NaiaraA exaustão me tomou quando deitei no chão ao lado de meu marido. Mesmo com o chão duro, dormi como há muito tempo não dormia. Acordei e quando olhei para o sofá, não vi Margot. Me sentei e olhei ao redor do cômodo, finalmente a vendo próximo a janela.Me levantei, ajustei o laço do roupão e fui até ela. Ao me aproximar, vejo que observa a chuva que cai.— Está bem, Margot? — questiono.Ela suspira e se vira para mim, um segundo depois ela está me abraçando e o soluço escapa forte de sua garganta, como se ela estivesse se contendo há muito tempo— Meus irmãos, Nai... — soluça. — Eles vieram me salvar e acabaram ao mar revolto, e não para de chover. — Hiran e Killan são homens fortes, eles estão bem. Eu tenho certeza — falo, mesmo sem ter absoluta certeza. Mas quero tranquilizar o coração aflito da garota.— A culpa é minha, Nai... — Sinto o corpo dela tremer, enquanto me abraça forte.— Você não tem culpa de nada, Margot. — Acaricio seu cabelo.— Não posso ir embora sem tentar
MargotJá rondamos todo o litoral e nada dos gêmeos. A chuva não cessa, as ondas estão altíssimas e batendo com violência nas pedras. Minhas lágrimas são lavadas constantemente pela chuva forte que encharca o couro da minha roupa.Já estou exausta de tanto usar minha magia para parar o tempo.“Margot, não vai adiantar. Já andamos quilômetros. Se eles conseguiram sair da água, estão escondidos em algum lugar sabe-se lá onde” ouço a voz de Enry em meus pensamentos, sei que está preocupado comigo. Ele vem repetindo que posso ficar doente a todo momento.Suspiro, pois ele tem razão. As horas passam e nenhum sinal dos gêmeos. Naiara se aproxima de mim, indicando a amarração em suas costas. A esfera está ali, guardada em segurança.“vamos para casa, Margot” agora é Naiara que fala comigo.Desamarro com cuidado a esfera, seguro-a firme em minha mão. Enry e minha cunhada se aproximam, ficando perto de mim, lanço a esfera para cima e visualizo a nossa casa em nossa aldeia na Terra de Luna. A l
MarryMinha pele gritava devido as últimas agressões que havia sofrido. Ser escrava significa que qualquer erro, por mínimo que pudesse ser, ele era descontado em seu corpo: dias sem comer; escassez de água e o mais comum: as chicotadas. Ontem derramei água por estar fraca demais e minha recompensa foram vinte chibatadas.Minhas costas estavam queimando, os cortes recentes ainda se fechando e nada podia encostar na pele dolorida, por isso estava deitada de bruços sem nada na parte de cima do corpo. Sobre minha pele ferida, minha mãe havia colocado ervas para ajudar na cura e evitar a infecção.Preocupada, minha mãe disse:— Precisa se curar, minha filha, em três dias é a visita do rei. Ele não gosta de ver nenhum de seus escravos deitados, doentes... tudo ele julga como fraqueza e manda matar.Eu respondi:— Aquele rei desgraçado, eu queria muito arrancar a face dele com as unhas.— Fala baixo, filha, se alguém te ouvir podem levar suas palavras ao rei e então estará perdida.Gemo baix
YanA escolhi por dois motivos: seus olhos negros e desafiadores e seu poder de fogo. Preciso de um herdeiro, mas não quero uma companheira. Também não quero uma mulher maculada, por isso escolhi uma virgem. Resolvi unir a utilidade de uma escrava pessoal e possível genitora do meu filho com uma habilidade que pudesse me ser útil em um futuro próximo.A guerra se aproxima, meu reino estará exposto, meu império de lobos será abalado se eu morrer e não houver um herdeiro para herdar o que conquistei.O som na porta me desperta.Eu ordeno:— Entre.— A escrava, senhor — A serva avisa e, ao se afastar, o meu lobo desperta ao ver a mulher linda na minha frente. O corpo imaculado vestindo apenas o tecido banco fino e transparente.Marry se assusta ao ver o lobo negro gigantesco se aproximar dela, mas logo se recupera e se mantém inabalável em seu lugar. Gostei disso nela, silenciosa e controla o medo como poucos conseguem. Perfeita.Cheiro a beldade na minha frente. Seus cabelos foram domad
