CAPÍTULO 04
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Lúcia Russo Nem me perguntem porquê eu quis vir até esse fim de mundo! Eu nem iria vir, mas daí comecei a pensar, e pensar, e cheguei a conclusão que se eu não me sentisse bem, voltaria para a casa, mas eu já conhecia todos aqui, e um deles inclusive, eu nunca esqueci. O voo foi tranquilo, e eu estava ansiosa, na verdade não sei o que esperar daquele cowboy dos infernos, talvez o maldito nem se lembre de mim, já que me tratou como um nada, mas também duvido que ele tenha esquecido aquele beijo no casamento do Matthew, pois eu tento todos os dias, e não consigo, e o pior é que lembro cada vez mais daquilo, e isso que já passou um ano, e as poucas vezes que nos vimos, o desgraçado do cowboy se finge de besta, como se eu não existisse. No dia do chá revelação da Bia, ele me ignorou, cumprimentou como uma convidada qualquer, e se não importasse nada pra ele, e me corrói a raiva quando me lembro, tenho vontade de levá-lo para a sala de tortura, queria ver aquela marra toda quando eu estivesse com o chicote na mão, tenho muitas coisinhas interessantes que sonho em usar nele!Ao chegar na fazenda, eu não queria nem olhar para o chão...
— Não, não! Romeu! Aqui tem barro? Como que anda no barro, Romeo? Estou de roupa branca, e salto! — Falei irritada que ninguém me explicou, erguendo os pés para trás, analisando o tamanho deles, e o que eu faria. — Mascarada, aqui tem que usar botas sete léguas, e calças justas, por dentro da bota, e de preferência escura, já vimos que aqui a terra é bem vermelha, sente o cheiro da terra molhada? É ótimo! — Eu queria esganar o Romeo, e enfiar uma pistola na boca dele, talvez até fizesse ele engolir aquele barro querido que ele tanto gosta, foi culpa dele que eu vim, com aquela história de que aqui tinha água encanada! — Desgraçado! Eu vou te levar pra sala de tortura, não perde por esperar! Deveria ter me explicado essas coisas! — Falei com os dentes serrados, querendo matar um, o cara trabalha pra mim a um século, e não aprendeu tudo sobre mim! Ódio da pega. — Desculpe mascarada... — Cala a boca, infeliz! Aqui a mascarada não existe! Sou apenas a Lúcia, amiga da família, ou já esqueceu? Acho que vou esquecer o seu salário por alguns meses também! — Que raiva tudo tem que explicar, parece criança! Resolvi descer naquele lugar, e se arrependimento matasse, eu estaria morta... — Que desgraça de chão é esse! Inferno, Romeo, tá atolando tudo! Aí! Maldito salto filho da mãe! — Aqueles saltos, estavam entrando na terra, e a cada passo eu ficava mais presa, e parecia um bêbado que não enxerga o chão, ao ficar presa em cada passo que eu dava, as pernas entreabertas, e me segurava no Romeo a cada um deles, e deveria estar ridícula fazendo aquilo, pois ao olhar para os lados, todos riam, e não tive dúvida nenhuma que era de mim. — Inferno! — Resmunguei. — O que foi, chefe? — Romeo perguntou, mas a minha cara devia estar tão brava, que ele logo ergueu as mãos e disfarçou.Ouvi o barulho de carros se aproximando, e olhei para o outro lado, e vinham duas caminhonetes, seria o meu socorro! — Suspirei aliviada. Tentei me aproximar mais rápido dos outros, e foi um fiasco, passei muita vergonha, aquela calça branca estava parecendo uma obra de arte desses pintores famosos metidos a besta, que jogam tinta na tela e cobram milhões! — Revirei os olhos, lembrando!
