A semana seguinte foi marcada por uma preocupação crescente. Ninguém conseguia contato com a Eleanor, e Sheila decidiu voltar da França para encontrá-la. Para evitar que isso acontecesse, Danilo me deixou procurar o Thomas.Quando eu liguei, Thomas disse que Eleanor estava bem, tranquila e que ligaria para mim à noite. Quando a ligação aconteceu, Eleanor parecia sonolenta. Eu perguntei sobre o chiado no peito, e ela disse que havia pego um resfriado, que teve tosse e que os remédios a estavam deixando exausta.E Danilo e eu acreditamos nela, e acabamos acalmando Sheila, pedindo para ela segurar a volta para o casamento. Sheila aceitou, pois sabia que Eleanor sempre agia assim. Sumia por períodos e passava dias sem dar notícias. Ela pensou que, com o meu noivado, isso mudaria, mas não foi o que aconteceu.Uma semana antes da próxima consulta pré-natal, pedi para Danilo vir ao meu apartamento com o Leandro e a Laila. Ele tinha que passar a noite com a Elza, porque precisava pegar algum
ATENÇÃO ESSE CAPÍTULO CONTEM GATILHOS Thomas deixou um vestido lindo sobre a cama para mim, acompanhado de um bilhete dizendo para descansar depois do almoço e me preparar para o grande dia. Passei um tempo me olhando no espelho enquanto fazia uma maquiagem impecável, escondendo as olheiras que as últimas semanas de ansiedade e incerteza haviam me dado. Enquanto me arrumava, as palavras e instruções dele ecoavam na minha mente. Ele vinha me treinando há meses, moldando cada detalhe para o que chamou de “meu retorno triunfal”.Quando Thomas sugeriu que eu fosse morar com ele após o anúncio do noivado, aceitei sem pensar duas vezes. Ele disse que era estratégico, que o impacto seria maior se tudo estivesse perfeitamente alinhado. No começo, parecia certo. A cada passo, comecei a sentir menos o incômodo de ver Danilo e Isadora juntos. Para ser sincera, no jantar de noivado, percebi que não estava tão interessada em Danilo quanto antes. Na verdade, senti uma pontada de ciúmes ao ver Tho
Senti o peso de um corpo se sentando na cama ao meu lado. Logo em seguida, dedos delicados afastaram uma mecha do meu cabelo do rosto. Sorri, pensando que Danilo estava ficando cada vez melhor na sutileza de me acordar.Abri os olhos, mas a confusão tomou conta de mim. Eleanor estava sentada na minha cama, me encarando com um olhar penetrante. Tentei me levantar de uma vez, mas o peso da minha barriga atrapalhou. Fiquei meio tonta. Eleanor me amparou e ajudou a me sentar.— Cuidado, Isa. Você precisa ser mais consciente ao se movimentar para não machucar o bebê.Ela disse "bebê", no singular, o que me fez perceber que não sabia que eram gêmeos. Analisei suas feições com mais atenção. Sua voz era doce, como a de alguém cuidando de uma criança. Diferente da última vez em que a vi, não percebi traços de fingimento ou sorrisos forçados. A preocupação dela parecia genuína, mas eu não sabia com o que estava lidando, então permaneci em silêncio, esperando que ela dissesse mais.Vi Eleanor se
Acordei com a cabeça pesada, me sentindo como se estivesse louca. Olhei ao redor e, para minha surpresa, estava no meu antigo quarto, na casa dos meus pais, em Mairiporã. Tudo estava exatamente como me lembrava, exatamente como deixei no dia em que peguei as caixas do tesouro e nunca mais olhei para trás. O que estava acontecendo? Será que Eleanor tinha me dado alguma droga?Antes que eu pudesse juntar os pensamentos, vi a porta se abrir. Eleanor entrou com uma bandeja, e percebi que estava morrendo de fome. Mas, mesmo assim, não encostei na comida antes de tentar entender essa maluquice.— Você me drogou? — perguntei diretamente.— Claro que não. Qualquer substância faria mal para o bebê.Arregalei os olhos. Bebê. De repente, tudo ficou mais confuso.— Estou vendo meu quarto de Mairiporã… — comecei.— Está exatamente no seu quarto em Mairiporã. Depois do acidente, Danilo comprou esta casa antes que Thomas pudesse fazer alguma besteira com ela. Ele só alterou a edícula para receber Ju
