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Era um dia comum no hospital onde Eduardo trabalhava, e ele saiu do turno da tarde quando ouviu uma voz familiar chamá-lo. Ao se virar, viu Milene, sua tia, alguém com quem não falava há anos. Eduardo: (confuso) Tia Milene? O que está fazendo aqui? Nossa, a quantos anos não te vejo. Ela olhou para o sobrinho, com um olhar determinado e quase frio. Milene: Eduardo, precisamos conversar. E não quero rodeios. Ele franziu o cenho, surpreso com a abordagem direta. Milene nunca teve preocupação em manter contato com ele desde a morte de sua mãe, a irmã de Milene. Eduardo: Faz anos que você não me procura, e agora aparece assim do nada? O que você quer? Milene cruzou os braços, desviando o olhar por um momento antes de voltar a encará-lo. Milene: Não me faça perguntas desnecessárias, garoto. Estou aqui por um motivo. Seu pai, Olavo... ele está namorando uma mulher qualquer, uma funcionária da clínica dele. Isso é ridículo, humilhante! Eduardo deu um passo para trás, uma indignação cre
Vitória estava arrumando uma pequena mala com tudo o que ela e Carlinhos precisam para o final de semana na casa de Olavo. O menino corria animado pelo quarto, falando sem parar sobre como seria incrível nadar na piscina e conhecer a casa do "tio Olavo". Carlinhos: Mamãe, será que o tio Olavo terá brinquedos legais lá? E será que ele vai brincar comigo na piscina? Vitória sorriu, dobrando a última peça de roupa. Vitória: Tenho certeza de que ele vai, meu amor. Agora ajude a mamãe a pegar seus chinelos. Enquanto isso, Olavo não ligou para Eduardo, seu filho, confirmando os planos para o fim de semana. Olavo: Eduardo, quero te pedir uma coisa. Passe o final de semana aqui em casa. Tenho algo importante para conversar com você e alguém que quero que conheça." Do outro lado da linha, Eduardo hesitou por um momento, mas respondeu com entusiasmo. Eduardo: Claro, pai! Vou sim. Aliás, tem algo que eu também quero te contar. Vou levar alguém comigo... minha namorada. Quero que você a con
O sol já brilhava forte, anunciando um dia perfeito. Vitória acordou cedo, ajudou Carlinhos a se arrumar, e todos desceram para um café da manhã preparado com carinho por Olavo. A mesa estava repleta de pães, frutas, bolos e sucos frescos.Carlinhos, com a energia de uma criança, mal tocou na comida antes de correr para o quarto de brinquedos. Enquanto ele se divertia, Vitória e Olavo desfrutavam da tranquilidade na varanda, onde trocavam beijos e carinhos sob o som do vento leve que balançava as árvores.Vitória: (sorrindo, enquanto encosta a cabeça no ombro dele) Esse lugar parece um sonho. Não sei como agradecer por tudo isso.Olavo: (acariciando seu rosto com ternura) Você não precisa agradecer nada, meu amor. Só quero que você e o Carlinhos sejam felizes aqui, comigo.Enquanto conversavam, Carlinhos apareceu na porta da varanda, animado:Carlinhos: Eu quero ir pra piscina agora!Vitória riu, levantando-se.Vitória: Calma, mocinho! Primeiro precisamos trocar de roupa e passar o pr
Vitória olhou pela janela do quarto, fixando o olhar nas colinas do pequeno município onde vivia. O sol se punha devagar, tingindo o céu com uma laranja forte que ela raramente tinha tempo de apreciar. As sombras da noite chegaram, e junto delas, as lembranças dos dias de sua infância e juventude, pesadas e vívidas como se nunca tivessem partido.Crescer no supermercado da família não foi exatamente um sonho, mas um destino decidido. Filha única de Everaldo e Marisa, Vitória sempre sabia que seus pais queriam mais que uma menina. Eles queriam um sucessor, um herdeiro para a “Família Damasceno” e o pequeno império do supermercado que sustentava a casa e a imagem deles na cidade. Mas ela era o que eles tinham, e cabia a ela preencher o vazio da expectativa frustrada.Desde cedo, sua rotina era meticulosamente traçada: escola, casa, igreja. Aos domingos, Vitória usava seu vestido mais bonito e acompanhava a mãe à missa, ouvindo, no caminho, como ela deveria ser recatada, comportada, "dig