Quando o primeiro motorista desceu, aí sim que as minhas pernas amoleceram, e o meu coração disparou... Era ele... aquele cowboy metido a santo, dos infernos! — Eita, que a família veio em peso pro interior! Vou ter que escolhê os mais bunitos primeiro! — Falou o cowboy, e até a voz do figlio de puttana, é arrepiante, merda! — Eu tio! — Não, eu! As crianças do Pedro começaram a disputar, e já vi que eu ficaria por último, ele abraçava e sorria para todos, aquele mesmo jeito de sempre, calças justas, bota, cinto, fivela, camisa justa de manga comprida, e um belo chapéu! Ele fala engraçado, pois estudos sei que ele tem, embora não se formou. Mas, acho que se acostumou a falar de maneira mais errada, e com palavras engraçadas, mas nem isso faz eu suspirar “menos” para o desgraçado. Vi ele fazendo graça com as crianças, um por um, para colocar na caminhonete que a Isa, irmã dele dirigia, na hora de pegar a Emily, ela fez cara feia pra ele, e chorou, e ouvi a Bia reclamando: — Também, esse tio desapareceu da sua vida né, filha? Agora já quer vim pegando no colo! Deixa eu entrar lá dentro com ela! — Falou ela daquele jeitinho Brasileiro que eu adoro. — Cuidado, feiticeira! Deixa que eu seguro a Emily, aqui é meio liso! — O Matthew falou, e tive pena dele, a cara que a Bia olhou, foi a melhor. — Eu cresci aqui querido! Sei andar no barro, melhor que qualquer um! — Falou, e seguiu com a Emily no colo, eu tiraria onda, mas fiquei com dó (riso). Sem contar que a minha situação no barro estava pior que a dele, e a essa hora eu já tinha atolado é tudo! Vi que todos foram entrando, e eu fiquei sem lugar, o Pedro e o Glauco, foram a pé com os seguranças, pois queriam olhar a fazenda, e o meu coração gelou quando o gato me viu e se aproximou de mim. Me olhou inteira, na minha cara, “descarado” pensei, mas gostei! Merda! — A senhorita pra esses lado? — Perguntou com cara maliciosa, e aí depois fica de história dizendo que é santo, e eu sou a “qualquer uma” da história... — Pelo jeito sim, né! Talvez eu devesse ter mandado um holograma! — Falei sério e o safado riu... mas era uma gargalhada tão gostosa que até esqueci que ele é um tapado. “Tapado gostoso, metido a santo, né? Mas, tapado!“ Pensei. — Bom... então suba na carroceria, que já vou arrancar! — Falou se virando, mas o impedi. — Por favor, Lucas! Eu não sei subir sozinha, vai me deixar aqui? — Perguntei apavorada, olhando pra ele, “ele seria mesmo capaz disso?“ Penso. — Não! — Me olhou de novo de cima em baixo. — Se é convidada, a gente trata bem aqui, sô! — Ergueu e depois abaixou o seu chapéu, como forma de cumprimento. — Nós somos simples, mas somos hospitaleiro! Eu quase fiquei sem ar, quando aquele homem lindo, me pegou no colo como se não fosse nada, uma mão foi para o meu quadril, para baixo da minha bunda, e a outra nas minhas costas, e aquele cheiro de homem macho mesmo, que tem contato com terra, e o mato, daqueles que não usam perfumes frescos inundaram o meu nariz, e por um milésimo de segundo, senti a pele dele perto da minha, mas acabou tão rápido como começou, e eu logo estava em cima da caminhonete. — Esse negócio do seu pé quebrou! Acho quié o salto, né? Aconselho a usar botas por aqui, poderá se machucar na hora de descê! — Falou, e é tão chucro, que nem esperou eu responder, me deixou ali com a boca aberta, e as crianças riram. Olhei pra eles querendo fazer a minha cara feia que sempre, que dá certo com o Romeo, mas quem disse que consegui? Aqueles rostinhos tão lindos e sorridentes, me fizeram rir de mim mesma, que palhaçada! As caminhonetes mal davam para saber a cor de cada uma, de tanto barro, a história de água encanada era mentira, e agora me ferrei, como vou tomar banho, aqui? Estou toda suja de barro? O Romeo me paga! Ele foi acelerando aquilo no barro, e deslizando os pneus feito um doido, ainda bem que chegou logo, eu só esperava pelo momento que aquele infeliz colocasse aquelas mãos enormes e ásperas em mim de novo, eu devo estar fora de si, só pode. Mas quando ele desceu, falou: — Matthew ajude a