Capítulo 6

O medo estava a consumindo diariamente, sempre temendo que seu ex voltasse para terminar o que havia começado, em alguns dias depois Elano foi detido por tráfiico, o pegaram na casa de uma tia dele.

Só então Duda voltou para casa, ainda com medo de simplesmente seguir em frente, achando que a qualquer momento ele iria sair e voltar.

Se passaram duas semanas, até que as feridas foram fechando e ela resolveu voltar a trabalhar no barzinho, dentro da cozinha, voltou em uma quinta feira e não conseguiu ficar, foi embora mais cedo com crises de ansiedade e pânico.

Tentando ser forte e com a obrigação de precisar trabalhar para se sustentar, foi no dia seguinte de novo, chegou mais cedo antes do bar abrir, sentou na praça, para esperar, estava começando a se sentir indisposta, quando viu Cristofer encostando na praça e indo em sua direção.

Ele estava de bermuda, tênis, camiseta e boné, roupa de academia, se aproximou sério a olhando reparando

- Oii Duda, e aí como você está? Tudo bem?

- Passei e vi a moto, fiquei te procurando, aí parei pra dar um oi.

Ela se levantou cabisbaixa, foi pegando o capacete, enxugando os olhos marejados

- Oi Cristofer. Desculpa, não é um bom momento!

Ele entrou na frente sem jeito, um pouco desconcertado

- Posso te ajudar? De alguma forma?

- Você vai trabalhar?

- Quer que eu chame alguém?

Ela começou a chorar cada vez mais, com taquicardia, muita falta de ar, voltou sentar escondendo o rosto envergonhada, ele se abaixou na frente dela sem saber o que fazer

- Tenta se acalmar, não está sozinha, eiii tô aqui com você.

Sentou ao lado próximo, a amparando

- Quer sair daqui? Dar uma volta?

- Tomar sorvete? Uma água?

- Depois a gente volta pegar a sua moto.

Ela se levantou nervosa

- Preciso ir embora!

Um colega do barzinho chegou os interrompendo, perguntou se ela queria ajuda, Cristofer falou que a encontrou já nervosa, abriram o bar e ela entrou, só falou tchau e agradeceu, ele ainda se sentia culpado pelo o que aconteceu, de fato gostou muito dela e se sentiu na obrigação de ajudar.

Projetando a culpa de outras coisas, nisso tudo, foi embora pensando nela, voltou mais tarde e ficou no carro esperando o bar fechar, quando a viu saindo e indo em direção a moto, saiu do carro, assobiou um pouco de longe e acenou

- Duda? Oii.

Ela parou perto das motos, ficou olhando séria, ele se aproximou também com o semblante fechado

- Só quero saber se está bem, precisando de alguma coisa, te liguei e só deu caixa postal.

- Vim em paz.

Ela ficou o olhando fixamente pensando que não estava com paciência pra aquilo

- Não!

Ele ficou olhando esperando algo

- Não o que? Não está bem?

Ela sorriu sutilmente sem jeito

- É. Porque estava na rua de casa? Naquela noite?

- Foi o primeiro a chegar e provavelmente, me salvou.

Ele sorriu exultante

- Desculpa, já nos conhecemos?

- Achei mesmo que era familiar.

- Esse seu rosto, de influencer.

- Tá, vou confessar, fiquei me sentindo muito trouxa, pelo o que aconteceu em casa e queria me desculpar.

- Não foi legal, te deixar ir embora sozinha.

Ela foi se afastando, indo para a moto

- Entendi. Obrigada, vou ficar te devendo mais uma.

- Põe na lista. Tchau!

Ele disse rindo que ia colocar, perguntou se podia a acompanhar, ela apenas deu risada, o viu indo atrás o trajeto todo, quando guardou a moto, ele passou na frente do portão devagar e buzinou como quem se despedia.

