Estava trêmula, cada parte do meu corpo parecia estar em chamas, e então vi Thomas se aproximando de mim. Queria fugir, mas minhas pernas não respondiam. Ele abriu a porta do carro e, de forma brutal, me arrancou de lá pelos cabelos. Tentei pedir calma, tentar soltar o cinto que apertava minha barriga enquanto ele me puxava, mas de repente, um canivete apareceu do nada, cortando o cinto.A dor foi imensa quando ele me arrastou, e acabei caindo, batendo a barriga no chão. Tentava segurar a barriga, mas ele não parava. Eu sabia que não conseguiria me proteger, nem aos bebês.Foi então que vi a Eleanor na minha frente. Thomas a golpeou com um soco, e ela caiu para a frente. Quando ele passou por ela, soltou o canivete e também a puxou pelos cabelos. Eu vi o corte profundo que ele fez na face de Eleanor, de um lado do queixo até a têmpora, uma visão horrível que me fez sentir vertigem. Tentei não desmaiar ao ver aquele rosto desfigurado, coberto de sangue.Eu sabia que a minha situação er
Eu ouvia vozes ao meu redor, murmurantes, distantes. Não sentia dor. Ao contrário, um vazio frio tomava meu corpo. Ouvi a voz de Sheila e de Danilo conversando baixinho. Imaginação ou realidade? Fiquei me perguntando se estava dormindo no meu novo quarto, dois dias antes do casamento, e tinha tido um pesadelo horrível. Thomas havia me pegado e matado meus bebês.Eu precisava me levantar, avisar Danilo para reforçar a segurança, para garantir que Eleanor não entrasse na mansão. Quando abri os olhos, ao mesmo tempo em que levei as mãos à barriga, percebi que não era um sonho. Minha barriga não estava mais alta, nem dura. Estava em um quarto de hospital. Fechei os olhos novamente, tentando fingir que ainda estava dormindo. Mas a dor no peito era muito maior que qualquer dor que aquele monstro me causou. As lágrimas escorriam, mesmo com os olhos fechados.Ouvi Sheila sair do quarto, e logo Danilo se aproximou. Quando ele colocou a mão sobre a minha, na barriga, eu puxei a minha mão e abri
Eu me isolei por dez dias. Fiquei trancada no meu apartamento, chorando sem parar, comendo pouco, sem atender as mensagens, ligações ou os amigos. Todos os dias, eu ligava para o porteiro para provar que ainda estava viva e pedir que não permitissem ninguém subir. Não queria falar com ninguém.Com uma semana, eu não queria mais chorar. Como uma fã de histórias de aplicativo e de Greys Anatomy, pensei que Meredith tinha razão. Talvez dançar fosse bom para mim. Então comecei a colocar a música bem alta e dançar de calcinha e camiseta em cima da cama, sempre com uma garrafa de vodka ao meu lado. No décimo dia, a bebida acabou — todas as minhas garrafas de vinho, os whiskys e vodkas de Danilo. Não havia mais nada. Liguei para o porteiro pedindo um telefone de entregas de bebidas, e ele disse que eu poderia fazer um pedido e ele buscaria para mim.Pedi algumas garrafas e agradeci, então fui tomar um banho. Não fazia ideia de quanto tempo se passara desde o último. Me lavei, mas só molhei o
Eu saí daquele torpor no dia seguinte, e, finalmente, cheguei à conclusão de que meu avô estava certo. Tomei um banho demorado, lavei meus cabelos e hidratei minha pele. Quando passei pelo porteiro, ele nem acreditou que eu estava saindo. Dei um bom dia e fui para o salão de beleza fazer as unhas, enquanto ele ligava para o Danilo para contar a novidade.Com as unhas feitas, liguei para a Laila e avisei que estava indo para o escritório, perguntando se ela poderia almoçar comigo antes e entrar mais tarde. Laila ficou emocionada. Foi difícil para ela ser bloqueada e não poder segurar a barra da amiga, mas o Danilo convenceu todo mundo de que eu precisava daquele tempo.O almoço foi emocionante. Nos abraçamos, choramos, e depois disse que não queria mais falar sobre aquilo, pedindo para ela me contar todas as fofocas do escritório. Depois que Laila me colocou a par de tudo, ela falou:— Amiga, de verdade, se eu ainda sirvo para te dar conselhos, acho que você não deveria ir para o escri
