EstelaJá passou uma semana desde que Owen apareceu, implorando perdão e jurando que me ama.Por mais que eu desejasse acreditar nele, que eu quisesse expressar meus próprios sentimentos, sabia que ceder significaria abaixar minha guarda e permitir que ele me ferisse novamente.Ele prometeu não desistir, decidido a provar a veracidade de suas palavras.Owen demonstrou seu esforço enviando flores diariamente, acompanhadas de bilhetes de desculpas, além de todas as minhas refeições, e mesmo que eu recusasse, os entregadores persistiam, deixando os itens na minha porta.Agora, suas táticas tornaram-se mais intensas, até Evelyn, em sua visita de ontem, defendeu Owen e mencionou o quanto ele estava sofrendo sem mim.Além disso, Edward começou a insistir que estou sendo dura demais com ele, com o apoio de Nikolai. Sem falar que Ares está em um mau humor terrível, com saudades daquele idiota.Seria tão mais fácil se eu não o amasse como amo e, mesmo me esforçando para ignorar o que sinto, é
OwenA solidão se tornou um fardo pesado demais para eu carregar. Cada canto dessa casa parece ecoar com o vazio deixado pela ausência de Estela e Ares. O silêncio é ensurdecedor e cada objeto ao meu redor só serve para me lembrar do que perdi.Não consigo mais suportar a visão da cama vazia, onde costumávamos nos abraçar todas as noites, ou a cozinha, onde compartilhávamos risadas enquanto cozinhávamos juntos.Tento ocupar minha mente com qualquer distração, mas nada parece ser suficiente para preencher o vazio que ela deixou.Meus passos ecoam pelos corredores vazios e a solidão se agarra a mim como uma sombra persistente.Sinto falta dela a cada momento, cada segundo que passo longe de Estela é uma eternidade de dor e arrependimento.Sei que cometi erros, mas estou disposto a fazer o que for necessário para consertar o seu coração quebrado.Preciso que Estela me perdoe, que volte para minha vida.É por isso que decidi ficar na casa de Evelyn, mesmo com ela fazendo da minha vida um
EstelaSabe quando você sente que algo horrível acabou? É como me sinto agora.Acabou. George está preso e Mary está foragida, e eu não preciso responder por acusação alguma.A ficha ainda não caiu, porque eu sei que atirei em um homem, um que poderia ter me matado, que poderia ter me impedido de conhecer meu filho.Aconchego meu rosto no peito de Owen, ouvindo-o dizer que me ama enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto.Eu tive medo de nunca mais vê-lo, de não poder dizer mais uma vez que o amo.— Eu estou bem — digo, me afastando e limpando as lágrimas, então Evelyn corre em minha direção, me abraçando apertado.— Meu Deus, Estela! Você está bem? Olha o seu pescoço! Aquele desgraçado, devia ter atirado em algum órgão vital — bufa.— Evelyn — Owen a repreende —, estamos em uma delegacia — fala entredentes.— Meu bebê está bem? — pergunta, fazendo bico. Assinto, vendo-a se afastar quando Edward se aproxima.— Está tudo certo aqui, Estela, já podemos ir — Edward diz atrás de mim.