Depois de tantos dias indo dormir chorando com medo, ela foi deitar rindo, de como ele era intrigante, pensou nele até adormecer, no dia seguinte antes de ir trabalhar, quando abriu o portão, viu o carro dele lá, duas casas para trás, ele piscou os faróis.

Ainda sem entender, ela não fez nada, além de rir, Mikaely saiu no portão espiar e deu tchau para ele, assim que Duda saiu de moto, ele foi atrás, manteve uma distância segura, parou na praça em frente ao bar, não desceu do carro, para não parecer insistente.

Ela se aproximou antes de ir trabalhar, abaixou para falar com ele, pela janela do carro

- Vai vir me buscar de novo?

Ele sorriu sutilmente achando que ia levar um fora

- Se você quiser, sim.

Ela se afastou sem falar nada, deu tchau querendo rir, preferiu ver até onde toda aquela gentileza iria, ficou ansiosa até o bar fechar, quando saiu já procurando, não o viu, foi indo para a moto frustrada, assim que subiu, o viu parado na esquina de frente, de calça jeans, blusa de moletom, segurando um capacete, ele acenou rindo, ela mesma começou rir muito, se aproximou com a moto

- Tá pedindo carona ou fazendo um job?

Ele disse que queria um pouco de aventura, mas só se não tivessem problemas, ela foi encostando na guia

- Eu sou o próprio problema, mas sobe aí. Quer ir pra onde?

- Estou cheirando fritura, vê se não me morde.

Ele colocou o capacete, subiu na garupa da moto

- Ah qualquer lugar, você quem decide.

- Vou morder não, prefiro só chupar mesmo.

- Minha vida está em suas mãos, nossa, tô com medo.

Rindo ela disse que de ter medo entendia, perguntou se podia ir, sem se segurar muito nela, ele disse que era pra ir logo, antes que ele desistisse, agindo no impulso sem muitas ideias, ela foi para casa, quase não conversaram, ele realmente odiava motos, ela parou como se fosse guardar a moto na garagem, ele foi descendo

- Mal sinto as minhas pernas. Mas valeu o passeio!

- Então, está entregue, em segurança, vou pedir um uber.

Ela guardou a moto, voltou para a calçada sem jeito

- Quer entrar um pouco? Até as suas pernas voltarem a funcionar?

- Não tenho dinheiro pro job tá.

Ele sorriu todo contente, por estar avançando nas investidas singelas

- Claro, adoraria. Achei que não ia convidar!

- Sua amiga deve estar dormindo já. Gente boa ela !

Duda foi abrindo a casa, entrando na frente

- Dormindo? Que dó! Ela saiu.

- Aquela lá nunca para, queria eu, ter tanta energia.

- Senta aí, fica a vontade. Quer tomar cerveja, água? Suco?

- Não tem tantas coisas, iguais na sua casa.

Ele sentou na sala, reparando nela, o quanto parecia tensa retraída, diferente de quando se conheceram

- Pelo menos tem sofá, eu não tenho.

- Sobre aquele dia, eu queria...

Ela estava ligando a televisão, sorriu sutilmente

- Esquece vai, de boa.

- Vou tomar banho e já volto, a gente pode assistir, sei lá. Tem baralho e uno aqui.

Ele disse que parecia ótimo, ficou sentado olhando a televisão, ela levou um belo tropeço em um calçado, saiu rindo de desespero envergonhada, garantindo que era da Mikaely o sapato jogado, foi tomar banho as pressas, pensando em ficar cheirosa, pra se desse vontade de fazer algo.

Demorou quase meia hora, ele ficou reparando na sala, mexendo no celular, ansioso pela oportunidade, ela não sabia o que vestir, colocou uma blusa fina de mangas longas, shorts jeans, deixou o cabelo molhado solto, estava com vergonha das marcas, cicatrizes, voltou falando com ele da cozinha mesmo

- Dormiu? Fugiu? Espero que não tenha roubado nada.

Ele se levantou, foi até a cozinha rindo

- Tempo teria dado, para todas as opções.

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