MarryO que senti nos braços do Alfa foi diferente do que já havia experimentado até aquele momento. O beijo foi urgente e cheio de desejo, diferente do que havia sido até ali e confesso que gostei do que senti. Me lembrei da deusa Mãe me dizendo que me tornaria uma Luna e que não precisaria fazer nada para que isso acontecesse.No momento em que estava muito envolvida dos braços do rei, senti algo urgente, algo que não sentia há muito tempo. Como se algo estivesse sendo arrancado de mim, a fraqueza foi instantânea e não pude fazer nada além de ceder à escuridão que me envolveu.O frio me cercou e me tragou para um lugar onde meu corpo parecia flutuar, era escuro, vazio, como se minha alma tivesse sido retirada de mim. Só senti isso uma vez: quando minha irmã foi gravemente ferida e estava à beira da morte. Os cortes provocados pelas chicotadas infeccionaram e a coleira em torno de seu pescoço não permitiu que que seu corpo se curasse.O tratamento de ervas da minha mãe não funcionou
YanOs sentimentos dentro de mim estavam completamente confusos quando deixei o meu quarto. Por um momento achei que Marry estivesse morta. Meus planos seriam interrompidos, meu filho não teria mais uma mãe, eu não teria mais a escrava que há mais de um ano era a única mulher que tomava em meus braços, que deitava-se em minha cama. Porém, quando a mulher abriu os olhos, não soube lidar com o sentimento de alívio, o desejo de tomá-la em meus braços e protegê-la, de beijar a sua boca e agradecer à deusa Mãe por sua bondade e misericórdia. Isso me deixou assustado.Enquanto percorria o castelo, decido encontrar com meus lobos e tomar alguma cerveja na taverna da nossa aldeia que cerca o castelo, porém, antes que alcançasse a porta que leva ao exterior do castelo, um soldado esbaforido me alcança, trazendo o recado de minha escrava: Marry tem urgência de falar comigo.Me transformo em lobo, rugindo e correndo como um louco de volta ao meu quarto. O que será que aconteceu? Ela está em peri
MarryA exaustão me tomou e adormeci logo que o rei saiu do quarto, levando meu filho adormecido consigo. O sono foi tranquilo, sem sonhos estranhos, e desperto me sentindo revigorada com o sol da manhã entrando pela janela e banhando o quarto.Percebo que Yan não está no quarto. Penso se passei a noite sozinha em seus aposentos, se ele voltou quando disse que voltaria, mas isso não é da minha conta, sou apenas uma escrava, uma que se deita com o rei, mas uma escrava no fim das contas.Levanto-me e me visto com meu roupão branco habitual que estava depositado sobre a poltrona no canto do quarto. Antes que eu saia, o cômodo é invadido por algumas servas que carregam água quente, sais de banhos, perfumes, óleos e um tecido preto se estende nos braços de uma delas. Meu coração se aperta ao ver aquilo e espero que não seja para mim, espero que não seja o que estou pensando.Quando elas terminam de passar para a sala de banhos, saio do cômodo, andando rapidamente para o meu quarto. Tentan
YanNão precisava, mas quis fazer aquilo. Quis dar a Marry a chance de se despedir de sua irmã com honra. Ainda tenho dificuldades de acreditar que ela foi capaz de manter a existência da sua gêmea e da mãe em sigilo. Também, não é como se tivéssemos algo tão íntimo que ela poderia se sentir confortável para falar de sua vida, e confiança para tal. Ela é apenas uma escrava, sempre tratada e lembrada de sua posição no castelo, não posso culpá-la por agir assim. E eu mesmo nunca perguntei nada de sua vida nos campos de trabalho.A cerimônia foi realizada pelo ancião do reino entre os lobos, aquele detentor da sabedoria, e durante todo o momento, Marry se manteve ao lado da mãe.Enry ficou comigo uma boa parte da cerimônia.Marry foi levada pela mãe e em algum momento retornou, sua face indecifrável. Em silêncio, ela veio pegar o filho e levá-lo para que a avó o visse e também para a irmã, de certa forma, antes que o fogo arrastasse o que sobrou dela neste mundo.Minha escrava estava est
