MarryA exaustão me tomou e adormeci logo que o rei saiu do quarto, levando meu filho adormecido consigo. O sono foi tranquilo, sem sonhos estranhos, e desperto me sentindo revigorada com o sol da manhã entrando pela janela e banhando o quarto.Percebo que Yan não está no quarto. Penso se passei a noite sozinha em seus aposentos, se ele voltou quando disse que voltaria, mas isso não é da minha conta, sou apenas uma escrava, uma que se deita com o rei, mas uma escrava no fim das contas.Levanto-me e me visto com meu roupão branco habitual que estava depositado sobre a poltrona no canto do quarto. Antes que eu saia, o cômodo é invadido por algumas servas que carregam água quente, sais de banhos, perfumes, óleos e um tecido preto se estende nos braços de uma delas. Meu coração se aperta ao ver aquilo e espero que não seja para mim, espero que não seja o que estou pensando.Quando elas terminam de passar para a sala de banhos, saio do cômodo, andando rapidamente para o meu quarto. Tentan
YanNão precisava, mas quis fazer aquilo. Quis dar a Marry a chance de se despedir de sua irmã com honra. Ainda tenho dificuldades de acreditar que ela foi capaz de manter a existência da sua gêmea e da mãe em sigilo. Também, não é como se tivéssemos algo tão íntimo que ela poderia se sentir confortável para falar de sua vida, e confiança para tal. Ela é apenas uma escrava, sempre tratada e lembrada de sua posição no castelo, não posso culpá-la por agir assim. E eu mesmo nunca perguntei nada de sua vida nos campos de trabalho.A cerimônia foi realizada pelo ancião do reino entre os lobos, aquele detentor da sabedoria, e durante todo o momento, Marry se manteve ao lado da mãe.Enry ficou comigo uma boa parte da cerimônia.Marry foi levada pela mãe e em algum momento retornou, sua face indecifrável. Em silêncio, ela veio pegar o filho e levá-lo para que a avó o visse e também para a irmã, de certa forma, antes que o fogo arrastasse o que sobrou dela neste mundo.Minha escrava estava est
Marry Minha irmã morreu, minha mãe ainda se encontra entre os escravos e não há como saber se ela está segura, se não será açoitada a qualquer momento, adoecerá e morrerá também, deixando-me sozinha neste mundo, apenas com meu filho e um rei Alfa cruel. Yan foi embora, deixando-me a ordem de ir treinar meus poderes em duas horas. O que ele acha que sou? Não basta ser uma escrava que precisa estar a disposição sempre que é solicitada em seu quarto, agora terei que treinar meus poderes para servi-lo? Ouço batidas na porta e sei que são as servas para preparar o meu banho. Sou um tipo estranho de escrava, uma que é servida por outras. Elas passam com baldes de água quente e fria, óleos e sais de banho e toalhas limpas. Roupas limpas são deixadas sobre a minha cama. Nenhuma roupa que sirva para treinamento, no entanto. Somente as que uso para servir o rei em seu quarto, ou onde ele desejar me possuir, e as comuns de todas as escravas. Deixo para pensar sobre isso depois. Coloco meu fi
YanPreciso me concentrar e fazer uma força imensurável para me afastar de Marry. Hoje eu a chamei para treinar o seu poder, e não para me enterrar em seu corpo.Solto sua coxa, desgrudo meus lábios dela e me afasto.— Mais tarde, agora temos que treinar o seu poder. Precisa aprender a controlá-lo.— Como vou treinar vestida deste jeito? — questiona com seus olhos escuros fixos em mim.Sorrio com malícia, pois se ela achou que se livraria do treinamento por causa da roupa que usa, a bruxa se enganou.— Foi opção sua vir vestida assim, escrava. Escolheu o que queria vestir para o treino de hoje — Viro-me de costas e retiro a espada do meu cinto, afasto-me dela alguns passos. Nada de treino com armas, somente magia. — Para o próximo treino terá roupas adequadas.Jogo a arma no chão de terra batida. A área de treinamento é ampla e iluminada por tochas por toda parte. Volto para a direção da mulher que me aguarda, e as luzes refletem em sua face.— Eu não tenho opções, Majestade. Era esta