— Não. Nem pensar. Absolutamente não, Sheila!— Danilo, sei que você não perdoou sua irmã, mas você não sabe se a Isadora perdoou.— Eleanor não é minha irmã. E não sabemos se a Isa perdoou ela, mas sabemos claramente que ela não quer contato com nenhum de nós. Ontem foi aniversário dela e ela não quis vir pra cá, não aceitou que fôssemos e até a melhor amiga ela recusou.— Pelo menos fale com ela, Danilo.— Está fora de cogitação.— Danilo, sei que tudo o que você passou te deixou amargo, mas minha filha está precisando de ajuda agora.— E vocês acham justo com a Isadora? Caramba, Sheila. Sua filha sequestrou ela, tirou a Isadora do conforto e segurança do lar dela pra deixar um psicopata bater nela até matar os nossos filhos. Agora, na hora de parir o filho do psicopata, só abre as pernas se a Isadora tiver lá?— Filho, eu sei de tudo o que a Eleanor fez. Ela está arrependida, filho, ela quer a Isadora perto dela. As duas passaram por um trauma naquele dia e foi a Isadora quem alert
Eu estava dirigindo para o orfanato, onde pretendia alinhar meus planos com o Daniel. Era uma linda sexta-feira. Já tinha passado na academia, feito minha aula particular de luta diária e também meus exercícios. Os médicos disseram que foi muita sorte não precisar fazer uma cesárea para tirar os bebês. Na época, não concordava muito com isso. Preferia que tivessem feito a cesárea e evitado que eu tivesse que fazer força para parir dois bebês mortos, que não ajudaram nada a sair. Quando acordei, não lembrava disso, mas às vezes, quando estava bebendo ou dançando, tinha flashes do parto e das vezes em que a obstetra pedia para eu fazer força. Lembro de Danilo segurando minha mão e implorando para que fizessem a cesárea, para que eu não tivesse que passar por aquilo.Essa memória me assombrou bastante. Sempre me perguntava por que os médicos optaram por fazer aquilo comigo. Depois, hackeei meu prontuário e descobri que, no ultrassom que fizeram quando cheguei no hospital, não só encontra
Isadora entrou esbaforida na clínica em que Eleanor estava internada. Tinham uma sala cirúrgica esterilizada lá para emergências, e preparada para o parto de Eleanor. Ela foi direto para sala se preparar e eu fiquei aguardando na sala de espera. Quem via de fora, diria que eu parecia um pai nervoso. Ninguém entendia que eu estava mais preocupado em como Isadora iria lidar com tudo aquilo.Durante o voo, fiquei perdido em pensamentos. Eu finalmente entendi. Laila me ludibriou. Ela sabia que Isadora não ia questionar, que ia aceitar a situação porque ela é assim: sempre colocando os outros acima de si mesma. Mas o que Laila realmente queria era que eu enxergasse tudo pelos olhos da Isadora.E foi aí que percebi: eu não conseguia perdoar Eleanor. Eu sabia que ela tinha problemas mentais, que os distúrbios sempre estiveram lá, desde que éramos crianças. Mas não conseguia aceitar que a mente perturbada dela tinha me tirado tanto.Parado na sala de espera da clínica, isso ficou ainda mais c
Nós dois hesitamos bastante em sair do hospital e deixar a Lissandra lá, mas tínhamos muitas coisas para resolver. Isadora decidiu pegar um carro por aplicativo para o apartamento dela, enquanto eu ficava com a responsabilidade de contar para Sheila sobre a perda e providenciar o funeral. Tudo correu bem, sem surpresas, e a Isadora foi buscar a menina enquanto o funeral acontecia. Antes disso, ela mandou buscar na mansão um dos berços que tínhamos comprado para nossos bebês e algumas outras coisas. Já havíamos montado o quarto dos bebês na mansão, pois planejamos morar lá depois do casamento. Como tínhamos comprado tudo em dobro, a ideia era ficar um pouco na casa dela e um pouco na nossa.Após o funeral, fui direto para o apartamento dela, para ficar com a bebê. Quando entrei no apartamento, vi a Isadora e a Lissandra. A Isadora até se emocionou ao ver como eu estava encantado com a bebê. Ela percebeu, claramente, que eu estava apaixonado por aquela pequena, não importando se o bebê