Um lindo mentiroso
Um lindo mentiroso
Por: Diene Médicci
Capítulo 1

ATENÇÃO!!!!! Essa história contém gatilhos fortes emocionais.

“ E quando você simplesmente não sabe o que está te esperando do outro lado da porta? “

Estava começando a chover, a esfiharia O farinheiro tinha acabado de abrir, ainda não tinham clientes, estava bastante frio, uma combinação ótima para afugentar os clientes, Duany Rendon ( Duda ), estava encostada no balcão tagarelando com a moça do caixa, reclamando sobre o dia de sua folga na semana, quando o primeiro cliente entrou, correndo da chuva, de calça jeans escura, agasalho de moleton preto, com boné e a touca, tênis de marca, um adidas casual. Duda enfiou o celular embaixo das sacolas atrás do balcão, quando o viu

- Eu em, cara estranho, nem terminei de pagar o celular, imagina roubam.

- Na maré de azar que estou, não posso arriscar.

Ele tinha ido sentar em uma mesa perto da janela, de frente para o balcão, colocou o celular e a carteira em cima da mesa, tirou a touca, ela se aproximou sorrindo, pensando que ele era muito bonito, branco, olhos claros, barba por fazer, parecia rico e ela se sentiu meio idiota por ter o julgado como se pudesse ser um ladrão, colocou o cardápio na mesa

- Olá boa noite, já quer pedir alguma bebida?

- Pode anotar o número do que quer, aí nesse papel e me entregar quando terminar.

- Ahhh se quiser pode acessar o cardápio pelo qr code também. Mas ninguém nunca quer.

Ele ficou sério olhando o cardápio, estava se sentindo péssimo, com a cabeça cheia de problemas, nem tinha reparado nela ainda, respondeu cabisbaixo

- Ok obrigado.

Ela se afastou o achando mal educado esnobe, encostou no balcão de novo

- Ótimo jeito de começar o trabalho, ele nem me respondeu direito, se a noite não está boa pra ele, que é bonito, rico e está passeando, imagina pra…

Ele havia se levantado para entregar o papel, ouviu o que ela dizia, interrompeu sem dar importância

- Moça!

Ela se virou de imediato toda sem jeito envergonhada

- Oi. Não precisava levantar, eu ia lá para retirar o pedido.

Ele continuou sério como já estava, entregou o papel com um único número escrito

- Tem opções de vinho ou só um tipo?

Ela disse que ia verificar e voltaria até a mesa avisar, entrou para a cozinha, ele encostou no balcão esperando, ficou mexendo no celular, ela voltou com uma taça nas mãos

- Tem vinho seco e suave moço.

Ficou parada na frente dele esperando uma resposta, ele a olhou como se estivesse distante e surdo, ela balançou a taça mais perto dele

- E ai? Vai querer o que?

Ele olhou diretamente para ela, sorriu sutilmente desconcertado

- Vou, obrigado. Pode me dar, por favor?

Ela sorriu o achando esquisito

- Claro, eu levo até a mesa.

Ele foi indo sentar, ela começou falar de costas para a colega

- Claro que eu dou, é só pedir.

- Ele tá chapado. Você não acha…

A colega interrompeu

- Dudaaaaa.

Ele tinha voltado novamente para perto, Duda continuou falando de costas sem o ver

- Aiii eu sei que enchi muito, mas é porque ele…

Se virou rindo desconcertada

- Olhaaa ele aí esperando, espero que goste.

Ele começou rir do quanto ela parecia sem noção, agradeceu e voltou sentar, ficou olhando ela rindo muito cochichando, teve certeza de que ainda era o assunto delas, reparou no cabelo dela e na maquiagem, estava um pouco chamativa, batom vermelho sangue, olhos carregados de rímel, a achou bonita e muito simpática, tomou a primeira taça até rápido, outras pessoas foram chegando, sentando longe.

Ela estava ocupada, quando viu a taça vazia, foi até ele, sorriu curiosa

- A hora que quiser pedir é só chamar e se não quiser mais nada, tudo bem também.

- Às vezes está esperando alguém né.

Ele ficou olhando sorrindo

- Não estou esperando ninguém. Pode me trazer mais uma taça, por favor?

Ela mostrou o cardápio

- Tem outras bebidas e eu posso tentar te vender a garrafa inteira. Aí não precisa ficar esperando e me chamando.

Ele parou de olhar com a sensação de estar levando um fora, antes mesmo de começar a flertar

- Eu só quero mais uma mesmo, obrigado.

Ela foi pegar, voltou com uma esfiha aberta em um pratinho

- Sei que você não quer nada, mas é um lançamento e eles estão dando para os clientes, só para aquecer o coração de quem veio aqui embaixo de chuva.

- Se não gostar, pode mentir e se quiser qualquer outra coisa, é só me chamar.

Ele agradeceu, comeu, tomou a taça também rápido, ela logo voltou com um sorriso otimista

- E aí gostou?

Ele começou olhar o cardápio anotando coisas para pedir

- Ah achei diferente, e o diferente é bom, o que seria do preto, se todos gostassem do branco?