sua amiga a descê com as crianças, que eu vou ver uma vaca que vi que fugiu! A desgramada foge da cerca, vô ter que arruma aquilo! — Eu não acredito nisso, agora ainda vou ter que encarar a cara feia da Bia, por que o seu marido vai encostar em mim... droga aonde eu vim me meter, o cara nem liga pra mim. Tocou o foda-se, e quem se fodeu foi eu...CAPÍTULO 05 Lucas Rodrigues . Fui correndo buscar o trovão, e o bicho véio já estava me esperando, parecia pronto pra mim montar. Num salto rápido eu já tava em cima dele, e tomara que a cela não esteja frouxa, porque o meu amigo já saiu galopando assim que viu a porteira aberta, e que trêm bão, é cavalgar no meu trovão, que mais parecia um raio, já conhece todos os movimentos do meu corpo, e eu do dele, mal preciso segurar as rédeas, ele já sabe o que fazer, parece que foi feito pra mim. Fui cercando cada uma das vacas que haviam fugido, e com facilidade já coloquei cada uma de volta por onde haviam vindo, e quando desci do trovão, e parei para consertar a cerca, reparei que a loira de branco estava encostada na mureta alta da varanda, e olhava pra mim. “Mas, que diacho de muié teimosa!“ — penso. Já falei que num quero nada cum ela, e a doida fica aí se oferecendo... Me abaixei arrumando as madeiras que estavam tortas, mas visivelmente precisaria de martel
CAPÍTULO 06 Lucas Rodrigues (vinte dias depois) — Oh meu fio... qué dizê que vai participar do concurso que tá tendo lá aonde sua irmã mora? — meu pai me perguntou quando me sentei com a caneca de leite quente que acabei de tirar do fogão a lenha. — Ainda não sei, não!Num sei pra quê i tão longe pra prová que eu entendo muito bem de gado, só por causa de um papel que vai dizê que eu ganhei! Ainda tô pensando nisso aí... — Coloquei o leite com café na minha caneca de vidro, peguei uma fatia do pão caseiro da minha mãe, e fiquei só ouvindo as ideia. — Meu filho, a Bia iria ficar feliz de te ver lá, por mais que só desse uma passada, pois eu sei que lá tem o hotel próprio deles, deveria ir... — a minha mãe também ficou insistindo. — Tá bão, mãe! Vamo vê... se dé na loca, amanhã eu pego o avião e vô, só num fica insistindo que se eu num tivé a fim, num vô, sê sabe que num gosto nada de pressão, isso não rola comigo. — ela me deu um beijo na testa, e sorriu. —
CAPÍTULO 07 Lúcia Russo . — QUE INFERNO, ROMEO! QUAL O PROBLEMA DESSE COWBOY? — comecei a atacar as coisas da mesa em cima do infeliz do Romeo, quem sabe não diminuiria um pouco da minha raiva. — Que isso, chefe! Eu não cometi nenhum erro, me deixe fora disso! Vai acabar furando o meu olho, aí! Caramba, tá irritada com o quê, afinal? — ele perguntou, e fiquei com as mãos em cima da mesa, o tronco levemente abaixado, e o olhei com muita raiva, e ele ergueu as mãos, e as sobrancelhas, se afastando um pouco, com alguns passos para trás. — Aquele cretino me rejeitou, Romeo! Me rejeitou! — bati com as mãos na mesa, e virei de costas, perigoso eu até quebrar um dente de tanta raiva. — Vou torturá-lo! — decidi, de cabeça erguida. — Olha, chefe... eu não sei qual é a sua verdadeira intenção... mais... de uma coisa eu entendo, e homem sob pressão, ou tortura, não fica duro! A não ser que a pressão seja tentadora e sexy! Acho que a falta de sexo tá afetando o
CAPÍTULO 08 Lucas Rodrigues . Aquela doida saiu e não voltou mais. Só que o cheiro da safada ficou no quarto, e num tinha como esquecer que ela estave aqui, e o pior é que aquele chero lembra a minha terra, tem um local aonde passeio com o trovão, que tem vários tipo delas, consigo identificar a cada uma, e esse chero é igual o das orquídeas rosas, e roxas. Eu estava preso, com até a bota em cima da cama, o meu chapéu havia saído da cabeça e caído do lado, e com o passá do tempo eu já conseguia me mexer bem, mas estava ficando muito disconfortável. Olhei para todos os lados, e não vi nada que eu pudesse fazê, nem levantá dava, eu precisaria observar tudo, e montá uma estratégia, talvez convencê a muié a me soltá, quem sabe? Eu ainda num entendi qual é a dela. Dinheiro, eu sei que ela tem, e macho também... que diacho qui ela qué comigo? Deixasse eu em pais, lá na fazenda, cuidando das vaca e do trovão, qual o pobrema dela? Bufei estressado, pois ficar pre