Marry O fogo me consumia, sentia minha carne se rasgar e encolher. Meus ossos ficaram expostos, minha garganta se secando e a pele rachando. Meus cabelos pegam fogo e uma dor lancinante atravessa meu corpo quando o osso de minha perna se racha. A dor me paralisa, há somente o grito atravessando a minha garganta e nem sei como, pois já estou quase completamente consumida pela chama. Minha carne está enegrecida, torrada, há somente restos ainda agarrados aos ossos. Continuo gritando por uma eternidade e então sinto um alívio. — Será que morri? — penso. Meu corpo relaxa e então eu desperto. Assim que abro os olhos me arrependo, pois vejo o motivo de meus pesadelos na minha frente. O homem que em outro momento poderia simplesmente me pedir para dormir com ele que eu aceitaria. Não precisaria de ameaças ou de tortura. Mas ele só tinha a beleza externa, seu interior era podre e era isso que eu via agora na minha frente. Um rei mesquinho, rude e cruel. Ele me salvou do meu pesadelo, mas
Yan Meu reino, meu império, está em festa. Com três meses de vida, meu filho será apresentado a todos como o meu primogênito. O futuro alfa, aquele que conduzirá o império dos lobos negros após a minha partida. O alfa híbrido, descendete de uma bruxa poderosa. Quando Marry explodiu em fogo negro, entendi o que ela quis dizer. O fogo que ela carregava era frio como a morte, não queimava, mas sugava a vida de tudo o que ela desejava sugar. E meu filho trará seu poder dentro de si, junto com a força e dominância de um alfa. Enry está em meus braços. Tecido preto, como o carvão, bardado com fios dourados envolvem o corpo nu do meu filho. — O primogênito do alfa! — pessoas gritavam. — Nosso futuro rei! — outros completavam. Com o som avassalador, meu filho abre seus olhinhos verdes e resmunga. As mãozinhas com dedinhos esticados buscam por segurança, algo que lhe tire da cacofonia histérica dos súditos que estão no pátio do castelo. Assim que surjo na varanda destinada a discursos p
Atenção para os dias de publicação: Segunda, quarta e sexta. Deixe seu comentário e indique a leitura para as amigas. Boa leitura! *** Marry A floresta a minha frente estava em chamas. Labaredas engoliam as árvores, gritos envolviam a noite ao meu redor e um choro irrompeu até meus ouvidos. Meu corpo estremeceu... meu filho... Enry... era o choro do meu filho. Comecei a correr naquela direção. — Enry! — gritei por ele mesmo sabendo que era pequeno demais para responder — Enry! — Yan! — grito pelo pai do meu filho, pois se ela estiver ao alcance da minha voz com certeza o salvará. — Nosso filho! Continuo a correr na direção de seu chorinho. As chamas aumentam mais, cada vez mais e estou sozinha. Nem Yan nem seus soldados, ninguém está aqui para nos ajudar e eu preciso encontrar o meu filho, só não sei como. O choro se torna mais forte e eu vejo nitidamente centenas de lobos, todos me cercando, me impedindo de avançar pela floresta. Não tenho escolha. Meu filho está ali em alg
Malmy— Hoje é seu dia, Malmy, estive a sua procura a manhã inteira.Ergo-me de onde estava, cavando a pequena cova para a semente ser plantada.— Se eu for agora, os soldados do rei me verão, sentirão a minha falta.— Mas o Fosso vai enfraquecer — rebate o homem que insistia que eu deveria ir.— Não vê que eles estão por toda parte? Deixe-me trabalhar, assim que terminar aqui eu vou.— Se perdermos todo o poder por sua causa...— Vai fazer o quê, vai me chicotear também? — encaro-o. Valentia brilha em meu olhar. Pra quem já está afundado na merda, um balde a mais não faz diferença.— Vai se arrepender de me afrontar.— Você é que vai se arrepender. O guarda já está vindo e se não me deixar trabalhar, nós dois seremos chicoteados.O velho bruxo se afasta. Seu olhar tem promessas das mais perversas ao me encarar.Continuo meu trabalho debaixo do sol quente. A pequena pá em minhas mãos é enfiada no solo, fazendo mais uma cova.Dou um passo a diante e faço outra, e assim prossigo meu tra