- Põe para levar por favor, o gás acabou em casa, eu não queria nem comer mas você me convenceu, meio que obrigou.

Ela disse que preferia o preto, deduziu que ele tinha mulher, porque pediu muitas esfihas, levou o pedido e voltou com outra taça, quando colocou na mesa, ele a acompanhou com o olhar, pensou em falar algo, puxar assunto, mas preferiu não fazer nada por ser o trabalho dela, enquanto esperava o pedido tomou mais uma taça, já tinha tomado quase a garrafa toda, estava se sentindo alterado.

Chegou uma família grande, quando o pedido dele ficou pronto, ela estava atendendo, ele pagou tudo no caixa, deixou gorjeta para ela e saiu sem se despedir, foi para o carro e percebeu estar bêbado, muito correto preferiu esperar um pouco, antes de ir embora, acabou adormecendo dentro do carro, nem viu as horas passando.

Quando a Esfiharia fechou, Duda saiu conversando, foi para o ponto de ônibus, enquanto esperava, o viu dormindo dentro do carro, foi olhar de perto, bateu no vidro e acenou, ele despertou no susto, abriu o vidro

- Oi.

Ela sorriu confusa

- Oi, sou a Duda, te atendi ali na esfiharia, acho que você pegou no sono, eu não sei se foi intencional, mas…

- Está ficando tarde e aqui fica bem vazio, pode ser perigoso.

Ele olhou a hora no relógio, foi abrindo a porta do carro

- É, foi meio sem querer, eu bebi demais e não me senti bem para ir embora, obrigado, Duda!

O ônibus passou, ela ficou olhando

- Nossa! Imagina. Então, vou indo.

Abriu o aplicativo do uber, ele viu

- Sou o Cristofer, quer uma carona, perdeu o ônibus por minha causa? Ou foi impressão minha?

Ela começou rir sem jeito

- Não, é… talvez, mas tudo bem!

Foi se afastando

- Obrigada, mas eu não te conheço, então, prefiro ir de Uber.

- E eu sou atleta, então se vier atrás vou correr e muito.

Ele começou rir, não passou a rua, encostou no carro

- Eu vou ficar aqui de longe, até você entrar no carro, pode ser?

Ela voltou para a frente da Esfiharia rindo

- Aceito! Eu moro um pouco longe e você?

Ele disse que perto, o uber chegou, ela falou antes de entrar

- Eu menti, cairia morta se tivesse que correr até a esquina, tchau Cristofer, obrigada por me fazer companhia e vai direto pra casa em.

Ele deu tchau, foi embora pensando somente nela, até esqueceu de tudo o que estava passando um pouco, foi pra casa dos pais, ele havia acabado de voltar morar com eles, após enfrentar um período muito complicado na vida, depois do término de seu último relacionamento, que o fez ser afastado do seu trabalho na polícia, também de tudo e todos, ele foi acusado de tentar matar a ex namorada, Alitza.

Duda tinha acabado de terminar um relacionamento conturbado, estava a semanas com medo do ex, recebendo ameaças, ele queria reatar de qualquer forma e era agre ssivo, o término foi por causa de uma agres são.

Ela estava trabalhando em horários alternados, para o evitar, no dia seguinte foi cedo, no primeiro turno, quando anoiteceu Cristofer voltou lá, comprar um refrigerante, não a viu, no fim de semana voltou com o Lyan seu primo, já não era muito cedo, quase vinte e três horas, ela não estava lá, ele comentou o que aconteceu, seu primo era mais comunicativo, perguntou por ela.

A moça que os atendeu era novata e falou demais, comentou que todos os dias a Duda ia em um horário diferente para evitar o ex ma luco, Cris perdeu o interesse por imaginar que ela lhe traria mais problemas, parou de ir até lá.

No dia seguinte foram a um barzinho, estavam distraídos conversando, sentados ao lado de fora, com mais alguns colegas, o garçom já tinha trazido os pedidos, voltou com uma taça de vinho e serviu Cristofer, disse apenas que alguém mandou, Cris sorriu curioso, começou olhar para os lados procurando Duda, porque só poderia ter sido ela.

Não a viu, se cansou até de procurar, o garçom disse que nem viu o pedido sendo feito, a noite toda Duda ficou rindo sozinha enquanto trabalhava, dentro da cozinha escondida, o achou muito bonito, vestido todo arrumadinho, camiseta polo, sem boné, também gostou do primo dele, que chegou junto.

Quando o barzinho fechou, Cris foi para o carro sozinho, estava trocando mensagens com a mãe, e viu Duda saindo, cabisbaixa, com um capacete nas mãos, ele ficou olhando um pouco longe imaginando que alguém iria buscá-la.

Quando ela parou na beira da calçada, antes de poder passar a rua, seu ex saiu de trás de um carro, do outro lado, foi em direção as motos na frente dela falando alto

- Eu te liguei, várias vezes, sua pu ta! Agora que comprou essa bos ta, ta se achando né?

- É essa aqui? Postou fotinha se exibindo.

Derrubou a moto dela no chão, começou a chutar…

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