Marry Minha irmã morreu, minha mãe ainda se encontra entre os escravos e não há como saber se ela está segura, se não será açoitada a qualquer momento, adoecerá e morrerá também, deixando-me sozinha neste mundo, apenas com meu filho e um rei Alfa cruel. Yan foi embora, deixando-me a ordem de ir treinar meus poderes em duas horas. O que ele acha que sou? Não basta ser uma escrava que precisa estar a disposição sempre que é solicitada em seu quarto, agora terei que treinar meus poderes para servi-lo? Ouço batidas na porta e sei que são as servas para preparar o meu banho. Sou um tipo estranho de escrava, uma que é servida por outras. Elas passam com baldes de água quente e fria, óleos e sais de banho e toalhas limpas. Roupas limpas são deixadas sobre a minha cama. Nenhuma roupa que sirva para treinamento, no entanto. Somente as que uso para servir o rei em seu quarto, ou onde ele desejar me possuir, e as comuns de todas as escravas. Deixo para pensar sobre isso depois. Coloco meu fi
YanPreciso me concentrar e fazer uma força imensurável para me afastar de Marry. Hoje eu a chamei para treinar o seu poder, e não para me enterrar em seu corpo.Solto sua coxa, desgrudo meus lábios dela e me afasto.— Mais tarde, agora temos que treinar o seu poder. Precisa aprender a controlá-lo.— Como vou treinar vestida deste jeito? — questiona com seus olhos escuros fixos em mim.Sorrio com malícia, pois se ela achou que se livraria do treinamento por causa da roupa que usa, a bruxa se enganou.— Foi opção sua vir vestida assim, escrava. Escolheu o que queria vestir para o treino de hoje — Viro-me de costas e retiro a espada do meu cinto, afasto-me dela alguns passos. Nada de treino com armas, somente magia. — Para o próximo treino terá roupas adequadas.Jogo a arma no chão de terra batida. A área de treinamento é ampla e iluminada por tochas por toda parte. Volto para a direção da mulher que me aguarda, e as luzes refletem em sua face.— Eu não tenho opções, Majestade. Era esta
LiamYan pensa que é o mais poderoso, se aproveitou do título de primogênito, o filho que carregaria “Kall” no nome, para assentar no trono do rei alfa quando ele faleceu.Mas aquele trono deveria ser o meu. Meu pai era um alfa que não respeitava a sua Luna e por isso era cercado de bastardos, e eu sou um deles. Mas o fato de que eu não seja reconhecido como um filho legítimo, não tira de mim o meu sangue, o sangue do alfa que corre em mim, ainda mais forte do que o que corre em Yan. Eu deveria ser o alfa, e nem mesmo como beta ele me nomeou.Deixou claro que não repetiria o erro do pai em deixar centenas de bastardos espalhados por aí. Suas palavras feriam meu ser, mas nunca deixei transparecer. A melhor arma é estar perto daquele que quer derrubar. Enry é o ponto fraco de Yan, pegando o menino, teremos o rei alfa nas mãos. Ele me daria seu reino e qualquer coisa mais que eu pedisse. Mas infelizmente sozinho não sou capaz de nada e fui obrigado a me aliar a Vik.Vik é uma alfa viúva
MarryTer minha mãe comigo me deixa mais tranquila em ralação a sua segurança, mas também me traz sentimentos conflitantes. Pensar que ela viu sua filha morrer nas mãos do Fosso e ainda sugeriu que eu o alimentasse... Ela não temia perder mais uma filha? Eu sou mãe e tenho certeza quando digo que não arriscaria a vida de meu filho por nenhum motivo, nem mesmo pela minha vida.Fico me questionando se devo avisar ao rei o que está acontecendo, o que estão armando. Ao mesmo tempo que sou grata por ter me livrado, e agora também livrou a minha mãe, de todo o terror que é ser escravo nos campos de trabalho, ainda assim tudo o que passei, e também os outros escravos passaram e passam até hoje, é culpa da cultura de escravidão criada pela família de Yan. Avisá-lo pareceria traição. Mas também, não avisá-lo não parece ser muito diferente já que sou mãe do filho dele, seu primogênito.Hoje mesmo, antes de sair com meu filho e minha mãe para o banho de Sol de Enry, me senti em dúvida do que diz