Olavo Castellani, médico de 40 anos, terminou mais um dia de trabalho exaustivo, em que mal teve tempo para começar. Depois de um banho rápido, foi à cozinha e pegou uma de suas muitas marmitas congeladas, que enchiam o congelador. Era assim quase todas as noites: uma refeição solitária, rápida, antes de encontrar algum momento de paz. Com um copo de uísque na mão, caminhou até a varanda do apartamento, sentou-se e permitiu-se, mais uma vez, relembrar sua vida.Ele nasceu em uma família rica e tradicional, onde todos eram médicos. Desde pequeno, sempre soubemos que o mesmo destino o aguardava. Como único filho, carregava a expectativa dos pais de seguir os passos deles e dar continuidade ao legado familiar. Seus pais, rígidos e muito religiosos, vinham de um casamento arranjado. Não havia amor entre eles; sua união era um negócio de família, algo que Olavo cresceu observando em silêncio.Na faculdade de medicina, o peso dessas expectativas tornou-se ainda maior quando seu pai foi info
Vitória estava no segundo ano de faculdade e, ansiosa para terminar logo, mantinha-se focada. Ela não tinha amigos e Vivia de casa para a faculdade, até que um dia conheceu Lucian, seu professor. Foi uma paixão imediata. Desde então, ela foi para casa pensando nele, e para a faculdade, seu coração parecia sair pela boca a cada vez que o via.Uma tarde, Vitória estava na biblioteca depois da aula quando Lucian se mudou e perguntou se poderia sentar-se à mesa dela. Ela concordou, e eles começaram a conversar. A partir daquele dia, passamos a conversar com frequência. Meses depois, saiu pela primeira vez, e o encontro se tornou algo regular sempre que Vitória tinha tempo. Com o tempo, comecei a namorar.Lucian, porém, fez questão de dizer que eles não poderiam contar a ninguém sobre o relacionamento. Explicou que, se alguém soubesse, ele seria demitido. Mas ele a tranquilizou: disse que, assim que ela se formasse, assumiriam o namoro e se casariam. Vitória estava encantada e mais apaixon
Eduardo estava de férias da faculdade e, como sempre, passava esses dias com o pai. Olavo adorava a companhia do filho; era um descanso da rotina e também um momento de se aproximarem ainda mais. Naquela noite, saíram para jantar em um restaurante elegante, aproveitaram a deliciosa comida e, depois, caminharam pela cidade. Florianópolis era linda, com as luzes refletindo no mar, e os dois se deixaram levar pelo clima tranquilo da noite.Eduardo, embora estivesse gostando da experiência da faculdade, sentia saudade de casa. Ele planejava, assim que o curso terminasse, voltar para ficar perto do pai. Via que Olavo, apesar de ser um homem bem-sucedido, levava uma vida um tanto solitária e parecia viver no “automático”. Mais de uma vez, Eduardo tenta incentivá-lo a encontrar alguém. Desejava que o pai pudesse encontrar o amor verdadeiro, algo que ele mesmo ainda não experimentara.Eduardo, aos 23 anos, começava a pensar que era de família a falta de sorte no amor. Ele também não se via in
Milene se deu conta de que seus sentimentos por Olavo, que ela acreditava estarem adormecidos há anos, na verdade, nunca haviam desaparecido. Desde a adolescência, quando ele passou a fazer parte de sua vida, ela sempre tentou de tudo para chamar sua atenção, esperando que ele finalmente correspondesse a seus sentimentos. A mágoa de ser constantemente rejeitada se enraizou nela, e ela passou anos convencida de que deveria ter sido ela, e não sua irmã Luiza, a se casar com Olavo.O ressentimento que guardava a levou a fazer escolhas impensáveis. No fundo de sua amargura, ela foi a culpada da morte da irmã, silenciosamente, fazendo com que Luiza não sobrevivesse ao parto, acreditando que isso abriria espaço para que ela pudesse, finalmente, ficar com Olavo. Mas o destino não seguiu seu plano sombrio: mesmo com a perda da esposa, Olavo jamais olhou para Milene com outros olhos. E, ao se casar, ela se viu presa em um casamento infeliz. Seu marido percebeu os sentimentos que ainda nutria p