Eu mal acordei e logo me lembrei de ter visto a Eleanor entrando na casa. A abracei, vi ela abraçando a Elza e lembro vagamente de tê-la visto indo em direção à mãe. Tentei abrir os olhos e percebi que estava em um carro em movimento. Um pânico tomou conta de mim: Isadora e os bebês!Quando finalmente consegui abrir os olhos, percebi que estava no banco de trás de um veículo. Havia dois homens na frente, e nesse momento, o Eduardo Júnior olhou para trás e eu senti um alívio, por mais estranho que fosse.O rapaz avisou ao motorista que eu tinha acordado e se abaixou. Quando voltou, me entregou uma lata de energético, que eu bebi de uma vez só, tentando afastar a sensação de atordoamento que ainda me tomava.— O que aconteceu? Onde está a Isadora? — perguntei, tentando reunir forças.— Então, papai tinha acabado de buscar o João quando percebeu que a Isadora estava se movimentando e você não. Me mandou te buscar. Quando cheguei, seus seguranças... bem, vou te dizer, "bananas" não são ne
Estava trêmula, cada parte do meu corpo parecia estar em chamas, e então vi Thomas se aproximando de mim. Queria fugir, mas minhas pernas não respondiam. Ele abriu a porta do carro e, de forma brutal, me arrancou de lá pelos cabelos. Tentei pedir calma, tentar soltar o cinto que apertava minha barriga enquanto ele me puxava, mas de repente, um canivete apareceu do nada, cortando o cinto.A dor foi imensa quando ele me arrastou, e acabei caindo, batendo a barriga no chão. Tentava segurar a barriga, mas ele não parava. Eu sabia que não conseguiria me proteger, nem aos bebês.Foi então que vi a Eleanor na minha frente. Thomas a golpeou com um soco, e ela caiu para a frente. Quando ele passou por ela, soltou o canivete e também a puxou pelos cabelos. Eu vi o corte profundo que ele fez na face de Eleanor, de um lado do queixo até a têmpora, uma visão horrível que me fez sentir vertigem. Tentei não desmaiar ao ver aquele rosto desfigurado, coberto de sangue.Eu sabia que a minha situação er
Eu ouvia vozes ao meu redor, murmurantes, distantes. Não sentia dor. Ao contrário, um vazio frio tomava meu corpo. Ouvi a voz de Sheila e de Danilo conversando baixinho. Imaginação ou realidade? Fiquei me perguntando se estava dormindo no meu novo quarto, dois dias antes do casamento, e tinha tido um pesadelo horrível. Thomas havia me pegado e matado meus bebês.Eu precisava me levantar, avisar Danilo para reforçar a segurança, para garantir que Eleanor não entrasse na mansão. Quando abri os olhos, ao mesmo tempo em que levei as mãos à barriga, percebi que não era um sonho. Minha barriga não estava mais alta, nem dura. Estava em um quarto de hospital. Fechei os olhos novamente, tentando fingir que ainda estava dormindo. Mas a dor no peito era muito maior que qualquer dor que aquele monstro me causou. As lágrimas escorriam, mesmo com os olhos fechados.Ouvi Sheila sair do quarto, e logo Danilo se aproximou. Quando ele colocou a mão sobre a minha, na barriga, eu puxei a minha mão e abri
Eu me isolei por dez dias. Fiquei trancada no meu apartamento, chorando sem parar, comendo pouco, sem atender as mensagens, ligações ou os amigos. Todos os dias, eu ligava para o porteiro para provar que ainda estava viva e pedir que não permitissem ninguém subir. Não queria falar com ninguém.Com uma semana, eu não queria mais chorar. Como uma fã de histórias de aplicativo e de Greys Anatomy, pensei que Meredith tinha razão. Talvez dançar fosse bom para mim. Então comecei a colocar a música bem alta e dançar de calcinha e camiseta em cima da cama, sempre com uma garrafa de vodka ao meu lado. No décimo dia, a bebida acabou — todas as minhas garrafas de vinho, os whiskys e vodkas de Danilo. Não havia mais nada. Liguei para o porteiro pedindo um telefone de entregas de bebidas, e ele disse que eu poderia fazer um pedido e ele buscaria para mim.Pedi algumas garrafas e agradeci, então fui tomar um banho. Não fazia ideia de quanto tempo se passara desde o último. Me lavei, mas só molhei o