CAPÍTULO 09 Lúcia Russo Abro os olhos devagar, e a minha cabeça está rodando! Eu nem bebi tanto, mas que droga... parece que um caminhão passou por cima de mim. Tive um sonho esquisito aonde eu dormia nos braços do cowboy, que louco, nunca durmo assim com ninguém, o meu estilo é apenas sexual, acho que a minha mente está me trapaceando! Fui esticar os meus braços, e levei um susto... — Caralho quer morrer? — falei ao encostar no cowboy, e... — puta que pariu! Você pelo jeito gosta de brincar com a morte, não é? Como conseguiu me algemar? — perguntei completamente irritada, tentando puxar aquela coisa, mas conheço muito bem, não solta sozinha, aí que ódio! — Ocê marcô, e eu aproveitei! Ninguém mandô bebê, enchê os córno de cachaça, e falá um monte de merda! Aliás... acabei de lembrá, ocê precisa memo dum médico da cabeça, ocê num bate bem! — sentou na cama com o meu roupão, colocando as mãos pra trás, parecia curtir o meu nervosismo. — ME SOLTA, AGORA
CAPÍTULO 10 Lúcia Russo Eu fiquei até sem ar... não me lembrava que os quartos daqui eram tão abafados! Fiquei em silêncio, mas sabia que precisava enrolar o máximo possível aquele cowboy safado, quanto mais ele desfilasse daquele jeito, mais eu aproveitaria um acordo que tenho certeza que vou me ferrar, mas já posso dizer que mesmo assim, vou me ferrar satisfeita, até aqui já valeu a pena, pelo menos agora eu tenho certeza que estou buscando no caminho certo! Agora entendo um pouco da ira dele naquele dia... de achar que ele tinha pinto pequeno! — Tá boa a vista aí? — perguntou descarado, e acho que esse é o primeiro homem além do meu pai que viu Lúcia Russo se calar... como falar algo? Quando estou olhando para um homem perfeito, com o corpo todo quadriculado de tanto exercício pesado, barriga tanquinho, com aquelas duas entradas nos músculos da barriga, coxas levemente inchadas, me lembro de quando usava aquele jeans colado na festa... aquele sorriso safado, pa
CAPÍTULO 11 Lucas Rodrigues Na situação em que tô, preciso jogá com todas as arma que tenho! É claro que já entendi tudo o que aquela muié quer, mas se eu quero um dia voltá pra casa, preciso jogá direito, o trovão já deve tá sentindo muito a minha falta. Se ela sabe jogá, eu também sei... já tive o meu curto período de farra, sei como uma muié do tipo dela gosta, memo achando errado, eu sei, e usei desses acordo pra podê escapá dela naquele concurso, tem que existí um jeito, e quando eu tivé lá, eu vô sabê. Eu nem tinha a chave das mardita algema, mas dizem que no jogo e no amor vale tudo, então eu joguei e consegui! Ela deve tá querendo me torturá agora, mas ela prometeu se controlá, espero que seja de palavra. Bati na porta com força, enquanto ouvia ela gritá, e esperneá, e logo um dos homi de preto abriu. — Chama o Romeo pra nois? — perguntei, e ela gritô: — ISAQUE! ME TIRA DAQUI! ME TIRA DAQUI, AGORA! — Caramba, como isso aconteceu? —
CAPÍTULO 12 Lucas Rodrigues — Irmão, você está a cada dia mais gato, por isso a Lúcia te agarrou! Certeza que ganha esse concurso! — a Beatriz me falô, quando a gente já conseguia respirá. Ela pegava nos meus braço, e me apertava animada, e eu ia respondê, mas a Lúcia se atravessô. — Sim, cunhada! Ele é um gato, preciso ficar de olho, não vou nem soltar da mão dele, olha! — ergueu as nossas mão grudada, e quando oiei pra ela, me deu um sorriso falso, mexendo a sobranceia, até parece que é verdade, aposto que Beatriz num cai nessa. — Beatriz, só pra ficá claro, ninguém tá namorando aqui! A Lúcia tá brincando, a gente somos só amigo! Fala pra eles muié! — oiei pra ela, intimidando, mas o Matt também resolveu tirá o dia pra me atazaná. — Não vai no embalo da Lúcia, não! Se ela mudou o status de relacionamento, aproveite! Nunca vi ela fazendo isso, ela deve estar gostando mesmo de você! “Se gostava tanto dela, porquê num pegô pro cê?“ Pensei, mas dexei q