LiamYan pensa que é o mais poderoso, se aproveitou do título de primogênito, o filho que carregaria “Kall” no nome, para assentar no trono do rei alfa quando ele faleceu.Mas aquele trono deveria ser o meu. Meu pai era um alfa que não respeitava a sua Luna e por isso era cercado de bastardos, e eu sou um deles. Mas o fato de que eu não seja reconhecido como um filho legítimo, não tira de mim o meu sangue, o sangue do alfa que corre em mim, ainda mais forte do que o que corre em Yan. Eu deveria ser o alfa, e nem mesmo como beta ele me nomeou.Deixou claro que não repetiria o erro do pai em deixar centenas de bastardos espalhados por aí. Suas palavras feriam meu ser, mas nunca deixei transparecer. A melhor arma é estar perto daquele que quer derrubar. Enry é o ponto fraco de Yan, pegando o menino, teremos o rei alfa nas mãos. Ele me daria seu reino e qualquer coisa mais que eu pedisse. Mas infelizmente sozinho não sou capaz de nada e fui obrigado a me aliar a Vik.Vik é uma alfa viúva
MarryTer minha mãe comigo me deixa mais tranquila em ralação a sua segurança, mas também me traz sentimentos conflitantes. Pensar que ela viu sua filha morrer nas mãos do Fosso e ainda sugeriu que eu o alimentasse... Ela não temia perder mais uma filha? Eu sou mãe e tenho certeza quando digo que não arriscaria a vida de meu filho por nenhum motivo, nem mesmo pela minha vida.Fico me questionando se devo avisar ao rei o que está acontecendo, o que estão armando. Ao mesmo tempo que sou grata por ter me livrado, e agora também livrou a minha mãe, de todo o terror que é ser escravo nos campos de trabalho, ainda assim tudo o que passei, e também os outros escravos passaram e passam até hoje, é culpa da cultura de escravidão criada pela família de Yan. Avisá-lo pareceria traição. Mas também, não avisá-lo não parece ser muito diferente já que sou mãe do filho dele, seu primogênito.Hoje mesmo, antes de sair com meu filho e minha mãe para o banho de Sol de Enry, me senti em dúvida do que diz
YanHá algo de errado e eu preciso descobrir. Nenhum sinal dos lobos cinzas. Aqueles que viviam rondando meu território, desapáreceram. Eu até poderia dizer que eles desistiram, mas se eu conheço a rainha Vik, aquela mulher não desiste. Ela não desistiu, mas está tramando algo. O problema é descobrir o quê e se há alguém de dentro envolvido. Neste caso eu arrancaria o seu couro ainda em vida, para que sirva de exemplo para os outros.Huan está comigo, ajudando-me a analisar as movimentações anteriores dos Cinzentos sobre um mapa, a minha intenção é tentar traçar um padrão em suas aparições e assim descobrir qual a relação entre os locais onde eram vistos e o sumiço repentino de todos eles. Algo me diz que tenho algo grande a descobrir.— Majestade, acho que teremos que chamar os batedores. Eles terão uma melhor noção sobre onde esses lobos cinzas eram vistos — Huan diz e eu o encaro. Ele tem razão.— Então vá chamar os que estiverem livres agora.— Sim senhor — Imediatamente meu beta
Atenção leitores: Tenho publicado um capítulo por semana devido a produção de outra obra. Em breve teremos capítulos diariamente. Fique ligado.MarryDurante o caminho até meu quarto, minha mãe não parava de falar que eu me arrependeria de acreditar e confiar no rei Alfa. Ela se continha para falar sobre os segredos sobre o Fosso, com toda a razão, pois Yan com sua audição de lobo, poderia muito bem ouvir e então seria o nosso fim. E eu não sei o que fazer, pois não quero denunciar a minha mãe, mas também a sensação de estar traindo a confiança do alfa me incomoda.Ao entrar em meu quarto, as perturbações de minha mãe ganham um novo alvo.— Você deveria encontrar um outro homem, um lobo, forte e poderoso como aquele que falou conosco no jardim. — Vou até as janelas fechar os vidros, vai que o som escape para o jardim e alguém ouça as loucuras da minha mãe?— Está louca, mãe? Ele é irmão do rei, nem se eu quisesse me envolveria com o irmão de Yan, isso é loucura. — Retorno para a cama