Owen PergattiBocejo, girando a caneta entre os dedos, ansioso para estar longe.Amo minha empresa e meu trabalho, mas não suporto reuniões, quando preciso ser simpático o tempo todo, entendo que essa é a parte chata de ser o CEO da System Tecnology, participar de tudo e me empenhar é o que a faz ser uma das maiores empresas de tecnologia do país.E saber que a fiz crescer sozinho, sem precisar apelar para o meu sobrenome, isso faz com que eu me sinta ainda mais foda.Minha vida é incrível. Difícil acreditar que o garotinho tímido, que sofria bullying no colégio e vivia à sombra do irmão mais velho, voaria tão alto. Tenho trinta anos, uma empresa de renome e tudo o que desejo em um estalar de dedos ou um apertar de botão.Olho para a mesa, me esforçando para prestar atenção enquanto o homem asiático e baixinho, com bochechas de buldogue, tenta me convencer de que lucraríamos se fechássemos com eles a distribuição de placas de rede para os nossos produtos.O assunto não era de todo ru
OwenOwen Aperto as têmporas, olhando para os prédios iluminados dentro do carro em movimento, minha cabeça está começando a doer já que minha mãe tagarelou durante todo o jantar e ainda me obrigou a deixá-la em casa antes de seguir com o motorista, não ousei argumentar, já que não estou em uma posição favorável com ela.Dei uma passada rápida no meu apartamento, tempo suficiente para tomar um banho e fugir de alguns urubus da imprensa, procurando alguma coisa para ferrar ainda mais com minha imagem.Recebi vários directs no meu instagram, perfis de fofoca querendo apurar os fatos com relação à famigerada foto e alguns xingamentos vindos de adolescentes, o que me fez rir. Eu estava decidido a não lidar com isso, deixaria com Silvya e Evelyn a contratação de uma empresa de Relações Públicas, uma que pudesse gerenciar toda essa crise e abafar o caso.Não me importava com o que falavam a meu respeito, lido bem com o rótulo de cafajeste e até gosto disso, mas também sei que isso pode me
Owen A mulher permanece inconsciente, na verdade, está mais para uma garota.Ela é pequena demais. Hugo me olha assustado, como se procurasse uma solução.— Ei, garota, acorda! — Hugo fala, sacudindo-a e a pegando no colo em seguida.Vejo minha carteira cair no chão e me apresso em pegá-la, mas a garota não se move.— Ela desmaiou, não está fingindo — confirma, olhando para a ela, então me aproximo, fitando seu rosto sujo com algo que parece fuligem.Como ela chegou nessa situação? Seria menor de idade? Por um momento, esqueço que a pilantra me roubou e sinto algo que se assemelha a pena, algo que não consigo explicar.— Devemos chamar a polícia? A ambulância? — me pergunta.Au au...O animalzinho rosna e late, sem soltar o tecido da minha calça, enquanto isso os pingos caem mais espessos, nos molhando.— Não vou envolver a polícia, ela é só uma garota. — Me volta a mente seu olhar assustado.Encaro novamente seu corpo desfalecido, suas roupas maltrapilhas estão imundas e o tênis
Estela Se arrependimento matasse, eu já estaria do outro lado, porque nunca me arrependi tanto por ter escolhido roubar alguém. A verdade é que eu só quis ficar perto desse homem por alguns segundos.Eu poderia ter roubado qualquer outro, mas fiquei igual uma idiota esperando que ele saísse daquele lugar, afinal, na minha cabeça, o momento em que tirasse a carteira de seu bolso, seria o máximo que eu chegaria perto de alguém como ele.Como eu pude ser tão patética?Eu moro nas ruas, não deveria sequer olhar para qualquer homem depois de tudo o que me aconteceu, e agora estou tentando mover meu corpo e conseguir dar o fora desse lugar, antes que eu desmaie outra vez e deixe Ares sozinho, completamente a mercê dessas pessoas.Sinto minhas pernas tremerem.A moça do rosto bonito e cabelos negros e brilhantes disse que desmaiei, talvez fosse verdade, estou há muito tempo sem comer e com muitas dores no corpo, agora parece doer até quando respiro, mas isso não me impedirá de dar o fora da
OwenConsigo alcançar o corpo da garota antes de ele ir ao chão, a seguro e coloco sobre o sofá. Ares dá um latido, seguido de um choro.— Oh, droga — murmuro ao perceber que seu corpo treme, como se estivesse congelando. — Meu Deus, ela está tremendo.Evelyn se aproxima, tocando sua fronte com as costas das mãos, arregalando os olhos em seguida.— Ela está ardendo em febre — constata. A garota desmaiou após uma crise de tosse, e viver na situação dela, em meio ao frio e às chuvas constantes, com certeza afetou sua saúde. — Que droga, Owen, não podemos deixá-la assim — diz, se levantando. — Ela precisa ser examinada por um médico.— Evelyn, não posso correr o risco de aparecer com ela em um hospital — dizer isso é assumir minha covardia, estou mais preocupado com minha imagem do que com a saúde da menina.— Você conhece algum médico que possa vê-la? — pergunta.Me vem à memória a mulher que conheci em um evento de caridade, ela era uma médica recém-chegada do continente africano e me