terei coisas para compartilhar com vocês.
Eles continuaram conversando até terminarem a refeição, enquanto Karina observava tudo com um sorriso de satisfação.
Karina : É tão bom ter essa companhia no jantar, Vitória. De verdade.
Após o jantar, Karina e José se despediram e foram para o apartamento deles, e Vitória colocou Carlinhos para dormir. Ela sentou-se por um momento em silêncio, pensando em como tudo estava se encaixando. Amanhã seria o primeiro dia oficial no novo trabalho, e ela estava cheia de esperança para o futuro.
Vitória finalmente estava se adaptando à nova rotina. Trabalhar na clínica era algo completamente diferente de tudo o que ela já havia feito, mas, de alguma forma, ela se sentiu realizada. Todos os dias, ao vestir o uniforme, ela sente uma enorme gratidão pela oportunidade. A clínica era movimentada, e Vitória gostava do ambiente. A recepção, os pacientes, o cheiro de café no ar, e até os papeis acumulados em sua mesa tudo faz parte de uma nova fase de sua vida.Ela estava saindo bem. Os colegas de trabalho elogiaram sua simpatia e eficiência, e até o doutor Olavo pareciam satisfeitos com seu desempenho. Ele era sempre educado, mas mantinha certa distância profissional. Ainda assim, Vitória não podia evitar os pensamentos que surgiam toda vez que seus olhos se encontravam.Toda vez que ela o via, sentia aquele frio na barriga que não conseguia controlar. Era o jeito como ele sorria de lado, o tom calmo de sua voz ou até o perfume amadeirado que deixava um rastro por onde ele passava.
Vitória olhou pela janela do quarto, fixando o olhar nas colinas do pequeno município onde vivia. O sol se punha devagar, tingindo o céu com uma laranja forte que ela raramente tinha tempo de apreciar. As sombras da noite chegaram, e junto delas, as lembranças dos dias de sua infância e juventude, pesadas e vívidas como se nunca tivessem partido.Crescer no supermercado da família não foi exatamente um sonho, mas um destino decidido. Filha única de Everaldo e Marisa, Vitória sempre sabia que seus pais queriam mais que uma menina. Eles queriam um sucessor, um herdeiro para a “Família Damasceno” e o pequeno império do supermercado que sustentava a casa e a imagem deles na cidade. Mas ela era o que eles tinham, e cabia a ela preencher o vazio da expectativa frustrada.Desde cedo, sua rotina era meticulosamente traçada: escola, casa, igreja. Aos domingos, Vitória usava seu vestido mais bonito e acompanhava a mãe à missa, ouvindo, no caminho, como ela deveria ser recatada, comportada, "dig
Olavo Castellani, médico de 40 anos, terminou mais um dia de trabalho exaustivo, em que mal teve tempo para começar. Depois de um banho rápido, foi à cozinha e pegou uma de suas muitas marmitas congeladas, que enchiam o congelador. Era assim quase todas as noites: uma refeição solitária, rápida, antes de encontrar algum momento de paz. Com um copo de uísque na mão, caminhou até a varanda do apartamento, sentou-se e permitiu-se, mais uma vez, relembrar sua vida.Ele nasceu em uma família rica e tradicional, onde todos eram médicos. Desde pequeno, sempre soubemos que o mesmo destino o aguardava. Como único filho, carregava a expectativa dos pais de seguir os passos deles e dar continuidade ao legado familiar. Seus pais, rígidos e muito religiosos, vinham de um casamento arranjado. Não havia amor entre eles; sua união era um negócio de família, algo que Olavo cresceu observando em silêncio.Na faculdade de medicina, o peso dessas expectativas tornou-se ainda maior quando seu pai foi info
Vitória estava no segundo ano de faculdade e, ansiosa para terminar logo, mantinha-se focada. Ela não tinha amigos e Vivia de casa para a faculdade, até que um dia conheceu Lucian, seu professor. Foi uma paixão imediata. Desde então, ela foi para casa pensando nele, e para a faculdade, seu coração parecia sair pela boca a cada vez que o via.Uma tarde, Vitória estava na biblioteca depois da aula quando Lucian se mudou e perguntou se poderia sentar-se à mesa dela. Ela concordou, e eles começaram a conversar. A partir daquele dia, passamos a conversar com frequência. Meses depois, saiu pela primeira vez, e o encontro se tornou algo regular sempre que Vitória tinha tempo. Com o tempo, comecei a namorar.Lucian, porém, fez questão de dizer que eles não poderiam contar a ninguém sobre o relacionamento. Explicou que, se alguém soubesse, ele seria demitido. Mas ele a tranquilizou: disse que, assim que ela se formasse, assumiriam o namoro e se casariam. Vitória estava encantada e mais apaixon
Eduardo estava de férias da faculdade e, como sempre, passava esses dias com o pai. Olavo adorava a companhia do filho; era um descanso da rotina e também um momento de se aproximarem ainda mais. Naquela noite, saíram para jantar em um restaurante elegante, aproveitaram a deliciosa comida e, depois, caminharam pela cidade. Florianópolis era linda, com as luzes refletindo no mar, e os dois se deixaram levar pelo clima tranquilo da noite.Eduardo, embora estivesse gostando da experiência da faculdade, sentia saudade de casa. Ele planejava, assim que o curso terminasse, voltar para ficar perto do pai. Via que Olavo, apesar de ser um homem bem-sucedido, levava uma vida um tanto solitária e parecia viver no “automático”. Mais de uma vez, Eduardo tenta incentivá-lo a encontrar alguém. Desejava que o pai pudesse encontrar o amor verdadeiro, algo que ele mesmo ainda não experimentara.Eduardo, aos 23 anos, começava a pensar que era de família a falta de sorte no amor. Ele também não se via in
Milene se deu conta de que seus sentimentos por Olavo, que ela acreditava estarem adormecidos há anos, na verdade, nunca haviam desaparecido. Desde a adolescência, quando ele passou a fazer parte de sua vida, ela sempre tentou de tudo para chamar sua atenção, esperando que ele finalmente correspondesse a seus sentimentos. A mágoa de ser constantemente rejeitada se enraizou nela, e ela passou anos convencida de que deveria ter sido ela, e não sua irmã Luiza, a se casar com Olavo.O ressentimento que guardava a levou a fazer escolhas impensáveis. No fundo de sua amargura, ela foi a culpada da morte da irmã, silenciosamente, fazendo com que Luiza não sobrevivesse ao parto, acreditando que isso abriria espaço para que ela pudesse, finalmente, ficar com Olavo. Mas o destino não seguiu seu plano sombrio: mesmo com a perda da esposa, Olavo jamais olhou para Milene com outros olhos. E, ao se casar, ela se viu presa em um casamento infeliz. Seu marido percebeu os sentimentos que ainda nutria p